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São os homens com pénis normal que mais recorrem ao médico

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É um livro para médicos que está ao alcance de todos os leitores. O título, pois, não dá para fazer suspense: ‘O Pénis – Da Masculinidade ao Órgão Masculino’. O autor, Nuno Monteiro Pereira, médico, consultor de Urologia, mestre em Sexologia, doutor em Cirurgia-Urologia, professor na Universidade Lusófona, e o responsável da consulta de Andrologia do Hospital Júlio de Matos, nasceu em Lisboa, tem 57 anos, é simpático, espontâneo, já editou mais de oitenta trabalhos relacionados com a sua especialidade clínica.

Em jovem quis ser cineasta, ainda produziu dois filmes, mas a sua vida acabou por entrar noutra bobina: o ramo da medicina que trata do medianeiro sexual masculino. Nesta obra de trezentas e muitas páginas, editada pela Libel, resultante de um estudo minucioso – e muito embora o autor rejeite que o livro só seja conhecido por um dos temas patenteados, dimensão peniana – há mitos que, depois desta edição, vão pelo cano abaixo. Afinal, a ideia de que os homens altos são abençoados pela natureza nem sempre corresponde à verdade. Por outro lado, os senhores cuja estatura é baixa, podem sorrir, já que a envergadura não traduz que o tamanho do órgão reprodutor tenha medidas acanhadas. Quanto a pessoas de raça negra, a lenda do alegado comprimento do aparelho sexual confirma-se.

‘O Pénis - Da Masculinidade ao Órgão Masculino’ é um livro que só aborda o órgão sexual masculino?

- Não. Vai mais longe. É um livro que, a pretexto do pénis, no fundo, fala da masculinidade e da importância do órgão masculino na masculinidade. Esta obra, apesar de ter um cariz médico, dispõe de um aspecto mais conceptual. Estamos perante um estudo sobre a sexualidade masculina, embora o livro esteja centrado na genitalidade. No entanto, esta centralização não representa uma característica típica da sexualidade masculina.

Podemos dizer que o falo é a figura principal?

- E também a secundária! Estamos a falar do que simboliza a imagem e a representação do pénis. Mas, não esquecer, o culto da história não é o pénis, mas, sim, o falo, pela razão de estar muito ligado à fecundidade.

Escreveu para que género de leitores?

- Este livro, que é médico-científico, que mostra imagens de cirurgia, e que em alguns capítulos tem uma linguagem acessível, e noutros muito técnica, foi escrito para médicos. Mas, pode, eventualmente, interessar a algumas pessoas que sentem algumas preocupações, embora o tema até consiga aumentar essas apreensões.

Falamos de um livro que também revela a dimensão peniana.

- Não deixa de ser curioso; num livro que fala do pénis, desde a sua origem bionária, anatomia, etc. a comunicação social somente considerou interessante pegar na matéria que representa dez páginas! É verdade que, a propósito da anatomia, a obra fala de dimensões penianas – que foi a minha tese de doutoramento, em 2000 – mas não é um livro que intenta essa centralização.

Nunca ninguém tinha apresentado medidas tão concretas, nem classificado o pénis em cinco categorias: Micro. Pequeno. Normal. Grande. Mega. É uma informação original e que chama a atenção.

- A única originalidade recai no facto de nunca ter sido feito um estudo na população portuguesa, relativamente ao tamanho do pénis. Este tipo de análise já foi elaborada em relação à população de outros países.

Como é que chegou à conclusão dos referidos tipos de pénis?

- Há uns anos fiz um estudo, sob o ponto de vista estatístico, quase matemático, baseado em parâmetros muito bem definidos, e acabei por classificar o pénis em cinco predicamentos. Para tal, foram avaliados, medidos individualmente numa população elevada – 508 homens – o que estatisticamente é significativo. Nenhum estudo tem mais do que essa população, pela simples razão de ser indicativo. Note-se que as estatísticas não estudam as populações, mas mostram-nas. O erro neste estudo anda à volta de 2 a 3 por cento.

Pode-nos dizer qual foi o lugar da investigação?

Inspecção Militar, que é um local privilegiado, por uma razão forte: todos os homens são obrigados a passar. Altos. Baixos. Gordos. Magros. De qualquer raça. Saudáveis, ou não. Não há nenhum que não escape. Portanto, é isso que torna o estudo representativo na população portuguesa (nas idades compreendidas entre 18-25 anos), e que em relação a outros estudos similares, ainda o torna mais representativo.

O Estado Maior das Forças Armadas cedeu facilmente?

Sim. Após eu ter oficializado o pedido, a resposta demorou menos de três meses. Não houve qualquer entrave.

Quanto tempo durou o estudo?

Cerca de sessenta dias.

Houve algum homem que recusasse ser medido?

Nenhum disse que não. Na resposta aos inquéritos, só oito não responderam.

Das 508 pessoas observadas, qual foi a conclusão?

Há uma percentagem da população que tem o pénis com uma determinada característica. Digamos que prevaleceu o pénis normal. O mega e o micro são situações muito raras, a percentagem ronda 2,3 por cento. O micro pénis é diagnosticado muito cedo, e se possível, a pessoa é operada ainda em criança. Caso contrário, liquida por completo a vida sexual.

Quem é o homem que recorre ao médico com mais frequência?

Curiosamente, são aqueles que possuem um pénis normal. Mas que julgam que o respectivo órgão sexual é deveras pequeno.

Nesses casos, uma intervenção cirúrgica seria um erro?

Para um homem que tem um pénis normal, mas que está convencido do contrário, não existe nada que se possa fazer para contrariar essa ideia, que não corresponde à realidade. Este é o tipo de doente que é perigoso, porque nunca ficará satisfeito.

Existem razões?

- A causa pode ser irrealismo: geralmente, os homens não sabem o tamanho dos pénis uns dos outros, e os que vêem são baseados em factos que não são verdadeiros. Refiro-me, por exemplo, aos filmes pornográficos. Não há nenhum actor pornográfico que tenha o pénis normal! E esta situação pode criar o mito de que aquele pénis que o homem está a ver na televisão é normal, mas, na verdade, não é.

O micropénis fulmina a vida sexual, e aquele cujo tamanho está acima da média traduz felicidade?

- Não, porque um megapénis não funciona bem, porque toda a dinâmica depende das pressões arteriais e da circulação sanguínea. Sendo demasiado grande, não há compressão arterial que seja capaz de o encher.

A medicina dá alternativas?

- Sim. Eu faço operações em que tenho que diminuir o volume. Os resultados são bons, as pessoas ficam satisfeitas.

A auto-estima masculina depende da empatia com o pénis?

- Sim. O pénis está muito enraizado na nossa cultura. Tem grande importância, porque na cabeça das pessoas simboliza virilidade, e se não for suficientemente grande e apto, a varonia fica inapta. Também não deixa de ser curioso: os grandes cultores da dimensão peniana são os homossexuais! À população, que, culturalmente, é posta em dúvida o vigor sexual – o que está errado do ponto de vista científico – tem muitíssimas mais preocupações em relação ao tamanho do pénis do que acontece num heterossexual.

Os homens nunca estão satisfeitos?

Teoricamente, não.

É correcto que a idade altera a dimensão?

Nem sempre o pénis tem tendência a diminuir. Pode-se pensar que a idade provoca atrofia, mas tal não é verdade. Isso só surge se houver doença peniana. Num homem saudável, até tende a aumentar.

Consumir substâncias estimulantes, ecstasy, red bull, provoca alterações?

No tamanho e na erecção, não. Mas traz perturbações a nível do desejo sexual.

Concorda que o apetite sexual masculino e feminino estão longe de serem semelhantes?

- Sim! O desejo masculino não é muito difícil de interpretar. É básico, no sentido de que é mais fisiológico. O desejo feminino é muito complexo. Depende do envolvimento, dos sentimentos.

O homem é súbdito do órgão sexual?

Embora seja ‘escravo’ do pénis, não está tanto como estão outros animais. O homem pode ter uma erecção quando não pretende, e na altura em que quer não consegue. A partir do momento em que existem erecções penianas, o pénis, que é possível ser controlado, não é totalmente controlável.

Ainda há marialvas?

Estão em via de desaparecimento. A ascensão da influência feminina é a responsável. O marialvismo está ligado à sexualidade, e a partir do momento em que a mulher passou a ter domínio na sociedade ocidental, provocou uma diminuição. Inclusivamente, digo que a libertação da sexualidade feminina causou uma hipotrofia da sexualidade masculina.

Parece-lhe que metrossexualidade é confundida com homossexualidade?

Há essa ideia, mas está, de todo, errada. Um metrossexual não é um homossexual. Um homem que se preocupa com a sua imagem, que usa cremes, não quer dizer que sinta atracção pelo mesmo sexo.

A mentalidade mudou?

- Bastante! Por exemplo, as perfumarias já não têm só uma prateleira com produtos masculinos. Há quinze anos as coisas não eram assim. Lembro-me que os homens que tratavam das unhas faziam-no na clandestinidade. Além de tudo, um homem que se perfumava era mal visto, tanto pelos homens, como pelas mulheres.

Como vê a evolução?

É precisamente no futuro que reside o problema. Julgo que não será uma evolução rápida mas pode acontecer que ocorra uma tendência oposta e que nasça, futuramente, um certo machismo que nos dias que correm está, claramente, em desuso.

A sua tese de mestrado foi sobre a importância da morfologia do pénis. A tese de doutoramento recaiu sobre a dimensão peniana. Existe alguma razão específica para a centralização nesta problemática?

- Como sabe, sou doutorado em Urologia. Faço consultas neste ramo da Medicina já lá vão mais de duas décadas. O pénis está relacionado com a sexualidade humana. Fazendo uso de algum humor, ainda lhe posso dizer que o pénis é o meu dia-a-dia!

Quer dar alguma sugestão?

- Todo o indivíduo que tenha dúvidas, deve consultar de imediato um urologista.



In Correio da Manhã
 
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