Apenas dez por cento das reacções adversas aos medicamentos são reportadas às estruturas nacionais de farmacovigilância, concluiu um estudo efectuado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), a cujas conclusões a Lusa teve hoje acesso.
"Esta percentagem não é muito diferente da registada na generalidade dos países, mas mostra que urge promover acções de formação regulares para que médicos e farmacêuticos reportem as reacções adversas dos medicamentos às entidades competentes", disse à Lusa Inês Ribeiro Vaz, responsável por este estudo.
A farmacovigilância tem como função principal, a detecção, registo e avaliação das reacções adversas a medicamentos e dispositivos médicos, com o objectivo último da sua prevenção.
O primeiro sistema nacional de farmacovigilância foi implementado pela Holanda em 1963. O sistema nacional português está em funcionamento desde 1992.
Em Portugal, a farmacovigilância é feita através de um formulário do INFARMED que deve ser preenchido pelos profissionais de saúde.
Inês Ribeiro Vaz referiu que a legislação portuguesa é vaga quanto à obrigação de os médicos e farmacêuticos reportarem as reacções adversas dos medicamentos.
"A lei apenas diz que os profissionais de saúde 'devem' reportar as reacções adversas", referiu, lamentando que o uso do formulário do INFARMED, que considera ser "uma importante fonte de alerta do risco de certos fármacos", se situe "abaixo do desejado".
A investigadora promoveu workshops e intervenções telefónicas junto da comunidade farmacêutica do Norte que se traduziram num aumento de 300% da quantidade de reacções medicamentosas adversas reportadas.
De acordo com a autora "é fundamental manter a intervenção na memória dos profissionais, para que a notificação espontânea das reacções adversas seja facilitada".
"Há outras formas, além dos formulários do INFARMED, para notificar reacções adversas aos medicamentos, nomeadamente online e através do telefone. Os profissionais de saúde deveriam estar, até por razões deontológicas, mais sensibilizados para esta obrigação", disse Inês Ribeiro Vaz.
Os fármacos que se encontram à venda são sujeitos a ensaios clínicos e laboratoriais antes da sua colocação no mercado.
No entanto, estes ensaios têm características muito específicas (excluindo, nomeadamente, grávidas e pessoas que tomam vários fármacos, etc.), pelo que não abrangem uma amostra representativa da população que em geral usa os medicamentos.
É durante este processo que algumas reacções adversas são detectadas, sendo então necessário que o profissional de saúde tenha uma atitude de vigilância com o doente, após ter receitado determinado remédio.
As reacções adversas graves podem causar incapacidade motora, anomalia congénita, entre outras complicações, até à morte.
A Unidade de Farmacovigilância do Norte insere-se no Serviço de Bioestatística da FMUP e é a única a disponibilizar as notificações online das reacções adversas dos medicamentos.
A Agência Lusa tentou contactar a Ordem dos Médicos para um comentário a esta situação, o que não foi possível em tempo útil.
Diário Digital / Lusa
"Esta percentagem não é muito diferente da registada na generalidade dos países, mas mostra que urge promover acções de formação regulares para que médicos e farmacêuticos reportem as reacções adversas dos medicamentos às entidades competentes", disse à Lusa Inês Ribeiro Vaz, responsável por este estudo.
A farmacovigilância tem como função principal, a detecção, registo e avaliação das reacções adversas a medicamentos e dispositivos médicos, com o objectivo último da sua prevenção.
O primeiro sistema nacional de farmacovigilância foi implementado pela Holanda em 1963. O sistema nacional português está em funcionamento desde 1992.
Em Portugal, a farmacovigilância é feita através de um formulário do INFARMED que deve ser preenchido pelos profissionais de saúde.
Inês Ribeiro Vaz referiu que a legislação portuguesa é vaga quanto à obrigação de os médicos e farmacêuticos reportarem as reacções adversas dos medicamentos.
"A lei apenas diz que os profissionais de saúde 'devem' reportar as reacções adversas", referiu, lamentando que o uso do formulário do INFARMED, que considera ser "uma importante fonte de alerta do risco de certos fármacos", se situe "abaixo do desejado".
A investigadora promoveu workshops e intervenções telefónicas junto da comunidade farmacêutica do Norte que se traduziram num aumento de 300% da quantidade de reacções medicamentosas adversas reportadas.
De acordo com a autora "é fundamental manter a intervenção na memória dos profissionais, para que a notificação espontânea das reacções adversas seja facilitada".
"Há outras formas, além dos formulários do INFARMED, para notificar reacções adversas aos medicamentos, nomeadamente online e através do telefone. Os profissionais de saúde deveriam estar, até por razões deontológicas, mais sensibilizados para esta obrigação", disse Inês Ribeiro Vaz.
Os fármacos que se encontram à venda são sujeitos a ensaios clínicos e laboratoriais antes da sua colocação no mercado.
No entanto, estes ensaios têm características muito específicas (excluindo, nomeadamente, grávidas e pessoas que tomam vários fármacos, etc.), pelo que não abrangem uma amostra representativa da população que em geral usa os medicamentos.
É durante este processo que algumas reacções adversas são detectadas, sendo então necessário que o profissional de saúde tenha uma atitude de vigilância com o doente, após ter receitado determinado remédio.
As reacções adversas graves podem causar incapacidade motora, anomalia congénita, entre outras complicações, até à morte.
A Unidade de Farmacovigilância do Norte insere-se no Serviço de Bioestatística da FMUP e é a única a disponibilizar as notificações online das reacções adversas dos medicamentos.
A Agência Lusa tentou contactar a Ordem dos Médicos para um comentário a esta situação, o que não foi possível em tempo útil.
Diário Digital / Lusa