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Santo casamento

Luz Divina

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SANTO CASAMENTO




Muitos casais se formam durante os eventos de visitação no presídio. Mulheres que ali vão encontrar seus pais, irmãos ou amigos, acabam por conhecer outros detentos e com eles formar um par. O sistema penal e nossa sociedade dão extrema relevância às famílias estruturadas formalmente e isso, em tese, pesa no ideal de ressocialização do detento.


Ao entrevistar diversos criminosos e algumas esposas destes, pude observar que por mais estranho que pareça, estes casamentos têm maior durabilidade que aqueles da nossa sociedade. Os casais não se desgastam nem se atritam. Em primeiro lugar, as mulheres têm controle absoluto de seus pares, uma vez que escolhem aquilo que será a alimentação deles enquanto no cárcere, sua vestimenta, que dia o visitarão etc.

A fidelidade deles em relação a elas é indiscutível, todos os presos são homens. Os momentos juntos são, no máximo, uma vez por semana, não dando espaço para pequenas intrigas e rotinas cansativas dos casamentos usuais. São especiais, valorizados e cuidados para que sejam “perfeitas memórias” até a próxima visita.


Outro fator considerado “de bom tom” para que um ex-detento seja considerado “recuperado” é a sua filiação em religião pregada nos presídios. Já vimos, historicamente, diversos exemplos de lendas da vida criminosa se tornarem pastores que pregam sua própria salvação e trocam o lugar de destaque que ocupavam na vida criminosa por outro, agora na “vida santificada”. Quem era chefe no crime, se transforma em chefe na religião. O rebanho, nós não prestamos atenção.


Florisvaldo de Oliveira, ex-policial militar de São Paulo, usava o “apelido” Cabo Bruno e foi acusado de chefiar um esquadrão da morte que atuava na periferia da capital paulista. Condenado por 17 assassinatos dos mais de 50 de que foi acusado, cumpriu 27 anos de um total de 117 aos quais foi condenado.


Em 2012 reuniu as duas condições que convenceram a Justiça de que ele poderia ser libertado. Casou com a religiosa e com a religião, transformando-se também em Pastor. Não deu tempo de sabermos se seria realmente um casamento bem sucedido, agora que viveria o desgaste cotidiano que todos nós, mortais, sofremos, nem se a palavra de Pastor seria a mesma que o guiaria pela vida fora das grades.


Uma coisa é certa: olho por olho, dente por dente, limpar a sociedade da escória da bandidagem, esse era seu lema como Cabo Bruno. E também das pessoas que aplaudiram seu assassinato. Estas são tão perversas e justiceiras quanto ele foi um dia. Ele também se julgava um justo.



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