Semana Verde: A ecologia começa a tornar-se central para as empresas

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Evento da Comissão Europeia começou hoje

Semana Verde: A ecologia começa a tornar-se central para as empresas

A Comissão Europeia considera ser necessário mudar a maneira como a sociedade produz e consome de modo a que se torne possível ter um desenvolvimento sustentável e pretende impor padrões obrigatórios de produção e consumo com vista a aproximar-se deste objectivo, e é por isso que este ano a sua Semana Verde, que teve início hoje em Bruxelas, decorre centrada no lema do uso sustentável dos recursos.

O mote e o cenário foram dados pelo comissário europeu do Ambiente, o grego Stavros Dimas, que no discurso que fez na sessão de abertura do evento afirmou também que a solução para um consumo sustentável é utilizar menos energia e menos matéria prima, pelo que “precisamos de pôr as nossas economias a fazer mais com menos”. Disse que proteger o ambiente cria empregos, num discurso em que teve um tom muito determinado quanto à necessidade e inevitabilidade de mudar a economia e a sociedade.

Stavros Dimas lembrou que desde 1987 a Terra perdeu cerca de 20 por cento da sua biodiversidade, o que testemunha a enorme pegada ecológica deixada pela produção humana. Para o responsável pela política europeia de Ambiente, “ainda estamos longe dos objectivos ambientais de base”, apesar de hoje “testemunharmos um novo nível de consciencialização das questões ambientais”, segundo a directora executiva do Programa da ONU para o Ambiente, Angela Cropper.

A atestar esta tese, Cropper disse que “vemos agora mais claramente os limites da produção e consumo” e lembrou que o assunto vai estar na agenda do encontro de Julho do G8 (o grupo dos oito principais países industrializados) – a questão ecológica “tornou-se central na sociedade”, rematou.



Mais verdades inconvenientes



Glosando o filme-documentário do ex-Presidente dos EUA Al Gore, a responsável da ONU, com sotaque americano e feições asiáticas, disse que “há mais verdades convenientes que precisam de ser abordadas” além da relativa às alterações climáticas, como é o caso da sustentabilidade da produção e consumo. O caminho, segundo disse, será afastarmo-nos do paradigma da sociedade que deita fora para passarmos a ser uma sociedade que recicla.

O presidente da Cadbury para a Europa, Chris van Steenbergen, deu a perspectiva empresarial da questão. Lembrou que há muitos anos que as empresas têm programas ambientais, mas disse que nos últimos anos a questão tornou-se mais premente.

“Os consumidores interessam-se mais pelo currículo ambiental das empresas, que nunca foram tão escrutinadas como agora”, afirmou, sem esquecer que se não produzirem porque não há, por exemplo água, também não vendem. Por isso a empresa definiu uma série de metas, como a redução em 50 por cento das emissões líquidas de carbono, ou produzir dez por cento menos embalagem. Não disse no entanto dentro de que prazo.

De acordo com os padrões actuais de produção e consumo dos europeus, se toda a população humana vivesse da mesma maneira, seriam nessessários 2,6 planetas Terra, lembrou director executivo da Footprint Nertwoork, Athis Wackernagel, para quem “a sustentabilidade não é só uma questão moral, é uma questão pragmática”.



Educação pública



Mas, lembrou Angela Cropper, um político que tomasse decisões radicias contra o bem-estar da sua base eleitoral seria muito estúpido”, a não ser que o eleitorado percebece as razões e concordasse com elas. Daí a importância que atribuiu à Semana Verde da Comissão Europeia, que apontou como “um exemplo de educação pública”.

E é disso que se trata. Até sexta-feira, largas dezenas de conferencistas abordam questões ligadas aos recursos e gestão dos lixos, consumo e produção sustentáveis, natureza e biodiversidade e alterações climáticas. Responsáveis políticos e da administração pública, académicos, membros de organizações não governamentais, há um pouco de tudo. E de muitas nacionalidades, mas nenhum dos conferencistas é português.

Entretanto, ao fim da tarde foram atribuídos os Prémios Europeus de Negócios para o Ambiente, em quatro categorias. A maior cooperativa de consumo do Reino Unido, o Co-operative Group, ganhou o Prémio de Gestão, atribuído devido à sua abordagem do desenvolvimento sustentável, em que identifica e mede anualmente impactos-chave de âmbito ambiental, social e ético.



Projectos de energia muito premiados



Na categoria Prémio de Produto o vencedor foi a Ertex-solar, da Áustria, pelas suas células fotovoltaicas de alta qualidade para a produção de energia solar, que podem ser aplicadas em edifícios sem necessidade de adaptações especiais de “design”.

O Prémio de Processo e o Prémio de Cooperação Internacional foram ambos para projectos no domínio do biodiesel. O primeiro foi para a Choren, da Alemanha, pelo processo que desenvolveu para “para produzir biofuel com elevado grau de pureza a partir de biomassa”, “que não utiliza plantas destinadas à alimentação”, com poucas emissões poluentes, é quase neutro em dióxido de carbono e compatível com a actual e futura tecnologia de motores diesel”, segundo o comunicado de imprensa distribuído.

Por seu lado, o Real Instituto Tropical dos Países Baixos venceu no domínio da cooperação, juntamente com a Mali BioCarburant. Trata-se de um projecto no Mali de produção de biodiesel sustentável a partir de nozes de jatropha, que é “resistente à seca e que pode crescer em solos não agrícolas”, ajudando a suplementar o rendimento dos agricultores.


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