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Serralves aposta em valores seguros e nas co-produções

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“Improvisações/Colaborações” é o título de um ciclo de iniciativas que vai preencher grande parte do calendário de Serralves deste ano, mas pode também ser lido como a resposta pragmática ao tempo que vivemos – em cenário de crise, a fundação portuense faz “navegação à vista”, aposta no improviso e tenta rentabilizar ao máximo, tanto a nível interno como além-fronteiras, o capital de prestígio granjeado em duas décadas de história.

Foi esta a mensagem deixada hoje pelos responsáveis da Fundação e do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS) na apresentação do calendário das actividades para 2011. Nele sobressai o já anunciado (ver Ípsilon do passado dia 7) regresso da coreógrafa norte-americana Trisha Brown, com os seus “Early Works” (Abril), bem como o programa “Off the Wall”, co-produzido com o Whitney Museum for Contemporary Art, de Nova Iorque – é uma série de coreografias e peças de artes performativas realizadas desde o final da 2ª Guerra Mundial, tempo em que a arte começou a sair do lugar inerte das paredes dos museus e se reinventou também na relação com o corpo humano, como ontem enfatizou João Fernandes, director artístico do MACS.

Será também exibida (Julho) uma série de vídeos do artista norte-americano Robert Morris e a sua instalação “participatória” “Bodyspacemotionthings” (1971), que “convida o público a subir, a escorregar e a balançar através de grandes elementos de escultura”, uma criação já apresentada duas vezes na Tate, em Londres.

O corpo é também protagonista em “Appendice” (5 de Março), produção teatral da dupla libanesa Lina Saneh e Rabih Mroué, que reflecte sobre o seu lugar na cultura islâmica; o espectáculo será acompanhado por uma série de filmes dos mesmos artistas.

Nas exposições, destaque para José Barrias (Abril) e Eduardo Batarda (Novembro), dois nomes marcantes na pintura portuguesa desde a década de 1970 – a do primeiro, a residir em Milão, aborda o tema da memória e dos lugares da História; de Batarda, Grande Prémio EDP 2008, será mostrado o percurso da sua primeira fase mais figurativa e política para um posterior estádio de “enganador formalismo”.

No início do Verão (Julho), como vem sendo hábito, outro artista português é convidado a “habitar” a Casa de Serralves – este ano, esse desafio caberá a Leonor Antunes, actualmente a viver e a trabalhar em Berlim.

Dos artistas estrangeiros, o francês Gil J. Wolman (1929-1995) terá a sua obra pela primeira exibida em Portugal (28 de Janeiro), numa exposição co-produzida com o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA). De Thomas Struth, um fotógrafo alemão que reflecte sobre a sobrecarga das imagens na sociedade actual, Serralves acolherá, em Outubro, a mais completa retrospectiva jamais realizada, depois de ela ter passado por Zurique, Dusseldorf e Londres.

O programa de cinema começa na próxima semana (dias 18 e 19) com “o acontecimento” “La Commune (Paris, 1871)”, como lhe chama João Fernandes, referindo-se à exibição do monumental filme-laboratório (345 minutos) de Peter Watkins, num olhar actual sobre aquele momento revolucionário da história de França. Ainda no âmbito da programação paralela à exposição “Às Artes, Cidadãos!”, Serralves estreia, a 6 de Março, o novo Jean-Luc Godard, “Film Socialisme”.

A dimensão política convocada pela actual exposição central no MACS comissariada por João Fernandes e Óscar Faria será igualmente pretexto para outras iniciativas de artes performativas. Entre elas está a peça “S”, de Ani Vaseva e Boyan Manchev (23 de Janeiro), que inclui a actuação ao vivo da banda pós-punk húngara Cats Under Cars; e também o workshop dirigido pelo colectivo multinacional Ultra-Red (Fevereiro), que regressa a Serralves para perguntar “What’s the sound of the borders in Porto?”.

Na música, merece ainda atenção o espectáculo “Sistema Tango” (13 de Março), por um colectivo que se “situa na franja experimental do flamenco” e o mistura com novos ritmos e sonoridades. Em Junho, um quarteto composto por William Winant, Feed Frith, Mark Dresser e Sylvie Curvoiser vai estrear em Portugal a peça de John Cage, “Four6”, além de participarem numa actuação com músicos portuenses.

Outro acontecimento no início do Verão será o Jazz no Parque, que este ano celebra a 20ª edição. O programa não está ainda fechado, e os nomes dos músicos que serão convidados para este festival sazonal que entrou já nos hábitos dos portuenses vão depender dos apoios e colaborações que Serralves conseguir reunir para o efeito. E também, como noutras iniciativas que poderão ainda vir a ser acrescentadas ao programa, da sorte das candidaturas que a Fundação está a fazer a dinheiros comunitários através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional – Norte (CCDR-N).É também com estes apoios que a administração de Serralves se propõe manter a qualidade da sua programação, apesar da crise e dos cortes na dotação estatal para a fundação portuense. “Serralves terá para este ano um orçamento idêntico ao de 2010, na ordem dos nove milhões de euros, e com ele sabemos que não vamos defraudar as expectativas do nosso público”, disse aos jornalistas Odete Patrício e Luís Braga da Cruz, respectivamente directora-geral e presidente da administração da Fundação. E o público de Serralves continua a crescer, tendo em vista os números relativos ao ano passado, agora divulgados: 450 mil visitantes, 70 mil dos quais vindos do estrangeiro, e 130 mil participantes nas actividades do Serviço Educativo.

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