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Suicídio: Factores socio-económicos não são causa directa

C.S.I.

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03 de Julho de 2008, 07:20

Lisboa, 02 Jul (Lusa) - Os especialistas consideram que factores socio-económicos como o desemprego ou a diminuição do poder de compra podem levar ao suicídio pessoas já fragilizadas, apesar de recusarem uma relação directa entre as crises económicas e o aumento do fenómeno.

Em declarações à Lusa, a médica Maria Manuela Correia, do Núcleo de Estudos do Suicídio do Hospital de Santa Maria (Lisboa), sublinhou que o suicídio é um fenómeno causado por múltiplos factores, sendo um dos principais as doenças psiquiátricas, mas que "não há uma tradução directa entre factores socio-económicos e o aumento do número de suicídios".

"Pensa-se que esses factores socio-económicos - como o desemprego, a diminuição do poder de compra, a carência de alimentos - poderão ter precipitado o suicídio, mas sempre em pessoas com outros factores de risco, nomeadamente as doenças psiquiátricas", afirmou.

A estatística em Portugal mostra dois picos de suicídio no século XX que correspondem a alturas socio-económicas "difíceis": os anos 30 (após o 'crash da Bolsa de Nova Iorque) e no período pós II Guerra Mundial, quando houve grande emigração portuguesa nomeadamente para o Brasil, nos anos 50.

"Já houve grandes crises económicas não só a nível mundial, como a nível nacional. Infelizmente são crises cíclicas que afectam o mundo em geral, já que estamos mais interligados desse ponto de vista", notou.

Em Portugal há regiões que tradicionalmente têm sempre taxas de suicídio mais elevadas devido a uma "multiplicidade de factores socio-económicos que agravam sempre uma eventual crise suicidária tendo em conta sempre factores próprios do individuo, como doenças psiquiátricas".

Entre as regiões com taxas mais elevadas está o Interior, sobretudo o Alentejo, "onde há uma preponderância muito grande de depressão associada também ao alcoolismo".

As autópsias psicológicas, procedimento que avalia a vivência da pessoa nos últimos dias ou semanas antes do suicídio, registam 90 por cento de casos de doenças psiquiátricas entre as pessoas que se suicidam.

Nestas doenças pesam principalmente os casos de depressão, que estão a "aumentar na população mundial", mas também patologias da personalidade.

As últimas taxas de suicídio em Portugal são de 2006 e nota-se uma estabilização de dados, com uma tendência ligeira para decrescer, e comparativamente com outros países da Europa é um valor médio/baixo.

Os dados de 2008 estarão disponíveis dentro de dois anos, depois do trabalho do Instituto Nacional de Estatística (INE) em colaboração com o Instituto de Medicina Legal e com a recolha de dados em várias instituições de saúde.

Segundo Maria Manuela Correia, os países do mediterrâneo (Portugal, Espanha, Itália e Grécia) têm tido até agora valores mais baixos de suicídio devido também a "factores protectores", nomeadamente a relação com a religião.

"Para avaliar uma situação não há só os factores de risco, mas também protectores. A nossa sociedade está em mudança, o divórcio está a aumentar, a religiosidade, em termos da sua prática, é menor. A influência dos factores tradicionalmente protectores está a ser menor", indicou.


PL.

Lusa
 
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