- Entrou
- Ago 4, 2007
- Mensagens
- 49,724
- Gostos Recebidos
- 1,187
A Polícia Judiciária (PJ) denunciou, na quarta-feira, que "o indicativo nacional está a ser usado como isca criminal", já que um número português está "a realizar chamadas falsas" em seu nome.
"No decorrer do piquete de hoje [quarta-feira], a PJ já recebeu várias denuncias de cidadãos a reportar a situação. Quando pensamos que um número nacional que nos contacta pode reduzir a margem de perigosidade criminal ou associamos, no máximo, a abordagens comerciais indesejáveis, não estamos a ver tudo. O foco é novo: o indicativo nacional está a ser usado como isca criminal", relatou aquela autoridade, nas redes sociais.
A PJ alertou, nessa linha, que um número nacional está "a realizar chamadas falsas" em seu nome, apelando a que "fique atento".
Segundo a autoridade, a abordagem passa pela "identificação falsa em nome da PJ", além de uma "menção específica de que os dados pessoais do cartão de cidadão, visado na chamada, foram usurpados e utilizados para branqueamento de capitais".
Os suspeitos intimidam, então, a vítima "por via de um hipotético ‘mandado de detenção’, em nome do destinatário do contacto", sendo que "a última ‘tacada’" é uma "gravação a dar comandos para carregar numa tecla armadilhada".
"Recomendações para partilhas urgentes: se lhe acontecer, desligue e bloqueie de imediato o número", aconselhou a PJ.
Há um ano, a PJ também foi usada numa campanha de burla "intensa e massiva" com recurso a IA
Recorde-se que, há cerca de um ano, a PJ deu conta da existência de uma campanha "intensa e massiva" de burla em que a própria autoridade era usada em chamadas fraudulentas para enganar os cidadãos e levá-los a transferir dinheiro para contas bancárias.
Na altura, o coordenador de investigação criminal José Ribeiro, da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T), destacou o recurso de redes criminosas estrangeiras a técnicas de inteligência artificial (IA) para a difusão desta campanha, que resultou "num número incomum de queixas" junto da instituição.
"A preocupação com estas técnicas é a forma massiva como as campanhas são difundidas e conseguem ter contacto direto com as vítimas, numa abordagem quase individualizada. Estão a desenvolver padrões individualizados de ataque e de burla, fazem análise de perfil e com recurso a inteligência artificial. Neste momento, desenvolvem técnicas direcionadas e este caso é assustador, porque vai trazer-nos dificuldades acrescidas", frisou.
Nesta burla, os cidadãos eram informados de que a sua conta bancária estava em risco ou tinha sido indevidamente acedida e, depois, tinham de escolher uma de várias opções, incluindo falar com um suposto inspetor da PJ, que lhes dizia para transferir os fundos das contas de que são titulares para contas supostamente seguras.
Estas redes criminosas, associadas a grupos estrangeiros, também usavam números de telemóvel nacionais para credibilizar esses contactos, originando, segundo José Ribeiro, dois tipos de vítima: as de 'phishing', que acabam por transferir dinheiro, e os reais detentores dos números telefónicos, que desconhecem a utilização indevida.
"O facto de pertencerem a números nacionais não quer dizer que sejam feitas pelos titulares desses números. Queremos alertar a população que pelo facto de aparecer um número nacional não quer dizer que seja rastreável", frisou o responsável.
José Ribeiro explicou ainda que o detentor do número a partir do qual era feito o contacto fraudulento não tinha qualquer registo no telemóvel, uma vez que servia apenas como 'máscara' para números internacionais das redes criminosas, que frequentemente obtêm esses contactos através de bases de dados vendidas na Internet.
"Não devemos diabolizar a inteligência artificial, mas o facto é que os grupos criminosos se aproveitam das técnicas de inteligência artificial", disse.
IN:NM
