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Walter Osswald considera "imerecido" doutoramento honoris causa pela Universidade

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Walter Osswald considera "imerecido" doutoramento honoris causa pela Universidade

O cientista português Walter Osswald considerou "imerecido" o doutoramento honoris causa hoje atribuído pela Universidade de Coimbra, porque o que tem feito "mais não é do que o produto de um estar e ser universitário".

"Sinceramente, não descortino justificação para este acto, a não ser a generosíssima vontade de quem o propôs e a benevolência extrema de quem o aprovou", sublinhou o homenageado, hoje, na cerimónia de atribuição do grau honorífico pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

No entanto, Walter Osswald, reconheceu ter "uma longa vida de serviço público", de ensino em vários países, de ter orientado teses de doutoramento e mestrado, de 42 anos de investigação farmocológica, de ter escrito milhares de páginas, mas isso "não são méritos assinaláveis".

"Sinto que os êxitos/ são o que tinha de acontecer/ comigo ou outro tudo seria/ igual vencer", sublinhou, citando palavras escritas por Agostinho da Silva.

Embora classificando de "imerecida e excessiva" a homenagem que hoje lhe concedeu a Universidade de Coimbra, atribuindo-lhe a mais alta distinção honorífica, Walter Osswald considerou que ela não é descabida.

Luís Almeida, professor da Faculdade de Medicina, a quem coube fazer o elogio de Walter Osswald, uma das facetas que dele destacou foi o facto de descer da cátedra para ir à comunidade, disfarçado de cidadão comum.

"Da cátedra vai à comunidade, talvez milhares de vezes, desdobrando-se em palestras, participando em mesas-redondas, ora orador, ora moderador, concedendo entrevistas, enquanto sumidade disfarçada de cidadão comum, suscitando questões, despertando consciências e concitando vontades, em torno da bioética, da humanização da saúde, do voluntariado hospitalar e da espiritualidade do doente e do ainda não doente", acrescentou.

Segundo Luís Almeida, a sua maneira de ser leva-o a recusar, com 41 anos, ser director do laboratório de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Maria, no Brasil, e, quatro anos depois, o cargo de reitor da Universidade do Minho.

"Que bem se lhe adequa o seguinte lema! Servir a vocação, com desprendimento de honrarias e poupança de burocracias, para se consagrar à ciência", observou, frisando que o homenageado "merece dois comentários: o primeiro de elogio, o segundo, de admiração".

Para Luís Almeida, "ao louvar-se um brilhante mestre, sem ser por motivos não académicos, repele-se o atavismo luso de se bem-dizer dos estranhos e maldizer dos nossos".

Na cerimónia de concessão do grau de doutor honoris causa a Walter Osswald interveio também o docente Carlos Costa Almeida, que fez o elogio de Frederico Teixeira, "padrinho" do homenageado.

Ao longo de mais de 40 anos de carreira, Walter Osswald deixou obra científica marcante, sendo um dos coordenadores do único manual português de Farmacologia e Terapêutica e autor único de "notáveis obras de Ética, Filosofia e Experiência de Vida", nas palavras de Luís Almeida.

Fez parte do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, foi presidente da Sociedade Portuguesa de Farmacologia, da Comissão Nacional para a Humanização e Qualidade dos Serviços de Saúde e da Comissão da União Europeia para a Protecção do Embrião e do Feto, entre outras funções desempenhadas.



Fonte:Lusa
 
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