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Amalia Rodrigues

helldanger1

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Lisboa Antiga



Lisboa, velha cidade,
Cheia de encanto e beleza!
Sempre a sorrir tão formosa,
E no vestir sempre airosa.
O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto linda princesa!

Olhai, senhores, esta Lisboa d'outras eras,
Dos cinco réis, das esperas e das toiradas reais!
Das festas, das seculares procissões,
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais!

Lisboa, velha cidade,
Cheia de encanto e beleza!
Sempre a sorrir tão formosa,
E no vestir sempre airosa.
O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto linda princesa!

Olhai, senhores, esta Lisboa d'outras eras,
Dos cinco réis, das esperas e das toiradas reais!
Das festas, das seculares procissões,
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais!
 

helldanger1

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Lisboa Dos Milagres



Lisboa, gaiata, de chinela no pé
Lisboa, travessa, que linda que ela é!
Lisboa, bailarina, que bailas a cantar
Sereia pequenina que nos guarda pelo mar

Lisboa, vem pra rua que o Santo Antônio é teu
São Pedro deu-te a lua e o mundo escureceu
Comprei-te um manjerico e trago-te um balão
Em casa é que eu não fico ó meu rico São João

Lisboa faz surgir, ai, que milagre é aquele?
Cantigas a florir num cravo de papel
Nos arcos enfeitados poisaram as estrelas
E há anjos debruçados nos telhados das vielas
 

helldanger1

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Lisboa Em Festa


Hoje é dia de festa na cidade
Lisboa vai pra rua pra cantar
Mas achou que era fraca a claridade
Que lhe vinha do alto, do luar!
Lisboa que está assim, dá gosto vê-la
E nem tanto balão era preciso!
Porque cada balão é uma estrela!
E cada rapariga um sorriso!

Lisboa cá vem
Risonha a cantar
Vá, deixem passar as raparigas!
Lisboa cá vem
Que a venha escutar
Quem queira aprender novas cantigas!
Cantar uma trova
E sem ter fadiga
P'la cidade inteira andou à toa
Na Lisboa nova,
Na Lisboa antiga
Lisboa é sempre Lisboa!

Quando Lisboa vem cantar pra rua
Para alegrar os nossos corações
Parece que no céu a própria lua
Se debruça a ouvir suas canções
Os bairros da cidade estão em festa
Os santos saem na rua aos seus altares
E não há noite alegre como esta
Que é dedicada aos santos populares!
 

helldanger1

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Lisboa Não Sejas Francesa



Não namores os franceses
Menina, Lisboa,
Portugal é meigo às vezes
Mas certas coisas não perdoa
Vê-te bem no espelho
Desse honrado velho
Que o seu belo exemplo atrai
Vai, segue o seu leal conselho
Não dês desgostos ao teu pai

Lisboa não sejas francesa
Com toda a certeza
Não vais ser feliz
Lisboa, que idéia daninha
Vaidosa, alfacinha,
Casar com Paris
Lisboa, tens cá namorados
Que dizem, coitados,
Com as almas na voz
Lisboa, não sejas francesa
Tu és portuguesa
Tu és só pra nós

Tens amor às lindas fardas
Menina, Lisboa,
Vê lá bem pra quem te guardas
Donzela sem recato, enjoa
Tens aí tenentes,
Bravos e valentes,
Nados e criados cá,
Vá, tenha modos mais decentes
Menina caprichosa e má

Lisboa não sejas francesa
 

helldanger1

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Longe Daqui


Em sonho lá vou de fugida,
Tão longe daqui, tão longe.
É triste viver tendo a vida,
Tão longe daqui, tão longe.

Mais triste será quem não sofre,
Do amor a prisão sem grades.
No meu coração há um cofre,
Com jóias que são saudades.

Tenho o meu amor para além do rio,
E eu cá deste lado cheinha de frio.
Tenho o meu amor para além do mar,
E tantos abraços e beijos p'ra dar.

Ó bem que me dá mil cuidados,
Tão longe daqui, tão longe.
A lua me leva recados,
Tão longe daqui, tão longe.

Quem me dera este céu adiante,
Correndo veloz no vento.
Irás a chegar num instante,
Onde está o men pensamento.

Tenho o meu amor para além do rio,
E eu cá deste lado cheinha de frio.
Tenho o meu amor para além do mar,
E tantos abraços e beijos p'ra dar,
Tenho o meu amor para além do mar.
 

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Loucura


É loucura querer-te bem,
Sou irmã da desventura
Tinhas razão minha mãe

É loucura adorar-te
Estar cedente de ternura
Sem mesmo poder beijar-te

Chorai, chorai
Guitarras da minha terra
O vosso pranto encerra
Minha vida amargurada

E se é loucura
Amar-te desta maneira
Quer eu queira
Quer não queira
Não posso amar-te calada

Hei-de ser
Sombra tua
Hei-de subir e descer
Os degraus da tua rua

Adorar-te
Serei louca
Mas a loucura é bem pouca
Para o que tenho passado
 

helldanger1

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Lua, Luar


Lua, luar
Vai dizer ao meu amor pra vim cá, ô luar!
Faz sumana que eu não drumo,
Treis meis que eu não posso ir lá, ô luar!

Eu só lá de Pirancão,
Meu nome certo, eu não sei!
Nasci dentro do cangaço
No cangaço me criei
Meu fuzil é minha escola,
Meu punhal é minha lei!
A macaco não me entrego,
No cangaço morrerei!

Me chamam de catingueira,
Cangaceiro e cantador,
No gatilho eu sou formado,
E no repente eu sou doutor!
Pra homem eu sou valente
Mas pra mulé eu não sou!
Cabra macho, eu dou peixeira,
Pra mulé só dou amor!
 

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Madrugada De Alfama


Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada,
mas ela, de tão estouvada
nem sabe como se chama.

Mora numa água-furtada
que é a mais alta de Alfama
e que o sol primeiro inflama
quando acorda à madrugada.
Mora numa água-furtada
que é a mais alta de Alfama.

Nem mesmo na Madragoa
ninguém compete com ela,
que do alto da janela
tão cedo beija Lisboa.

E a sua colcha amarela
faz inveja à Madragoa:
Madragoa não perdoa
que madruguem mais do que ela.
E a sua colcha amarela
faz inveja à Madragoa.

Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada;
são mastros de luz doirada
os ferros da sua cama.

E a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa,
é como a estatua de proa
que anuncia a caravela,
a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa.
 

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Mal Aventurado


Mudei terra, mudei vida
Mudei paixão em paixão!
Vi a alma de mim partida!
Nunca, do meu coração,
Vi minha dor despedida!
E eu, mal aventurado,
Morro-me andando assim
Entre cuidado e cuidado.

Eu morrerei, e acabara!
E meu mal fora acabado!
Não vira tal perdição
De meio de tanta coisa,
Perdido, tudo em vão
Porque paixão não repousa
Em outra maior paixão

Oh quem bem aventurado
Fora já, se me matara
Minha dor e meu cuidado,
Minha dor e meu cuidado!
 

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Maldição


Que destino ou maldição
Manda em nós, meu coração,
Um do outro assim perdidos?
Somos dois gritos calados,
Dois fados desencontrados,
Dois amantes desunidos!

Por ti, sofro e vou morrendo,
Não te encontro, nem te entendo,
A mim, digo sem razão:
Coração, quando te cansas
Das nossas mortas esperanças?
Quando paras, coração?

Nesta luta, nesta agonia
Canto e choro de alegria
Sou feliz e desgraçada!
Que sina tua, meu peito!
Que nunca estás satisfeito,
Que dás tudo e não tens nada!

Na gelada solidão,
Que tu me dás, coração,
Não é vida, nem morte;
É lucidez, deaatino,
De ler no próprio destino,
Sem poder mudar-lhe a sorte.
 

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Malmequer


Oh, malmequer mentiroso!
Quem te ensinou a mentir?
Tu dizes que me quer bem
Quem de mim anda a fugir!

Desfolhei o malmequer
No lindo jardim de Santarém!
Malmequer, bem-me-quer,
Muito longe está quem me quer bem!

Um malmequer pequenino
Disse um dia à linda rosa:
Por te chamarem rainha,
não sejas tão orgulhosa!

Malmequer não é constante,
Malmequer muito varia!
Vinte folhas dizem morte
Treze dizem alegria!
 

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Marcha Da Mouraria


Mouraria garrida, muito presumida,
Muito requebrada,
Com seu todo gaudério,
Seu ar de mistério,
De moura encantada!
É como um livro de novela,
Onde o amor é lume
E o ciúme impera!
Ao abrir duma janela
Parece o vulto
Daquela Severa!

A marcha da Mouraria
Tem o seu quê de bairrista!
Certos ares de alegria,
É a mais boêmia,
É a mais fadista!

Anda toda encantada,
De saia engomada,
Blusinha de chita!
É franzina, pequena,
Gaiata e morena,
Cigana e bonita!
Tem a guitarra pra gemer
Um amor sublime
Que nunca atraiçoa!
Esse bairro deve ser
O lindo ou mais castiço
Da velha Lisboa!
 

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Marcha De Alfama


Não há ninguém que destrua
Este amor que nos abrasa!
Cada um gosta da rua
Onde tem a sua casa!

Quem na minha Alfama passa
Vê-a toda embandeirada
Porque o São João da Praça,
Porque o São João da Praça
Assentou praça na armada!

No alto mar, fomos nós sempre os primeiros
Porque, afinal, foi destas pobres vielas,
Que saiu o Portugal que embarcou nas caravelas!

Quem quiser, veja em espelhos!
Quem não pede é porque é mudo!
Vá à rua dos Remédios,
Que há remédio para tudo!

Meu amor, amor sem fé,
Deixou-me por coisa pouca,
Mora nas cruzes da Sé
E eu faço cruzes na boca!
 

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Marcha De Benfica



Amália Rodrigues - Marcha De Benfica
by Norberto De Araújo / Raul Ferrão


Eh raparigas
Isto agora é andarmos p'ra frente
Saltam cantigas aos molhos
Um riso nos olhos
E coração quente.

Cá vai Benfica
E quem fica não vai com certeza
Ser alegre é que é preciso
Pois quem tem o riso
Tem sempre beleza.

(Refrão)

Olha a marcha de Benfica
Qual saloia cantadeira
Que entra na festa contente
Ai, ninguém fica sem cantar a vida inteira
A linda marcha da nossa gente.

Haja alegria
Alegria é um bem que se abraça
Um desejo uma quimera
Por isso se espera
A marcha que passa.

Cá vai Benfica
Toda alegre e contente p'ra dançar
Há sempre um sorriso suspenso
Um tesouro imenso
Que nos vem da herança
 

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Marcha De São Vicente


Quando eu passo nos terreiros,
O teu amor não me quadra
É que eu tenho medo
Das más ações
Pois os teus olhos brejeiros
Andam na Feira da Ladra
Diz toda a gente
Que são ladrões!

A marcha de São Vicente
Alegra a gente quando passar!
Pois parece que atordoa
Toda Lisboa
Que a ouve cantar!
Acendeu aquela chama
Que torna os bravos a imortais
Não vive só da antiga fama!
Pois São Vicente é muito mais!

Quem puder vir com a gente
Há de trazer um balão
Um arco enfeitado
E saber marchar
Vai pedir a São Vicente
Ele não lhe diz que não!
E então vem na marcha
Sempre a cantar!
 

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Marcha Do Centenário


Toda a cidade flutua
No mar da minha canção
Passeiam na rua, retalhos de lua
Que caem do meu balão

Deixei Lisboa folgar
Não há mal que me arrefeça
A rir, a cantar, cabeça no ar
Que eu hoje perco a cabeça

Lisboa nasceu, pertinho do céu
Toda embalada na fé
Lavou-se no rio, ai ai ai menina
Foi baptizada na Sé !

Já se fez mulher e hoje o que ela quer
É bailar e dar ao pé
Vaidosa varina, ai ai ai menina
Mas que linda que ela é!

Dizem que eu velhinha sou
Há oito séculos nascida
Nessa é que eu não vou, por mim não passou
Nem a morte nem a vida

O Pagem me fez um fado
De novo ali me leu a sina
Não ter namorado, amor nem cuidado
E ficar sempre menina!
 

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Marcha Do Centenário


Toda a cidade flutua
No mar da minha canção
Passeiam na rua, retalhos de lua
Que caem do meu balão

Deixei Lisboa folgar
Não há mal que me arrefeça
A rir, a cantar, cabeça no ar
Que eu hoje perco a cabeça

Lisboa nasceu, pertinho do céu
Toda embalada na fé
Lavou-se no rio, ai ai ai menina
Foi baptizada na Sé !

Já se fez mulher e hoje o que ela quer
É bailar e dar ao pé
Vaidosa varina, ai ai ai menina
Mas que linda que ela é!

Dizem que eu velhinha sou
Há oito séculos nascida
Nessa é que eu não vou, por mim não passou
Nem a morte nem a vida

O Pagem me fez um fado
De novo ali me leu a sina
Não ter namorado, amor nem cuidado
E ficar sempre menina!
 

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Maria Da Cruz


Chamava-se ela Maria,
De sobrenome da Cruz,
E na aldeia onde ela vivia, sorria
Vivia na paz de Jesus
Tinha um amor, a quem ela
Seu coração entregara
Junto ao altar da capela
Singela, onde ela
Paixão lhe jurara!

Mas certo dia
Veio trazer-se na aldeia
Que o seu pastor lhe mentia,
Que esse amor se extinguia
Como a luz de uma candeia!
Desiludida do seu amor, a Maria
Deixou o lar e, perdida,
Saiu dali desvanecida
Foi pro cais da Mouraria!

Sofreu a dor d'amargura,
Perdeu o viço e a cor.
E não voltou à ventura,
À docura, à ternura,
Do amor do pastor!
E hoje por cruz, a Maria,
Que é da Cruz, por seu fadário,
Arrasta na Mouraria
A cruz da agonia,
A cruz do Calvário!

Ainda canta
Uma canção quase morta
Traz o pastor na garganta,
Oiço já, quando ela canta,
Ao passar à sua porta!
Num certo dia
Em que ela, enfim, já vencida,
Terminará a agonia
De ainda estar na Mouraria
Toda a cruz da sua vida!
 

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Maria Lisboa


É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.

Em vez de corvos no xaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas velas o latido
do motor duma traineira.

Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
seu apelido: Lisboa.
 

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Maria Rita, Cara Bonita


Fui um dia a uma caçada
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Entrei na cevada, aveia!

Vi uma lebre deitada
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Com o pé alevantei-a!

Além vem a Maria Rita
Com o chapeuzinho ao lado
C'as calças de tiro-liro, casaca de pano, chapéu desabado!

Meti a espingarda à cara
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Dei ao gatilho, matei-a!

Já vinha ferida doutro,
Ó Maria Rita, eras tão bonita!
Não era minha, deixei-a!

Atirei um tiro à pomba
A pomba no ar voou
Ela ouço naquela roseira e a maldita pomba sempre lá ficou!
 
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