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Confissões de uma mulher de 30!

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TIN

Visitante
Abri as gavetas. Aquelas que sempre custam abrir porque contêm coisas grandes demais. Pedaços de mim...reflexos do que sou. Ou hoje sou apenas os reflexos do que fui. Já não sei. Mas a essência, a que ultrapassa todas estas tempestades, intocável.

Abri-as devagar, para não magoar. E estava tudo lá. Todos os amores. Os grandes, os que ficam...todos os que foram eternos (e foram todos) e que agora só eu sei porque os sinto sem nunca o ter dito. Sentimentos presos em momentos, palavras (tantas) que ficaram por dizer.
Tudo o quanto vou colocando com ternura num baú já tão velho, quando prefiro não ver, mas não quero, mesmo assim, perder. Quero saber que está ali, que a qualquer hora, quem sabe, possa outra vez.
Histórias...

Com coragem sentei-me na cama, rodeada de papéis sem importância aos olhos de todos, com muita aos meus. E a nostalgia a soluçar baixinho...

E no final, arrumei o baú, fechei as gavetas em mim sem me desfazer de nada.
Esta mania de querer sempre tudo pertinho, para que possa ver tudo outra vez. Como num passo de mágica recuar no tempo e voltar lá, à praia, ao carro, à montanha, ao hotel, ao café, a qualquer lugar... pensar nas palavras, sentir o começo de todas as paixões. Como primeiro não era nada e depois era tudo. Voltar ao momento em que se olha alguem e o coração nos diz que existe ali um carinho que só quer crescer e nós, distraídos, nem tinhamos notado que o carinho, nesse momento, já nos preenchido todo o peito.
Afinal, posso rasgar todas as folhas, escritas e por escrever, de pouco valem. Posso inventar palavras, as que existem não dizem tudo...pouco há que possa escrever em momentos assim, como este. Instantes de evasão ao meu próprio passado.
Olhar para trás e saber que a vida segue por caminhos que nunca entendo bem. Por isso preciso voltar lá. Re-sentir, re-viver, re-olhar, re-amar...para quem sabe re-fazer tudo outra vez.

Continuou tudo lá. As cartas, os bilhetes, os recados, as fotografias que contêm os sorrisos presos num momento, os abraços, as flores secas. Tudo o que faz nascer um sorriso, por vezes triste, numa boca que já pouco fala de amor.
 
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