Criminosos Célebres!

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Bandidos sociais como Robin dos Bosques ou Zé do Telhado, e assassinos frios como Diogo Alves ou o Borrego, ou mesmo um par de casal romântico como Bonni&Clyde, e burlões como Alves dos Reis ou Frank Abagnale Jr., fazem parte da galeria dos bandidos que causaram admiração no imaginário colectivo. Este tópico destina-se a abordar casos de bandidos célebres.
 
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Robin dos Bosques: Mito ou Realidade?

Afinal quem foi o Robin dos Bosques, transformado pela lenda no modelo de bandido social, que roubava aos ricos para dar aos pobres? Herói do povo inglês? Amigo leal do rei Ricardo Coração de Leão da Inglaterra?
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A história documenta que Robin dos Bosques era chefe de um bando de salteadores da floresta de Sherwood, vestido de verde para se camuflar na vegetação, fazendo a vida negra ao xerife de Nottingham, e em luta contra o usurpador do trono da Inglaterra, o príncipe João Sem Terra, obrigando-o com o apoio dos barões ingleses, a aceitar a Magana Carta, que fez da Inglaterra a mãe de todas as democracias. Por outro lado, Robin tentava resgatar o bom rei Ricardo Coração de Leão, aprisionado no regresso da 3ª Cruzada à Terra Santa.

Mais de meia centena de filmes e séries de TV fizeram do famoso "Príncipe dos Ladrões" que roubava aos ricos para dar aos pobres, uma das figuras históricas mais representadas na cultura popular.
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Errol Flynn interpretando Robin dos Bosques no filme "As Aven-
turas de Robin dos Bosques" (1938), dirigido por Michael Curtiz
e William Keighley. É considerado um dos maiores filmes de
aventura de todos os tempos.

A Identidade de Robin dos Bosques

Não há certeza sobre a época, os lugares, as façanhas ou mesmo a existência de personagens como a bela lady Marian e os alegres fora-da-lei João Pequeno, Will Scarlet, Frei Tuck ou Alan-a-Dale. A história situa Robin na floresta de Sherwood, nos últimos anos do século XII. O nobre saxão Robin de Loxley passou à clandestinidade com o nome de Robin Hood (Robin do Capuz). No século XVII, o Conde Robert de Huntington também foi identificado com Robin.

Nos séculos XVI e XVII, houve referências a Robin Wood, provavelmente devido ao facto de na época, a palavra "hood" (capuz) ser também uma forma dialetral de "wood" (madeira, bosque). Em Portugal, o famoso fora-da-lei ficou conhecido como Robin dos Bosques, seguindo a versão francesa, popularizada pelo escritor Alexandre Dumas no século XIX.

A lenda de Robin dos Bosques passou de geração em geração em baladas e versos. A primeira referência surge num dos textos mais antigos da literatura inglesa: a obra "Piers, o Lavrador", de William Langland, datado de 1377.

Por volta de 1420, surge um conjunto de histórias compiladas a partir de várias rimas e baladas: "Uma Façanha de Robin Hood". Pela mesma altura, o cronista escocês Andrew Wintoun menciona na Crónica Original da Escócia, os feitos de Robin e do seu companheiro João Pequeno, que teriam andado pelas florestas de Inglewood e Barnsdale, na década de 1280. Um século mais tarde, na História da Grã-Bretanha, publicada em 1531, John Mair apresenta Robin como um rebelde em luta contra os ricos em 1190.

Existem outras versões históricas, que refere Robin defendendo-se perante o rei da Inglaterra, Eduardo I (1272-1307), Eduardo II (1307-1327) ou mesmo Eduardo III (1327-1377).

Os registos locais de Wakefield, fazem menção de um pequeno proprietário livre de nome Robin Hood implicado na revolta do conde Thomas de Lancaster, em 1322. Empobrecidos e arruinados por anos seguidos de más colheitas, os pequenos proprietários locais pediram ajuda ao rei, mas Eduardo II ignorou-os. Revoltaram-se com o apoio do seu senhor, o conde de Lancaster, primo do rei, e foram esmagados pelo exército. Os sobreviventes da insurreição fugiram para os bosques e tornaram-se fora-da-lei.

Eduardo II teve um gesto de inclemência: no ano seguinte deslocou-se ao norte do país com o objectivo de apaziguar os ânimos nas províncias que tinham sido palco da revolta. Ao chegar a Nottingham, perdoou alguns dos insurrectos, entre eles, Robin Hood, que recrutou para o seu serviço.

Conclusão: Com base nestas informações acima citadas, é possível situar Robin dos Bosques no reinado de Eduardo II.

Mas algo escapa: Robin Hood eram um excelente arqueiro! De pontaria infalível, sem medo de abater veados nas tapadas reais (crime punível com a morte), e hábil no uso do arco, que seria suficiente para ser recrutado para o exército do rei. Mas o uso do arco (longbow) só se tornou popular na passagem do século XIII para o século XIV: revelar-se-ia uma arma decisiva nas vitórias inglesas na primeira fase da Guerra dos 100 Anos, a partir de 1337. O que significa baseado nestes indícios, que Robin dos Bosques pode ter vivido 100 anos depois da época da lenda, no reinado de Eduardo III (1327-1377).
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Arqueiros usados na Guerra dos 100 anos (1337-1453).

Para complicar mais ainda, os arquivos judiciais ingleses guardam registos de vários bandidos com o nome de Robin Hood, por actos praticados entre 1250 e 1350.

O nome Robin, diminutivo de Robert, e o sobrenome Hood, são comuns na Inglaterra medieval; Robin Hood torna-se a alcunha favorita dos fora-da-lei a partir do século XIII.

Curiosidade: A lenda da morte de Robin, menciona que pode ter sido traído por uma prima, provavelmente, a abadessa de Kirklees, que ao cuidar do seu primo doente, fez-lhe uma sangria a pedido deste, e a freira fez de tal modo, que Robin acabou esvaído em sangue.




 
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Bandidos à Portuguesa!

O fenómeno do Banditismo Rural fez furor no sul da Europa no século XIX. Os salteadores italianos da Calábria e da Sicília, ganharam fama, tal como os montanheses da Grécia e do Montenegro. Em Espanha, os bandoleiros andaluzes tornaram-se lendários e inspiraram mesmo o Museu do Bandoleiro, que é hoje a atracção turística em Ronda. Portugal não escapou a história dos mais famosos bandidos: Zé do Telhado, no Minho e Trás-os-Montes; João Brandão, nas Beiras; e o Remexido, no Algarve.

Zé do Telhado: O Robin dos Bosques Português!

Sobrinho-neto do salteador Sodiano, que durante anos espalhou o medo na serra do Marão, entre o Minho e Trás-os-Montes, e filho de Joaquim do Telhado, capitão dos ladrões, José Teixeira da Silva, conhecido como Zé do Telhado, trazia nos genes a vocação que lhe deu fama: bandido.
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Zé do Telhado (1818-1875)

Aos 14 anos de idade, Zé do Telhado deixou a aldeia natal de Castelões, em Penafiel, e foi para Lousada aprender o ofício de castrador com um tio francês, casado com uma irmã da sua mãe. Aprendeu o ofício e apaixonou-se pela prima, mas quando se declarou, o pai da moça rejeitou-o por ser pobre. Partiu então para Lisboa, onde se alistou no regimento de lanceiros da rainha, em 1837. Teve o baptismo de fogo na Revolta dos Marechais, ao lado do Duque de Saldanha, e deixou a tropa para casar com a prima Ana Lentina. Em 1846-1847, participou na Revolta da Patuleia, salvando a vida ao futuro primeiro-ministro Sá da Bandeira e foi medalhado com a Torre e Espada, a mais alta condecoração portuguesa. Deixou a tropa com o posto de sargento. Ao regressar a casa, viu-se na miséria, perseguido pelos credores. Sem trabalho e sem pão para alimentar os filhos, Zé do Telhado aderiu ao bando de salteadores de que já fazia parte o seu irmão Joaquim.

Carreira do Famoso Salteador

Tornando-se chefe da quadrilha em 1849, chefia ainda nesse ano, o assalto à casa do lavrador Maciel da Costa, em Macieira. Em Janeiro de 1852, o bando assalta o rico Solar do Carrapatelo, que rendeu 40.000 cruzados, uma fortuna para a época. Três meses depois, novo assalto em Celorico de Basto. Perseguido pela tropa e polícia, Zé do Telhado tem gestos de uma audácia incrível, chegando a aparecer em público em Vila Meã (Amarante), num dia de feira para provar o vinho. Os assaltos continuaram até 1859.

Denunciado, chegou a matar um dos traidores, mas acabou por ser preso quando se preparava para fugir para o Brasil. Levado para a Cadeia da Relação do Porto, aí conheceu o escritor Camilo Castelo Branco, a cumprir pena por adultério, a quem contou a sua história. Em 1861 Zé do Telhado foi condenado ao degredo e desterrado para Angola. Tornou-se comerciante de borracha, cera e marfim e voltou a casar. Morreu em Malanje, em 1875, aos 57 anos de idade. Como roubou sempre aos mais ricos, Zé do Telhado foi chamado de Robin dos Bosques Português. Hoje existe uma avenida com o seu nome em Castelões, Penafiel, e ruas em Marco de Canaveses e em Mouriz, Paredes.

João Brandão: O Terror das Beiras!

Natural de Midões, concelho de Tábua, João Brandão tornou-se uma lenda em toda a Beira.
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Casa onde nasceu João Brandão: o Terror das Beiras.

Durante a Guerra Civil fez parte dos Voluntários da Rainha, no campo liberal, juntamente com o pai e os irmãos. Com sucessivos golpes e revoltas que opuseram cartistas e setembristas, e mais tarde, regeneradores, históricos e progressistas, João Brandão e o seu bando, semearam o terror nas Beiras, conforme os interesses dos dirigentes do governo e da oposição em Lisboa e dos caciques locais. Tanto atacava os miguelistas, como fazia causa comum com eles, como aconteceu durante a Revolta da Patuleia, em 1847.
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João Brandão (1825-1880)

Em breve as motivações políticas passaram a dar cobertura a crimes de delito comum, como roubos, assaltos e mortes que se multiplicaram ao longo dos anos em que correu a serra da Estrela a cavalo, à frente dos seus homens armados de trabucos, clavinas e bacamartes. Quando foi acusado de matar o padre Portugal, João Brandão traçou o seu destino. O governo mandou contra ele a tropa: em 1869 foi preso em Tábua, julgado e condenado ao degredo. No ano seguinte, o "Terror das Beiras" foi desterrado para Angola. João Brandão morreu no Bié, em 1880, com 55 anos de idade.
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Este Fontanário foi erigido em homenagem a João Brandão: o Terror das Beiras.

Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido"

Natural de Estômbar, Lagoa, José Joaquim de Sousa Reis ganhou a alcunha de "Remexido" por se ter rebelado (remexido) contra a autoridade do tutor com quem vivia, em São Bartolomeu de Messines, que se opunha ao seu casamento. Durante a Guerra Civil tomou partido pelos miguelistas e quando o desembarque das tropas liberais do duque da Terceira, em 1833, abriu uma segunda frente no Algarve, o Remexido chefiou um grupo de guerrilheiros que levou a cabo diversas acções violentas por toda a região, tendo como base a serra, onde se escondia do inimigo. Com a derrota de D. Miguel e o fim da guerra, em 1834, as forças absolutistas foram desmobilizadas, mas o carácter irregular das acções do Remexido fez com que os vencedores procurassem vingança. Como não o encontraram, os liberais queimaram-lhe a casa em Messines, açoitaram publicamente a sua mulher por se recusar a revelar o seu paradeiro e mataram-lhe um filho de 14 anos.
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Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido" (1797-1838).

O Remexido não perdoou, tendo reactivado a guerrilha, agora transformada em bando armado, e pôs o Algarve a ferro e fogo. Em Agosto de 1836, o Remexido atacou o quartel da infantaria de Messines, incendiando as instalações e matando vários soldados antes de se retirar da localidade, que ocupou durante várias horas. As autoridades de Lisboa mandaram sucessivas expedições contra o Remexido, mas nunca conseguiram encontra-lo no seu refúgio na serra algarvia.

Foi a partir da serra algarvia, que o Remexido cobrou tributos e requisitou alimentos nas povoações. Ficou célebre o seu assalto ao correio de Lisboa. O atrevimento do Remexido fez tremer o governo liberal, já de si dividido entre as facções cartista e setembrista. O seu braço direito era o padre Marçal José Espada, o que aumentou a credibilidade do Remexido junto das populações. Em Julho de 1838, a sua sorte mudou. Atacado na serra por uma força de cavalaria muito superior, o Remexido fez-lhe frente e resistiu durante um dia inteiro até que ordenou a retirada. Mas durante a manobra foi reconhecido e capturado.
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Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido", foi levado para
Faro, e julgado em conselho de guerra, sendo depois fuzilado
no dia 2 de Agosto de 1838, aos 40 anos de idade.



 
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Diogo Alves – O Assassino do Aqueduto das Águas Livres!

Diogo Alves era um galego, natural de Lugo, que vivia em Lisboa nos anos agitados a seguir à Guerra Civil. Em 1836, instigado pela sua amante Gertrudes Maria "A Parreirinha", pôs em marcha um plano tenebroso: arranjou uma chave falsa do Aqueduto das Águas Livres e escondia-se no seu interior. Dali saía para roubar e matar pessoas que por ali passavam.
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O passadiço do aqueduto era a melhor maneira de atravessar o vale de Alcântara, para entrar e sair da capital. A partir dali, Diogo Alves atirava as vítimas de um dos pontos mais altos, 65 metros acima da ribeira de Alcântara (hoje Avenida de Ceuta).
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O jornal semanal O Crime publicou pranchas de quatro tiras sobre bandoleiros portugueses. Um dos blocos da série foi precisamente sobre Diogo Alves, o bandoleiro do Aqueduto das Águas Livres.

Os crimes sucederam-se ao longo de três anos. Falou-se de uma onde de suicídios no local! Chegaram a morrer ali quatro pessoas da mesma família! Por fim, a polícia apertou a vigilância e apanhou o assassino, em 1840. Diogo de Alves foi julgado, condenado à morte e enforcado em 1841.
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A cabeça de Digo Alves foi cortada para ser objecto de estudo. Conservada em
formol, ainda hoje se mantém em bom estado, no Museu de Medicina, na
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
 
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Borrego – O Assassino com Mão de Lobo!

Um dos criminosos mais sanguinários dos anais da Justiça Portuguesa, condenado por duas mortes violentas, o Borrego acabou por confessar durante um almoço de bacalhau com batatas, na presença dos polícias, ter assassinado mais de 10 homens, estrangulando-os com uma só mão: a famosa Mão de Lobo.

No Outono de 1970, dois achados macabros abalaram os brandos costumes portugueses, e até a própria polícia. A censura não deixou os jornais contarem a história, mas em meados de Outubro, foi encontrado nos arredores de Setúbal, o corpo mutilado de um cigano, identificado como Leonel Abrantes da Cunha. Um mês depois, um cacifo da estação do Sul e Sueste, no Terreiro do Paço, em Lisboa, revelou um conteúdo sangrento: restos de um cadáver literalmente cortado aos bocados e embrulhado em plástico. As impressões digitais permitiram dar um nome e uma profissão ao morto: José Pedro dos Reis, conhecido pela alcunha "O Sanduga", marítimo.

As investigações apontaram para um elo comum entre dois crimes e conduziram a Polícia Judiciária a um barracão no terreno baldio do Caminho do Mocho, junto à estrada de Porto Salvo para Paço de Arcos, em Oeiras. O autor dos crimes foi identificado: José Domingues Borrego (1927-1971), vendedor ambulante em feiras e mercados, afinador de máquinas de costura, e passava de vez em quando, moeda falsa. Homenzarrão com mãos descomunais, irritava-se com facilidade, tendo tendência a deitar uma das suas mãos de gigante às goelas da vítima, matando sem só nem piedade.

Nascido na aldeia raiana de Aranhas, em Penamacor, na Beira Baixa, Borrego começou a trabalhar aos 6 anos de idade, levando as cabras a pastar na vizinha serra da Malcata. Mas ao perder uma das cabras, o menino recebeu um castigo que o marcou para toda a vida. De pequenino se torce o assassino.

Perante a Policia Judiciária, Borrego confessou os seus crimes:
- Confessou ter morto o cigano Leonel no dia 13 de Outubro de 1970;
- Confessou ter morto o marítimo Sanduga, no dia 16 de Novembro de 1970;
- Descreveu em pormenor, como usou uma serra para decepar os braços e as pernas de José Pedro Reis "O Sanduga", antes de separar a cabeça do tronco com uma lâmina larga.
Num interrogatório posterior, Borrego confessou enquanto devorava um prato de bacalhau com batatas (tendo queixado ao director da PJ que tinha falta de azeite), ter sido o autor da morte de outro homem, encontrado mutilado em Alverca, em Março de 1969. Além disso, arrumou mais 10 homens, todos passadores de moeda falsa, por lhe fazerem concorrência.
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Apesar de calejados pelo contacto com o crime violento, os inspectores nunca tinham visto nada assim. O juiz condenou Borrego a 30 anos de cadeia. Passados alguns meses, Borrego acabou com a sua própria vida numa cela da penitenciária de Lisboa.
 
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Alves dos Reis – O Maior Burlão da História de Portugal!

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Falsificou 200.000 notas de 500 escudos, mandando imprimi-las na mesma
casa impressora que fazia as verdadeiras notas do Banco de Portugal.

O jornal "O Século" revelou no dia 5 de Dezembro de 1925, ter sido encontrada uma nota de 500 escudos com a numeração repetida. A descoberta confirmou um rumor que corria desde há algum tempo nos meios financeiros e policiais portugueses: havia notas falsas a circular em Portugal!

A nota foi encontrada nos cofres da delegação do Porto do Banco de Angola e Metrópole por um inspector enviado de Lisboa pelo Banco de Portugal para investigar uma sucessão de avultados depósitos em notas de 500 escudos do Banco Angola e Metrópole na casa de câmbio portuense Pinto da Cunha. Tão avultados foram os depósitos que levantaram suspeitas às autoridades financeiras, que por sinal já estavam alerta para os negócios do Banco Angola e Metrópole, que estranhamente, concedia empréstimos a juros inferiores aos praticados pela concorrência, sem receber depósitos que o justificassem.

Foi a maior burla da história de Portugal! Mas por detrás dela estava um génio do crime: Artur Virgílio Alves dos Reis (1898-1955). Autor do plano de falsificar 200.000 notas de 500 escudos, mandando imprimi-las na mesma tipografia londrina que imprimia as autênticas notas do Banco de Portugal.
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Artur Virgílio Alves Reis foi certamente o maior burlão
da história portuguesa até ao surgimento do Caso BPN,
e possivelmente, um dos maiores do mundo.

A gigantesca fraude teve êxito, porque as notas falsas tinham a mesma origem das notas verdadeiras, logo passariam como genuínas, sem levantar qualquer suspeita. O único pormenor foi o número de série que foi copiado de uma emissão anterior, o que alertou as autoridades.

Alves dos Reis nasceu em Lisboa, filho de um cangalheiro falido. Apaixonado por Maria Luísa Jacobetty de Azevedo, uma rapariga de uma família rica, casou-se com ela. Mas os sogros não perdiam a mínima oportunidade para lhe fazer sentir a diferença de estatuto entre ambos.

Carreira de Alves dos Reis

Alves dos Reis iniciou a sua carreira de burlão, ao falsificar o diploma que lhe permitia passar por engenheiro em Angola, para onde emigrou em 1916, em busca de fortuna. Enriqueceu com a compra por meio de um cheque sem cobertura, as acções de uma companhia de caminhos-de-ferro em Moçâmedes. De regresso a Portugal, comprou a Companhia Mineira do Sul de Angola, e tentou controlar de forma fraudulenta, outra importante empresa africana, a Companhia de Ambaca. A burla foi descoberta e Alves dos Reis foi preso no Porto, em 1924, pelo seu envolvimento no caso Ambaca.

Durante 54 dias que esteve preso, Alves dos Reis preparou o esquema que o tornaria famoso. Com a ajuda de um financeiro holandês, um espião alemão e o irmão do embaixador de Portugal na Holanda, preparou um contrato fictício, mas reconhecido por um notário, sendo o contrato aceite pela casa Waterlow&Sons, de Londres, onde eram impressas as notas do Banco de Portugal. Alves dos Reis encomendou uma emissão de 200.000 notas de 500 escudos com a efígie de Vasco da Gama.

O dinheiro falso serviu-lhe para os seguintes investimentos:
- Fundar o Banco Angola e Metrópole, em Junho de 1925;
- Comprar o Palácio do Menino de Ouro (onde hoje funciona o Instituto Britânico), junto ao Príncipe Real, em Lisboa.
- Comprou três quintas e uma frota de táxis.
Aos 26 anos de idade, Alves dos Reis levava uma vida de nababo. Quando ia a Paris com a mulher, ficava alojado no luxuoso Hotel Claridge, perto dos Campos Elísios. Gastava fortunas em jóias e roupas.
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Em Lisboa, Alves dos Reis mostrava-se ao volante de um espampanante Hispano-Suiza (o melhor carro de luxo da época, rivalizando com o Rolls-Royce). No auge da fama e da fortuna, Alves dos Reis tentou comprar o jornal Diário de Notícias, e começou a acumular quantidades significativas de acções do Banco de Portugal, com o objectivo de conseguir o controlo do banco emissor, que era privado. A credibilidade do Banco de Portugal e das autoridades foi abalada, após o escândalo das notas falsas. Vítimas da burla formaram filas à porta do banco, a protestar e a tentar trocar as notas. O escândalo financeiro teve repercussões políticas e contribuiu para o ambiente de decadência e corrupção em que se afundou a Primeira República, nos meses que antecederam o golpe militar de 28 de Maio de 1926, que instaurou a ditadura.

O caso Angola e Metrópole só foi a julgamento em 1930. Alves dos Reis foi condenado a 8 anos de prisão e mais 12 anos de degredo. Foi libertado em 1945 e voltou ao crime, chegando a ser mais uma vez condenado por burla, num negócio relacionado com café de Angola, mas não cumpriu pena. Morreu pobre, de ataque cardíaco, aos 56 anos de idade.






 
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Bonnie&Clyde: O Casal Fatal!

Um dos mistérios das profundezas do cérebro humano, estudado por médicos e psicólogos, é o desejo sexual que uma mulher sente por um homem que cometeu um crime horrível. Esse síndrome chama-se Bonnie&Clyde, em homenagem ao casal de assassinos que tornaram-se célebres nos filmes e canções de sucesso.
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Baixinha e enfezada, a verdadeira Bonnie
Parker (1910-1934), estava a anos-luz de
distância da mulher fatal interpretada
pela irresistível Faye Dunaway no filme
"Bonnie and Clyde", realizado por Arthur
Penn em 1967.
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Os actors Warren Beatty e Faye Dunaway no filme "Bonnie and Clyde"
realizado por Arthur Penn (1967).

A canção "Bonnie e Clyde" cantada por Serge Gainsborug e Brigitte Bardot, cobriu com uma aura romântica, um par de assaltantes com muitas mortes na consciência: 9 polícias e um número indeterminado de civis!
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Clyde Barrow (1909-1934), jovem delin-
quente transformado em assassino san-
guinário depois de ter sido violado na
prisão, tornou-se um caso de raiva e
frustração muito longe do glamour
transmitido no ecrã por Warren Beatty.
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Bonnie era uma rapariga sensível,
nascida numa pequena cidade do
Texas. Órfã do pai aos 4 anos de
idade, foi a melhor aluna da escola:
ganhou prémios pelos seus trabalhos
escritos e por ser boa oradora. Em
adulta escreveu poemas na prisão
e quando andava a monte.

Com 22 anos de idade e a cabeça a prémio, Bonnie deixou num esconderijo abandonado à pressa uma máquina fotográfica e vários rolos usados. A polícia encontrou-os e mandou-os revelar. Mostravam entre outras fotos, uma mulher em pose provocante, com uma pistola na mãos e um charuto ao canto da boca: uma autêntica matadora!
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O historiador norte-americano Jeff Guinn, especialista na época dos gangsters, comentou que John Dillinger tinha o bom aspecto de um ídolo das matinées, e Pretty Boy Floyd arranjou a melhor alcunha possível mas as fotos de Joplin (cidade onde ficava o esconderijo de Bonnie e Clyde) apresentava uma nova estrela do crime com a imagem de marca mais excitante de todas: o sexo ilícito. Sem Bonnie, os jornais fora do Texas teriam tratado Clyde como apenas mais um rufia de dedo no gatilho, se não o ignorassem pura e simplesmente. Com as fotos atrevidas, Bonnie forneceu o sex-appeal que permitiu a ambos transcender os pequenos roubos e as mortes desnecessárias que constituíram afinal a sua carreira criminosa. Foi esse sex-appeal que transformou Bonnie e Clyde num casal lendário.

A excitação do crime, sobretudo do crime sangrento, levou muitos homens e mulheres a sentirem-se atraídos física e mentalmente por este tipo de assassinos. O fenómeno repetiu-se com outros assassinos, como Charles Manson, o chefe do bando que matou a actriz Sahron Tate, em 1969. Os autores do massacre da escola de Columbine, ou o serial killler Ted Bundy. É o que os especialistas chamam hibristofila ou síndrome de Bonnie&Clyde.

A Vida de Bonnie e Clyde

Bonnie apaixonou-se por um colega do liceu, tendo casado aos 15 anos e separada pouco depois. Clyde, texano como ela, nasceu numa família miserável e começou a roubar desde muito cedo. Foi preso aos 15 anos, e devido aos seus pequenos roubos, ia muitas vezes para a prisão. Em Janeiro de 1930, Bonnie estava em Dallas a cuidar de uma amiga que tinha partido um braço. Clyde também era amigo da doente, e foi visitá-la. Ao entrar na casa da amiga, deparou-se com Bonnie na cozinha a preparar um chocolate quente. Foi amor à primeira vista.

Em Abril de 1930, Clyde, então com 21 anos de idade, foi parar a uma quinta-prisão, Eastham Prison Farm, onde os reclusos faziam trabalhos agrícolas. Assediado e violado repetidamente por outro preso, acabou por matá-lo à marretada, com um cano de chumbo. Foi a primeira vez que matou um homem. Clyde saiu da prisão em Fevereiro de 1932, tendo ido viver com Bonnie. Ganhava a vida a assaltar armazéns, mercearias e bombas de gasolina, com cúmplices que conhecera na cadeia. Bonnie passou a acompanhá-los, e em Abril de 1932, Bonnie foi presa durante dois meses. Aproveitou para escrever poesia. Ainda em Abril desse ano, Clyde participou num assalto a outro armazém. O golpe correu mal e o dono foi morto a tiro. Clyde era só o motorista, mas a viúva da vítima identificou-o como um dos atiradores. Foi a sua primeira acusação de homicídio.

Quando foi libertada, Bonnie juntou-se de novo a Clyde. Em Agosto, enquanto Bonnie visitava a sua mãe em Dallas, Clyde mais dois amigos mataram o adjunto do xerife de uma cidade do Estado do Oklahoma. Em Outubro, novo crime de sangue: matam um empregado de armazém para roubar apenas 28 dólares. No Natal de 1932, Clyde e Bonnie admitem um terceiro elemento para a sua equipa: um rapaz de 16 anos, chamado Jones. Pouco depois, no dia 6 de Janeiro de 1933, o trio mata outro polícia. Clyde tinha seis irmãos, e um deles, Buck Barrow, também andava no crime, e tinha sido preso. Saiu em liberdade condicional em Março de 1933, e juntamente com a sua mulher, Blanche, juntou a Clyde, em Joplin, no Estado do Missouri, no esconderijo do casal fatal.

A pequena cidade de Joplin era pacata, tendo estranhado o comportamento dos recém-chegados, especialmente quando os cinco elementos davam nas vistas, bebendo cerveja e jogando às cartas. Mas quando Clyde ao limpar a sua metralhadora Browning, disparou uma rajada por distracção, a estranheza deu lugar ao alarme e um vizinho foi queixar-se à polícia. Os agentes policiais pensaram tratar-se de contrabandistas de bebidas alcoólicas (era a época da Lei Seca: proibição de bebidas alcoólicas). Ao dirigirem-se ao local, surpreenderam o bando que mal teve tempo de pegar armas e abriram caminho aos tiros.

Mas deixaram muito material no esconderijo:
- Um verdadeiro arsenal de armas de fogo de vários tipos;
- Os papéis da liberdade condicional de Buck;
- A certidão de casamento de Buck com Blanche;
- Um poema manuscrito de Bonnie: "A História de Sal, A Suicida";
- Uma máquina fotográfica com rolos usados.
Os rolos foram revelados no laboratório de um jornal local: eram as fotos dos membros do gangue, individualmente ou em grupo. Uma dessas fotos chegou à primeira página dos principais jornais dos E.U.A. nos dias seguintes: Mostrava Bonnie Parker numa pose provocante, de pistola na mão e charuto na boca. Na verdade, era só posse, pois Bonnie fumava cigarros mas não fumavam charutos. Ao contrário de Clyde, não era apreciadora de armas.

O famoso gangue de Barrow, como foram chamados pela polícia e imprensa, lançaram numa série de assaltos ao longo de diferentes estados do Centro-Oeste dos E.U.A. Assaltavam especialmente bancos, e por vezes, raptavam as pessoas para lhes ficarem com os carros.

Curiosidade: Bonnie e Clyde foram os pioneiros do chamado "Car jacking". Libertavam as vítimas longe do local do roubo e chegavam a dar-lhes dinheiro para poderem voltar para casa.

O Fim de Bonnie&Clyde

Em Junho de 1933, Clyde distraiu-se ao volante, e o carro caiu numa ribanceira e incendiou-se. Os ocupantes conseguiram sair mas Bonnie sofreu queimaduras do terceiro grau na perna direita. Refugiaram-se no Estado do Arkansas para tratar de Bonnie, mas para arranjar dinheiro, voltaram aos assaltos e mataram um Marshall, pelo que se viram obrigados a fugir de novo, desta vez, para o vizinho Kansas. Mais uma vez despertaram suspeitas: um dos pormenores que os tornaram notados foram as provocantes calças de montar, muito justas, usadas por Blanche. Quando o xerife teve a certeza de que era mesmo o gangue de Barrow, pediu reforços e atacou. Mas Clyde, Bonnie e os seus cúmplices dispunham de um poder de fogo muito superior: dias antes tinham assaltado um paiol da Guarda Nacional.

Voltaram a escapar, mas Buck foi gravemente ferido, e Blance ficou quase cega por estilhaço de vidro. No dia 24 de Julho, foram cercados num parque de diversões abandonado, no Iowa. Bonnie, Clyde e Jones conseguiram fugir, mas Buck foi novamente atingido e acabou por ser preso, juntamente com Blanche. Buck morreu dias depois e Blanche ficou cega de um olho. Em Setembro, Bonnie e Clyde separaram-se de Jones, que foi preso dias mais tarde. Colaborou com a polícia dando informações que ajudaram a apertar o cerco ao casal.

Em Janeiro de 1934, Clyde Barrow atingiu por fim um dos objectivos da sua vida: vingar-se do sistema prisional do Texas e da cadeia onde tinha sido violado. Planeou e executou um assalto à quinta-prisão de Eastham e libertou vários companheiros do crime. A fuga de Eastham foi o seu canto do cisne. Mas não pôde cantar vitória muito tempo. O ataque à cadeia pôs no seu encalço polícias de vários estados, sob a direcção de um ex-ranger do Texas, o capitão Frank Hamer. O prémio pelas cabeças de Bonnie e Clyde subiu para 2000 dólares.

No dia 23 de Maio de 1934, ao volante de um Ford V8, Bonnie e Clyde caíram numa emboscada quando se dirigiam a casa de um cúmplice. Os seis polícias do grupo de Frank Hamer estavam equipados cada um com uma metralhadora, uma shotgun, e pistolas. Ao verem o carro aproximar-se, abriram fogo com as metralhadoras. Dispararam mais de 130 tiros, até esvaziarem os carregadores. Depois atiraram com as shotguns e por fim com as pistolas, até ficarem sem munições. Quando acabaram, o Ford estava caído na valeta e a chapa parecia um passador. Clyde foi o primeiro a morrer. Os polícias contaram que ainda ouviram Bonnie gritar quando ele caiu.
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O carro do casal, um Ford V8,
crivado de balas.

Segundo o relatório da autópsia, o cadáver de Clyde apresentava 17 orifícios de entrada de bala e Bonnie tinha 26 orifícios. O local do tiroteio foi imediatamente invadido por uma multidão de curiosos que levaram bocados dos vidros da janelas do carro, invólucros de balas e pedaços de roupa de Bonnie e Clyde como recordação.

Bonnie tinha 23 anos de idade e Clyde tinha 25 anos. Ambos tinham seguros de vida com os prémios em dia. A seguradora American National, de Galveston, no Texas, pagou religiosamente aos herdeiros. Mas daí em diante, todas as companhias de seguros modificaram as apólices, acrescentando mais uma exclusão: deixaram de pagar por mortes ocorridas na sequência de crimes praticados pelos segurados.
 
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Ronald Biggs e o Célebre Assalto ao Comboio-Correio!

Ronald Biggs nasceu em 1929, no bairro londrino de Lambeth. Aos 18 anos, alistou-se na Força Área, mas desertou dois anos depois. No dia em que fez 34 anos, em 8 de Agosto de 1963, tomou parte num dos maiores assaltos registados nos anais do crime em Inglaterra.
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Aqui Ronald Biggs é detido pela polícia britânica no dia 15 de Abril de 1964, e condenado a 30
anos de cadeia. Mas fugiu após 15 meses de prisão.
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O roubo dos sacos de dinheiro do Banco da Escócia, transportados pelo
comboio-correio Glasgow-Londres, rendeu à época, 2,6 milhões de libras:
hoje valeria cerca de 40 milhões de libras, ou 46,6 milhões de euros!

Modo de Operação:

O golpe foi realizado por 17 ladrões, dos quais 15 operacionais e dois informadores. Estava combinado dividirem o dinheiro entre todos.
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O cérebro da operação e chefe do assalto foi Bruce Reynolds, cabecilha do bando do Sudoeste de Londres, a que pertencia a maior parte dos implicados. Houve ainda a participação de cinco membros de outro gangue da região, os Raiders: salteadores da Costa Sul.

Informado sobre o funcionamento do comboio nocturno que distribuía o correio e encomendas postais, e transporte de dinheiro vivo, desde Glasgow, na Escócia, até Londres, os bandidos planearam o golpe ao mais ínfimo pormenor.

Na noite combinada, depois de um feriado (sinal de mais dinheiro), por volta das 3 horas da madrugada, um dos bandidos sabotou um semáforo em Sears Crossing, de modo a fazer parar o comboio. Os cúmplices a bordo do comboio, tomaram então o controlo e seguiram para a ponte de Bridego, a cerca de 40 km de Londres. Ali imobilizaram a locomotiva, rebentaram à machada a carruagem das remessas de valores e dominaram os funcionários dos correios que nela seguiram. Em apenas 20 minutos, apoderaram-se dos sacos do Banco da Escócia, e formando uma cadeia humana, transferiram os sacos um a um para um camião que estava à espera debaixo da ponte.

Biggs desempenhou um papel menor no assalto: transportou um maquinista cúmplice que devia substituir o maquinista do comboio-correio depois de levado a bom termo o ataque. Mas a locomotiva era uma moderna English Electric Type 4, com um motor combinado, diesel e eléctrico, demasiado complicada para o maquinista trazido por Biggs, que desistiu de tentar dirigi-la. Sem substituto, os ladrões agrediram brutalmente o maquinista do comboio, Jack Mills, com uma barra de ferro para o obrigarem a parar o comboio no local previamente escolhido. Mills nunca recuperou completamente dos ferimentos.
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A moderna locomotiva English Electric Type 4 equipada com motor diesel
e eléctrico, que quase prejudicou a operação do gangue.

Quanto a Ronald Biggs, acabou por ajudar a carregar os sacos de dinheiro para o camião que estava à espera debaixo da ponte de Bridego.

A Fuga de Ronald Biggs

Nas semanas seguintes, foi montada uma gigantesca caça ao homem. A Scotland Yard constituiu uma unidade especial para o caso: a brigada do assalto ao comboio, composta por seis detectives de elite. Em Dezembro, os bandidos tinham sido quase todos apanhados. Mas só foi recuperado uma pequena parte do dinheiro.

No dia 15 de Abril de 1964, 11 dos assaltantes, incluindo Biggs, foram condenados a 30 anos de cadeia. Três dos envolvidos no golpe nunca chegaram a ser identificados. Passados 15 meses, em Julho de 1965, Ronald Biggs conseguiu fugir da prisão de Wandsworth.

Uma carrinha de mudanças estacionou junto ao muro da prisão e um cúmplice atirou uma escada de corda para dentro do pátio, à hora em que os presos estavam no recreio. Nessa altura, um grupo de reclusos armou confusão para distrair os guardas e Biggs aproveitou para escapar, acompanhado por outros três condenados. Biggs atravessou o Canal da Mancha de barco, passou por Bruxelas e foi para Paris com a mulher e dois filhos. Em Paris fez uma operação plástica à cara e obteve documentos com uma nova identidade. Em 1966 foi viver para a Austrália, onde morou em várias cidades durante três anos, até que foi reconhecido em Melbourne, quando trabalhava como carpinteiro num estúdio da televisão. Saiu imediatamente de casa nesse mesmo dia, e apanhou um barco para o Panamá. Em 1970, instalou-se no Rio de Janeiro. A mulher e os filhos ficaram na Austrália. O filho mais velho morreu no ano seguinte, com 10 anos, num desastre de automóvel.
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No Brasil, Biggs sentia-se em segurança e arranjou uma namorada: Raimunda de Castro, dançarina
numa boite. Mas em 1974, o jornal inglês Daily Express revelou o seu paradeiro.
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O detective Jack Slipper, da
Scotland Yard, aterrou no Rio de
Janeiro para tratar da extradição,
mas voltou de mãos vazias.

Biggs foi mais rápido: engravidou a sua namorada e assim o Brasil não permitiu a extradição de Biggs por ser pai de um cidadão brasileiro!

Ronald Biggs: Celebridade Internacional!
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A impossibilidade de extrair Biggs do Brasil para a Grã-Bretanha, fez com que a história corresse mundo, tornando Ronald Biggs uma atracção do Rio de Janeiro. Turistas, sobretudo ingleses, pagavam para serem fotografados com o famoso criminoso, ou ser convidados à casa dele. Surgiu o merchandising: canecas, chávenas e T-shirts com a cara de Biggs. A antiga estrela do futebol inglês, Stanley Mathews visitou Biggs.
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Quando a música Punk estava na moda, Ronald Biggs foi convidado a participar no
filme e disco dos Sex Pistols. A canção "No One is Innocent" chegou ao 6º lugar no
top 10 de vendas em Inglaterra, em Junho de 1978.

Ronald Biggs, o mais famoso assaltante do comboio-correio Glasgow-Londres, em 1963, participou na banda sonora do documentário "The Great Rock n`Roll Swindel", de 1978; nas canções dos Sex Pistols, "No One is Innocent" e "Belsen was a Gas" gravadas num pequeno estúdio do Rio de Janeiro.
[video=youtube;x-bka7BytRw]https://www.youtube.com/watch?v=x-bka7BytRw[/video]
Ronald Biggs nunca saía do Brasil, pois arriscava-se a ser apanhado em qualquer parte do mundo e
entregue à justiça britânica.

Em 1981, Biggs foi raptado por antigos militares britânicos e levado para a ilha de Barbados, nas Caraíbas. Os raptores disseram ter agido por dinheiro, para ganharem o prémio oferecido pelo Reino Unido pela sua captura. As autoridades de Barbados desmontaram a trama e deixaram Biggs regressar ao Rio de Janeiro.
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O filho brasileiro de Biggs, Michael, cresceu e tornou-se conhecido
por participar na Turma do Balão Mágico, uma banda infantil de
sucesso nos anos 80, que deu origem ao programa de TV Balão
Mágico, da Globo.

O Fim de Ronald Biggs

Em 1997, o Reino Unido e o Brasil assinaram um acordo de extradição. Mas Biggs ainda conseguiu arrastar o processo durante quatro anos. Continuava a ser famoso, mas o dinheiro do assalto acabara há muito. Por fim, a sua saúde deteriorava-se. Em Maio de 2001, o tablóide The Sun, noticia que Biggs então com 72 anos, e problemas cardíacos, estava disposto a regressar à Inglaterra. O jornal enviou um jacto privado e uma equipa de reportagem, acompanhado pelo velho cabecilha do assalto ao comboio-correio, Bruce Reynolds, que já tinha cumprido a pena, para trazerem Biggs de volta ao seu país.
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Ao fim de 36 anos a monte, Ronald Biggs regressou a Inglaterra, entregando-se voluntariamente, disposto a cumprir o resto da pena de 30 anos que tinha interrompido ao fim de 15 meses. Ao longo dos anos seguintes, Biggs doente, foi várias vezes da prisão para o hospital, tratando de problemas de coração, tromboses e pneumonias.

Depois de sucessivos pedidos de clemência terem sido rejeitados pelas autoridades, Ronald Biggs foi finalmente libertado, por razões humanitárias, no dia 6 de Agosto de 2009, dois dias antes de completar 80 anos de idade. Em Novembro de 2001, esteve presente no lançamento de uma nova autobiografia, em Londres. Deslocava-se numa cadeia de rodas e já não conseguia falar, mas deu autógrafos.

Assim termina a saga do famoso assaltante que ao longo de 36 anos, aproveitou todas as oportunidades para ridicularizar a polícia britânica. Até foi cantor punk num disco dos Sex Pistols. Velho e doente, apresentou-se na prisão britânica, para tratar dos seus problemas de saúde, à conta das autoridades prisionais, isto é, dos contribuintes britânicos.










 
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Frank Abagnale Jr. – O Vigarista Genial!

O jovem Frank Abaganle Jr. teve uma infância feliz no bairro de Bronx, em Nova Iorque, nos anos 50, e estudou numa escola católica. Os pais divorciaram-se quando ele era adolescente. Mal chegou à idade para ter carta de condução (16 anos nos E.U.A.), Frank arranjou um emprego em part-time. Conseguiu que o pai lhe desse um camião velho para ir para o trabalho e lhe emprestasse um cartão de crédito para pagar a gasolina. Pelo meio começou a sair com namoradas, mas como o dinheiro não abundava, concebeu um esquema para financiar os encontros amorosos. Convenceu diversas estações de serviço a debitar no cartão de crédito a compra de pneus, baterias e outros acessórios automóveis, mas nem chegava a levantá-los; em vez disso, recebia o dinheiro. O esquema funcionou durante uma temporada, até que o pai recebeu as facturas do cartão de crédito.
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Por essa altura, já Frank expandira o seu empreendedorismo aos cheques. Começou aos 16 anos de idade, a falsificar cheques, tão perfeitos que conseguiu passa-los no valor de quase 2 milhões de euros.

Aos 21 anos de idade, Frank tinha passado por várias profissões:

- Arranjou uma farda de piloto e falsificou um cartão de identificação da Pan American (a principal companhia de aviação dos E.U.A., falida em 1991). Na pele do piloto Frank Williams, efectuou entre os 16 e 18 anos, cerca de um milhão de milhas em mais de 250 viagens para 26 países, como convidado de outro piloto. Os pilotos de aviação comercial viajava de graça quando não estavam de serviço. Isso permitiu a Frank beneficiar gratuitamente dos hotéis nas escalas e no destino, das refeições, sendo as facturas enviadas à Pan American. Uma vez chegou a ser convidado pelo piloto a tomar os comandos do avião a 9000 metros de altitude. Não sabendo pilotar, disfarçou a situação ligando o piloto automático, pois tinha consciência da responsabilidade da vida dos 140 passageiros a bordo, incluindo a sua própria vida.

- Nas suas frequentes idas e vindas pelos aeroportos reparou que ao fim do dia, os funcionários de companhia aéreas e das agências de aluguer de automóveis costumavam deixar o dinheiro das receitas diárias, em sacos fechados, em cofres de depósitos nocturno nas instalações do aeroporto. Uma noite, vestiu a farda de um segurança e pôs um letreiro por cima do cofre nocturno: «Fora de serviço. É favor entregar os depósitos ao segurança». Foi só receber o dinheiro e sair calmamente do aeroporto.

- Durante um semestre, foi professor Frank Adams, assistente de Sociologia, na Universidade de Brigham Young, no Estado do Utah, graças a um diploma falsificado da Universidade de Columbia.

- Durante quase um ano, fez-se passar por médico pediatra, de nome, Frank Conners, num dos hospitais do Estado da Geórgia, no sul dos E.U.A. Tudo começou quando Abagnale tornou-se amigo de um vizinho médico que lhe contou da dificuldade do hospital onde trabalhava em contratar um chefe de equipa para o serviço de Pediatria. Frank disse-lhe que ele próprio era especialista em Pediatria, e ofereceu-se para ocupar o cargo até o hospital arranjar um substituto. Revelou-se um chefe competente e soube distribuir os meninos doentes pelos médicos, seus subordinados, sem nunca ser ele próprio a trata-los. Só se atrapalhou uma vez, quando uma enfermeira lhe disse que tinham um caso de um «bebé azul»: Abagnale não fazia ideia de que ela se referia a uma emergência por privação de oxigénio. Felizmente estava na enfermaria, um médico que imediatamente resolveu o problema. Ao fim de 11 meses, o hospital encontrou finalmente o profissional que procurava.

- Abagnale quis impressionar uma hospedeira e disse-lhe que era formado em Direito pela Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas da América. Ela ficou impressionada, e apresentou-lhe a um seu amigo, que por sinal, era advogado. A meio da conversa, o amigo da hospedeira disse a Abagnale, que o Ministério Público do Estado da Luisiana andava à procura de advogados. Sugeriu-lhe que concorresse ao lugar. Da noite para o dia, Abagnale falsificou um diploma da Faculdade de Direito de Harvard. Depois candidatou-se ao exame da Ordem dos Advogados de Louisiana. Chumbou nas duas primeiras tentativas mas conseguiu à terceira. Aos 19 anos de idade, era Jurista no Gabinete do Procurador do Estado. O pior é que havia no Ministério Público, um verdadeiro ex-aluno de Harvard, que bombardeou o jovem colega com perguntas da vida académica. Frank esquivava-se às perguntas. Mas o cerco apertou-se, e percebeu que poderia ser desmascarado. Ao fim de 8 meses, Frank arranjou uma desculpa e pediu a demissão.

O Fim de Frank Abagnale

Em 1969, aos 21 anos de idade, a sorte acabou. Uma hospedeira da Air France reconheceu Abagnale num cartaz de criminosos procurados e denunciou-o. Foi preso em Perpignan, e condenado a um ano de cadeia por fraudes cometidas em França. Por essa altura, já uma dúzia de países tinha pedido a sua extradição.

Cumpriu metade da pena em França, e ao fim de 6 meses foi entregue às autoridades da Suécia, onde também era procurado por fraude e falsificação. Apanhou mais 6 meses que cumpriu em Malmö. Ao terminar a sentença, e quando já tinha uma cela à espera numa prisão italiana, as autoridades suecas decidiram deporta-lo para os E.U.A.

Ao aterrar no Aeroporto Kennedy, em Nova Iorque, Abagnale conseguiu fugir do avião e apanhou um táxi para casa, no bairro de Bronx. Mudou de roupa e apanhou o comboio para Montreal, no Canadá, de onde tencionava fugir para o Brasil. Já no Canadá, foi apanhado por um agente da Polícia Montada, que o entregou às autoridades fronteiriças dos E.U.A.

Em 1971, enquanto aguardava julgamento em prisão preventiva numa cadeia de Atlanta, no Estado de Georgia, onde cometera várias fraudes, Abagnale conseguiu convencer a direcção do estabelecimento de que era um inspector dos serviços prisionais infiltrado para preparar um relatório sobre o tratamento dos reclusos. O esquema funcionou porque dois funcionários da prisão já tinham sido punidos na sequência de relatórios feitos por inspectores infiltrados entre os presos. Enquanto se manteve na cadeia de Atlanta, Frank foi um recluso privilegiado. Por fim, convenceu a direcção a deixá-lo sair para contactar os seus superiores. Escapou mais uma vez.

Mais tarde foi capturado pela polícia de Nova Iorque. Condenado a 12 anos por vários crimes de falsificação, foi libertado ao fim de 4 anos, depois de ter concordado em colaborar com o FBI na detecção e prevenção de burlas e falsificações. Frank ofereceu a sua experiência a diversos bancos para ensinar os respectivos departamentos de segurança a evitar fraudes com cheques e contas abertas ao abrigo de identidades falsas.
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O êxito neste ramo permitiu-lhe estabelecer-se como um empresário respeitável. Actualmente vive na cidade de Charleston, com a mulher e três filhos. É o patrão da firma de consultadoria para detecção e prevenção de fraudes, Abagnale&Associates. Concebeu programas de segurança que de acordo com o seu site (www.abagnale.com) já foram adoptados por mais de 14.000 instituições. Exerce a função de professor na Academia do FBI.
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Ao saber da sua história, o realizador de cinema,
Steven Spielberg, realizou um filme em 2002, sobre
a sua vida "Apanha-me se Puderes" (Catch Me If
You Can), sendo a personagem Frank Abagnale Jr,
interpretada por Leonardo DiCaprio.
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Aqui Leonardo DiCaprio na pele de um piloto de avião comercial
Frank Williams, uma das personagens de Frank Abagnale Jr.
 
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Butch Cassidy&Sundance Kid

Imortalizados pelos actores norte-americanos Paul Newman e Robert Redford, no filme "Butch Cassidy and the Sundance Kid", conhecido em Portugal com o título "Dois Homens e um Destino", realizado em 1969, por George Roy Hill (premiado com 4 Óscares, dois deles para a música genial de Burt Bacharach), estes bandidos célebres formaram a mais conhecida dupla de assaltantes do Velho Oeste americano no final do século XIX. Famosos por muitos assaltos a bancos, fazendas e comboios, eram adorados pelos mais necessitados devido a sua generosidade.

Robert LeRoy Parker nasceu no dia 13 de Abril de 1866, em Beaver, no Utah (E.U.A.). Adoptou o pseudónimo de Butch Cassidy, em homenagem a Mike Cassidy, um antigo ladrão que o ensinou a roubar gado. O seu amigo, Sundance Kid nasceu em 1870, numa pequena povoação chamada Sundance, cujo nome adoptou. Saiu de casa aos 15 anos, iniciando a sua vida de bandido. Preso por roubar um cavalo, viria a juntar-se a outros bandidos que agiam na parte central do Estado de Wyoming. Rápido no gatilho, Sundance Kid juntou-se a Butch Cassidy, formando uma dupla que se tornou lendária.
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Robert LeRoy, conhecido por Butch
Cassidy (1866-1908).
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Harry Alonzo Longabaugh, conhecido
por Sundance Kid (1870-1908).

Em 1890, com o dinheiro dos assaltos, Butch Cassidy comprou uma fazenda perto de Dubois, no Wyoming. Este local é próximo ao famoso Hole-in-the-Wall, uma formação geológica natural que possibilitava protecção e um esconderijo perfeito, levantando por isso, a suspeita de que a sua fazenda nunca foi bem sucedida economicamente, tendo sido na realidade uma fachada para esconder as suas actividades clandestinas. Em 1894 foi preso, vindo a cumprir 18 meses de uma pena de 24 meses, tendo sido solto em Janeiro de 1896. Após ter sido libertado, Butch Cassidy associou-se a um círculo de criminosos, formando uma quadrilha que ficou conhecida por Wild Bunch, participando em actividades criminosas, como roubando bancos, comboios, carruagens, cavalos e gado.
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Da esquerda para a direita: Sundance Kid, Tall Texan, News Carver,
Kid Curry e Butch Cassidy, em Fort Worth, no Texas (1901).

Em 2 de Junho de 1899, a quadrilha roubou a Union Pacific Overland Flyer perto de Wilcox, no Wyoming. Este famoso assalto resultou na caça aos bandidos. Muitos homens da lei notáveis da época participaram na perseguição aos ladrões mas não os conseguiram apanhar.

O fim da Wild Bunch

Em 11 de Julho de 1899, Elzy Lay e outros membros da quadrilha envolveram-se no roubo de um comboio perto de Folsom, no Novo México, levando a um tiroteio em que Elzy Lay matou o xerife Edward Farr e o ajudante Henry Love. Capturado, foi condenado à prisão perpétua no estabelecimento prisional do Novo México.

Quando Lay foi capturado, Cassidy, Kid Curry e Bill Carver deixaram o Novo México. A perda de Lay afectou profundamente Cassidy, que por um tempo fez tentativas de obter amnistia do governador de Utah. Vários assassinatos cometidos por Kid Curry e outros roubos cometidos pela quadrilha tornaram isso impossível. Ben Kilpatrick e Laura Bullion foram capturados em Knoxville, no Tennessee , e George Curry foi morto por homens da lei em Utah. Vários outros membros de outras gangues que anteriormente faziam parte do Hole in the Wall Gang eram também por esse tempo mortos ou na prisão.

A fuga para a América do Sul

Após a prisão de Elzy Lay, Butch Cassidy juntou-se a Sundance Kid, formando uma dupla que se tornaria lendária. Perseguidos pelas autoridades policiais norte-americanas, eles fugiram para a América do Sul, mas propriamente para Buenos Aires, na Argentina, em 1901, na companhia de Etta Place, suposta professora e namorada de Sundance Kid.

Usando nomes falsos e vestidos com requintada elegância, hospedaram-se no melhor hotel da cidade e depositaram cerca de 12.000 dólares na filial do Banco de Londres (dinheiro oriundo do último assalto feito nos Estados Unidos). Tidos na conta de refinados cavalheiros, chegaram a fazer amizade com o vice-cônsul norte americano, George Newbery, e compraram uma fazenda na província de Chubut. Entre 1902 e 1906 levaram uma vida confortável, na condição de fazendeiros, mas quando acabou o dinheiro, voltaram aos roubos.

O primeiro assalto na Argentina foi a um banco de Rio Gallegos, na província de Santa Cruz. O seguinte aconteceu em Villa Mercedes, na província de San Luis. Após alguns outros assaltos, acharam mais prudente mudar de ares e cruzaram a fronteira da Bolívia. Em 1907, Etta doente, voltou para sua casa nos Estados Unidos, enquanto os seus companheiros permaneceram na América do Sul, assaltando comboios, minas e bancos na Bolívia, Peru e no Chile, sempre perseguidos pelos polícias desses países.

O fim de Butch Cassidy e Sundance Kid?

Em 3 de Novembro de 1908, dois bandidos norte-americanos, possivelmente Cassidy e Kid, roubaram 15.000 pesos bolivianos aos funcionários que transportavam o pagamento de trabalhadores locais. Na fuga, os bandidos ficaram numa pensão próximo de San Vicente. Quando o dono da pensão suspeitou dos dois forasteiros, comunicou a um funcionário do telégrafo, que notificou uma pequena unidade do exército. Em 6 de Novembro, os bandidos foram cercados pelo presidente da câmara da cidade, oficiais e três soldados para efectuar suas prisões.

Após um combate que deixou um soldado ferido e outro morto, a polícia e os soldados ouviram um homem gritar de dor. Minutos depois, um tiro foi disparado, terminando com os gritos. Logo após, outro tiro foi ouvido. Na manhã seguinte, os dois bandidos foram encontrados mortos. Na época especulou-se que o homem que gritava de dor levou um tiro de misericórdia de seu companheiro, que mais tarde se suicidou. A polícia boliviana não soube identificar o nome dos dois e os enterrou no cemitério próximo ao local do incidente.

A morte de Cassidy e Sundance é motivo de disputa por parte dos historiadores, existindo várias versões:

A versão oficial da morte de Butch e Sundance, diz que em 1908, próximo a San Vicente, na Bolívia, os dois bandidos foram perseguidos por soldados bolivianos, e foram mortos com rajadas de metralhadora.

Relatos apontam o regresso de Kid aos Estados Unidos. Um desses relatos menciona que Sundance Kid usou o nome de William Henry Long e viveu em Duchesne até sua morte, em 1936.

Lula Parker Betenson, irmã de Butch, afirmou que o seu irmão regressou aos Estados Unidos, e ai viveu no anonimato. Lula também relata uma reunião dela com Cassidy, seu irmão Max e de seu pai Maxi, em 1925. A suportar essa versão, existem cartas datadas de 1930, 1937 e 1938, que supostamente foram enviadas para Sundance Kid e escritas por Cassidy.

A misteriosa Etta Place

A sua identidade é misteriosa, mas sabe-se que Etta Place hospedou-se nos vários hotéis com o seu namorado Sundance Kid, usando assinaturas diferentes.
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Etta Place ao lado de Harry Longabaugh
(Sundance Kid).

Supõe-se que fosse professora, antes de se envolver com Sundance Kid, mas também sobre isso há controvérsias, havendo quem sustenta que era uma prostituta ou que fora amante de Butch, tendo-o trocado por seu parceiro de assaltos. O que é confirmada é sua presença na América do Sul, entre 1902 e 1907, na companhia de Butch e Sundance, e que morou no rancho na Argentina, nesse período. Em 1907, ela regressou aos Estados Unidos, provavelmente por estar doente, ainda que possa ser consistente a hipótese de ter se cansado da vida errante que levava na companhia dos dois bandidos, decidindo então romper seu relacionamento com o seu namorado. Os detectives da Agência Nacional de Detetives Pinkerton, jamais conseguiram resolver o mistério da vida de Etta, nem saber exatamente o que lhe aconteceu, após seu regresso da América do Sul.

Em Julho de 1909, uma mulher manteve contacto com o diplomata norte-americano, Frank Aller, pedindo-lhe que tentasse obter, junto ao consulado dos Estados Unidos em La Paz, na Bolívia, um atestado de óbito de Harry Longabaugh (nome verdadeiro de Sundance Kid), morto naquele país, no ano anterior, junto com seu parceiro. O diplomata descreveu a mulher como sendo muito bonita, e o agente da Pinkerton, que o interrogou, ficou convencido tratar-se de Etta. Esta é a última notícia que se tem sobre a enigmática companheira de Sundance Kid.

Uma Mulher na quadrilha Wild Bunch

Laura Bullion, nasceu provavelmente em Outubro de 1876, sendo de ascendência alemã e sangue índio nativo americano. A maioria das fontes indicam que ela terá nascido em Knickerbocker, perto Mertzon, em Irion County, no Texas. A sua data de nascimento é incerta. Nos dados de 1880 e 1900, do Censo Federal, consta uma Laura Bullion que teria nascido numa fazenda no município de Palarm, perto de Conway, em Faulkner County, no Arkansas, e pode ter crescido em Tom Green County, no Texas. Outras fontes afirmam que Laura Bullion nasceu em Kentucky, em 1873.
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Laura Bullion (1876-1961).

Na década de 1890, Laura Bullion fez parte da quadrilha Wild Bunch. Durante vários anos, ela estava romanticamente envolvida com o bandido Ben Kilpatrick "The Texan Tall", um ladrão de banco e de comboios, e um conhecido de seu pai, que tinha sido um fora da lei. Em 1901, Laura Bullion foi acusada de roubo e condenada a cinco anos de prisão por sua participação no assalto ao comboio. Foi libertada em 1905 depois de cumprir três anos e seis meses de prisão.

Laura Bullion mudou-se para Memphis, no Tennessee, em 1918, posando como uma viúva de guerra e usando nomes falsos. Viria a falecer no dia 2 de Dezembro de 1961, de doença cardíaca, no Condado de Shelby Hospital, em Memphis.
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O lugar de descanso final de Laura Bullion no Memorial
Park Cemetery, em Memphis.
 
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Um dos mistérios das profundezas do cérebro humano, estudado por médicos e psicólogos, é o desejo sexual que uma mulher sente por um homem que cometeu um crime horrível. Esse síndrome chama-se Bonnie&Clyde, em homenagem ao casal de assassinos que tornaram-se célebres nos filmes e canções de sucesso.
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Baixinha e enfezada, a verdadeira Bonnie
Parker (1910-1934), estava a anos-luz de
distância da mulher fatal interpretada
pela irresistível Faye Dunaway no filme
"Bonnie and Clyde", realizado por Arthur
Penn em 1967.

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Os actors Warren Beatty e Faye Dunaway no filme "Bonnie and Clyde"
realizado por Arthur Penn (1967).

A canção "Bonnie e Clyde" cantada por Serge Gainsborug e Brigitte Bardot, cobriu com uma aura romântica, um par de assaltantes com muitas mortes na consciência: 9 polícias e um número indeterminado de civis!
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Clyde Barrow (1909-1934), jovem delin-
quente transformado em assassino san-
guinário depois de ter sido violado na
prisão, tornou-se um caso de raiva e
frustração muito longe do glamour
transmitido no ecrã por Warren Beatty.

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Bonnie era uma rapariga sensível,
nascida numa pequena cidade do
Texas. Órfã do pai aos 4 anos de
idade, foi a melhor aluna da escola:
ganhou prémios pelos seus trabalhos
escritos e por ser boa oradora. Em
adulta escreveu poemas na prisão
e quando andava a monte.

Com 22 anos de idade e a cabeça a prémio, Bonnie deixou num esconderijo abandonado à pressa uma máquina fotográfica e vários rolos usados. A polícia encontrou-os e mandou-os revelar. Mostravam entre outras fotos, uma mulher em pose provocante, com uma pistola na mãos e um charuto ao canto da boca: uma autêntica matadora!
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O historiador norte-americano Jeff Guinn, especialista na época dos gangsters, comentou que John Dillinger tinha o bom aspecto de um ídolo das matinées, e Pretty Boy Floyd arranjou a melhor alcunha possível mas as fotos de Joplin (cidade onde ficava o esconderijo de Bonnie e Clyde) apresentava uma nova estrela do crime com a imagem de marca mais excitante de todas: o sexo ilícito. Sem Bonnie, os jornais fora do Texas teriam tratado Clyde como apenas mais um rufia de dedo no gatilho, se não o ignorassem pura e simplesmente. Com as fotos atrevidas, Bonnie forneceu o sex-appeal que permitiu a ambos transcender os pequenos roubos e as mortes desnecessárias que constituíram afinal a sua carreira criminosa. Foi esse sex-appeal que transformou Bonnie e Clyde num casal lendário.

A excitação do crime, sobretudo do crime sangrento, levou muitos homens e mulheres a sentirem-se atraídos física e mentalmente por este tipo de assassinos. O fenómeno repetiu-se com outros assassinos, como Charles Manson, o chefe do bando que matou a actriz Sahron Tate, em 1969. Os autores do massacre da escola de Columbine, ou o serial killler Ted Bundy. É o que os especialistas chamam hibristofila ou síndrome de Bonnie&Clyde.

A Vida de Bonnie e Clyde!

Bonnie apaixonou-se por um colega do liceu, tendo casado aos 15 anos e separada pouco depois. Clyde, texano como ela, nasceu numa família miserável e começou a roubar desde muito cedo. Foi preso aos 15 anos, e devido aos seus pequenos roubos, ia muitas vezes para a prisão. Em Janeiro de 1930, Bonnie estava em Dallas a cuidar de uma amiga que tinha partido um braço. Clyde também era amigo da doente, e foi visitá-la. Ao entrar na casa da amiga, deparou-se com Bonnie na cozinha a preparar um chocolate quente. Foi amor à primeira vista.

Em Abril de 1930, Clyde, então com 21 anos de idade, foi parar a uma quinta-prisão, Eastham Prison Farm, onde os reclusos faziam trabalhos agrícolas. Assediado e violado repetidamente por outro preso, acabou por matá-lo à marretada, com um cano de chumbo. Foi a primeira vez que matou um homem.

Clyde saiu da prisão em Fevereiro de 1932, tendo ido viver com Bonnie. Ganhava a vida a assaltar armazéns, mercearias e bombas de gasolina, com cúmplices que conhecera na cadeia. Bonnie passou a acompanhá-los, e em Abril de 1932, Bonnie foi presa durante dois meses. Aproveitou para escrever poesia. Ainda em Abril desse ano, Clyde participou num assalto a outro armazém. O golpe correu mal e o dono foi morto a tiro. Clyde era só o motorista, mas a viúva da vítima identificou-o como um dos atiradores. Foi a sua primeira acusação de homicídio.

Quando foi libertada, Bonnie juntou-se de novo a Clyde. Em Agosto, enquanto Bonnie visitava a sua mãe em Dallas, Clyde mais dois amigos mataram o adjunto do xerife de uma cidade do Estado do Oklahoma. Em Outubro, novo crime de sangue: matam um empregado de armazém para roubar apenas 28 dólares.

No Natal de 1932, Clyde e Bonnie admitem um terceiro elemento para a sua equipa: um rapaz de 16 anos, chamado Jones. Pouco depois, no dia 6 de Janeiro de 1933, o trio mata outro polícia. Clyde tinha seis irmãos, e um deles, Buck Barrow, também andava no crime, e tinha sido preso. Saiu em liberdade condicional em Março de 1933, e juntamente com a sua mulher, Blanche, juntou a Clyde, em Joplin, no Estado do Missouri, no esconderijo do casal fatal.

A pequena cidade de Joplin era pacata, tendo estranhado o comportamento dos recém-chegados, especialmente quando os cinco elementos davam nas vistas, bebendo cerveja e jogando às cartas. Mas quando Clyde ao limpar a sua metralhadora Browning, disparou uma rajada por distracção, a estranheza deu lugar ao alarme e um vizinho foi queixar-se à polícia. Os agentes policiais pensaram tratar-se de contrabandistas de bebidas alcoólicas (era a época da Lei Seca: proibição de bebidas alcoólicas). Ao dirigirem-se ao local, surpreenderam o bando que mal teve tempo de pegar armas e abriram caminho aos tiros.

Mas deixaram muito material no esconderijo:
- Um verdadeiro arsenal de armas de fogo de vários tipos;
- Os papéis da liberdade condicional de Buck;
- A certidão de casamento de Buck com Blanche;
- Um poema manuscrito de Bonnie: "A História de Sal, a suicida";
- Uma máquina fotográfica com rolos usados.
Os rolos foram revelados no laboratório de um jornal local: eram as fotos dos membros do gangue, individualmente ou em grupo. Um dessas fotos chegou à primeira página dos principais jornais dos E.U.A. nos dias seguintes: Mostrava Bonnie Parker numa pose provocante, de pistola na mão e charuto na boca. Na verdade, era só posse, pois Bonnie fumava cigarros mas não fumavam charutos. Ao contrário de Clyde, não era apreciadora de armas.

O famoso gangue de Barrow, como foram chamados pela polícia e imprensa, lançaram numa série de assaltos ao longo de diferentes estados do Centro-Oeste dos E.U.A. Assaltavam especialmente bancos, e por vezes, raptavam as pessoas para lhes ficarem com os carros.

Curiosidade: Bonnie e Clyde foram os pioneiros do chamado "Car jacking". Libertavam as vítimas longe do local do roubo e chegavam a dar-lhes dinheiro para poderem voltar para casa.

O Fim de Bonnie&Clyde!

Em Junho de 1933, Clyde distraiu-se ao volante, e o carro caiu numa ribanceira e incendiou-se. Os ocupantes conseguiram sair mas Bonnie sofreu queimaduras do terceiro grau na perna direita. Refugiaram-se no Estado do Arkansas para tratar de Bonnie, mas para arranjar dinheiro, voltaram aos assaltos e mataram um Marshall, pelo que se viram obrigados a fugir de novo, desta vez, para o vizinho Kansas. Mais uma vez despertaram suspeitas: um dos pormenores que os tornaram notados foram as provocantes calças de montar, muito justas, usadas por Blanche. Quando o xerife teve a certeza de que era mesmo o gangue de Barrow, pediu reforços e atacou. Mas Clyde, Bonnie e os seus cúmplices dispunham de um poder de fogo muito superior: dias antes tinham assaltado um paiol da Guarda Nacional.

Voltaram a escapar, mas Buck foi gravemente ferido, e Blance ficou quase cega por estilhaço de vidro. No dia 24 de Julho, foram cercados num parque de diversões abandonado, no Iowa. Bonnie, Clyde e Jones conseguiram fugir, mas Buck foi novamente atingido e acabou por ser preso, juntamente com Blanche. Buck morreu dias depois e Blanche ficou cega de um olho. Em Setembro, Bonnie e Clyde separaram-se de Jones, que foi preso dias mais tarde. Colaborou com a polícia dando informações que ajudaram a apertar o cerco ao casal.

Em Janeiro de 1934, Clyde Barrow atingiu por fim um dos objectivos da sua vida: vingar-se do sistema prisional do Texas e da cadeia onde tinha sido violado. Planeou e executou um assalto à quinta-prisão de Eastham e libertou vários companheiros do crime. A fuga de Eastham foi o seu canto do cisne. Mas não pôde cantar vitória muito tempo. O ataque à cadeia pôs no seu encalço polícias de vários estados, sob a direcção de um ex-ranger do Texas, o capitão Frank Hamer. O prémio pelas cabeças de Bonnie e Clyde subiu para 2000 dólares.

No dia 23 de Maio de 1934, ao volante de um Ford V8, Bonnie e Clyde caíram numa emboscada quando se dirigiam a casa de um cúmplice. Os seis polícias do grupo de Frank Hamer estavam equipados cada um com uma metralhadora, uma shotgun, e pistolas. Ao verem o carro aproximar-se, abriram fogo com as metralhadoras. Dispararam mais de 130 tiros, até esvaziarem os carregadores. Depois atiraram com as shotguns e por fim com as pistolas, até ficarem sem munições. Quando acabaram, o Ford estava caído na valeta e a chapa parecia um passador. Clyde foi o primeiro a morrer. Os polícias contaram que ainda ouviram Bonnie gritar quando ele caiu.
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O carro do casal, um Ford V8,
crivado de balas.

Segundo o relatório da autópsia, o cadáver de Clyde apresentava 17 orifícios de entrada de bala e Bonnie tinha 26 orifícios. O local do tiroteio foi imediatamente invadido por uma multidão de curiosos que levaram bocados dos vidros da janelas do carro, invólucros de balas e pedaços de roupa de Bonnie e Clyde como recordação.

Bonnie tinha 23 anos de idade e Clyde tinha 25 anos. Ambos tinham seguros de vida com os prémios em dia. A seguradora American National, de Galveston, no Texas, pagou religiosamente aos herdeiros. Mas daí em diante, todas as companhias de seguros modificaram as apólices, acrescentando mais uma exclusão: deixaram de pagar por mortes ocorridas na sequência de crimes praticados pelos segurados.




Deu há muito tempo na televisão o filme antigo destes dois aqui. Não consegui ver o filme todo, até tive pena deste casal. Doidos varridos...são todos....é doença mental. Cruzes canhoto, como é que há mulheres que se apaixonam por criminosos e tornam-se criminosas...
 
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mjtc

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Célebres Bandidos Brasileiros! Lampião: O Rei do Cangaço!

Enquanto os Estados Unidos tiveram o casal Bonnie&Clyde, o Brasil foi a pátria de outro casal famoso no mundo do crime. Trata-se de Virgulino Ferreira da Silva e Maria Gomes de Oliveira, também conhecidos como Lampião e Maria Bonita.

Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, nasceu na pequena fazenda dos seus pais em Vila Bela, actual município de Serra Talhada, no Estado de Pernambuco. Era o terceiro filho de uma família de oito irmãos.

Existem controvérsias com a sua data de nascimento, sendo as mais citadas:
- 7 de Julho de 1897: Data do Registo Civil.
- 4 de Junho de 1898: É a data citada na sua Certidão de Baptismo, uma das mais citadas na literatura de cordel. Este dia é geralmente aceite por muitos devido ao costume nas regiões semiáridas de primeiro baptizar as crianças e registá-las tempos depois, devido a um misto de religiosidade e desconfiança em relação ao poder civil constituído e a um enquadramento administrativo por parte deste.
- 12 de Fevereiro de 1900: Data dada segundo António Américo de Medeiros pelo próprio Lampião em entrevista ao escritor cearense Leonardo Mota, em 1926, em Juazeiro do Norte.
A questão de sua data de nascimento torna-se ainda mais relevante no contexto em que se instituem datas comemorativas em seu nome, como o "Dia do Xaxado”, projecto da Câmara Municipal de Serra Talhada que escolheu a data de 7 de Julho, que corresponde ao seu registo civil. O seu nascimento só foi registado no dia 7 de Agosto de 1900.

Até aos 21 anos de idade Lampião trabalhava como artesão, era alfabetizado e usava óculos para leitura, qualidades raras na região sertaneja e pobre, onde morava. Lampião desde criança demonstrou-se um excelente vaqueiro. Cuidava do gado bovino, trabalhava com artesanato de couro e conduzia os burros para serem vendidos na região da caatinga: lugar muito quente, com poucas chuvas e vegetação rala e espinhosa, no alto sertão de Pernambuco. Nessa região do sertão reinava a lei dos mais fortes, onde os ricos proprietários de terras detinham o poder económico, político e policial.
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Em 1915, Lampião acusou um empregado do vizinho José Saturnino de roubar bodes de sua propriedade. Começou então, uma rivalidade entre as duas famílias. Quatro anos depois, Virgulino e dois irmãos se tornaram bandidos. Matavam o gado do vizinho e assaltavam. Os irmãos Ferreira passaram a ser perseguidos pela polícia e fugiram da fazenda. A mãe de Virgulino morreu durante a fuga, e em seguida, no tiroteio, os polícias mataram seu pai. O jovem Virgulino jurou vingança. Lampião formou o seu bando a princípio com dois irmãos, primos e amigos, composto entre 30 a 100 membros, e passou a atacar fazendas e pequenas cidades em cinco estados do Brasil, quase sempre a pé e às vezes montados a cavalo durante 20 anos, de 1918 a 1938.

A origem do apelido Lampião

Uma das versões diz que o jovem Virgulino modificou um fuzil, possibilitando-o a atirar mais rápido, sendo que o cano aquecia tanto que brilhava, dando a aparência de um lampião.

Outra versão afirma que ao matar uma pessoa, o cano de seu rifle, em brasa, lembrava a luz de um lampião.

Outros garantem que ele iluminou um ambiente com tiros para que um companheiro achasse um cigarro perdido no escuro.

Comparado a Robin Hood, Lampião roubava comerciantes e fazendeiros, sempre distribuindo parte do dinheiro com os mais pobres. No entanto, seus actos de crueldade lhe valeram a alcunha de "Rei do Cangaço". Para matar os inimigos, enfiava longos punhais entre a clavícula e o pescoço. Seu bando raptava crianças, deitava fogo nas fazendas, exterminava rebanhos de gado, torturava e marcava os rostos das mulheres com ferro quente. Antes de fuzilar um de seus próprios homens, obrigou-o a comer um quilo de sal. Assassinou um prisioneiro na frente da mulher, que implorava perdão. Lampião arrancou olhos, cortou orelhas e línguas, sem a menor piedade. Perseguido, viu três de seus irmãos morrerem em combate e foi ferido seis vezes. Roubava armas à polícia e aos militares, tornando-se o fora-da-lei mais conhecido do Brasil.
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Grande estrategista militar, Lampião sempre saía vencedor nas lutas com a polícia, pois atacava sempre de surpresa e fugia para esconderijos no meio da caatinga, onde acampavam por vários dias até ao próximo ataque. Apesar de perseguido, Lampião e seu bando foram convocados para combater a Coluna Prestes, marcha de militares revoltados. O governo juntou-se ao cangaceiro em 1926, e forneceu-lhe fardas e armas automáticas.
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Em 1930, muitas mulheres dos cangaceiros juntaram-se ao grupo
e participaram também de muitos assaltos. Entre as mulheres que
o admiravam estava Maria Bonita.
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Lampião e a sua companheira Maria Déa, conhecida por Maria Bonita.

Em 1929, Lampião conheceu Maria Déa, a Maria Bonita, a linda mulher de um sapateiro chamado José Neném. Ela tinha 19 anos e confessou estar apaixonada pelo cangaceiro há muito tempo. Pediu para acompanhá-lo, e Lampião concordou. Perante o seu marido incrédulo, Maria Bonita enrolou o seu colchão e juntou-se ao Lampião, tornando-se a sua mulher. Durante o tempo que esteve com ele, Maria Bonita levou sete tiros e perdeu o olho direito.

Emboscada ao bando do Lampião

O governo baiano ofereceu 50 contos de réis pela captura de Lampião em 1930. Era dinheiro suficiente para comprar seis carros de luxo. Numa noite chuvosa do dia 28 de Julho de 1938, na Fazenda Angico, em Sergipe, o bando de Lampião foi emboscado por polícias liderados pelo Tenente João Bezerra, que abriram fogo, executando grande parte dos cangaceiros. Cerca de 30 homens e 5 mulheres do bando foram cercados por 48 polícias de Alagoas. O combate durou somente 10 minutos. Os polícias tinham a vantagem de ter quatro metralhadoras Hotkiss.
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Cabeças cortadas do bando de Lampião exposto na praça pública. De cima para
baixo e da esquerda para direita: Enedina, Caparana, Ângelo Roque, Diferente,
Mergulhão, Elétrico, Caixa de Fósforo, Quinta-Feira, Maria Bonita, Luís Pedro
e Lampião.

Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas. Maria foi degolada viva. Os outros conseguiram escapar. O cangaço terminou em 1940, com a morte de Corisco, o "Diabo Loiro", o último sobrevivente do grupo comandando por Lampião.

Lampião no cinema e literatura

Sobre esses bandidos, foram feitas dezenas de produções, incluindo livros, peças de teatro, filmes, telenovelas e Cordéis:

O filme "O Cangaceiro", de 1953, dirigido por Lima Barreto, é considerado um clássico sobre Lampião.

Há também livros como "Lampião, Memórias de um Soldado de Volante", de João Gomes de Lira e "De Virgulino a Lampião" de António Amaury e Vera Ferreira e muitos outros.
 
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mjtc

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Amleto Meneghetti (1878-1976)

"Una porqueria", costumava dizer o lendário ladrão Gino Amleto Meneghetti quando discordava de alguma coisa. E assim respondeu aos entrevistadores do irreverente e provocativo jornal "O Pasquim" quando lhe perguntaram o que pensava sobre as teorias do médico italiano Cesare Lombroso, de que algumas pessoas possuem características físicas que as predispõem ao crime. "Isso é conversa de médico pedante. O que inicia alguém no roubo é a miséria", disse Meneghetti.

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Nascido numa família pobre na cidade italiana de Pisa, Amleto Meneghetti começou a furtar ainda criança, praticando pequenos furtos, como frutas, galinhas e objectos de pouco valor, nos arredores de Pisa. Preso pela primeira vez aos 11 anos de idade, passa três dias no Reformatório de São Mateus, em Pisa. Volta a estudar, mas o bom comportamento não perdura; é detido novamente aos 13 anos, e a partir daí sucede-se uma série de prisões por furto qualificado. Meneghetti revolta-se com sua condição social e com a repressão das autoridades, tornando-se um elemento marcado pela polícia.

Chega ao Brasil desembarcando no Porto de Santos (estado de São Paulo), em 25 de Junho de 1913, tendo vindo a bordo do navio italiano "Tomaso di Savoia", fugindo à justiça italiana. Veio ao encontro de alguns parentes que haviam imigrado e prosseguiu no Brasil a sua carreira de criminoso. Aos 35 anos de idade, já tem um histórico criminal bastante extenso, com direito a ficha na Interpol. Especialista em arrombamento e furto de jóias, sabia diferenciar as pedras preciosas legítimas das falsas. Roubou residências famosas, como a mansão de Francesco Matarazzo Filho, na avenida Paulista, em São Paulo. Invadiu a casa aproveitando-se de uma discussão entre a cozinheira e a copeira e levou jóias, entre elas um colar com as cores da Itália cravejado de diamantes, rubis e esmeraldas. Noutra ocasião, deixou à proprietária um bilhete, reclamando que as jóias eram falsas.

Seu primeiro furto foi na Casa Sarli, loja tradicional de armas importadas. Conseguiu, depois de muito esforço, arrombar o soalho e entrar no depósito. Carregou consigo os armamentos de preço e qualidade mais elevados. A polícia ao ficar sabendo mais tarde do comércio ilegal de armas estrangeiras, não tardou a chegar ao autor do roubo. Meneghetti é detido em 31 de Março de 1914. Condenado a 8 anos, é mandado para a Cadeia da Luz. Considerado preso de conduta incorrigível, torna-se vítima frequente dos castigos regulamentares, e é numa dessas ocasiões, confinado na solitária (então um poço redondo e isolado), que empreende a primeira de uma série de fugas inusitadas. Escalando as paredes do poço, força a tampa, feita de ferro-gusa, até ela ceder, escapando nu e faminto, pelas ruas de São Paulo.
Perseguido pela polícia, passa os anos seguintes escondendo sua verdadeira identidade sob vários nomes, como Mario Mazzi, António Garcia, Angelo Bianchi, Amleto Gino, Amleto detto Gino, Menotti Menichetti e Italo Bianchi. Perambulando pelo sul do Brasil, estabelece-se como comerciante em Curitiba. Mais tarde passa por Porto Alegre, Florianópolis e cruza a fronteira, empreendendo roubos em Montevidéu e Buenos Aires. Desperta suspeita e decide regressar ao Rio Grande do Sul, onde em 24 de Julho de 1924, apresenta-se às autoridades para tirar uma carteira de identidade com nome falso. Além de sair de documento novo, ainda arranja com a polícia um atestado de boa conduta. Decide voltar ao sudeste.
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Meneghetti e seus disfarces ao ser preso pela polícia de São Paulo
em Junho de 1926.

Na sua passagem por Juiz de Fora leva, entre dinheiro e jóias, a quantia de 20 contos de réis, valor extremamente alto na época. É apanhado no Rio de Janeiro, mas fingindo-se de louco, é internado no Hospital dos Alienados, em Praia Vermelha. Em 14 de Novembro de 1919, com prisão preventiva decretada, é transferido para a Cadeia de Juiz de Fora, de onde consegue fugir seis dias depois. Volta a São Paulo, desta vez usando o nome Menotti Menichetti. Vai morar no Bixiga com a mulher e os dois filhos, imaginando que ali estaria a salvo do assédio da polícia. A sua mulher Concetta Tovani conheceu-a no restaurante em São Paulo e tiveram cinco filhos, só dois sobreviveram.

Meneghetti viveu intensamente a vida de gatuno, assaltando casas comerciais e residenciais, arrombando cofres e roubando jóias, sempre das luxuosas mansões das avenidas Brigadeiro Luis António, Angélica e Paulista. A táctica era invariavelmente a mesma: Meneghetti agia sozinho, e nunca ficava mais de cinco minutos em cada residência. Para saber qual delas estava desocupada, vigiava as garagens, anotando o número da placa de cada veículo. Mais tarde, passava pela Praça da República para verificar se algum deles estava lá estacionado.

Surgiu a lenda

Por roubar aos mais ricos, sem ferir ou provocar vítimas e ainda conseguir escapar incólume, tornou-se uma figura mitológica para uma imprensa carente de notícias. Mas a polícia, pressionada pela cobertura dos jornais e a consequente repercussão entre o público, decide apanhá-lo a qualquer custo. Em 1926, protagonizou uma fuga espectacular pelos telhados das residências e mobilizou o Corpo de Bombeiros e mais de 200 polícias numa perseguição que durou seis horas. Terminou com a sua prisão onde ficou uma longa temporada.

Como parte das investigações, no dia 3 de Abril de 1926, foi emitido um mandado de busca e apreensão à residência de Meneghetti, situada na Rua da Abolição, nº 31. Encontram na sua casa, duas malas cheias de jóias, dinheiro, armas e documentos. Mas ele consegue fugir, mas a sua esposa Concetta é presa. Os filhos do casal, menores de idade, passam para a guarda de parentes. Meneghetti começa a enviar cartas às redacções de jornais desafiando a polícia. Aluga um quarto na Rua Joli, nº 117, continuando os seus roubos.

Para detê-lo arma-se então um dos maiores esquemas policiais de que a cidade tivera notícia até então. O cerco foi armado, mobilizando diversos elementos do Corpo de Bombeiros, da Força Pública e da Guarda Civil, e uma armadilha preparada na casa onde estavam os filhos de Meneghetti. Segundo a crónica policial da época, o bandido efectuou vários disparos, ferindo gravemente o comissário Waldemar Dória. Foge para o telhado, e de lá grita para os polícias e para a multidão reunida na rua: "Eu sou Meneghetti! O César! O Nero de São Paulo!".

Depois de passar a tarde e a noite saltando de telhado em telhado na vizinhança da rua dos Gusmões, é preso no dia 4 de Junho, na casa nº 25 da rua dos Andradas, sendo encontrado com ele alguma munição e um revólver Smith & Wesson calibre 32. Obrigado a revelar seu esconderijo, entregou as jóias e seus diversos equipamentos usados nas incursões nocturnas à polícia. Meneghetti é condenado a 43 anos, 2 meses e 10 dias de cadeia, pena mais tarde comutada para 25 anos. Quanto as jóias desapareceram misteriosamente da polícia e nunca mais foram vistas. Em 1958, passou a ser defendido pelo criminalista Paulo José da Costa Jr., que o colocou na rua no ano seguinte e se tornou um amigo. "Ele seguia mandamentos. Não matava, nunca feriu ninguém e não tinha parceiro. Era um ladrão romântico", diz o advogado, autor do livro "O Incrível Meneghetti", em que revela o temperamento anárquico de seu cliente.
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O livro recém-lançado "Meneghetti, o Gato dos Telhados" (Boitempo Editorial), do escritor Mouzar Benedito, recupera a história do ladrão que ganhou fama nacional, tinha o retrato estampado nos jornais de vários Estados e muitos apelidos, entre eles Homem-Borracha, Bom Ladrão, Ladrão de Casaca, Ladrão Nobre, e o mais famoso, Homem-Gato, referência a sua incrível habilidade para caminhar sobre telhados, pular muros e saltar entre edifícios. Segundo a lenda, Meneghetti seria filho de uma família de acrobatas e viria daí a elasticidade e destreza física, o que nunca foi confirmado.

"A propriedade é um roubo; portanto, não sou ladrão", costumava dizer o assaltante italiano. Em geral, andava desarmado. Nunca matou ninguém, apesar de ter sido acusado de matar o comissário Dória. Mas ele defendeu dizendo que o comissário foi morto por uma bala de calibre 38, e a sua arma era um revólver de calibre 32. A sua agilidade, tanto para entrar em mansões como para escapar da prisão impressionava. Era um profissional de princípios. Em 1970, uma grande agência de publicidade quis convencê-lo a assinar um contrato para televisão, no qual tentaria arrombar a fechadura do veículo, e finalmente desistiria, afirmando que encontrara uma trava de segurança mais firme que sua habilidade como arrombador. Meneghetti jamais passaria um atestado de incompetência.

O ladrão mais velho do mundo

No dia 13 de Junho de 1970, com 92 anos de idade, Amleto Gino Meneghetti tentou praticar o seu derradeiro golpe. No meio da noite, escolheu com cuidado uma casa da rua Fradique Coutinho, no bairro de Pinheiros, e tentava forçar o portão, quando um polícia que o observava de longe surpreendeu-o na tentativa. Prendeu-o, levou à esquadra mais próxima. Era o fim da carreira de um dos mais famosos ladrões da história do crime no Brasil. Apesar de Meneghetti ser praticamente desconhecido de grande parte da população brasileira actual, continua a ocupar lugar de destaque entre os maiores bandidos da história brasileira.

Morte de Meneghetti

Em Outubro de 1975, o boato de que Meneghetti teria falecido movimenta os jornais. Na verdade, sofrendo de complicações cardíacas, esteve internado no Hospital Samaritano. Morre em Maio de 1976, com quase 98 anos de idade, vítima de trombose. Como era seu desejo, foi cremado.

Curiosidade: Marcado pela polícia, Meneghetti temia ser envenenado e lavava a sua comida, esfregando o bife de um lado e do outro antes de consumir.
 
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Madame Satã - O Mito da lapa!

Negro elegante, pobre, célebre marginal, valentão, artista, homossexual com orgulho, analfabeto inteligente, exímio na luta da capoeira e carnavalesco. Homem de poucas palavras, não gostava de brincadeiras e adorava vestir coletes e camisas de seda. O dândi pernambucano João Francisco dos Santos, conhecido por Madame Satã, foi um dos mais célebres criminosos que o Rio de Janeiro já conheceu.
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Homossexual assumido e perito no uso da navalha, o que mais adorava era bater nos polícias. Usavam a sedução para conquistar a amizade de gente famosa, como os cantores Noel Rosa e Francisco Alves. Uma vez gabou-se de ter matado com uma rasteira, um dos maiores génios do samba, Geraldo Pereira.

João Francisco dos Santos nasceu em 25 de Fevereiro de 1900, na cidade de Glória de Goitá em Pernambuco. Criado numa família de 17 irmãos, diz-se que João Francisco chegou a ser trocado quando criança, por uma égua. Sabe-se que foi dado por sua mãe ainda menino a um senhor e pouco depois fugiu com uma mulher que lhe ofereceu um emprego no Rio de Janeiro. Jovem, foi para Recife, onde viveu de pequenos serviços prestados. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas, embora houvesse o boato de que foi cozinheiro de mão-cheia. Acredita-se que por ter sido negro, pobre e homossexual tenha contribuído para a sua vida de marginal.
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Passou a maior parte de sua vida nas ruas boémias da Lapa, um dos bairros famosos do Rio de Janeiro, conhecido como reduto carioca da malandragem e boémia na década de 1930, onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas nocturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de violação ou agressão. Foi preso várias vezes, tendo estado no estabelecimento prisional da Ilha Grande, agora em ruínas. Frequentemente, Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Considerado exímio na luta da capoeira, lutou por diversas vezes contra mais de um polícia, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.

Origem da alcunha Madame Satã

Em 1937, Clóvis Bornay cria no Teatro Municipal o Carnaval de Gala com concurso para premiar quem vestia a melhor fantasia. Na Praça Tiradentes, os homossexuais costumavam dançar no Carnaval no famoso bloco "Caçadores de Veados", criado em 1930, e que reunia travestis vestidos com fantasias luxuosas. Em 1938, foi promovido no Teatro República um concurso de fantasia. Nesse concurso de fantasia participou o que viria a ser conhecido como Madame Satã. Ficou conhecido como Madame Satã porque ganhou o concurso de fantasias fantasiado de morcego com muitas lantejoulas, que lembrava uma personagem do filme "Madame Satã" (filme exibido na época realizado por Cecil B. DeMille em 1932).
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Algumas semanas após o baile de carnaval do Teatro da República, João e seus amigos homossexuais foram até ao Passeio Público, no Centro do Rio, onde sempre se reuniam para as prosas, quando foram abordados por polícias e levados à esquadra. Chegando lá, o polícia perguntou a João qual era o seu apelido e com medo de alguma represália, João (conhecido como malandro) não disse qual era o seu verdadeiro apelido. Por coincidência, o polícia estava no baile de Carnaval na ocasião que o João ganhou o concurso e o reconheceu: "Não era você que se fantasiou de Madame Satã e ganhou o concurso do baile de Carnaval este ano?". E desde então o Malandro da Lapa passou a ser conhecido como Madame Satã.

Após despontar como um dos primeiros travestis dos palcos brasileiros ganhou fama como valente em escaramuças na Lapa, principal reduto da boémia e da malandragem carioca nos anos 30, quase sempre resistindo à prisão por autoridades policiais. Nos anos 40 saía vestido de Madame Satã, uma referência à personagem que ele encarnava travestido como cantor e actor, e que lhe valeu o título de Rainha do Carnaval por três vezes. Em 1971, concedeu uma polémica entrevista ao jornal "O Pasquim". Madame Satã faleceu após a sua última saída da prisão, em Abril de 1976, na sua casa, hoje um camping.

Madame Satã no cinema

A sua vida deu origem a um dos melhores filmes brasileiros dos anos 70, "A Rainha Diaba", filme brasileiro dirigido por António Carlos Fontoura em 1974, com roteiro de Plínio Marcos. A história refere-se ao homossexual Diaba (interpretado por Mílton Gonçalves), que vive no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, comandando um bordel e uma quadrilha responsável pelo controlo de vários pontos de venda de droga.

No ano de 2002, foi rodado no Brasil um filme sobre sua vida, que leva também o nome de "Madame Satã", premiados nacional e internacionalmente.
Nesse filme, João Francisco dos Santos foi interpretado pelo actor Lázaro Ramos.
[video=youtube_share;U2oqh0DqCas]http://youtu.be/U2oqh0DqCas [/video]
"Madame Satã", filme brasileiro e francês de 2002, do género drama biográfico, realizado por Karim Aïnouz.
 
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Bandido da Luz Vermelha (1942-1998)

João Acácio Pereira da Costa, mais conhecido como Bandido da Luz Vermelha, nasceu no dia 24 de Junho de 1942, em Joinville, na região nordeste do Estado de Santa Catarina (Brasil). A sua história foi exibida no Linha Directa e dando origem a dois filmes: "O Bandido da Luz Vermelha" e "Luz nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha".

Origem da alcunha Lanterna Vermelha:

Segundo a versão, João Acácio Pereira da Costa foi roubar uma lanterna para usar nos assaltos em São Paulo e só encontrou uma de luz vermelha. A partir daí ficou conhecido por Lanterna Vermelha.

Condenação do Lanterna Vermelha
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Em Agosto de 1967, em pleno período autoritário da Ditadura Militar, foi condenado a 351 anos de prisão por quatro assassinatos e outros crimes.
No filme "O Bandido da Luz Vermelha", de 1968, um dos melhores filmes brasileiros, aparece como um sedutor carismático.

Assassinato do Lanterna Vermelha

O Lanterna Vermelha deixou a prisão aos 54 anos de idade, no sábado de Agosto de 1997, em plena era pré-democrática popular, depois de cumprir 30 anos no Carandiru. O personagem mais famoso da crónica policial brasileira na década de 60 teve apenas 4 meses e 20 dias de liberdade. Depois de passar 30 anos preso em vários estabelecimentos prisionais do Estado de São Paulo, o sedutor, já com esclerose e desdentado, foi morto no dia 5 de Janeiro de 1998 por um pescador, que afirmou defender a honra da sua família.

Lanterna Vermelha no cinema

"O Bandido da Luz Vermelha", filme brasileiro de 1968, do género policial, e realizado por Rogério Sganzerla, foi inspirado nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, apelidado de "Bandido da Luz Vermelha".
[video=youtube_share;N8rPl0XZWqI]http://youtu.be/N8rPl0XZWqI [/video]
O filme "O Bandido da Luz Vermelha" é considerado um clássico do cinema marginal, sendo realizado
por Sganzerla, então com 22 anos de idade.

Uma continuação dirigida por Ícaro Martins e Helena Ignez, viúva de Sganzerla, foi lançada em 2010 sob o título de "Luz nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha".
[video=youtube_share;JSWmVUNtTyY]http://youtu.be/JSWmVUNtTyY [/video]
Enquanto no filme "Luz nas Trevas" tem como protagonista Jorge Prado, interpretado por Paulo Villaça
(1946-1992), Prado agora é vivido pelo cantor e actor Ney Matogrosso, neste filme "Luz nas Trevas - A
Volta do Bandido da Luz Vermelha".
 
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Manoel Moreira "O Cara de Cavalo" (1941-1964)

Manuel Moreira morava na Favela do Esqueleto, uma favela que existiu até ao início da década de 60, no local onde hoje encontra-se a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no bairro do Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro. Por ordem do governador da Guanabara, Carlos Lacerda, a favela composta por inúmeras barracas, foi removida e seus moradores foram transferidos na sua maioria, para a zona oeste da capital fluminense, mas precisamente em Bangu, em Vila Kennedy, outra zona do Rio de Janeiro.

Conhecido por Cara de Cavalo, Manoel Moreira iniciou-se na criminalidade ainda criança, vendendo maconha na Central do Brasil, região em torno da estação de comboios, no Rio de Janeiro. A Central do Brasil fica no limite do Centro com o bairro da Gamboa, junto à Avenida Presidente Vargas, uma das principais da cidade do Rio de Janeiro. Pouco depois ligou-se ao jogo do bicho. Diariamente cumpria a rotina de percorrer de táxi os pontos de jogo da Vila Isabel acompanhado de uma amante, a quem designara a tarefa de recolher o pagamento do dia. Ocasionalmente, tornou-se amigo do artista plástico Hélio Oiticica, que frequentava a Mangueira, uma escola de samba e era frequentador de favelas, e fascinado pela marginalidade.

Cara de Cavalo tinha ligações com o jogo do bicho, realizava pequenos furtos, vendia maconha e controlava a prostituição na zona do meretrício. Apesar da fama, Cara de Cavalo não tinha no seu currículo acções espectaculares ou assassinatos cruéis. Isso até 1964, quando matou com um tiro de sua Colt 45 o temido detective de origem francesa Milton de Oliveira Le Cocq.

O fim de Cara de Cavalo

Insatisfeito com os pagamentos, um bicheiro procurou o detective Le Cocq, que organizara um grupo clandestino de polícias para caçar criminosos. Em 27 de Agosto de 1964, o detective, acompanhado dos colegas Jacaré, Cartola e Hélio Vígio, armou o cerco a Cara de Cavalo num dos pontos de jogo. Percebendo a armadilha, Cara de Cavalo tentou fugir, mas teve seu táxi cercado pelo carro de Le Cocq. Após um breve tiroteio, o detective caiu morto com um tiro da Colt 45 disparado por Cara de Cavalo. O incidente decretou a sentença de morte de Cara de Cavalo: de reles marginal, passou a ser um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro.

Armou-se então uma grande operação mobilizando cerca de 2000 polícias em quatro estados. Após 4 meses de perseguição implacável, entre Maio e Agosto de 1964, Cara de Cavalo foi finalmente encontrado em Cabo Frio. No dia 3 de Outubro de 1964, o criminoso foi cercado no seu esconderijo pela polícia e sumariamente executado com mais de 100 tiros: 52 dos quais o atingiram, 25 apenas na região do estômago.

Homenagem a Cara de Cavalo
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A morte de Cara de Cavalo voltou a ser destaque na imprensa carioca quando
o artista plástico Hélio Oiticica homenageou o bandido com um estandarte onde
foi reproduzida a foto do bandido caído numa poça de sangue e a inscrição:
"Seja marginal, seja herói".

Cara de Cavalo e Hélio Oiticica frequentaram juntos os sambas em favelas cariocas. Sobre o amigo, Oiticica escreveu : "O crime é a busca desesperada da felicidade autêntica, em contraposição aos falsos valores sociais".

Scuedrie Le Cocq

Acusado do assassinato do detective de origem francesa, Milton Le Cocq, Cara de Cavalo foi a primeira vítima da Scuderie Le Cocq, organização policial clandestina criada para vingar a morte do famoso detective de origem francesa e integrante da guarda pessoal de Getúlio Vargas. A escuderia transformou-se em associação e chegou a reunir 7000 associados e admiradores. O seu objectivo era combater o crime. O grupo era liderado pelos chamados "Doze Homens de Ouro", sendo os polícias escolhidos da força de elite da polícia pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França, para limpar a cidade.
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Mais tarde, além de polícias, integraram também na Scuderie, comerciantes, jornalistas, cantores e professores. Actualmente, a Scuderie Le Cocq mantém um prédio nas proximidades da favela Paula Ramos, no Rio Comprido (zona norte), e conta com menos de 50 associados que dão uma pequena taxa apenas para manter o grupo, pagar impostos e realizar obras sociais na favela. A Scuderie Le Cocq parou de combater o crime, devido à proximidade da sua sede com uma área dominada por traficantes de drogas. Actuando nas décadas de 60, 70, 80, e começo de 90, a Scuderie Le Cocq teria dado origem ao Esquadrão da Morte.
 
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Lúcio Flávio Vilar Lírio (1944-1975)

Lúcio Flávio Vilar Lírio, nasceu em 1944, no Rio de Janeiro. Filho da classe média alta carioca, dizia que era assaltante porque gostava. Ficou com fama de herói por 18 fugas incríveis e pelas denúncias que ajudaram a desmascarar o Esquadrão da Morte, grupo de polícias que assassinava sumariamente aqueles considerados suspeitos.
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Um dos mais famosos criminosos brasileiros, foi precursor dos assaltos a banco no Brasil, na década de 70, sendo o marginal mais procurado pela polícia na época. Utilizava os nomes de Marcos Wolkllevit Júnior, Rafaelio Wandencock e Marcelo Fleming Spittscakoff, e era considerado um bandido refinado e inteligente, originário da classe média alta carioca dos anos 60 e 70. A sua trajectória como criminoso inicia-se em 1968, quando o regime militar interrompe a sua candidatura a vereador por Vitória (ES), sendo que a partir daí, inicia contactos com outros jovens de sua idade e montam uma quadrilha para roubar carros. Já aos 30 anos acumulava 32 fugas, 73 processos e 530 inquéritos por roubo, assalto e estelionato.

Os motivos de entrar no crime:

A família de Lúcio Flávio era considerada abastada, sendo seu pai ligado ao PSD e também cabo eleitoral de Juscelino Kubitschek. Um episódio não confirmado é atribuído à família do jovem Lúcio, e que pode explicar os motivos que o fizeram contestar as autoridades e optar pelo mundo do crime: durante uma festa de casamento, onde a família de Lúcio Flávio estava presente, agentes do DOPS invadiram o local e espancaram sua mãe e enfiaram a cara de seu pai no bolo da festa, devido às ligações do pai com o ex-presidente. Essas agressões eram comuns na época em que se vivia sob a mão pesada do regime militar.

Na sua última prisão, em Belo Horizonte, Lúcio Flávio pronunciou a frase que ficaria famosa: "Bandido é bandido, polícia é polícia, como a água e o azeite, não se misturam".

A declaração fazia referência às práticas corruptas de muitos polícias, que participavam dos negócios com o crime organizado, ao mesmo tempo que mantinham os seus cargos na polícia. Isso significa que tal indivíduo não teria a honra de ser chamado de polícia, era apenas mais um marginal como os outros, o que de muitas maneiras, não deixa de ser verdade. Apesar da sua ligação ao crime, ajudou a desmascarar um grupo de polícias cariocas pertencentes ao Esquadrão da Morte, entre eles, Mariel Mariscot, um dos homens de elite da polícia do Rio de Janeiro, e que mantinha ligações com criminosos.

Fim de Lúcio Flávio

Ao ser preso pela última vez, em 1974, em Belo Horizonte, foi recambiado para o complexo prisional Frei Caneca, no Rio de Janeiro. Seria morto por Marujo, seu companheiro de cela, em 29 de Janeiro de 1975, com 28 facadas. O assassino de Lúcio Flávio teria o mesmo destino, assassinado por outro preso, que por sua vez, também seria assassinado dentro da prisão.

Lúcio Flávio no cinema
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Em 1977, foi realizado um filme: "Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia", que conta a história verídica de Lúcio Flávio que virou bandido após ter a candidatura de vereador interrompida devido ao golpe militar.
[video=youtube_share;m1YVv5wnvjo]http://youtu.be/m1YVv5wnvjo [/video]
[video=youtube_share;EmrfrjQ_EwE]http://youtu.be/EmrfrjQ_EwE [/video]


 

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Bandidos Sociais do México

No século XIX, o México passou pela Guerra da Reforma que dividiu o país em dois governos: os conservadores e os liberais. Foi neste clima revolucionário que surgiram os famosos bandidos sociais. Revolucionários e heróis para o povo, e ladrões para os poderosos, alguns dos bandidos famosos da época não passavam de ladrões vulgares, que desejavam dominar determinada região. Outros lutavam por mudanças na sociedade, e em nome do povo, pegaram em armas e roubaram aos ricos para dar aos pobres. Alguns viraram autênticas lendas no meio do povo mexicano.

Entre os bandos lendários, conta-se os Los Plateados (Os Prateados), chamados assim por causa das suas roupas cobertas de prata: adornos em prata podiam ser vistos nas selas dos seus cavalos, pistolas, espingardas e facas. Circulando pelos estados de Guanajuato e Taxco, nos finais do século XIX e princípios do século XX, os Los Plateados eram constituídos por três irmãos e uma irmã. O objectivo dos Los Plateados era trazer justiça para os pobres oprimidos pelos poderosos. Devido ao facto de roubarem aos ricos e dar aos pobres, eram considerados os Robin Hood do México.
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A sua história deu origem a uma telenovela "Los Plateados",
produzida pela rede Telemundo, em 2005.

Joaquín Murietta: Robin Hood do El Dourado

Joaquím Murietta (1829-1853), foi uma figura lendária da Califórnia, durante o período da febre de ouro na década de 1850. Considerado por uns como um bandido, e por outros, como um patriota da América Latina, tem sido considerado pelos activista políticos como um símbolo da resistência latino americana perante a dominação económica e cultural dos norte-americanos nas terras da Califórnia.
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Desconhece-se a sua origem e a sua data de nascimento, mas duas cidades, disputam o título de terem sido a terra natal de Murietta: Quillota, perto de Valparaíso, no Chile, e Alamos no Estado de Sonora, no México. Uma terceira cidade também pode ser o local onde nasceu o Robin Hood do El Dourado: Trincheras, em Sonora.

Tradicionalmente afirmasse que chegou à Califórnia em 1850, fazendo parte da grande migração chilena, à procura de fortuna durante a corrida do ouro. No entanto, em vez de oportunidades iguais, encontrou racismo e discriminação, primeiro através da aprovação da acta que obrigava a pagar uma elevada carga fiscal sobre os mineiros de origem latino-americana que trabalhavam nas minas da Califórnia, e mais tarde, pela violação e o assassinato da sua esposa.

Incapaz de ganhar a vida legalmente, Murrietta tornou-se o líder de um bando chamado Los Cinco Joaquines (os cinco Joaquins), composto por Joaquín Botellier, Joaquín Carrillo, Joaquín Ocomoreña y Joaquín Valenzuela. Entre 1850 e 1853, estes homens, ao lado do braço direito de Murrietta, Manuel Garcia, conhecido como "Three Finger Jack", foram responsáveis pela maioria dos assaltos, roubos e assassinatos que foram cometidos na área da Mother Lode, em Serra Nevada. Foi-lhes atribuído o furto de mais de 100.000 dólares em ouro e mais de 100 cavalos, bem como da morte de 19 pessoas (a maioria deles mineiros chineses) e de fugiram de três processos onde consta ter matado três polícias. Até agora, não houve nenhum consenso sobre o nome do líder deste grupo, que tem sido chamado simplesmente de Cinco Joaquins, também nunca se soube se era de facto apenas um bando, ou se havia outros. Pressupõe-se que o bando foi apoiado e protegido por californianos, incluindo Robert Livermore.
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A 11 de Maio de 1853, o então governador da Califórnia John Bigler, assinou uma legislação para a criação dos Rangers, na Califórnia, sob o comando do capitão Harry Love (um antigo Texas Ranger), cuja finalidade foi a de eliminar os Cinco Joaquins. O salário desses guardas era de aproximadamente 150 dólares, mas também tinham a opção de ganhar uma recompensa de 5000 dólares, se fossem bem-sucedidos.

O fim de Murietta?

A 25 de Julho de 1853, um grupo de rangers encontrou um grupo de mexicanos perto de Paso Panoche, no Condado de San Benito, a cerca de 50 km da Mother Lode, e como esperado, houve um confronto em que dois dos mexicanos foram mortos e os Rangers afirmaram que se tratavam de Murrietta e Garcia. Os Rangers cortaram uma mão a Garcia e cortaram a cabeça a Murrietta, como prova da sua morte e colocaram-nas numa pipa com etanol levando-as em seguida para Stockton, São Francisco, onde exibiram a cabeça do suposto Murietta conservada dentro de um frasco de vidro, perante espectadores curiosos que podiam ver a troco de um dólar.

Devido a dúvidas levantadas sobre a suposta autenticidade da cabeça, os Rangers intimidaram 17 pessoas a identificarem a cabeça, como pertencente a Murrietta, pelo que Love e os seus Rangers receberam a recompensa em dinheiro. No entanto, uma jovem mulher que alegou ser irmã de Murrietta afirmou que a cabeça não era dele, pois não tinha uma cicatriz na cara que lhe era característica.

Ouve também numerosos avistamentos de Murrietta após a sua suposta morte. Muitas pessoas criticaram Love por ter exibido a cabeça de Murrietta, em cidades longe dos campos da mineração onde Murrietta poderia se reconhecido. Inclusive se chegou a dizer que Love e seus Rangers inventaram a história da captura e morte de Murrietta para receber a recompensa. A alegada cabeça de Murrietta foi perdida durante o terramoto de San Francisco em 1906.

Curiosidade: A personagem Zorro foi em parte inspirada pela história de Murrieta.

Jesús Arriaga "Chucho" ou "El Roto": O Robin Hood Mexicano!

Jesús Arriaga (1858-1885), era conhecido por "Chucho" que significa "vira-lata"), e roto, "quebrado", pode significar "descartados" ou irregular ". Nasceu no Estado de Tlaxcala, em 1858, mas depois de ser forçado a abandonar sua família, Chucho tornou-se um famoso bandido no final dos anos 1870 e na primeira metade da década de 1880. A sua fama veio de sua capacidade de atravessar fortes do mundo socioeconómico do México e usar essa habilidade para roubar dos ricos. A sua lenda também inclui o amor pelas roupas finas e o teatro, apesar da sua origem humilde. Era conhecido por partilhar alguns dos seus roubos com os pobres, sendo conhecido por Robin Hood Mexicano.
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Chucho foi preso em 1884 e morreu na prisão de San Juan de Ulúa em Veracruz em 1885. A sua história de vida tem sido a base de inúmeros livros, filmes, novelas, peças de teatro, programas de rádio, atracções turísticas, e até mesmo os restaurantes surgem com o seu nome.

Heráclio Bernal "Raio de Sinaloa" (1855-1888)

Heráclio Bernal conhecido por "Raio de Sinaloa", enfrentou a tirania do general Porfírio Diaz. A sua fama ultrapassou fronteiras e os seus actos influenciaram a Revolução Mexicana.
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Bernal liderou um grupo de pistoleiros, que operou ao longo das zonas de mineração da Sierra Madre Occidental, dominando partes de Sinaloa e Durango. O seu bando que chegou a ter até 100 homens, participou em assaltos a diligências, atacando arsenais militares, invadindo minas de prata que mais tarde eram vendidas, e roubando aos ricos moradores das cidades que invadiam. Durante 10 anos Bernal e o seu bando conseguiram iludir as autoridades policiais e militares. O facto de manter boas relações com o povo e as pessoas importantes da região, permitiu-lhe operar discretamente sem ser apanhado.

Ao longo da carreira, Bernal foi perseguido pelo governador local Francisco Cañedo e pelo ditador militar Porfírio Diaz. Em algum momento, provavelmente em 1883, o grupo de Bernal foi acompanhado por cinco dos irmãos Parra, incluindo Ignacio Parra cuja quadrilha iria absorver muitos dos membros de Bernal após a sua morte. Em 1885 Bernal tentou entrar ao serviço do governo, e mandou um recado para o presidente Porfírio Díaz, propondo uma oferta. Em troca do serviço, como oficial, Bernal pedia-lhe 30.000 pesos para financiar a si mesmo e sua segurança. Também exigiu a libertação de qualquer um de seus membros de gangues capturados, incluindo seu irmão preso. Díaz recusou a oferta, embora acredita-se que Bernal poderia ter recebido um perdão se não tivesse pedido uma quantia elevada.

Política e morte

Em 1887 Bernal entrou no papel de um rebelde político, criando uma plataforma que apelou para um regresso à Constituição do México de 1857, que havia barrado reeleições repetidas do mesmo candidato. Nessa época, o governo formou uma força anti-guerrilha para capturar Bernal. Uma recompensa de 10.000 pesos foi anunciada pela sua captura. Bernal viria a cair numa emboscada, traído por um dos seus homens, Crispin Garcia, e morreu no dia 5 de Janeiro de 1888.
 
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Robin Hood pelo Mundo

Matar, saquear, aterrorizar cidades, e ainda adorados pelo povo, com que repartiam os lucros dos roubos, era assim chamados os famosos ladrões sociais espalhados pelo mundo. Entre eles destaca-se o famoso Robin Hood australiano, e um dos mais famosos bandidos que a Austrália conheceu: Ned Kelly (1855-1880).

Um dos mais famosos bandidos australianos, Ned Kelly, ganhou a simpatia de milhares de australianos ao doar parte do dinheiro roubado aos pobres. Líder de um bando, roubava gado e assaltava bancos.
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Protagonizou-se pelos famosos tiroteios com a polícia. Inimigo das autoridades, oferecia recompensas pelas cabeças de polícias, tendo ele próprio chegado a despachar três xerifes. Na sua ultima batalha, enfrentou sozinho 50 polícias vestindo uma armadura de ferro improvisada. Acabou levando 28 tiros, mas não morreu, indo a julgamento. Mesmo após um abaixo-assinado com mais de 30.000 assinaturas contrárias à sua execução, Ned foi enforcado, e depois decapitado.
 

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Belle Starr (1848-1889) - A Sedutora Fatal

Belle Starr nasceu como Myra Maybelle Shirley na fazenda de seu pai perto de Carthage, no Missouri, (E.U.A.). Recebeu uma educação clássica e aprendeu tocar piano, enquanto se formava na Academia de Cartago Feminino Missouri, uma instituição privada que seu pai ajudou a fundar. Durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), as tropas da União atacaram a sua terra natal, Carthage, e Belle mudou-se para Scyene, no Texas. Segundo a lenda, foi aí que ela conheceu Jesse James e o seu bando Youngers.

Belle esteve associada ao bando de Jesse James e os Younger, e outros bandidos. Juntos roubaram gado e cavalos no Texas. Nesses assaltos, participava o seu primeiro marido, Jim Reed. Belle vestia-se de trajes extravagantes, declarando-se a rainha dos bandidos. Em 1880, tornou-se esposa de Sam Starr, um índio Cherokee, 15 anos mais novo, e viveram no rancho em Oklahoma, que se tornou um esconderijo para os bandidos. Belle foi abatida perto de seu rancho em 1889, suspeitando-se que o assassino tenha sido o próprio marido, que gastou a recompensa em uísque.
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Belle tornou-se célebre com o seu bando lançando o terror na região. Mentora dos crimes, Belle usava sua inteligência e o seu charme para seduzir os xerifes, que acabavam agindo a seu favor. Essa aura de sedutora fatal foi o combustível da sua fama entre milhares de pessoas.

Embora uma figura obscura fora do Texas, a história de Belle foi captada por Richard K. Fox, que a tornou famosa através do seu romance "Bella Starr, a Bandit Queen", ou "A Fêmea Jesse James", publicado em 1889 (o ano do seu assassinato). Esta novela ainda é frequentemente citada como uma referência histórica. Foi a primeira de muitas histórias populares que usaram o nome dela.
 
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