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História de Organizações Criminosas

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GF Platina
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Curiosidades da Máfia

A tabela de Preços do Whyos

No século XIX, o gangue nova-iorquino oferecia descaradamente um menu de acções violentas, com a indicação dos preços.

A lista incluía o seguinte:
- Esmurrar: 2 dólares;
- Os dois olhos negros: 4 dólares;
- Nariz e queixo partidos: 10 dólares;
- Pôr a vítima inconsciente (KO): 15 dólares;
- Cortar uma orelha: 15 dólares;
- Partir perna ou braço: 19 dólares;
- Tiro na perna: 25 dólares;
- Esfaqueamento: 25 dólares;
- O serviço completo (assassínio): 100 dólares.

Os Assassinos do Barril

Os primeiros mafiosos e terroristas da Mão Negra nos Estados Unidos viam-se com frequência livres das suas vítimas enfiando os corpos dentro dos barris em madeira e deixando-os em locais remotos ou no charco de água mais próxima. Em alguns casos, eram enviados de comboio barris selados, contendo corpos, para cidades distantes, sendo muitas vezes despachados para endereços fictícios. O último famoso assassinato do barril do submundo do crime ocorreu em 1976, quando o membro da Máfia John Rosselli foi morto, enfiado no tambor de petróleo e lançado à água na costa da Flórida. Esse assassínio impediu Rosselli de discutir os acordos entre a CIA e a Máfia com os investigadores do Senado norte-americano.

Tommy Gun: A Arma preferida dos Gângsteres

A Thompson foi inventada pelo Brigadeiro-General John T. Thompson e fabricada pela Auto-Ordnance Corporation. Era uma arma refinada de calibre 45, com coronha e empunhaduras de madeira e um acabamento de muita classe. Tal qual suas correspondentes MP40 (Alemanha) e Sten (Inglaterra) foi uma das primeiras submetralhadoras (pistolas-metralhadoras).
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A Thompson foi muito usada pelos gângsteres americanos na época da lei Seca,
e ficou eternizada como o símbolo de Al Capone. Era conhecida pela alcunha de
Tommy Gun.
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Durante a Lei Seca, os gângsteres usaram a Tommy Gun por ser de disparo rápido. Os atiradores e os jornalistas chamaram-na de Piano de Chicago, Máquina de Escrever ou Cutelo. A posse dessa metralhadora por civis não foi controlada até 1934, quando a lei Nacional Sobre Armas de Fogo passou a tributar, mas não baniu, a propriedade particular. A venda de novas metralhadoras a particulares foi finalmente proibida em 1987. Embora a lei dos Estados Unidos deixasse de fora as armas que tinham sido fabricadas anteriormente.

Murder Incorporated (Homicídio, S.A.)

Morte por encomenda

Quando o Sindicato Nacional do Crime foi organizado, no decurso de um série de reuniões que tiveram lugar entre 1929 e 1933, os seus dirigentes decidiram que deveria existir uma única unidade para se encarregar de todos os homicídios relevantes a nível nacional. Os patrões individuais manteriam a autoridade para os assassinatos locais, mas as execuções mais importantes seriam levadas a cabo por uma equipa especial de assassinos, mediante votação por maioria do conselho que dirigia o Sindicato.

A maioria dos assassinos eram gângsteres italianos e judeus de Brooklyn, de Brownsville, Leste de Nova Iorque e Oceano Colina. Além de levar a cabo o crime em Nova Iorque, também aceitavam contratos de assassinato de chefes da Máfia em todos os Estados Unidos. Algumas estimativas das actividades do grupo referem 1000 vítimas por todo o país durante a década de 1930. Os atiradores viajavam muito, confundindo assim as polícias locais. Recebiam um salário base e bónus de 1000 a 5000 dólares por cada homicídio.

Embora os mafiosos nunca tenham referido a designação Murder Incorporated, os jornalistas inventaram o nome depois de Reles se ter tornado informador para escapar a uma acusação de homicídio em 1940. O seu testemunho enviou vários atiradores contratados para a cadeira eléctrica, em Nova Iorque. Quanto a Reles, deu uma queda para a morte de uma janela do seu quarto de hotel, guardado pela polícia, em Coney Island, em 12 de Novembro de 1941. As autoridades declaram a morte como tendo sido acidental, mas fontes da Máfia afirmam que os próprios guardas tinham sido pagos para silenciarem Reles para sempre.
 

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Máfia Russa: Máfia Vermelha

O crime organizado russo teve as suas origens na Revolução Bolchevique de 1917. O advento do comunismo soviético criou um mercado negro para produtos de primeira necessidade e de luxo na Rússia a partir de 1917.

Enquanto os representantes soviéticos desde Lenine até Gorbachev, descreviam o Estado comunista da União Soviética como o paraíso dos trabalhadores livre de crime, a verdade é que as políticas desse regime proibiam a propriedade privada e o lucro, mas criaram uma economia subterrânea fornecida por gângsteres, tal como tinha acontecido nos Estados Unidos durante a Lei Seca de 1920-1933 em resultado da proibição de venda de álcool. Actualmente, a Máfia Russa é controlada tanto por mafiosos como por políticos corruptos.
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Em 1926, a polícia deteve Mikhail Florinsky, um diplomata russo veterano, por comprar uma máquina fotográfica roubada. Operava em Moscovo um grande mercado de ladrões sob o olhar atento da polícia, com rusgas periódicas para dar a impressão de que o sistema funcionava. Estaline utilizou os mafiosos russos como informadores, para denunciar supostos traidores em troca de autorização para roubar. A importação de drogas também foi um dos negócios da Máfia Russa, que era coberta pelos censores do regime perante o povo.

Com a consolidação do regime soviético, as autoridades soviéticas fundaram campos de trabalho forçado de segurança máxima, com o objectivo de punir quem fosse considerado inimigo do Estado. Estes campos ficaram conhecidos como Gulags, onde se formou uma elite criminal, dando origem à Máfia Russa moderna. Em 1941, com a invasão de Hitler à União Soviética, o governo necessitava de cada vez mais recrutas, e foi compensar a falta de reservistas com a convocação de prisioneiros, em troca da liberdade. Ao mesmo tempo que aspiravam pelo fim do cárcere, os prisioneiros também se viam no dilema de se aliar ao governo, o que seria um grave crime de traição dentro da organização criminal. Muitos dos prisioneiros optaram pela liberdade, e foram aos campos de batalha defender a bandeira da União Soviética.

A Guerra das Cadelas

As autoridades, contudo, não cumpriram o estabelecido, e enviaram os criminosos novamente para as prisões. Os heróis de guerra foram então confrontados pelos que não participaram da guerra, e foram apelidados "suki" (cadelas, em russo). Os suki, por outro lado, passaram a se organizar com o apoio dos oficiais, que além de privilegiarem os heróis de guerra, também viam na segregação entre os dois grupos um modo de limpar a prisão e diminuir o número dos que não participaram na guerra. A rixa entre as duas facções levou à Guerra das Cadelas, que tirou a vida de milhares de prisioneiros, sendo um dos principais argumentos na crítica ao sistema de Gulags. Em 1953, com a morte de Estaline, o novo líder soviético, Nikita Khrushchov, dissolveu os Gulags e enviou os prisioneiros mais perigosos para prisões comuns, encerrando a guerra interna, que todavia continuaria nas prisões, conhecidas como "colónias".

Piramida: A Máfia Soviética

Piramida, ou Piramida-1, citada como Pirâmide Vermelha, é o nome dado em 1991, pelos escritores Telman Gdlian e Evgueni Dodolev a uma organização soviética com características mafiosas, sendo mais conhecida na época como Máfia Vermelha. Esta sociedade criminosa agia no estrangeiro, praticamente em todas as nações que se alinhavam ao Ocidente, e principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, em nome dos interesses do governo soviético desde os anos 1950, ainda que independente do país, e ganhou muita força durante os anos 1970, relacionando-se com as operações no estrangeiro do KGB. Com o passar do tempo, a Máfia Soviética, composta pelos "siloviki" (agentes da polícia, que aproveitando-se do poder, se aliaram à ordem criminal já existente), baseada nas reminiscências dos Gulags, criou uma filial no próprio território soviético, onde concentrava as suas operações, que envolviam o contrabando, o controle de grandes negócios privados estrangeiros, grandes assaltos, envolvimentos no tráfico de armas, pedras preciosas, participações em casinos, uso dos serviços secretos soviéticos a favor da organização, execuções de influentes criminosos, políticos, banqueiros e opositores, sabotagem e outros trabalhos sujos. Ao mesmo tempo que pode-se atribuir à Piramida a falência e limpeza de muitas organizações criminosas, também pode-se considerar o grande volume de sangue derramado por essa organização.

A organização deu origem ao livro "Pirâmide, a Máfia Soviética", dos investigadores Telman Gdlian e Evgueni Dodolev. A organização, que entrava em decadência no início dos anos 1980, desapareceu devido a perda de forças no final dos anos 1980, tendo boa parte do seu património sido usurpado pela máfia capitalista dos novos-ricos, na então recém-criada Máfia Organizatsiya (Máfia Russa), no início da década de 1990. Muitos oficiais do KGB, FSB e SVR ainda negam a existência do grupo, mesmo após os depoimentos de Gdlian e Dodolev.

Curiosidades:

Galina Brejnev, a filha do excêntrico presidente soviético Leonid Brejnev, participava da Máfia Piramida, sendo presa por contrabando de diamantes.

O líder da U.R.S.S., Leonid Brejnev viu seu nome envolvido nos quadros da Máfia Russa.
 
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O Poderio da Máfia Russa

Desde que a União Soviética desapareceu em 1991, a Máfia Russa foi a única instituição que funcionava na Rússia pós-comunista. Tornou-se a maior organização do mundo, controlando as 15 Repúblicas, cobrindo 11 fusos horários e um sexto da superfície terrestre do planeta.
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A Máfia Russa é a maior e a mais popular dos grupos criminosos que surgiram após a queda da União Soviética.
Mas existem outros grupos mafiosos que são os seguintes:
- Bratva (Os Chapas);
- Organizatsiya (A Organização);
- Vory v Zakone (Bandidos dentro da Lei).
A grande maioria destes grupos estão actualmente extintos.
Entre as organizações mafiosas russas mais conhecidas cita-se:
- Tambovskaia, de São Petersburgo;
- Os gangues de Balashikhinski, Orekhov e Solntsevo (todos de Moscovo);
- Uralmash, de Ecaterimburgo;
- Chetchenskaia, da Chechénia.
No plano internacional, os mais conhecidos grupos criminosos de origem russa são:
- O Círculo dos Irmãos, com actividades no Médio Oriente, África e América Latina;
- O Nevski, com actividades nos Estados Unidos;
- O Obtshak-Ühiskassa, aliado à Máfia da Finlândia.
Segundo o livro "Thieves' World: The Threat of the New Global Network of Organized Crime" da jornalista Claire Sterling, desde 1993 a Máfia Russa conseguiu unificar sob seu comando todas as máfias do mundo.

Enriquecidos pelo capitalismo e a liberdade para viajar após a queda da União Soviética, vários grupos mafiosos ex-soviéticos espalharam-se pelo mundo, procurando novas oportunidades e mercados para os seus serviços: arménios, azerbaijanos, chechenos, georgianos, ucranianos, etc. Actualmente, encontra-se criminosos com raízes russas pela Europa, América, Médio Oriente, África, Ásia, e nas nações das ilhas do Pacífico. Presentemente, as autoridades russas estimam em 100.000 a população de mafiosos confirmados do país, divididos por alguns 8000 gângsteres reconhecidos, com um número incerto de aliados de todas as posições sociais.

Ladrões por afinidade

Os mafiosos de origens russas descrevem-se como «vor v zakonye» (ladrões por afinidade), indicando fidelidade a um antigo código de conduta para criminosos. Embora o submundo da Rússia possa parecer caótico, a polícia local mantém que existe uma estrutura organizada, com o derradeiro poder a ser conferido a um "círculo de irmãos" composto por líderes da Máfia que vivem e trabalham de acordo com o código dos ladrões (pelo menos em teoria). Cada Família do crime é liderada por um Pakhan (Padrinho), subdividida em unidades lideradas por brigadeiros que supervisionam os Boyeviky (Soldados). A filiação em várias famílias está limitada por etnias e antecedentes criminosos (muitas vezes gravadas no corpo do criminoso com tatuagens).
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A estrutura paramilitar das organizações criminosas russas não é uma coincidência, dado que muitos membros de topo eram antigos oficiais da União Soviética e do KGB. Os antigos membros das forças especiais militares (Spetznaz) são especialmente apreciados pela organização criminosa. Também ingressavam na sociedade criminosa, atletas, em especial halterofilistas e praticantes de artes marciais, usados como os músculos da Máfia Russa. Circularam rumores de que os líderes da Máfia Russa recrutaram atiradores especiais olímpicos para determinados assassinatos de longa distância.

A Máfia Russa segue todas as vias de rendimento ilícito praticadas por outras organizações criminosas do mundo: jogo, prostituição, tráfico de narcóticos, extorsão, assassinatos contratados, furtos, e variadas formas de fraude. Mutos gangues estão profundamente submersos na venda de viaturas e armas (incluindo ogivas nucleares) saqueadas de arsenais militares nas várias antigas repúblicas soviéticas. O tráfico humano, em especial a venda de mulheres e crianças para escravatura sexual, é outra actividade criminosa popular entre os membros da Máfia Russa. A infiltração em negócios legais é outra fonte de rendimentos. Durante 1992-1994, a Máfia Russa cansada de efectuar depósitos limitados em bancos legítimos, decidiram comprar os bancos. Executivos legítimos que resistiram aos mafiosos foram assassinados.

O impacto da Máfia Russa na Rússia pós-soviética tem sido catastrófico:
- Tiroteios em Moscovo tiraram uma média de 10.000 vidas por ano;
- As empresas estrangeiras pagam à Máfia Russa 20% dos lucros anuais para protecção;
- A corrupção, ineficiência e negligência da polícia geraram uma indústria de segurança pessoal florescente: 25.000 empresas com alguns 800.000 empregados.
- Homens de negócios que desafiaram a Máfia Russa e perderam a vida ou ficaram feridos.
Nos Estados Unidos, os mafiosos russos instalaram quartéis-generais em Brighton Beach, em Nova Iorque (conhecida por «pequena Odessa») e em Miami, na Flórida.
 

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Oligarcas Russos

Após o colapso da União Soviética, surgiu uma nova classe: os oligarcas russos, um pequeno grupo de homens de negócios que adquiriu uma enorme riqueza, influência política e o controle dos meios de comunicação social, em várias antigas repúblicas soviéticas.

Os oligarcas ganharam destaque em 1992, explorando o mercado que emergiu do caos com o colapso do país devido aos seus problemas económicos, quando uma equipa de jovens reformadores liderados por Anatoly Chubais começou a criar as bases de uma economia capitalista na Rússia. Em 1993, o governo fez uma distribuição de cheques no valor de mil rublos para que a população em geral comprasse acções de companhias estatais, com o objectivo de incentivar a iniciativa privada. Contudo, os cidadãos comuns e pouco acostumados com o sistema capitalista, não sabiam onde e como aplicar os cheques, e em meio à ânsia de obter qualquer valor monetário que fosse para se livrar da pobreza, os vendiam para compradores a um preço muito menor do que os das acções. Isso resultou na falência do plano de cheques e na consequente compra de acções por parte de uma camada privilegiada da população, os oligarcas, enquanto a grande maioria do povo empobrecia.
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A Máfia Russa ficou conhecida pelas operações e transacções obscuras, pelo seu forte poder bélico e por sua facilidade em driblar os sistemas de leis do país. Inclusive, os chefes da Máfia costumavam, no seu ápice, nos anos 1990, ter assombrosa influência na legislação do país, contestando as leis que fossem contra seus negócios, fazendo jus ao apelido de "Vory v Zakone" (Bandidos dentro da Lei). A corrupção gerada pelas organizações era tanta que os criminosos chegavam até mesmo a manipular e empregar o próprio presidente russo, Boris Ieltsin, para obter benefícios, em troca de favores e apoio ao cargo. As organizações criminosas russas tinham tanto poder no país nesse tempo que não era raro encontrar pessoas comuns e de baixa renda que realizassem serviços para elas. O governo da época via este processo como um mal menor, comparado com o peso no orçamento das indústrias subsidiadas e ao défice do Estado. Houve também guerras entre os oligarcas, na disputa pelas melhores fatias do bolo estatal. Um pequeno grupo de empresários adquiriu quase metade de todos os activos financeiros da Rússia.

Entre os pioneiros, o mais rico é Boris Berezovsky "O Cardeal Cinzento" do Kremlin, que começou seu império empresarial com um negócio que lhe garantia direitos exclusivos na venda de carros Lada. Era próximo a Yeltsin, agindo como coordenador do grupo de conselheiros do ex-presidente. Beneficiou com a liberalização económica pós-soviética, tornando-se imensamente rico e influente.
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Boris Abramovich Berezovsky (1946-2013), o "Cardeal Cinzento" do Kremlin.

Os oligarcas chegaram ao seu auge em 1996, durante o governo de Boris Yeltsin, quando os grandes empresários, além da sua força económica, começaram a ter também enorme poder político. Na época, a parcela dos meios de comunicação social da Rússia em poder do sector privado era controlada por dois oligarcas, Berezovsky e Vladimir Gusinsky. Para eles, era essencial que Yeltsin continuasse presidente e portanto investiram fortemente na sua reeleição.

Queda da Máfia Russa

Com a chegada do presidente Vladimir Putin em 2000, e sua consolidação no cargo, a Máfia Russa entrou em crise. Putin reuniu em si uma força poderosa de apoiantes que puderam fazer frente à Máfia Russa. Eleito em 2000, e depois reeleito em 2004, Putin combateu os oligarcas ligados à Máfia Russa. Foram investigados e alguns foram presos sob acusações de roubar propriedades do Estado em 1994. Boris Berezovsky "O Cardeal Cinzento" do Kremlin, e Vladimir Gusinsky foram forçados a se exilar em Londres e em Israel, respectivamente. Posteriormente, a crise económica de 2008 também não poupou os oligarcas russos, mesmo aqueles mais próximos de Putin.

Com a eliminação de diversos oligarcas e agentes corruptos da polícia, a Máfia Russa perde os seus contactos internos. Oligarcas como Roman Abramovich, Boris Berezovsky, Alexander Litvinenko, Mikhail Khodorkoovski, Mikhail Prokhrov, entre outros, transferiram as suas actividades para o estrangeiro, principalmente no Reino Unido.

Mikhail Boríssovitch Khodorkóvski nascido em 26 de Junho de 1963, empresário e magnata russo, foi proprietário da petrolífera Yukos.
Em 2003, Khodorkóvski foi condenado a 10 anos de prisão por corrupção, fraude, sonegação de impostos e evasão de divisas.
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Khodorkóvski começou a carreira como militante activo do Komsomol (Juventude Comunista) e se beneficiou com as reformas pró-capitalistas e neoliberais de Gorbatchov e Iéltsin nos anos 1990. Assim, tornou-se um dos mais importantes membros da nova oligarquia de empresários formada repentinamente no seu país. Através de investimentos na companhia de petróleo Yukos e suas subsidiárias, Khodorkóvski chegou a ser o principal rival do poder estabelecido no Kremlin e várias vezes especulou-se que o empresário seria candidato à presidência contra Vladimir Putin. Este grande poder económico e político incomodou o governo russo, que passou a ser severo com as empresas de Khodorkóvski.

Em 2003, a Justiça cobrou todos os impostos atrasados e sonegados da Yukos, levando a companhia à concordata. Mesmo assim, em 2004, Khodorkóvski foi considerado o homem mais rico da Rússia e o 16º rico do mundo. Até ser preso, era considerado um dos mais poderosos oligarcas da Rússia. Em Dezembro de 2013, após dez anos, o governo da Rússia o amnistiou.

Roman Arkadyevich Abramovich, nascido em 24 de Outubro de 1966, bilionário russo, é dono do famoso clube inglês de futebol Chelsea.
Abramovich ocupa a 68° posição no ranking das pessoas mais ricas do planeta, segundo a Revista Forbes1 com 12.1 biliões de dólares.
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Roman Abramovich, bilionário russo, dono do Clube inglês de Futebol Chelsea.
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Abramovich também é proprietário de um iate de 120 metros e de um Boeing
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CSKA Moscovo.

Abramovich é acusado na justiça russa de desvio de centenas de milhões de rublos em impostos. Não sofreu o destino de Berezovski, entre outras coisas por gozar de imunidade, na qualidade de ex-governador de Chukotka - um distrito gelado da Rússia - embora a Câmara de Auditoria, órgão do governo russo, o acuse de desvios de dinheiro durante seu mandato. Abramovich confessou ter pago biliões de dólares para favores políticos e protecções honorárias em troca do controle da riqueza mineral no processo de privatização do Estado soviético. Ele subornou os velhos oligarcas em troca de uma grande quota do petróleo da Rússia e activos de alumínio.

Abramovich foi acusado pelo jornal francês Le Monde, de estar envolvido no contrabando de diamantes de Angola. E o jornal inglês The Times revelou que parte do empréstimo de 4,8 biliões de dólares do FMI à Rússia, durante a crise financeira de 1998, foi desviada pelo então presidente Ieltsin para a Suíça, onde ficou sob o controle da Runicom, empresa de Abramovich, que passou a ser cobrada judicialmente pelo Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento por uma dívida de 14 milhões de dólares.

Com as falências de muitas de suas associações na Federação Russa, as principais lideranças da Máfia Russa seguiram outros caminhos: optaram por outras actividades semelhantes ou para actividades lícitas; ou então para a prisão. O ano de 2007 foi considerado o ano da ruína da Máfia Russa. Mas muitos acreditam que apesar da queda da Máfia Russa, a própria Rússia ainda é assombrada por organizações mafiosas, originárias do combate aos antigos grupos, devido ao poder que se conquistou durante aquele período. Para estes, esta Máfia é dirigida pelo mais importante político russo Vladimir Putin.

 

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Negócios da Máfia Russa

Máfia Russa na América

O aparecimento da Máfia Russa nos Estados Unidos foi durante muito tempo ignorado. Um pequeno grupo de bandidos russos andava a roubar aos cobradores de impostos cerca de 3 biliões de dólares por ano em gasolina ilegal na altura em que foram apanhados em 1986.


O seu chefe, um verdadeiro filho do Mundo dos Ladrões, Marat Balagula, tinha feito fortuna na antiga União Soviética, na era Brejnev. Tinha sido um grande vendedor do mercado negro. Atraído pelo capitalismo americano, emigrou para os Estados Unidos em 1977, como refugiado político. Tornou-se conselheiro de Evsei Agron, patrão reinante da Organizatsyia em Brighton Beach, Brooklyn, em Nova Iorque. Brighton Beach era conhecida por "Pequena Odessa", devido à presença de imigrantes russos e ucranianos, bem como judeus.

Agron, um ex-condenado soviético que andava sempre com um agulhão de gado para manter os seus súbditos na ordem, tinha um bando activo de 500 ladrões. O seu rendimento, devido a depósitos forçados, fogo posto, conto do vigário, falsificação, roubo, assalto à mão armada, jogo, prostituição, fraude, contrabando, tráfico de drogas, tráfico de armas, assassínios por encomenda, aproximava-se de 100 milhões de dólares por ano em meados dos anos 80.
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Gangues russos associados de forma livre com o gangue de Agron, estava a fazer o mesmo em Los Angeles, São Francisco, Filadélfia, Chicago, Dallas, Miami, Boston, entre muitas cidades dos Estados Unidos e Canadá. Um agente do FBI considerou os gangues russos como os mais brutais, desumanos e assustadores criminosos que a América jamais vira. Antes de atingirem os Estados Unidos, estes mafiosos russos tinham estabelecido contactos com a Máfia Italiana, que lhes disse a quem procurar. Em 1985, Evsei Agron foi morto a tiro, deixando o seu lugar para Marat Balagula.
 

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Evsei Agron: O Pequeno Don

Nascido em 1932 em Leningrado (actual São Petersburgo), na Rússia, Evsei Agron passou sete anos numa prisão russa por homicídio. Teve autorização para abandonar a União Soviética em 1971. Primeiro viajou até Hamburgo, na Alemanha, onde geriu uma rede de bordéis e casas de jogos ilegais. Em Outubro de 1975, emigrou para Brighton Beach, em Nova Iorque, onde o precedia uma reputação como membro impiedoso da Máfia Vermelha.
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O negócio de extorsão de Agron imitava as tácticas da Mão Negra dos imigrantes italianos do século XIX, tendo como alvo os imigrantes russos, exigindo dinheiro sob ameaças de morte. Houve um caso em que recebeu 15.000 dólares de um imigrante russo depois de ameaçar assassinar a filha da vítima no dia do casamento. Caso a personalidade violenta de Agron não fosse suficientemente intimidatória para a vítima, tinha o apoio dos irmãos Nayfeld, Benjamin e Boris. Benjamin esfaqueou uma vez um homem até à morte em Brighton Beach, perante múltiplas testemunhas, por insultar a namorada de Nayfeld. No entanto, apesar da violência feroz e das ligações à Família Genovesa, mesmo assim Agron tinha inimigos dispostos a enfrentá-lo.

Agron foi assassinado em Maio de 1985, enquanto esperava pelo elevador no 6º andar do seu prédio. No início da manhã foi baleado por um pistoleiro na parte de trás da cabeça. Antes de seu assassinato, houve duas outras tentativas de assassina-lo, nas quais ele fora ferido. A primeira tentativa foi em Brighton na praia e a segunda foi na garagem do seu prédio no dia de seu aniversário.
 

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Golpe do Imposto da Gasolina

Com a morte de Evsei Agron, sucedeu-lhe o judeu russo Marat Balagula, em 1985, em Brighton Beach. Balagula era mais criativo e letrado, do que o seu antecessor, e tinha uma licenciatura em Economia. Jim Moody, do FBI observou: «John Gotti da Máfia Americana, não tem gente com educação universitária. Nem oficiais militares treinados como a Máfia Russa tem».
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Por essa altura, Balagula e a sua gente tinham estado a trabalhar o golpe dos impostos da gasolina desde havia vários anos, com a Cosa Nostra a fornecer-lhes cobertura. O acordo tinha sido negociado em Long Island em 1982, com um capitão da Família Colombo, Michael "Filhinho" Franzese, e o seu associado, Larry Iorizzo. Os italo-americanos acharam que os russos eram bons tipos, não muito gananciosos, fiáveis e inocentes. Por isso fizeram o acordo. Os russos davam um quinhão aos italo-americanos, e estes por sua vez dava-lhes segurança e ainda a custódia de polícias corruptos. Os russos estavam a pagar uma «taxa de família» às Famílias Gambino, Lucchese, Colombo e Genovese, de Nova Iorque.

O imposto da gasolina já tinha sido trabalhado numa versão rudimentar em Baku, no Azerbaijão, com a Máfia Russa do petróleo. As bombas de combustíveis na cidade de Baku vendiam a gasolina a dinheiro que não era registado. Na América, os russos desenvolveram um modelo muito mais sofisticado, conhecido por «cadeia dos malmequeres». De concepção simples, o esquema repousava sobre o facto de a lei exigir que os impostos sobre a gasolina fossem pagos, não no terminal de venda por grosso, mas na bomba. A cadeia de malmequeres consistia em numerosas companhias fictícias que começavam no terminal de venda por grosso (frequentemente na América do Sul ou em África), passando a gasolina de umas para as outras em falsas operações de papéis, até que o rasto era perdido. A companhia fantoche no final da linha vendia então a gasolina aos retalhistas com um desconto, com recibos de impostos falsificados. Ao primeiro sinal de aproximação de um inspector de impostos, a companhia fantoche levantava o acampamento e mudava-se.

Nunca ninguém nos Estados Unidos tinha inventado um esquema tão impecável de fazer dinheiro. Os retalhistas de gasolina, perante uma concorrência redutora de preços, eram forçados ou a seguir com aquilo ou a ir-se abaixo. Até mesmo a gigantesca Getty Oil entrou nisso. Inúmeras outras alinharam quando o esquema se espalhou de Nova Iorque para o resto da costa leste e para a costa ocidental. O governo federal estava a perder 1 bilião de dólares por ano, e os governos dos Estados Federais estavam a perder outros 2 biliões de dólares. Quatro Famílias da Cosa Nostra de Nova Iorque estavam a receber mais de 40 milhões de dólares por ano sem mexerem um dedo. Os russos estavam a enviar centenas de milhões para lavagem no Panamá, Áustria e Rússia. Estavam a planear comprar terminais petrolíferos baratos e contínuos, quando o longo braço da lei os atingiu.

A descoberta do esquema não acabou com ele. Balagula foi apanhado no Aeroporto de Francoforte em 1989, depois de ter visitado 36 países como fugitivo. As autoridades dos Estados Unidos foram lentas a ver mais alguma coisa do que apenas um tipo com uma ideia brilhante por detrás do esquema da gasolina. Ainda em 1989, a Subcomissão do Senado sobre as investigações não incluía a Máfia Russa na lista de grupos criminosos não tradicionais, como era o caso de bandos armados jamaicanos e os gangues americanos Bloods e Crips. Por essa altura, a Máfia Russa estava envolvida em casos de moedas falsas, ícones falsificados, jóias Fabergé antigas falsas, cartões de crédito American Express e cheques bancários Citibank fabricados, roubos a nível nacional, apropriação de jóias e uma multidão de outros esquemas.

O seu esquema de 1 bilião de dólares na Califórnia, em 1991, foi a maior fraude nos seguros de saúde da história dos Estados Unidos. Uma falsa clínica médica foi usada como cobertura da operação em Los Angeles, atraindo os pacientes para centros de diagnósticos móveis por meio da promessa de observações gerais grátis, persuadindo-os a assinarem as suas reclamações de seguros e cobrando às companhias de seguros de 8000 a 10.000 dólares por paciente. Umas 1400 companhias de seguros pagaram com base em reclamações falsificadas. As companhias estavam a ser tão penalizadas que os prémios do seguro de saúde subiram em toda a Califórnia. O pequeno grupo autor do golpe era constituído por David Shmushkevich de Brighton Beach, e a sua amante, dois médicos, um advogado e cinco outros. Só Shumushkevich foi acusado de 175 casos de fraude postal, lavagem de dinheiro, banditismo e conspiração, pelos quais enfrentou 1980 anos de prisão.
 

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O Golpe do Rublo

Em 1990, surgiram vestígios de um tráfico de rublos aparentemente sem sentido, na América e na Europa. O rublo ainda não era uma moeda convertível. Ainda existia a União Soviética. O seu poder de compra era zero no Ocidente e virtualmente zero na União Soviética, onde dificilmente podia-se comprar alguma coisa com essa moeda. Exportá-lo era proibido. Não obstante, foram avistados remessas maciças de rublos em dinheiro, na Polónia, Alemanha, Holanda, Bélgica, França e Itália. Chegavam comboios e camiões cheios de rublos. A moeda russa era remetida por contentores de avião. Dezenas desses contentores foram enviados por via aérea para Zurique, e depois entregues a clientes por camião.
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Um sólido banco de investimentos europeu ofereceu a um investidor americano 1 bilião de dólares em rublos com cartas oficiais a garantirem a sua reentrada no mercado soviético. Vários sinais sugerem um intenso interesse criminoso neste tráfico. Particularmente, a Máfia Siciliana foi descoberta a investir fortemente em rublos; o mesmo fazia os cartéis da cocaína da Colômbia. Em Belinzona, na Suíça, nos finais de 1990, um agente secreto dos narcóticos foi abordado por um notório traficante de heroína turco, Hamza Türkeresin, que tentava vender rublos que enchiam um contentor de cargas. Türkeresin era o homem de mão em Milão da Máfia Turca de Istambul, procurado na Suíça por causa de um carregamento de 100 kg de heroína apanhado a caminho de Itália. Nessa ocasião, movimentava cocaína na Europa para o cartel de Medelim, de Pablo Escobar. Mais estreitamente trabalhava com o famoso traficante de drogas italiano Santo Pasquale Morabito. Morabito é uma das mais poderosas famílias do submundo de Calábria. Morabito que também trabalhava a partir de Milão dirigia uma poderosa Família da Máfia na Catânia, e uma extensão N`drangheta na Calábria. Em 1990, Morabito comprou cerca de 70 biliões de rublos em dinheiro (no valor de 4 milhões de dólares no mercado negro), esperando conseguir lucro revendendo-os em troca de moeda forte.

Em Genebra, o juiz Jean-Pierre Trembley ordenou a prisão de cinco homens que representavam um fugitivo alemão, Andreas Behrens, procurado por lavar vários milhões de narcodólares, através do Canadá, para Pablo Escobar. Eram cambiadores de dinheiro, um colombiano, um alemão e três argentinos, que se tinham encontrado no Hotel Century, em Genebra, tentando trocar um lote dos 70 biliões de rublos de Morabito por 4,6 biliões de dólares, cerca de 15 vezes menos que a taxa comercial oficial da Rússia, de 1 rublo por 1,20 dólares. O juiz Trambley não conseguiu localizar os rublos, deixados no contentor em Brinks, na Holanda. Por esse motivo, libertou os suspeitos.

Mas o juiz Trembley ficou impressionado com o caso, e disse: «Eu não podia acreditar que alguém no seu juízo perfeito quisesse trocar narcodólares por rublos que ninguém podia gastar».

No entanto, grandes trocas estavam a ser feitas por homens que eram tudo menos atrasados mentais. Pouco antes de o negócio dos rublos de Morabito ser descoberto na Suíça, um camião TIR atafulhado de rublos foi detectado a viajar através do Norte de Itália. Sabe-se apenas que a embaixada soviética estava envolvida no negócio. Uma vasta organização criminosa dedicada principalmente a actividades financeiras ilícitas em território italiano e no estrangeiro, estava a operar em ligação com grupos da Máfia em Palermo, Catânia e Trapani, lavando o dinheiro das Famílias da Máfia e convertendo em rublos o seu capital, através de bancos suíços.

Descobriu-se depois que a Máfia roubava os cheques e fazia a sua lavagem transformando-os em dólares, que por sua vez eram depositados nos bancos suíços. A seguir os bancos suíços convertiam os dólares em rublos russos, e depois os rublos transformavam-se em certificados para rublos de ouro, que seriam usados para comprar dólares, armas e drogas, em Miami, na Flórida. Os rublos de ouro soviéticos eram moeda legal no estrangeiro, garantidos pelo Banco Central Soviético para uso comercial, livremente cambiáveis ao câmbio oficial de 1,2 dólares por rublo. Falsificar os papéis para transformar o rublo comum em rublo de ouro era arriscado, mas possível com a conivência do lado russo. E a Máfia Russa era perita nisso.
 

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Máfias da Ásia

Na Ásia situa-se os sindicatos do crime mais antigos do mundo. Estabelecidos primeiramente por motivos políticos e religiosos, aprenderam novas lições com a invasão dos europeus e norte-americanos, e hoje ultrapassa-os em força numérica, rendimentos iniciais e pura selvajaria.
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Máfia Chinesa: Sociedade das Tríades

As sociedades das Tríades tiveram a sua origem em meados do século XVII, quando a dinastia Ming (1368-1644), perdeu a sua luta na expulsão dos invasores oriundos da Manchúria. O último imperador Ming matou-se em 1644. A partir daí, a China foi governada pela dinastia Manchu ou Ching, durante 268 anos, até 1911.

Tradicionalmente, o novo recruta cumpria 36 juramentos de sangue durante uma cerimónia de iniciação. Os iniciados juram ser leais à sociedade e aos seus irmãos e nunca divulgarem os segredos da organização. Uma das penas por quebra dos juramentos é a morte por "miríades de espadas". O 36º juramento resume os objectivos das Tríades: «Serei leal e farei todos os esforços para destruir a dinastia Ch`ing (Manchu) e restaurar a dinastia Ming, ao coordenar os meus esforços com os dos meus irmãos de espadas». Os juramentos caíram no esquecimento, quando em 1911, os revolucionários liderados por Sun Yat-sem derrubaram finalmente a dinastia Manchu. Com Sun como primeiro presidente da China, as Tríades deveriam ter terminado, pois o seu objectivo principal estava cumprido. Mas fortalecidos por séculos de guerras, conspiração e banditismo, os membros das Tríades tornaram-se simples gângsteres. Quando os donativos públicos acabaram, as Tríades juntaram extorsão as suas actividades criminosas.
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Com o tempo, vários membros das Tríades deslocaram-se da China para novas terras, levando com eles as tradições e a corrupção. A cidade de Hong Kong foi a primeira paragem, ainda hoje infestada por cerca de 57 grupos Tríades rivais. Embora as autoridades chinesas insistem que apenas 15 a 20 gangues das Tríades estão activas. Estima-se que na década de 1950, havia cerca de 300.000 membros da Tríade em Hong Kong. Daí partiram para Macau, e depois invadiram a Malásia, Singapura, Vietname, e içaram as suas bandeiras nas Chinatowns das cidades espalhadas pela Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, e até na Europa.

Chinatown

As Chinatowns são grandes comunidades chinesas espalhadas principalmente na América do Norte, tanto no Canadá como nos Estados Unidos. Na Europa, as principais Chinatowns situam-se em Amesterdão, na Holanda, e em Londres, na Inglaterra. As primeiras Chinatowns foram criadas no século XIX, no Canadá e Estados Unidos, como resultado de leis discriminatórias que proibiam a venda de terra aos chineses. Como tal, ficaram restritos a uma determinada área da cidade, isolando-os de outras comunidades.
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Chinatown, São Francisco, Califórnia (E.U.A.).

Em Paris, a Chinatown foi criada durante a Primeira Guerra Mundial como uma forma de substituir os trabalhadores franceses que lutavam na guerra. Na Inglaterra, as Chinatowns não se concentram apenas no bairro, mas em várias regiões da cidade, principalmente em áreas comerciais.

Os maiores grupos de Tríades são os seguintes:
- O 14K (Nome com origem nos 14 Karat Gold (ouro Karat), lançado nos anos 40 como uma guerrilha anticomunista);
- Sun Yeet On (A maior Tríade de Hong Kong);
- Wo Group (A mais velha de Hong Kong, criada em 1939, com 9 facções participantes).
A revolução comunista da China em 1949 representou um potencial desastre para as Tríades, apesar de Hong Kong continuar sob domínio britânico até 1997. Entretanto, muitos gângsteres foram para Taiwan (antiga Formosa), que era liderada pelo General Chiang Kai-shek (membro das Tríades).

Armas das Tríades

Embora s Tríades modernas não evitam as armas modernas, continuam a usar as armas tradicionais, como o cutelo e a catana (faca para melancia). A execução dos traidores é cumprida, sempre que possível, por lingchi (a morte dos mil cortes) ou sendo enterrados vivos. Para pequenas disputas, os membros da Tríade preferem lutas numa rua pública até a polícia chegar e separar os combatentes. Armas e explosivos estão reservados para batalhas com forasteiros, como em muitas lutas territoriais entre as Tríades e a Máfia, ou contra gângsteres nativos estabelecidos na Europa, especialmente no Reino Unido, ou mesmo nas Filipinas.

As actividades criminosas das Tríades

As Tríades envolvem-se actualmente numa variedade de crimes, como extorsão, lavagem de dinheiro para o tráfico de drogas e prostituição. Estão também envolvidos no contrabando e falsificação de produtos, tais como música, vídeo e software, bem como bens mais tangíveis, tais como roupas, relógios e dinheiro.
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As Tríades dedicam-se à falsificação desde a década de 1880. Entre os anos 1960 e 1970, as Tríades estavam envolvidos em falsificação de moedas. Na mesma década, os gangues chineses também estiveram envolvidos em falsificação de livros, geralmente caros, e vendia-os no mercado negro. Com o advento de novas tecnologias as Tríades evoluíram para a produção de mercadorias de contrafacção, tais como relógios, CD de música e filmes em DVD, roupas e bolsas de marca.

Fraude dos cuidados de saúde

Em 2012, no Japão, quatro membros das Tríades foram apanhados a realizar operações relativas a fraude de cuidados de saúde.
 
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Os Rituais e Códigos de Conduta

Iniciação

Semelhante à Máfia Siciliana ou a Japonesa Yakuza, os membros da Tríade são sujeitos a cerimónias iniciáticas.

A cerimónia iniciática ocorre no altar dedicado a Guan Yu (general que serviu o senhor da guerra Liu Bei, no final da dinastia Han Oriental), com incenso e um sacrifício de animal (geralmente frango, porco ou cabra). Depois de beber uma mistura de vinho e sangue do animal, o membro irá passar por baixo de um arco de espadas enquanto recita juramentos da Tríade. O papel em que os juramentos são escritos será queimado sobre o altar para confirmar a obrigação do usuário para poder exercer as suas funções aos Deuses. Três dedos na mão esquerda, será levantado como um gesto de ligação.

36 Juramentos

A Triade iniciado é obrigado a aderir a "36 juramentos":

Depois de ter inserido os portões, Hung I deve tratar os pais e parentes de meus irmãos jurados como a minha própria família. Vou sofrer a morte de cinco raios, se eu não manter esse juramento.

Vou ajudar meus irmãos jurados para enterrar seus pais e irmãos, oferecendo assistência financeira ou física. Devo ser morto por cinco raios se eu fingir que não tenho conhecimento de seus problemas.

Quando os irmãos Hung visitarem a minha casa, vou dar-lhes alimentação e alojamento. Devo ser morto por miríades de facas se eu tratar os meus irmãos como estranhos.

Eu sempre vou reconhecer os meus irmãos Hung quando eles se identificam. Se eu ignorá-los vou ser morto por miríades de espadas.

Eu não devo divulgar os segredos da família Hung, nem mesmo para os meus pais, irmãos ou esposa. Eu nunca devo divulgar os segredos por dinheiro. Eu vou ser morto por miríades de espadas se eu fizer isso.

Nunca vou trair meus irmãos jurados. Se por um mal-entendido, eu causei a prisão de um dos meus irmãos eu devo libertá-lo imediatamente. Se eu quebrar este juramento vou ser morto por cinco raios.

Vou oferecer assistência financeira aos irmãos jurados que estão com problemas, a fim de que eles podem pagar a sua taxa de passagem, etc. Se eu quebrar este juramento vou ser morto por cinco raios.

Eu nunca devo causar danos ou trazer problemas para os meus irmãos jurados ou ao Mestre do incenso. Se eu fizer isso vou ser morto por miríades de espadas.

Eu nunca devo cometer agressões indecentes sobre as esposas, irmãs ou filhas, dos meus irmãos jurados. Devo ser morto por cinco raios se eu quebrar este juramento.

Eu nunca devo desviar dinheiro ou bens de meus irmãos jurados. Se eu quebrar este juramento vou ser morto por miríades de espadas.

Eu vou cuidar bem das esposas ou filhos de irmãos jurados confiados à minha guarda. Senão vou ser morto por cinco raios.

Se eu tiver fornecido informações falsas sobre mim com o propósito de unir a Família Hung I devo ser morto por cinco raios.

Se eu mudar minha mente e negar a minha adesão à Família Hung I serei morto por miríades de espadas.

Se eu roubar um irmão jurado ou ajudar uma pessoa de fora a fazer isso, eu vou ser morto por cinco raios.

Se eu tirar vantagem de um irmão jurado ou forçar promoções comerciais desleais com ele, eu vou ser morto por miríades de espadas.

Se eu conscientemente converter dinheiro ou bens do meu irmão jurado para meu próprio uso, devo ser morto por cinco raios.

Se eu tomar indevidamente dinheiro ou a propriedade de um irmão jurado durante um assalto, devo devolvê-los a ele. Senão vou ser morto por cinco raios.

Se eu for preso depois de cometer um delito, devo aceitar o meu castigo e não tentar colocar a culpa nos meus irmãos jurados. Se eu fizer isso vou ser morto por cinco raios.

Se algum dos meus irmãos jurados são mortos ou presos, ou já partiram para algum outro lugar, eu vou ajudar suas esposas e crianças que podem ter necessidades. Se eu fingir que não tenho conhecimento de suas dificuldades serei morto por cinco raios.

Quando um dos meus irmãos jurados for assaltados ou culpado por outros, eu tenho que vir para a frente e ajudá-lo se ele está certo ou aconselhá-lo a desistir se ele está errado. Se ele tem sido repetidamente insultado por outros que devem informar os nossos outros irmãos e organizar para ajudá-lo fisicamente ou financeiramente. Se eu não cumprir este juramento vou ser morto por cinco raios.

Se eu tiver conhecimento que o Governo está a procurar qualquer um dos meus irmãos jurados que vêm de outras províncias ou do exterior, eu devo informá-lo imediatamente, a fim de que ele pode fazer a sua fuga. Se eu quebrar este juramento vou ser morto por cinco raios.

Eu não devo conspirar com pessoas de fora para enganar meus irmãos jurados no jogo. Se eu fizer isso vou ser morto por miríades de espadas.

Eu não devo provocar a discórdia entre os meus irmãos jurados, espalhando falsos boatos sobre qualquer um deles. Se eu fizer isso vou ser morto por miríades de espadas.

Não vou nomear-me como Mestre do incenso sem autoridade. Depois de introduzir os portões Hung por três anos, os leais e fiéis podem ser promovidos pelo Mestre Incenso com o apoio de seus irmãos jurados. Devo ser morto por cinco raios se eu fizer alguma promoção não autorizada.

Se meus irmãos naturais estão envolvidos em alguma disputa ou acção judicial com os meus irmãos jurados não devo ajudar qualquer uma das partes contra a outra, mas deve tentar que o assunto seja resolvido amigavelmente. Se eu quebrar este juramento vou ser morto por cinco raios.

Depois de introduzir os portões Hung, devo esquecer quaisquer ressentimentos anteriores para que possa ser suportado pelos meus irmãos jurados. Se eu não fizer isso vou ser morto por cinco raios.

Eu não devo invadir sobre o território ocupado pelos meus irmãos jurados. Devo ser morto por cinco raios se eu fingir que não tenho conhecimento dos direitos dos meus irmãos em tais assuntos.

Eu não devo cobiçar quaisquer bens ou dinheiro obtido por meus irmãos jurados. Se eu tiver essas ideias, vou ser morto.

Eu não devo revelar qualquer endereço onde os meus irmãos jurados mantêm seus bens, nem devo conspirar para fazer mau uso de tais conhecimentos. Se eu fizer isso vou ser morto por miríades de espadas.

Eu não devo dar apoio a pessoas de fora, se fizer é contra os interesses de qualquer dos meus irmãos jurados. Se eu não cumprir este juramento vou ser morto por miríades de espadas.

Eu não devo tirar proveito da Irmandade Hung para oprimir ou aproveitar violento ou irracional dos outros. Tenho que me contentar e ser honesto. Se eu quebrar este juramento vou ser morto por cinco raios.

Devo ser morto por cinco raios se eu comportar indecentemente para com as crianças de pequenas de famílias dos meus irmãos juramentados.

Se algum dos meus irmãos jurados cometeu uma grande ofensa não devo informar sobre eles ao Governo para efeitos de obtenção de uma recompensa. Devo ser morto por cinco raios se eu quebrar este juramento.

Não deve tomar a mim mesmo as esposas e concubinas de meus irmãos jurados, nem cometer adultério com eles. Se eu fizer isso vou ser morto por miríades de espadas.

Nunca devo revelar segredos ou sinais Hung ao falar com estranhos. Se eu fizer isso vou ser morto por miríades de espadas.

Depois de entrar nos portões Hung, serei leal e fiel e envidarei esforços para derrubar Ch'ing e restaurar Ming, por coordenar os meus esforços com os dos meus irmãos juramentados, mesmo que meus irmãos e eu não podem estar nas mesmas profissões. Nosso objectivo comum é para vingar nossos Cinco Ancestrais.
 

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Estrutura Organizacional Tradicional das Tríades

As Tríades usam códigos numéricos para distinguir entre classes e posições dentro do grupo; os números são inspirados pela numerologia chinesa baseada no I Ching:
- "489" refere-se ao Chefe das Tríades: "Montanha" ou "Mestre Dragão" (Cabeça de Dragão);
- “438” é usado para o Líder Adjunto "Adjunto Mestre da Montanha";
- "432" indica o Chinelo "Relações Públicas", funciona como um elo de ligação entre as diferentes unidades;
- "426" refere-se a um "comandante militar", também conhecida como a "Pole Red", supervisionando as operações defensivas e ofensivas;
- "49 " denota a posição de "soldado" ou membro.
- "415" fornece aconselhamento financeiro e de negócios;
- "25" refere-se a um agente policial à paisana ou espião de outra Tríade, e tornou-se popularmente usado em Hong Kong como uma gíria para "dedo-duro", ou seja informante. São marcados para serem executados.
Por fim, temos as "Lanternas Azuis" que são membros não-iniciados, o equivalente a associados da Máfia, e como tal, não tem uma designação de número.
 

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Yakuza: A Máfia Japonesa

As origens

A Yakuza, também conhecida como gokudō, são uma das sociedades criminosas mais poderosas do mundo. Originária do Japão, a polícia japonesa e a imprensa chamam-na de bōryokudan "grupo de violência", enquanto os membros da Yakuza chamam a si mesmos de ninkyō dantai, "Organização Cavalheiresca".
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As origens da Yakuza então envoltas em mistério. Geralmente, o nome Yakuza não é usado até ao início do século XX. O seu nome deriva aparentemente da perda no jogo Oicho-Kabu (a versão japonesa do Blackjack). Essa pontuação 8-9-3 pronuncia-se foneticamente ya-ku-za. A sua adopção por mafiosos japoneses sugere uma imagem de rejeitados ou excluídos da sociedade. Em calão legal japonês os gangues criminosos chamam-se Boryokudan (grupos de violência).

História da Yakuza

No século XVII, o primeiro Xogum, Tokugawa Leyasu, unificou o Japão, após séculos de guerra civil. Milhares de guerreiros samurais que ficaram desempregados percorreram o campo, ganhando a reputação de "Kabuki Mono" (loucos) pela roupa vistosa e violência impulsiva. Em auto defesa, cidadãos respeitadores da lei organizaram-se como vigilantes ao serviço da cidade para afugentar os gangues samurais. Os membros modernos da Yakuza são descendentes desses samurais, bem como dos Bakutos (jogadores profissionais) e dos Tekiya (vendedores de rua, com licença do governo para terem espadas).

Os Samurais

Os samurais eram muito rígidos moralmente, tanto que se o seu nome fosse desonrado, ele executaria o «seppuku», pois no seu código de ética era preferível morrer com honra a viver sem a mesma.
[video=youtube_share;hcO4MMzdYE8]http://youtu.be/hcO4MMzdYE8[/video]
Seppuku é o nome dado ao suicídio honrado de um samurai que usa uma tanto (espada curta) e com
ela enfia no estômago e puxa-a para cima eviscerando-o. Terminado o corte, o Kaishakunin realizava
a sua função no ritual, a decapitação. Uma morte dolorosa e honrada.

Inicialmente, os samurais eram apenas colectores de impostos e servidores civis do império. Era preciso homens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e muitas vezes ir contra a vontade dos camponeses. Posteriormente, por volta do século X, foi oficializado o termo "Samurai", e este ganhou uma série de novas funções, como a militar.
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Nessa época, qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar-se no Kobudo (artes marciais samurais), manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Assim foi até ao xogunato dos Tokugawa, iniciado em 1603, quando a classe dos samurais passou a ser uma casta. Assim, o título de "Samurai" começou a ser passado de pai para filho.
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Pelo fim da Era Tokugawa, os samurais eram burocratas aristocráticos ao serviço dos Daimiô, com as suas espadas servindo para fins cerimoniais. Com as reformas da Era Meiji, no final do século XIX, a classe dos samurais foi abolida e foi estabelecido um exército nacional ao estilo ocidental. O rígido código samurai, chamado Bushido, ainda sobrevive, no entanto, na actual sociedade japonesa, tal como muitos outros aspectos do seu modo de vida. Os Samurais, como classe social, deixaram de existir em 1868, com a restauração Meiji, quando o imperador do Japão retomou o poder do país. Seu legado continua até aos nossos dias, influenciando não apenas a sociedade japonesa, mas também o ocidente.

Yakuza após a Restauração Meiji (1868)

Após a Restauração Meiji (1868), os membros da Yakuza dominavam grupos ultranacionalistas como a Sociedade Dragão Negro e Sociedade Oceano Negro, que promoviam expansões militaristas e matavam oponentes das ambições do Japão imperial. Esse movimento por sua vez impulsionou o Japão para a Segunda Guerra Mundial. Na derrota, Yakuza provou-se versátil, aliando-se com as forças de ocupação norte-americanas e a nova CIA para reprimir movimentos esquerdistas e uniões de trabalhadores no Japão pós-guerra. Em troca desses serviços, a Yakuza teve licença virtual para roubar, tal como a Máfia Italiana. Os líderes da Yakuza controlavam os mercados e portos do Japão pós-guerra, expandindo-se para muitos outros negócios ilícitos.
 
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Actividades Criminosas da Yakuza

Muitos sindicatos Yakuza, com destaque para o Yamaguchi-gumi, oficialmente proíbe seus membros de se envolverem em tráfico de drogas, enquanto alguns sindicatos, como o Dojin-kai, envolvem-se bastante com isto.
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Nos Estados Unidos, a actividade da Yakuza está mais concentrada no Havaí, mas também marcam presença noutras partes do país, especialmente em Los Angeles e na Baía de São Francisco, bem como Fresno, Raleigh, Houston, Oregon, Denver, Chicago, e Nova Iorque.

No Havaí, os membros da Yakuza são dificilmente detectados pelas autoridades americanas, devido à facilidade destes em misturar-se com a população local, graças à presença de turistas do Japão que visitam as ilhas com visto. Além disso, no Havaí, existe uma grande comunidade residente japonesa. No meio dessa comunidade japonesa, os membros da Yakuza trabalham com os gangues locais, encaminhando os turistas japoneses para casas de jogos e bordeis. Consta-se que o Havaí é usado como intermediário pela Yakuza para exportar anfetaminas do Japão para os Estados Unidos. Dos Estados Unidos para o Japão é o tráfico de armas. O FBI suspeita que a Yakuza usa várias operações para lavar dinheiro nos Estados Unidos.

Na Califórnia, a Yakuza fez alianças com gangues locais de vietnamitas e coreanos, bem como da Tríade Chinesa, que tem relações com vietnamitas. A Yakuza tem preferência em manter relações com os gangues vietnamitas, por já ter apreciado o seu potencial extremamente violento: a Yakuza observou os constantes tiroteios em cafés e invasões ao domicílio, na década de 1980 e princípios de 1990.
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Os gângsteres vietnamitas também não são tão imprudentes ou facilmente capturados como outros gangues étnicas da região, o que atrai a Yakuza. Na cidade de Nova Iorque, já foram vistos a cobrar taxas de corretagem de mafiosos e homens de negócios americanos para guiar turistas japoneses para estabelecimentos de jogos de azar, tanto legais quanto ilegais.

Revólveres fabricados nos Estados Unidos contribuem por uma grande fatia dos revólveres apreendidos no Japão (33%), seguido por China (16%) e Filipinas (10%).
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Em 1990, um revólver Smith & Wesson calibre.38 que custa 275 dólares nos Estados Unidos poderia ser vendido por 4000 dólares em Tóquio.
Em 1997 seria vendido por apenas 500 dólares, devido à proliferação de armas no Japão durante a década de 1990.

Alguns grupos Yakuza são conhecidos por lidar com tráfico humano. As Filipinas, por exemplo, são uma fonte de jovens mulheres. A Yakuza convence jovens mulheres de vilas pobres a virem para o Japão, onde elas teriam empregos respeitáveis com bons salários. Mas quando chegam, elas são forçadas a se tornarem prostitutas e strippers.
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A Yakuza possui forte controle sobre a indústria pornográfica japonesa, incluindo a pornografia infantil. Além disso, têm grande participação em esquemas de tráfico sexual e contrabando de armas de fogo, entre muitas outras práticas ilegais de todos os tipos. A cidade de Los Angeles, na Califórnia, é particularmente atraente para os mafiosos japoneses por conta do grande fluxo de jovens actrizes. Desesperadas para terem oportunidade de entrar na indústria cinematográfica, tornam-se alvos fáceis para uso em filmes pornográficos e esquemas de prostituição. As mulheres do mundo Ocidental, especialmente as loiras, são consideradas extremamente atraentes para muitos homens japoneses.

A Yakuza dedica-se a várias actividades criminosas, como extorsão, prostituição, mercado de narcóticos, lavagem de dinheiro, etc.
Lucros criminosos são reinvestidos em imóveis, acções, jogo legal, e outras actividades da indústria do entretenimento.

Uma forma de extorsão praticada pela Yakuza é o Sokaiya, que envolve thugs que compram pequenas quantidades de acções ganhando assim o direito de irem às reuniões de empresas, pedindo depois pagamentos em dinheiro para absterem de surtos violento durante as reuniões. Chantagem é outro assunto da Yakuza, tendo como alvo os homens de negócios ricos ou figuras públicas. Chantagistas jiageya subornam ou aterrorizam pequenos latifundiários para que estes vendam as suas parcelas baratas, depois apostam os saques assim obtidos em negócios lucrativos ou usam-nos como colateral para grandes empréstimos que nunca irão pagar. Os bancários honestos que resistem a estas tácticas são também chantageados ou assassinados.
 
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Hierarquia Yakuza

Na hierarquia Yakusa, o Oyabun manda como autoridade suprema sobre todos os subordinados conhecidos como filhos (Kobun), com posições diferentes atribuídas em ordem decrescente de autoridade. Abaixo do Oyabun, há três oficiais que gerem os negócios da Família. O Saiko Komon (Conselheiro-Mor) que supervisiona o Kaikei do gangue (Contabilista), Komon (Conselheiro) e Kumicho Hisho (Secretário). Entretanto, o Waka Gashira (Homem nº 2) e o Shatei Gashira (Homem nº 3) dividem a responsabilidade das acções dos vários Shatei (Chefes-Mor). O Shatei, por sua vez, lida com o Wakashu (Chefe Júnior), que por sua vez controla a posição dos membros da Yakuza.
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Apesar de terem já passado séculos, as actividades internas da Yakuza permanecem muito ligadas a rituais.

As cerimónias de iniciação incluem troca de copos de sake com a quantidade de licor invertido em cada um estritamente controlado para simbolizar a posição do bebedor relativamente aos companheiros participantes.
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Os membros da Yakuza têm orgulho nas tatuagens de corpo inteiro, inscritas na
sua pele com ferramentas de bambu tradicionais e muito dolorosas. Completar
uma tatuagem enorme dessas pode demorar cerca de 100 horas, testemunhando
a coragem e a resistência de um gângster.
Um membro da Yakuza que ofende
os seus superiores terá de reparar o seu erro através de «yubitsume», ritual auto-
-mutilador que envolve cortar dedos.

Uma sondagem revelou em 1993 que 43% dos membros da Yakuza tinham pelo menos um dedo a menos, enquanto 5% tinham já feito «yubitsume» mais de uma vez. Em casos extremos, os membros da Yakuza penitentes pagam as suas ofensas via «seppuku», ritual de suicídio por esventramento. Ao contrário da Máfia Siciliana que em tempos não aceitava ninguém que não fosse italiano ou seu descendente, a Yakuza aceita os excluídos da sociedade japonesa: coreanos «zainichi», cerca de 10% dos gangues japoneses; e mestiços burakumin (intocáveis).

As Principais Famílias Yakuza:

Yamaguchi-gumi: Criada em 1915 é a maior família da Yakuza, tem mais de 40.000 membros e é dividida em 750 clãs.

Sumiyoshi-rengo: É a segunda maior família da Yakuza, com mais de 10.000 membros divididos em 177 clãs. É inimiga da Yamaguchi-gumi.

Inagawa-kaï: É a terceira maior família da Yakuza, tem mais de 7000 membros e é dividida em 177 clãs. Foi a primeira Yakuza a operar fora e dentro do Japão.

Towa Yuai Jigyo Kumiai, às vezes chamada de Towa-kai: É a quarta maior família da Yakuza, tem mais de 1000 membros e é dividida em 6 clãs. Foi a primeira Yakuza japonesa a ser criada na Coreia.

Actualmente, a Yakuza emprega mais de 100.000 pessoas, o que a torna uma das maiores organizações criminosas conhecidas no mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, o total de membros chegou a impressionantes 184.000 membros, o que representa mais da metade da força policial japonesa, que em 2010 contava com 291.475 homens.
 
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A Imagem da Yakuza na Sociedada Japonesa

A Yakuza é considerada uma organização semilegal.

Por exemplo, imediatamente após o Terramoto de Kobe, uma das famílias da Yakuza, o Yamaguchi-gumi, cuja sede é em Kobe, mobilizou-se para fornecer serviços de ajuda, incluindo o uso de um helicóptero, e essa atitude foi amplamente noticiado pelos meios de comunicação social japoneses. A sua resposta de emergência foi muito mais rápida do que o Governo japonês.

A Yakuza repetiu seu auxílio após o terramoto e Tsunami em Tohoku, em 11 de Março de 2011, com grupos abrindo seus escritórios para receber refugiados e enviando centenas de camiões cheios de comida, água, cobertores e acessórios sanitários, para ajudar as pessoas nas áreas afectadas pelo desastre natural.

Tais acções da Yakuza são um resultado de seu conhecimento sobre como é cuidar de si mesmo, sem qualquer auxílio do governo ou apoio da comunidade, porque eles também são considerado párias e abandonados pela sociedade. Além disso, o código de honra da Yakuza (Ninkyo) valoriza a justiça e a honra acima de tudo e proíbe permitir o sofrimento aos outros.

Devido à sua história como uma organização feudal legítima e sua ligação aos políticos japoneses, através do uyoku (grupos políticos de extrema direita), a Yakuza faz parte das instituições japonesas, com seis revistas relatando as suas actividades.
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Uyoku são grupos políticos de extrema direita japonesa.

Na década de 1980, na província de Fukuoka, uma guerra Yakuza saiu fora do controle e feriram civis. Foi um grande conflito entre o Yamaguchi-gumi e o Dojin-kai, chamado de Guerra Yama-Michi. A polícia interveio e forçou os chefes dos dois lados a declararem uma trégua em público.
 

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Narcotráfico da América Latina

As drogas são o alicerce e o pilar do crime organizado na América Latina. Os seus principais negócios ilegais giram à volta do tráfico global de cocaína, marijuana e heroína. Entre os seus grandes cartéis de narcotráfico, destacam-se os cartéis do México e da Colômbia.

Um dos negócios ilícitos mais lucrativos do mundo é o tráfico de drogas, ou narcotráfico. Seus lucros estão estimados em mais de 3,5 biliões de dólares, constituindo um dos sustentáculos da economia nos países andinos. O narcotráfico apresenta uma infraestrutura sofisticada, possuindo desde laboratórios e armazéns até aeroportos, tudo comandado por grupos fortemente armados.

A Colômbia é o principal centro de comando do narcotráfico da América Latina e Caribe, com importantes ramificações pelo Peru, Bolívia, Panamá e Brasil. Concentra-se na Colômbia, Peru e Bolívia o cultivo da coca, planta a partir da qual se produz a cocaína e o craque. Nessa região, também é crescente a produção de papoila, planta a partir da qual se produz o ópio e a heroína.

A segunda região de destaque na produção internacional de drogas é o continente asiático, em países como Afeganistão, Irão, Paquistão, Mianmar, Tailândia e Laos, onde o cultivo da papoila destina-se à produção de ópio e heroína. A Índia, o Nepal, o Marrocos e a Jamaica lideram a produção de haxixe.

A produção de maconha encontra-se distribuída por vários continentes, tendo como principais produtores: Tailândia, Quénia, Gana, África do Sul, Nigéria, Paraguai e Colômbia. Essa é a droga mais cultivada no Brasil. Os principais mercados consumidores são os países da Europa Ocidental e Estados Unidos.

O dinheiro sujo e proibido arrecadado pelo tráfico de drogas é lavado em diversos países e possessões, que funcionam como centros de lavagem de dinheiro. Destacam-se nesta categoria: Panamá, Ilhas Caimão, Venezuela, Brasil, México, Canadá, Estados Unidos, Nigéria, Ilhas Maurícias, Hong Kong, Indonésia, Tailândia, Reino Unido, Suíça, Itália, Áustria e Alemanha. Alguns desses territórios são conhecidos como "paraísos fiscais".

O combate ao tráfico de drogas é bastante dificultado, uma vez que o negócio é altamente lucrativo e muitas vezes liderado por pessoas de expressiva influência na política interna de diversos países do mundo. Na Colômbia, caracterizada por seus altos níveis de corrupção, campanhas políticas e pessoas do poder judiciário, são financiadas com recursos oriundos do narcotráfico. Na Ásia, os governos ditatoriais do Mianmar são parcialmente financiados pelo tráfico de heroína. No México e no Brasil, o envolvimento de políticos com o narcotráfico é frequente.

Autor: Paulo Magno da Costa Torres.
 
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Guerra Civil na Colômbia

A Guerra Civil da Colômbia, um dos conflitos mais antigos da América Latina, surgiu em 1964, entre as forças conservadoras e as socialistas, pela disputa do poder no país, provocando uma guerra problemática sem solução definitiva, reflectindo até hoje no cenário político do país.

Nos anos 60, ex-combatentes liberais colombianos fundaram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, popularmente conhecida como FARC-EP, sob a liderança de Manuel Marulanda, para lutar pela criação de um Estado marxista. A FARC-EP surgiu em 1964, quando um grupo de proprietários rurais rebeldes influenciados pelo sucesso de Fidel Castro começou a ganhar proporção. Os Estados Unidos, que passavam pelo momento da Guerra Fria, pressionaram o Exército Colombiano para eliminar o grupo, porém os rebeldes reagiram e o pequeno sitiante Manuel Marulanda Vélez, apelidado "Tirofijo", criou o movimento revolucionário.
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A sua origem aconteceu quando grupos de guerrilhas liberais, da guerra civil entre os partidos liberal e conservador que decorreu entre 1948 e 1958, decepcionados com a liderança do Partido Liberal se voltaram para o comunismo. As FARC-EP são a maior e a mais antiga organização rebelde da Colômbia.
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Outro grupo de esquerda, o guevarista Exército de Libertação Nacional (ELN) se juntou às FARC-EP pelo mesmo ideal marxista. Segundo maior grupo rebelde da Colômbia, foi fundado em 1965 por Fabio Vasquez Castano, inspirado pela experiência bem-sucedida da Revolução Cubana de Fidel Castro. Numa sociedade como a colombiana onde as desigualdades sociais se fazem sentir de forma gritante, este movimento atraiu desde o seu início vários padres católicos, inspirados pela Teologia da Libertação, que defende uma sociedade mais justa e igual.

A Teologia da Libertação engloba várias correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustiças condições económicas, políticas ou sociais. Descrita pelos seus proponentes como reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas outros a descrevem como marxismo, relativismo e materialismo cristianizado.

Em 1968 foi criada uma lei para a criação de um exército de direita para combater os guerrilheiros de inspiração marxista da Colômbia, representados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e pelo Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN). Com o passar do tempo, esse exército que teoricamente seria controlado pelo Estado, saiu do controle nacional e passou a ser uma organização paramilitar terrorista e de extrema-direita, fundando as Autodefesas Unidas de Colômbia (AUC) em 1997.
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Com a desmobilização das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) em meados de 2006, os chamados grupos emergentes na Colômbia (BACRIM) recuperaram o controlo de todas as actividades criminosas deixadas pelo grupo paramilitar e por vários traficantes de drogas. A formação destas organizações insurgentes provocou centenas de vítimas e tem desestabilizado diversos sectores comerciais. Com a criação de grupos terroristas e tráfico de drogas, criou-se um verdadeiro caos na Colômbia: dois grupos terroristas extremamente violentos lutando cada um por seu ideal, seja marxista ou conservadorista. Outro grande problema preocupante é que a partir dos anos 80, a guerra civil colombiana tornou-se extremamente ligada ao tráfico de drogas internacional, pois as FARC-EP e o ELN financiavam os custos de guerra através do tráfico de drogas e do rapto de civis, fazendo também com que a violência no país matasse cerca de 30.000 pessoas desde os anos 60. Diversas tentativas de acordos de paz e negociações por parte do governo foram fracassadas. As FARC-EP reclamavam da falta de acção do governo para conter os paramilitares direitistas (AUC). No ano de 2000, os Estados Unidos forneceram cerca de 1,3 bilião de dólares em ajuda financeira para os programas antidroga da Colômbia, porém até hoje a situação colombiana ainda não está resolvida.
 
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Narcotráfico na Colômbia

Os Estados Unidos e alguns países europeus forneceram ajuda ao governo colombiano através de meios logísticos e financeiros para implementar planos que permitam combater o tráfico de drogas. O programa mais notável tem sido o polémico "Plano Colômbia", no qual também está destinado a combater os grupos armados ilegais qualificados por estes países como terroristas, entre eles paramilitares e guerrilheiros, que na década de 1980 começaram a financiar suas actividades com o narcotráfico.
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O Plano Colômbia, criado pelo Estados Unidos em 2000, destina-se oficialmente a combater a produção e o tráfico de cocaína na Colômbia, porém tem o também propósito de desestruturar as guerrilhas de esquerda, como as FARC, com ajuda financeira e militar dos Estados Unidos ao governo colombiano. O plano recebeu várias críticas e elogios ao longo do tempo. Se por um lado, ajudou a fortalecer o governo colombiano e suas forças armadas, aumentando a paz dentro do território nacional, alguns criticam essa eficiência. Uma das questões mais criticadas foi a fumigação das plantações de coca que acabaram também infectando o solo e até atingindo outras plantações, colocando em risco a vida de milhares de consumidores e arruinando negócios de pequenos produtores. Até 2008, os Estados Unidos transferiram cerca de 1,3 bilião de dólares à Colômbia através deste plano. Apesar deste programa, a Colômbia segue sendo o líder mundial em produção de cocaína, com aproximadamente, 70% da distribuição total do mundo e 90% do processamento, segundo fontes do Departamento de Estado dos Estados Unidos, em 2004.
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Mapa da DEA que mostra o fluxo de heroína e dinheiro entre a
Colômbia e os Estados Unidos.

A produção de drogas na Colômbia para exportação teve início com a marijuana na década de 1960, seguida pela cocaína, em meados da década de 1970. Os Estados Unidos intervieram na Colômbia ao longo deste período, na tentativa de cortar o fornecimento dessas drogas para o território norte-americano. Durante os anos 1980, com o aumento da demanda, os cartéis se expandiram e organizaram-se em grupos criminosos maiores geralmente liderados por um ou mais chefes. Algumas dessas organizações criminosas empreenderam guerras contra o Estado Colombiano para tentar evitar tratados de extradição com os Estados Unidos e cometeram actos terroristas contra civis, actos que se estenderiam com a guerra entre cartéis. Já nas décadas de 1990 e 2000, vários destes cartéis consolidaram uma infiltração nas instituições do Estado e ao mesmo tempo consolidam alianças com grupos fora da lei, incluindo guerrilheiros e paramilitares.
 

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Cartel Cali (1970-1996)

O Cartel Cali foi fundado pelos irmãos Gilberto e Miguel Rodriguez Orejuela, com os camaradas Helmer "Pancho" Herrera e José Satancruz Londono. Operava um monopólio vertical de produção de cocaína, comprando primeiro folhas de coca aos agricultores na Colômbia, Bolívia e Peru, transformando-as depois em cocaína em pó, enviando o produto final pelo México para os Estados Unidos com uma frota de Boeing 727. À chegada, as drogas eram vendidas por grosso a vários sindicatos do crime americanos, incluindo a Máfia Americana e vários concorrentes.

Nos anos 80, o Cartel Cali enfrentou uma forte e muitas vezes brutal competição com o Cartel Medellín liderado por Pablo Escobar. Os empresários do Cali reforçaram as suas posições com os Los Pepes, um grupo de vigilantes contratados para assassinarem os membros do Cartel Medellín em nome do combate ao invasor comércio de cocaína colombiana.
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De acordo com a DEA, o Cartel Cali exportou 80% da cocaína para os Estados Unidos, uma média de 400 a 650 toneladas por ano. Os irmãos Rodriguez especializaram-se em supervisionar operações de transporte, enquanto Londres estabelecia os contactos para venda nos Estados Unidos e noutros locais.

No início dos anos 90, a cocaína de Cali estava também a invadir a Europa. Durante o ano de 1992, as grandes apreensões ocorreram na República Checa, Hungria e Polónia. Outro carregamento do Cartel Cali para a Rússia em 1993 tinha 1,1 tonelada de cocaína escondida em latas de carne de vaca picada. O Presidente dos E.U.A. Bill Clinton coordenou um grande ataque na Colômbia contra os maiores cartéis de droga em 1993-1995, estimulado pelo assassínio do jornalista Manuel de Dios em Nova Iorque, em Março de 1992.
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Manuel de Dios Unanue (1943-1992), jornalista cubano, ex-editor-chefe do El Diario La Prensa, de Nova Iorque, o maior jornal diário em língua espanhola, apresentador de rádio, lutador contra os cartéis da droga, foi assassinado no dia 11 de Março de 1992, por um assaltante identificado como Alejandro Wilson Mejia-Velez, supostamente agindo sob as ordens dadas pelo Cartel Cali do chefe José Santacruz Londoño. O assassinato de Dios foi considerado o primeiro de um jornalista morto por traficantes de drogas colombianos nos Estados Unidos. A polícia prendeu o conspirador John Mena, que admitiu que o assassinato havia sido planeado pelos líderes do Cartel Cali para silenciarem o criticismo público do seu grupo.

Apesar de muitas vezes frustrante, a campanha antidrogas de Bill Clinton teve algum sucesso. Em Fevereiro de 1998, o administrador da DEA, Thomas Constantine, disse ao Senado dos E.U.A. que todos os grandes líderes do Cartel Cali estavam presos ou mortos. Ao mesmo tempo, agências governamentais afirmavam que o consumo americano de cocaína tinha diminuído dramaticamente. Ainda assim, o tráfico prossegue com novos contrabandistas e reis do crime sempre prontos a tomar o lugar do anterior.
 
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Cartel Medellín (1978-1993)

O Cartel de Medellín, rede de traficantes de drogas muito bem organizada, originária da cidade de Medellín, na Colômbia, operou não só na Colômbia, como também noutros países como Bolívia, Peru, Honduras, Estados Unidos, bem como no Canadá e na Europa durante a década de 1970 e a década de 1980. Estima-se que o Cartel Medellín chegou a facturar cerca de 60 milhões de dólares por mês e tinha cerca de 28 biliões de dólares no total.
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O Cartel de Medellín foi fundado e dirigido pelos irmãos Ochoa Vázquez, Jorge Luis, Juan David, e Fábio, juntamente com Pablo Escobar. Era responsável pela maior parte das exportações de drogas para o México, Porto Rico e Republica Dominicana. Outras figuras notáveis envolvidas no Cartel Medellín, incluem a Família Ochoa, Carlos Lehder e George Jung. Havia um conflito permanente com o Cartel de Cali, e a partir da década de 1980, com o governo colombiano. O Cartel Medellín perdeu muito de sua força e influência após a captura e morte de muitos de seus líderes, o que o levou a desaparecer enquanto entidade unificada, mas muitos de seus associados sobreviventes e antigos membros ainda continuam activos no mundo das drogas.
 
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