A Polícia Judiciária vai então requerer o interrogatório dos amigos do casal e a apreensão de diversos elementos e objectos. Um deles é o diário pessoal de Kate McCann, escrito após o desaparecimento da criança e já fotografado e anexado ao processo. O original é considerado fundamental e a diligência já foi autorizada pelo juiz em Setembro. No entanto, o pedido só agora é que segue para Inglaterra.
As cartas rogatórias podem então ser executadas nas próximas semanas e serão acompanhadas pelas autoridades portuguesas. Depois disso as autoridades irão avaliar se vale ou não a pena voltar a interrogar os McCann, ouvidos como arguidos nos primeiros dias de Setembro.
O processo não sairá da PJ enquanto estas diligências não estiverem concluídas, o que indicia então que os prazos do mesmo serão alargados.
O CM sabe que, hoje, o Ministério Público vai entrar com um requerimento de prorrogação do prazo para a investigação, devendo alegar que a ‘abertura’ do mesmo nesta fase põe em risco o sucesso das diligências.
PROCESSO DEMORADO
O pedido de cartas rogatórias já foi feito em Setembro, ao Ministério Público de Portimão. O procurador enviou o pedido de diligências para o juiz Pedro Frias, que as autorizou imediatamente.
No entanto, as mesmas nunca chegaram a ser executadas. Porque se trata de um processo moroso, que exige traduções sofisticadas e acertos com a legislação inglesa.
Recorde-se também que esse pedido já incluía, à data, a apreensão do diário da mãe de Maddie. Um documento que, segundo o CM já noticiou, foi encontrado pela PJ na casa arrendada pelos McCann e onde, entre outras coisas, Kate se queixava de que os filhos são histéricos. Kate já revelava cansaço pelo acompanhamento diário dos filhos, queixando-se também que o marido não a auxiliaria tanto como devia.
Além do diário de Kate, as autoridades poderão ainda apreender o ‘peluche’ usado pela criança, onde os cães ingleses detectaram cheiro de cadáver.
Estas diligências internacionais seguem agora via Eurojust e podem estar concluídas em breve. Nessa altura a PJ poderá fazer um balanço da investigação, enviando ao Ministério Público o levantamento de todas as provas recolhidas. Que poderão levar à acusação dos pais da menina pelos crimes de homicídio por negligência, ocultação de cadáver e simulação de crime.
JUIZ RECUSOU ACESSO
O juiz Pedro Frias recusou o acesso ao processo aos advogados de defesa dos arguidos. Os requerimentos foram feitos em Outubro, altura em que fez seis meses que a criança desapareceu da Praia da Luz. O magistrado entendeu então que o levantamento do segredo de justiça poderia prejudicar a investigação, tendo determinado que a mesma se mantinha secreta. Hoje, dia em que faz oito meses sobre a data em que a menina desapareceu, a questão volta a colocar-se. Os advogados poderão renovar os requerimentos, o que pode vir novamente a ser recusado.
O CM sabe que o fundamento da primeira recusa teve também a ver com a exposição mediática do caso e a possibilidade de os factos serem conhecidos do grande público. Também está longe de ser líquido saber qual é o prazo que pode ser dado à investigação. A lei é recente nessa matéria e o entendimento não tem sido unânime. Há mesmo quem entenda que pode ser prolongado sucessivamente, até que a investigação entenda não ser mais necessário.
MURAT NÃO SAI DO PROCESSO
Robert Murat não vai ver as suspeitas que contra si recaem serem para já arquivadas. Oito meses depois de Maddie ter desaparecido do aldeamento da Praia da Luz, o britânico que residia nas imediações do local vai manter-se como arguido. O CM sabe que não haverá qualquer despacho intercalar a arquivar as suspeitas e a retirar-lhe a condição de arguido, por as autoridades entenderem que tal não é oportuno.
Aliás, as diligências que ainda decorrem são mesmo nesse sentido. Afastar definitivamente a hipótese de Robert Murat ter raptado a criança, confrontando as declarações dos amigos do casal, que nas primeiras horas não disseram suspeitar daquele indivíduo. As versões entretanto mudaram mas as autoridades irão fazer tudo para verificar a veracidade das ‘novas’ acusações.
PORMENORES
GANHAR DINHEIRO
Segundo revela o ‘Daily Express’, Robert Murat pretende, assim que deixar de ser arguido, ganhar pelo menos um milhão e quatrocentos mil euros indo à televisão e escrevendo um livro onde quer contar a sua história durante o processo do caso Maddie. O jornal britânico refere que a família de Murat quer “fazer dinheiro assim que ele seja declarado inocente para o compensar do pesadelo que tem vivido nos últimos meses”.
MAIS UM DETECTIVE
Noel Horgan, ex-polícia britânico, é a mais recente contratação dos McCann para rever todo o processo do caso Maddie. Horgan já fez centenas de entrevistas a testemunhas britânicas e está a ver os depoimentos frase a frase. Entre os inquiridos estão os sete amigos de Kate e Gerry com quem passavam férias na Aldeia da Luz, no Algarve.
Correio da Manhã