A Era dos Discos Voadores!
Embora houvesse algumas referências históricas dispersas e muitas vezes pouco definidas a discos ou objectos com a forma de discos vistos no céu, até 1947 não surgiu um padrão consistente. Antes desta data não houve registo de um único episódio que envolvesse observações em massa de objectos parecidos com discos. A origem da vaga de discos voadores de 1947 remonta à parte ocidental dos E.U.A, durante o Verão de 1947. A 24 de Junho em Boise, no Idaho, o empresário Kenneth Arnold voava no seu avião particular sobre as montanhas Cascade, no Estado de Washington, quando viu perto de Mount Rainer, 9 objectos brilhantes que voavam em formação como se fosse um bando de gansos. Durante 3 minutos observou os rápidos movimentos dos objectos. Quando mais tarde relatou o acontecimento, a utilização subsequente do termo «disco» recebeu uma intensa cobertura por parte dos meios de informação, e de um modo geral, foi responsável pelo impulso dado à enorme vaga de observações de discos voadores a nível mundial. Apesar desta abundância de relatos sobre discos, uma análise feita à conferência de imprensa original de Arnold, revela que ele descreveu os objectos como tendo a forma de um quarto crescente e só disse que se deslocavam como um disco o faria se lançado sobre a superfície da água. De modo diferente das vagas de observações anteriores, não houve relatos em massa sobre dirigíveis ou foguetões fantasmas. Condicionadas pelos meios de informação, imensas pessoas com atracção pelos discos voadores viam-nos em toda a parte.
No período após a Segunda Guerra Mundial até 1950, a maioria dos americanos acreditavam que os ovnis eram armas secretas dos E.U.A. ou de outros países: dos 94% de americanos inquiridos acerca dos discos voadores, 23% acreditavam que se tratava de material militar secreto. Apenas 5% dos americanos lhe atribuía a categoria de cometa, estrelas cadentes ou algo que vinha de outro planeta. No final de 1950, deixaram de ser considerados como armas secretas e passaram a ter uma explicação extraterrestre. Esse mudança de atitude deve-se à influência de livros populares e artigos de revistas a favor da hipótese extraterrestre:
- "The Flying Saucers are Real" (1950) - da autoria do Major da marinha reformado, Donald Keyhoe (obra muito bem aceite pelo público);
- "Behind the Flying Saucers" (1950) - de Frank Scully (afirmava que extraterrestres de um disco voador que se despenhara eram mantidos no interior de uma instalação militar secreta dos E.U.A. Este livro vendeu 60.000 exemplares);
- "The Riddle of the Flying Saucers: Is Another World Watching?" (1950) - de Gerald Heard (este declarou que as abelhas extraterrestres eram responsáveis pelos relatos sobre observações).
Em consequência do aparecimento destas obras e das frequentes noticias da imprensa acerca dos casos observados, em breve apareciam artigos de grande interesse popular: Life, Look, Time, Newsweek e Popular Science, onde era característico o realce que davam à hipótese extraterrestre. A partir de 1952 e até à actualidade, sob a influência do cinema e da televisão, a hipótese extraterrestre tornou-se a ideia dominante. Desde o momento em que o relato feito por Kenneth Arnold em 1947, desencadeou observações de discos voadores por todo o mundo, os indivíduos que declaram que viram objectos com a forma de discos nos céus, tem sido classificados de irracionais ou psicologicamente afectados, devido à natureza fantástica das suas declarações e dos estereótipos de tais testemunhas e não em resultado de uma avaliação directa do psiquiatra. Este estigma continuou apesar das sucessivas descobertas científicas realizadas para provarem a natureza não confiável da percepção humana. A grande maioria dos relatos sobre discos voadores fala de luzes nocturnas distantes, o que é fortemente susceptível de interpretações erradas de vulgares estímulos naturais ou feitos pelo homem como por exemplo: estrelas, planetas, aviões, satélites, etc.
Mas sem dúvida, numa pequena percentagem de casos, as teorias dominantes da psicologia social podem explicar enormes quantidades de observações como sendo um comportamento normal. Vários fenómenos atmosféricos também podem provocar interpretações erradas. Em determinadas circunstâncias, que não são raras, as estrelas e os planetas podem parecer que saltam, cintilam, vibram ou mudam de cor. Não tem nada a ver com a cultura geral da pessoas, pois as testemunhas pertencem a todos os estratos sociais. A persistência de tão divulgada crença nos extraterrestres e os relatos que supostamente confirmam a presença de veículos espaciais alienígenas coincide com a secularização da sociedade americana e das sociedades ocidentais em geral, e é também o seu reflexo. É como se muitas pessoas tentassem ressuscitar o poder e a função de Deus dentro de um contexto racionalista plausível. Desde 1947 que se formaram centenas de organizações ligadas ao fenómeno ovni. Os seus membros reúnem-se com regularidade para reforçarem as suas crenças e ouvir os depoimentos de testemunhas ou conferências pseudo-científicas, cujo significado é fornecer provas de visitas de extraterrestres. Se as provas forem vagas e não puderem ser verificadas pela comunidade científica em geral, as pessoas que fazem parte destas congregações são obrigadas a confiar na fé. Através da história, os profetas tem continuado a procurar visões no deserto e descrevem com fervor como foram recompensados pela pureza do seu carácter. Do mesmo modo, a clássica testemunha dos encontros com ovnis está quase sempre sozinha num local remoto e alega ter sido escolhida como intermediária, entre os seres de outro mundo e a humanidade, para entregar uma mensagem importante que tem de ser cumprida e que é muitas vezes tão arrebatada quando indescritível. O tema central dos encontros com extraterrestres é que eles estão de visita ao planeta Terra para salvar a humanidade de uma destruição nuclear, sobre a má utilização tecnológica, tal como a engenharia genética e o esgotamentos dos recursos naturais. Tal como os profetas do passado alertavam as pessoas para as profecias apocalípticas. Por vezes, os extraterrestres desempenham acções benevolentes como oferta de presentes ou do conhecimento do seu mundo utópico. Estas descrições de contactos com outros mundos tem mais em comum com as revelações bíblicas. Segundo outros registos, os extraterrestres tem poderes curativos: curam doenças crónicas, cancros, pernas e braços partidos, doenças de rins, dores de ouvidos, miopia, reumatismo e inclusive ajudam uma mulher estéril a ter filhos. Além disso, como estes seres são por vezes descritos como imortais e com uma longevidade maior do que a dos seres humanos eles podem partilhar a sua tecnologia e transformar os humanos num reino imortal de deuses.
Nos últimos 50 anos, evoluímos das descrições de discos voadores antiquados dos anos 40 e 50, acompanhados por sistemas toscos e desgastados, por escadas pesadas, por incómodos capacetes e pelo aspecto humanóide, para descrições de seres minúsculos com grandes cabeças que se materializam ou desaparecem repentinamente e que comunicam por telepatia. Os cientistas rejeitaram os relatos sobre seres mágicos, encontros religiosos e outros fenómenos que não se podiam provar nem eram plausíveis, transferindo assim para os extraterrestres a crença que as pessoas tinham no mundo espiritual e nos seus poderes.