Quinta Do Bill

[edu_fmc]

Senhora Maria Do Olival

Que tentação por-me ao
Caminho
Logo pela manhã
De que me serve, toda esta
Pressa
Se ela vai longe
Minha alma é a tulipa da aurora
Oh dama de escuro
Não vos tarda a demora.

Senhora Maria do Olival
Fui chama do pecado sensual
Desculpai-me a maçada, eu sei
Mas não fiz por mal.

Sinto em mim, todo este vazio
Par onde vou eu ?
Por este mar de ilusões
Que me traz a paz
Ai, que vida esta, quando a lua
É cheia
Minha boa amiga
Que eu vou cantando.

Senhora Maria do Olival
Fui chama do pecado sensual
Desculpai-me a maçada, eu sei
Mas não fiz por mal.

 

[edu_fmc]

Será Fado

Quem sabe se um dia saberei enfim
Merecer o dom da tua mão
Doce charme de um corpo ausente

Sarà "Fado" la mia vita
Fior di terra triste che la luna piantò
Miraggio d'azzuro eterno già
C'io che mi chiama nessun sognò

Daria o teu nome ao imenso Mar
Que possa unir o vento à Lua
Neste canto de uma era selvagem
Um cheiro de alfazema, vertigem de um poema sem ti

Sarà "Fado" la mia vita
Fior di terra triste che la luna piantò
Miraggio d'azzuro eterno già
C'io che mi chiama nessun sognò
il tuo giardin, riceve pace infin

 

[edu_fmc]

Solidão A Dois

Anjo, triste
de serenidade obscura.
Com o asfalto trepidante
sob a pele de veludo difícil.
Canção nocturna e fatal
sem solução;
Guardador de igrejas encerradas,
asas cansadas,
voo interrompido
por solidões anémicas e cruéis.
Bebedor de absinto,
sem motivo, sem nada.
Gritador de uivos
- o quer encerra a noite
as portas da madrugada.
Sem nome nem direcção
filho abstracto e nu de uma não-geração.
Ferida aberta na avenida indiferente,
crepúsculo de gente.
Criatura estranha, indefinida
defensor da minha escuridão.
Tenho-te como cúmplice, um anjo sujo
e sinto-me... apenas... só.

 

[edu_fmc]

Ter Alguém (ter Fé)

Gostava tanto de mexer na vida
tocar-lhe, a cada hora vivida

Posso eu ter, ter força um dia, ter fé, gritar esta minha dor
ter alguém, que quis amar e nunca amou

Tens sido, vida fora o meu desejo
e agora, que te falo, que te vejo

Posso eu ter, ter força um dia, ter fé, gritar esta minha dor
ter alguém, que quis amar e nunca amou

Pudesse ser um dia a lua terna
sonhar, que a noite fosse eterna

 

[edu_fmc]

Todo O Fogo Que Me Ateias

O teu corpo é o delta deste rio onde me abrigo
Delicado e doce aroma que me arrasta como um instinto
Nele aprendi a amar para poder enfim estar contigo

Dou por mim rendido aos encantos do teu corpo de Afrodite
Um feitiço ardente faz nascer todo o prazer que me pediste

Todo o fogo que me ateias
Ópio é nas minhas veias

Sou como uma actor imberbe num papel imenso de luxúria
Entrego-me ao teu regaço esmagado pela nossa fúria

Todo o fogo que me ateias
Ópio é nas minhas veias

 

[edu_fmc]

Um Barco Ao Longe

Agora a nossa vida, abre-se
Aos mistérios
Enlouquecemos, a dar voltas
No porto
A acender fogueiras com óleo
Queimado
A gostar do cheiro a limalha.
Enquanto nos perdemos,
Em tais odores
Fazemos amor com sabor a sal
Vai rompendo o dia
Quebramos o silêncio:

Olha!
Um barco ao longe
Partiu sozinho, não nos levou.

O Mar foi sempre uma corrida
Iluminada para a loucura.

 

[edu_fmc]

Vaguear Pelo Mundo

Viajante vem comigo vaguear pelo mundo
Salteador de horizontes sem fim, sem destino,
Errante, sonhador

Partir, descobrir, sentir, seduzir

Sob a teia de uma sombra vejo o Sol vir nascer
Oriente de outra margem que não posso mais perder
Uma luz desce o rio, quem te acendeu, nenhum rasto é meu

Partir, descobrir, sentir, seduzir

 

[edu_fmc]

Verdes Anos De Mentiras

Em vagas de ambição e glória
rumam barcos de velas rasgadas
pelos homens da verdade
portadores da boa nova

Mastros vivos apontam o progresso
mandamentos absolutos de poder
mãos sedentas de riqueza
encobertas pela aventura

Verdes anos de mentira
traçam-me o saber
Entre pilhagens e saqueios
rezam-se poesias de sangue
profano e gentio
matizado em papiros de carne viva

Vidas inumanas pagam o preço
feito de culpas inventadas
em cânones de fé vilã
imperial, marca ocidental

Verdes anos de mentiras
traçam-me o saber

 

[edu_fmc]

Viagem No Capim

Vou guiar a minha vida
Pelo trilho dos pastores
Vou embarcar na partida
Levando cheiro d´amores

Tenho o mundo à cabeceira
E vou dormir ao relento
Naufragar na bebedeira
De um coração cata-vento

Que há-de ser da vida errante das águas?
Do verde Índico, doce sargaço sem mágoas?

Que fará o Sol deste caminho dos sonos?
Inventar num riso o que fomos e somos

Hei-de fazer "canganhíça"
Com o tempo que foi ido
À procura dum sentido
No canto do magaíça

Quando eu morrer cresça o capim sobre a terra
Farol que gira, primeira luz sem espera

Hei-d´ir de peito aberto como louco em viagem
Aninhar-me na aventura p´ra chegar à outra margem

Sou como sou, basta-me o vento
Estou onde estou, onde me ausento

 

[edu_fmc]

Voa

Sou mal amado, mas sei amar
o que tu tens para me dar
trago na boca o coração
preso nos versos desta canção

Sinto-me tão leve que não posso acreditar
voa, voa, voa
Sinto-me tão leve que não posso acreditar
voa, voa, voa

Ainda agora aqui cheguei
e mil mulheres eu já amei
mas o destino não é ficar
e parto em busca de outro lugar

Sinto-me tão leve que não posso acreditar
voa, voa, voa
Sinto-me tão leve que não posso acreditar
voa, voa, voa