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Tecnologia de diagnóstico do cancro

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Novas tecnologias na área da medicina nuclear permitem realizar diagnósticos com maior precisão e identificar tumores com apenas, 4 milímetros. Em Portugal esta é uma tecnologia já disponível.
Chega-se pela manhã cedo com um prognóstico, uma hipótese ou um início de uma longa caminhada. Sai-se com uma quase certeza, que para alguns pode ser uma sentença, mas que ao ser dada a tempo, pode fazer toda a diferença,
br> No serviço de Medicina Nuclear do Hospital da Cuf Descobertas, em Lisboa, está instalado um dos primeiros equipamentos existentes no país que permite que pacientes com risco de doença oncológica possam agir o mais rapidamente possível.

A tecnologia disponível denominada por PET/TAC ou uma congregação da Tomografia de Emissão de Positrões com a Tomografia Computorizada, possibilita que os especialistas vejam o organismo humano, quer de um ponto de vista anatómico quer do ponto de vista metabólico e permite detectar neoplasias com apenas 4 milímetros.

No serviço de Medicina Nuclear, a médica Paula Colarinha lidera uma equipa de técnicos que diariamente procura diagnosticar precocemente a presença de cancros malignos ou até a sua proliferação pelo organismo.

«Não é para utilizar na população em geral. O diagnóstico precoce é: eu tenho um primeiro diagnóstico, porque o paciente fez uma biopsia ou porque se vê uma imagem muito suspeita de uma neoplasia na mama, no pulmão, no cólon e quero precocemente saber até onde é que essa doença já se estendeu. Para que a terapêutica a aplicar conte com toda a quantidade da doença e nesse sentido, eu quero estar o mais informada possível sobre a situação da doença daquele doente, não quero ir tratá-lo tendo só visto metade do seu corpo, se é uma doença que tem a possibilidade de se estender à distância», explica Paula Colarinha, Médica do Hospital CUF Descobertas,

A PET/TAC surge desta forma como o melhor meio de diagnóstico em termos de precisão da actividade metabólica, já que outras técnicas como a TAC, a Ressonância Magnética ou o Raio-X possibilitam apenas a visualização morfológica do corpo, e métodos como a ecografia dedicam-se à analise individual dos órgãos.

Apesar desta tecnologia poder ser utilizada no diagnostico de várias doenças, como infecções, patologias de perfusão cerebral ou para o estudo de viabilidade de células do miocárdio, aqui no Hospital da CUF Descobertas, a PET/TAC é apenas utilizada para o diagnostico de cancro.

Isto, porque para que o equipamento e o software possam dar uma resposta sobre a localização de neoplasias no organismo, é necessária a utilização de um radiofarmaco, que não está disponível em Portugal devido à inexistência de um Ciclotrão e, por isso, é todos os dias recebido de Espanha.

Este radiofarmaco especifico para doenças oncológicas, denomina-se por flúor deoxi-glicose ou FDG, e tem uma semi-vida muito curta, por isso, quando chega a Portugal tem de ser rapidamente administrado nos pacientes.

O fármaco que tem a função de emitir radiação para ser captada pelo aparelho, é injectado no indivíduo, sendo que o organismo vai reconhecê-lo como glicose ou açúcar.

Ao fim de uma hora de repouso após a injecção do radiofarmaco, está percorrido o tempo suficiente para que este viaje pelo corpo e se instale nas zonas em que as células apresentam maior metabolismo, ou seja, nas células mais activas.

«Mais metabolismo, mais activas, mais agressivas. Consomem mais e isto dá-lhes mais energia. Nós precisamos do açúcar para o transformar em energia e acontece que na maioria das situações malignas existe muito metabolismo, existe muita actividade celular e há um grande consumo de energia, e se eu lhes oferecer um açúcar que ainda por cima é radioactivo e posso lê-lo, denunciam-se. É isso que vamos à procura, vamos à procura de focos de doença que se denunciam por estarem a consumir energia», afirma Paula Colarinho, Médica do Hospital Cuf Descobertas.

Partindo do princípio que as células cancerígenas são as mais activas, e por isso aquelas que consomem mais radiofarmaco, são também estas que com maior preponderância vão apresentar-se mais visíveis após a leitura pela Tomografia de Emissão de Positrões. Isto porque são as células que emitem mais radiação.

«O positrão interessa-nos porque é o elemento radioactiva que vai fazer libertar dois fotões, e porque temos fotões, esses blocos de luz, podemos ter cintilações que vêm atingir o nosso aparelho e dizer que estão ali e se eu tiver muitos fotões a partir de um órgão, de uma lesão, sei que ali há muita glicose, se tiver poucos, ali há pouca glicose. E depois a imagem traduz um mapa do metabolismo e a irradiação, os fotões, permitem-me ter esse metabolismo. Se eu só injectasse o açúcar não via nada, preciso de um marcador do açúcar. Aquilo que eu quero saber é onde é que está o açúcar e porque é que ele está ali», refere Paula Colarinho, Médica do Hospital CUF Descobertas.

O equipamento da PET/TAC assemelha-se a um pequeno túnel, onde o paciente imóvel é cartografado ao detalhe, através de dois anéis de aquisição que fazem a leitura do organismo.

Passados 20 a 30 minutos de leitura, o software apresenta os resultados.

A cinzento aparece a imagem obtida por TAC, ou seja, a imagem anatómica do organismo, que apresenta claramente a disposição dos órgãos.

A laranja podemos ver o resultado da PET e onde se localizam as células com maior actividade metabólica. Sabe-se à partida, que algumas partes do corpo apresentam esta actividade, mesmo na ausência de qualquer patologia, porque por si só consomem mais energia.

«É o caso do córtex cerebral, das células do miocárdio e é o caso das células hepáticas que têm também uma eliminação renal e, por isso, podemos ver aqui este tal açúcar a ser eliminado por via renal e aparece depois mais tarde na bexiga. Podemos com este aparelho e com todo este sistema informático obter uma terceira imagem, que resulta da combinação dos dois estudos: uma imagem que tem a PET e a TAC. Cá temos a combinação dos três estudos. A TAC, a imagem total metabólica da PET e uma imagem que reúne os dois estudos e que faz a fusão, a coincidência dos dois estudos e que nos permite ver mais PET (reparem na mudança) ou mais TAC se estamos interessados em ir para a anatomia», refere Paula Colarinho, Médica do Hospital Cuf Descobertas.

Estamos perante o resultado tão aguardado….O que será que nos diz a PET/TAC que acompanhámos?

«Neste caso estamos face a um doente potencialmente oncológico, disse potencialmente porque ainda não tem o estudo sialogico (??), fica a estudar uma lesão pulmonar que ainda não foi submetida a biópsia e se neste estudo mostrar elevado metabolismo, fixou muito açúcar (muito FDG), é de elevado risco de malignidade e tem indicação para prosseguir já um protocolo de investigação neoplásica. Se a lesão não mostrar fixação de açúcar poderá ficar em vigilância com segurança e não ter uma intervenção tão agressiva para já. Neste caso, vamos ver de uma forma mais particular. Vamos focar-nos no assunto deste doente que tinha no estudo TAC uma lesão pulmonar, tem uma lesão focal, nodular no pulmão esquerdo. E vamos agora ver o mesmo estudo metabólico. Na linha de baixo verificamos que no hemitorax esquerdo surge ali um foco de hipermetabolismo, em que o metabolismo está muito aumentado. E, interessa-nos saber em que localização anatómica este foco está e corresponde exactamente à lesão que estamos a estudar. Podemos então puxar a imagem e sobrepor as duas imagens e, mais uma vez, confirmamos que o metabolismo corresponde anatomicamente ao local em estudo. Podemos quantificar, saber qual é a quantidade de metabolismo. Todos os valores acima de 2,5 são de elevado risco neoplasico, tem um valor de 3,4, logo é uma forma mais objectiva de ponderar esta nossa informação», explica Paula Colarinho, Médica do Hospital CUF Descobertas.

Para além da confirmação da suspeita da existência de um potencial cancro localizado, o software permite ainda procurar a existência de metástases pelo corpo, tornando o exame mais preciso.

A Tomografia de Emissão de Positrões continua envolta em pessimismo relativamente à utilização de radiação, principalmente porque esta radiação é injectada no corpo do indivíduo.

No entanto, todo o procedimento de utilização do radiofarmaco é sujeito a regras rigorosas de segurança, quer para os especialistas quer para o próprio paciente.

Paula Colarinha explica, que no caso da PET, os benefícios para os pacientes superam os potenciais riscos.

«Todos os exames de diagnóstico que usam radiação não devem imprimir risco. Portanto, nós quando o fazemos, trabalhamos abaixo da zona de causar alguma doença secundária por utilizar radiação. Estamos a falar de exames pontuais e ao longo da vida, hoje em dia, já se fala em saber quantas vezes foi aplicada radiação a um indivíduo. Pontualmente, estes exames são em limiares muito baixos de radiação. Nós somos submetidos a radiação em muitos momentos da nossa vida, quando fazemos viagens de avião em que estamos mais longe da crosta terrestre, quando estamos em locais da crosta terrestre com mais radiação e habitualmente não nos preocupamos com isso. Alguns destes exames têm níveis de radiação similares a estes actos. De qualquer forma, um exame de diagnostico deve estar sempre abaixo de um determinado limiar, que considera os 20 miliciveis e estes exames que estamos a falar podem chegar aos 6, 7 ou 8 miliciveis», explica Paula Colarinho, Médica do Hospital da CUF Descobertas.

Exames fundamentais, mas cujo acesso é limitado, dado que existem apenas 2 equipamentos no Porto, 2 em Lisboa e 1 em Coimbra.

Uma tecnologia desenvolvida e herdada do CERN, o maior Laboratório de Física de Partículas do mundo, onde a ciência não para de nos surpreender, para dar forma aquilo que é invisível ao olho humano.
 
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