Há guerra na Ucrania

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Descoberta rede para difundir propaganda russa online na Europa e nos EUA




França revelou hoje um novo caso de ingerência digital da Rússia: uma rede "estruturada e coordenada" de 'sites' da Internet para difundir propaganda na Europa e nos Estados Unidos, quando se completam quase dois anos de guerra na Ucrânia.


Descoberta rede para difundir propaganda russa online na Europa e nos EUA






Batizado como 'Portal Kombat', esta rede de 193 'sites foi descoberta ao fim de quatro meses de trabalho do Viginum, o organismo francês de combate a ingerências digitais estrangeiras, que divulgou um relatório sobre os achados.






Entre setembro e dezembro de 2023, o Viginum analisou a atividade dessa rede de "portais de informação" digital "com características semelhantes, que divulga conteúdos pró-russos destinados a um público internacional".


Vários deles, pertencentes ao "ecossistema 'pravda'" -- ou 'verdade' em russo, o nome do antigo órgão do Partido Comunista Soviético -, são diretamente destinados aos "países ocidentais que apoiam a Ucrânia", segundo o relatório do Viginum.


O 'site' destinado a Espanha chama-se pravda-es.com, ao passo que o destinado aos Estados Unidos e ao Reino Unido é pravda-en.com. A Alemanha, a Áustria e a Suíça têm o pravda-de.com, a Polónia o pravda-pl.com e a versão francesa é o pravda-fr.com.


Entre 23 de junho e 19 de setembro, estes cinco portais publicaram mais de 150.000 artigos, principalmente a partir de mensagens de personalidades russas ou pró-russas divulgadas nas redes sociais, de conteúdos de agências noticiosas russas ou de páginas de instituições ou atores locais, indicou o Viginum.


De acordo com o organismo francês, mais de 180 outros 'sites' com características gráficas semelhantes e que difundem conteúdos pró-russos, mas destinados a públicos russófonos ou ucranianos, estão digitalmente ligados aos portais 'pravda'.


O principal objetivo do 'Portal Kombat' parece ser legitimar a guerra da Rússia na Ucrânia, afirmou uma fonte diplomática aos jornalistas.


"Altamente ideológicos, estes conteúdos apresentam narrativas manifestamente inexatas ou enganadoras", observou.


A 22 de janeiro, o pravda-fr.com publicou uma lista de 13 mercenários franceses que, segundo o site, "se encontravam em Kharkiv", no nordeste da Ucrânia, no momento de um ataque russo ocorrido alguns dias antes, um ataque que "eliminou" cerca de 60 combatentes "a maioria dos quais cidadãos franceses" e feriu outros 20, segundo Moscovo.


Enquanto Paris denunciava "mais uma grosseira manipulação russa", a agência de notícias francesa AFP conseguiu falar com três destes alegados "mercenários" - na realidade, três voluntários do Exército ucraniano, todos eles ainda vivos e de boa saúde. Um deles, que a AFP encontrou no sopé dos Alpes franceses, disse ter deixado a Ucrânia em setembro de 2023.


Hoje, o pravda-fr.com titulava: "'Já chega!': França apela para medidas radicais contra Zelensky", quando tais declarações foram, de facto, emitidas por Florian Philippot, presidente de um pequeno partido de extrema-direita francês, e não vinculam de forma alguma Paris.


Apesar de terem montado um sistema considerado "elaborado", as repercussões no debate público digital francófono continuam a ser moderadas.


"No entanto, tendo em conta a natureza das narrativas, os meios utilizados para as difundir e os objetivos perseguidos à escala europeia, o Viginum considera que estão preenchidos os requisitos de ingerência digital estrangeira, uma vez que alguns dos conteúdos podem atentar contra os interesses fundamentais da nação", comentou a fonte diplomática.


"Esperamos uma aceleração das diversas ações russas, e até mesmo uma massificação", comentou também uma fonte militar, perante as eleições que deverão realizar-se em mais de 70 países em 2024, incluindo nos Estados Unidos.


Os 'sites' do "Portal Kombat", cujos nomes o Viginum fornece, podem, assim, funcionar como células "adormecidas" que podem ser ativadas a qualquer momento e abranger "um vasto leque de públicos com base na atualidade".


Já tinham sido identificados grupos pró-russos pela Meta (empresa-mãe do Facebook, WhatsApp e Instagram) e pelas autoridades francesas por causa da sua campanha "Doppelgänger" que, desde 2022, consiste em usurpar a identidade visual (imagem gráfica) dos meios de comunicação social para difundir mensagens propagandísticas.


Desde setembro, outra campanha, denominada 'Matriochka', ou 'bonecas russas', interpela diretamente os meios de comunicação social para os incitar a verificar informações falsas. De acordo com especialistas, é a Rússia a realizar uma "manobra de diversão" para desgastar os verificadores de factos ocidentais.


A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.


A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.


As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

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A desinformação na entrevista feita por Tucker Carlson a Vladimir Putin​


 

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Ucrânia reclama destruição de navio de guerra russo ao largo da Crimeia


As Forças Armadas da Ucrânia anunciaram hoje a destruição de um navio de assalto anfíbio russo que navegava ao largo da Península da Crimeia, ocupada por Moscovo desde 2014.


Ucrânia reclama destruição de navio de guerra russo ao largo da Crimeia



"As Forças Armadas da Ucrânia, em colaboração com as unidades de informações militares (GRU), destruíram o grande navio de assalto anfíbio 'Kunikok", refere uma nota do Estado Maior ucraniano divulgada através das redes sociais.



A mesma nota acrescenta que os tripulantes do navio russo morreram.



Até ao momento as autoridades de Moscovo não fizeram qualquer comentário sobre o ataque reclamado por Kyiv.



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Rússia sem comentários sobre naufrágio de navio da Frota do Mar Negro


O Ministério da Defesa russo evitou hoje comentar no seu relatório de guerra o naufrágio do navio de desembarque da Frota do Mar Negro, Caesar Kunikov, cujo ataque foi reivindicado pela Ucrânia.


Rússia sem comentários sobre naufrágio de navio da Frota do Mar Negro





O navio de desembarque russo Caesar Kunikov, afundado hoje perto da costa da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, é o segundo navio de guerra a afundar-se no Mar Negro nas últimas duas semanas, mas as autoridades russas não fizeram referência a este incidente no seu relatório diário.



O Caeser Kúnikov, construído nos estaleiros de Gdansk (Polónia) e lançado em 1986 (ainda na época soviética), era um navio de desembarque com 112,5 metros de comprimento, 15 metros de largura e que podia atingir uma velocidade máxima de 17,5 nós.



Este navio fazia parte do chamado Projeto 775, do qual 28 unidades foram construídas entre 1974 e 1991, quando a União Soviética foi dissolvida.



Segundo os serviços de informações militares ucranianos, o navio foi afundado por 'drones' navais e a maior parte da sua tripulação morreu.



De acordo com o relatório diário dos militares russos, as suas forças melhoraram posições nas frentes de Donetsk e Lugansk, regiões que a Rússia anexou em setembro de 2022, mas não controla na sua totalidade.




As perdas das Forças Armadas Ucranianas num dia ultrapassaram mil soldados, segundo a Defesa.



Além disso, durante o último dia, 98 'drones' ucranianos terão sido abatidos nas regiões de Donetsk, Luhansk e Kherson (no sul da Ucrânia).




Entretanto, na região de Zaporijia, vizinha de Kherson, um helicóptero Mi-24 da Força Aérea Ucraniana foi destruído, acrescenta o relatório russo.




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orban89

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Forças ucranianas recorrem cada vez mais à rádio para obter informações dos inimigos​


 

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EUA reiteram apoio a Kyiv contra "agressão imperialista" da Rússia


Os EUA reiteraram hoje, perante a coligação de 50 países que apoiam a Ucrânia a nível militar, que vão continuar ao lado de Kyiv face à "agressão imperialista" da Rússia, quando a ajuda financeira norte-americana está bloqueada no Congresso.


EUA reiteram apoio a Kyiv contra agressão imperialista da Rússia





Falando através de uma mensagem em vídeo, no início da reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, conhecido como Grupo Ramstein, a decorrer em Bruxelas, o secretário da Defesa dos Estados Unidos da América (EUA), Lloyd Austin, disse que os países da aliança "permanecem unidos e com um objetivo comum".



"O Kremlin [Presidência russa] continua a apostar que todos nós vamos perder o interesse na Ucrânia e que o nosso apoio se vai desvanecer", disse.



O chefe do Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano) sublinhou que Washington "continua a apoiar a Ucrânia" e "continuará a apoiar a luta contra a agressão imperialista de Putin [Presidente russo]".



"O resultado da luta da Ucrânia contra a agressão russa vai ajudar a definir a segurança global nas próximas décadas", alertou o responsável pela defesa norte-americana, sublinhando que o apoio à Ucrânia "é do interesse da segurança nacional" dos membros da coligação.




A reunião será marcada pela ausência presencial de Austin, que foi obrigado a cancelar a sua viagem a Bruxelas devido a um internamento médico no fim de semana passado.



"Estou em boas condições e o prognóstico para o meu cancro continua a ser excelente, por isso estou muito grato por todos os bons votos", disse o responsável norte-americano aos homólogos.



A reunião é também precedida pela polémica causada pelo antigo presidente dos EUA e candidato à nomeação republicana para a corrida à Casa Branca, Donald Trump, que garantiu que permitiria à Rússia atacar os membros da NATO que não cumprissem os seus compromissos em matéria de despesas de defesa.



À chegada à reunião, o secretário da Defesa canadiano, Bill Blair, apelou a que se ignorasse a "retórica" da campanha norte-americana, afirmando que Washington deve ser julgado pelo seu "historial de paz global e de parceiro forte".



"Não podemos ser distraídos pela responsabilidade coletiva da aliança", afirmou.



O seu colega estónio, Hanno Pevkur, alertou para o facto de a guerra na Ucrânia estar a entrar numa "fase crítica" e que está em jogo, frisou, "se ganhamos ou perdemos a guerra".



A este respeito, e tendo em conta o bloqueio da ajuda à Ucrânia no Congresso dos EUA, Hanno Pevkur sublinhou que os parceiros da Ucrânia "não se podem dar ao luxo" de transmitir dúvidas a Kiev.



"É importante que os EUA enviem uma mensagem clara de que continuarão a apoiar a Ucrânia", afirmou.




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Igreja grego-católica acusa Rússia de genocídio na Ucrânia


O Arcebispo Metropolita da Igreja Greco-Católica Ucraniana (UGCC), acusou hoje a Rússia de praticar genocídio na Ucrânia, fruto das "fantasias" do Presidente russo, Vladimir Putin, que considera "um criminoso de guerra".



Igreja grego-católica acusa Rússia de genocídio na Ucrânia






As palavras de Sviatoslav Shevchukdo foram proferidas numa conferência 'online' sobre as necessidades atuais e os desafios que o povo da Ucrânia está a enfrentar desde 2014 e como a Igreja está a lidar com a situação, primeiro desde 2014, com a anexação da Crimeia, a 20 de fevereiro de 2014, e depois, com a invasão de 24 de novembro de 2022.



Organizada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que dedica a campanha da Quaresma precisamente à Ucrânia, Shevchuk, no cargo desde 25 de março de 2011, garantiu na conferência ter já assistido a "crimes de guerra", com soldados russos a matar cidadãos civis só por estes serem ucranianos, sobretudo em Bucha, uma subdivisão administrativa e territorial ("oblast") de Kiev, que em março de 2022 foi palco de um massacre alegadamente cometido por militares russos.



Na conferência, que marca o 10.º aniversário do início da guerra na Ucrânia, com a invasão da Crimeia e das zonas leste do país, o arcebispo Shevchuk acrescentou que os "crimes de guerra" cometidos pelas tropas russas "estão a espalhar-se por toda a região leste" da Ucrânia.



"É um genocídio, Tem de se dizer isso alto e bom som. A comunidade internacional tem de investigar os crimes de guerra e julgar os responsáveis para que se pare com o genocídio", frisou, indicando que a resposta da igreja ao conflito tem sido "a possível", pois os constrangimentos "são muitos".



Shevchuk destacou a recente entrevista dada por Putin à cadeia de televisão norte-americana Fox e, sublinhando "não ter tido tempo" para a ver, afirmou que, pelos relatos ouvidos, o que o Presidente russo disse não passou de "fantasias de um criminoso de guerra".



A conferência contou igualmente com a participação de D. Visvaldos Kulbokas, Núncio Apostólico na Ucrânia desde 2021, que assumiu ter "menos liberdade" para falar sobre um assunto que, normalmente, quem comenta é o Papa ou o secretário de Estado da Santa Sé.



De qualquer forma, Kulbokas não deixou de falar na palavra "genocídio" para definir a atual situação na Ucrânia, criticou e denunciou as "horríveis condições de detenção" dos prisioneiros de guerra, sublinhando que ninguém, do lado russo, "parece querer cumprir a Convenção de Genebra".



Sempre mais comedido nas palavras, Kulbokas, que anteriormente trabalhou na nunciatura nos Países Baixos (2007-09) e na Rússia (2009-12) e que, de 2012 a 2020, trabalhou na Secção de Relações Internacionais da Secretaria de Estado da Santa Sé, salientou não ter quaisquer dúvidas de que Putin "não pensa nos que sofrem" por causa do conflito.



"Os sinais de tortura física e espiritual são muitos", realçou, por seu lado, Shevchuk, denunciando que, nalgumas regiões de Donetsk e de Zaporíjia, os fiéis católicos estão impossibilitados de participar em missas, "rezando como podem, em caves e longe da vista dos soldados russos".



Questionado sobre quais os principais problemas com que se deparam as organizações religiosas no terreno, Shevchuk destacaram a falta de alimentos, de produtos de higiene e de medicamentos, a acomodação dos milhares de refugiados e, acima de tudo, "a diminuição da euforia do apoio humanitário" devido a prevalência de novos conflitos.



"Estamos a criar, aos poucos, o projeto 'Curar os Feridos de Guerra', a tentar organizar a pouca ajuda humanitária, a tentar apoiar moral e psicologicamente os mais de 50.000 feridos de guerra a ultrapassar os traumas próprios de um conflito que levou à separação de um grande número de famílias e ao desaparecimentos de cerca de 35.000 soldados ucranianos. As famílias não sabem se estão vivos e presos", prosseguiu Shevchuk.



Já Kulbokas, além das dificuldades enunciadas pelo arcebispo, destacou a falta de água e pão, e sobretudo de combustível para apoiar as "já de si poucas operações de distribuição de ajuda humanitária", o que tem também dificultado a preparação de centros de acolhimento dos militares "que ficaram feridos ou que perderam as famílias".



"Há ainda muito a fazer, mas o fundamental era que a guerra terminasse", concluíram os dois religiosos, para quem "não se pode deixar cair no esquecimento o conflito na Ucrânia", numa alusão ao conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.




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Kyiv reconhece situação "extremamente complexa" na linha da frente




O novo comandante das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrsky, considerou hoje a situação no campo de batalha "extremamente complexa", admitindo que Kyiv tem falta de homens e armas, enquanto um novo pacote de ajuda norte-americana está bloqueado no Congresso.



Kyiv reconhece situação extremamente complexa na linha da frente





Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do Presidente norte-americano, Joe Biden, confirmou "ouvir com cada vez mais frequência que o Exército ucraniano está a racionar munições ou mesmo a ficar sem elas na linha da frente", pelo que apelou ao Congresso para pôr fim à "inação dos Estados Unidos".




Apesar de tudo, Kyiv continua a infligir danos à frota russa no mar Negro, tendo reivindicado a responsabilidade pela destruição de mais um navio.




A NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) saudou as "pesadas perdas" infligidas à Rússia no mar, classificando-as como "um grande êxito" das forças ucranianas.



O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, congratulou-se com o ataque, afirmando: "Reforçou a segurança no mar Negro e a motivação do nosso povo".



Contudo, no terreno, a tarefa de recuperar os quase 20% de território ucraniano ocupados por Moscovo continua a ser gigantesca.



"Os ocupantes russos continuam a aumentar os seus esforços e ultrapassam em número" as forças ucranianas, declarou o general Syrsky na plataforma digital Telegram, numa altura em que a Ucrânia se esforça por conseguir preencher as fileiras do seu Exército.



"Estamos a fazer tudo o que é possível para impedir que o inimigo avance no nosso território e para manter as nossas posições", sublinhou o novo comandante-supremo, reconhecendo que as suas forças estão com dificuldade em conter os múltiplos ataques russos no leste do país.



Syrsky, que durante muito tempo comandou as operações militares de Kyiv no leste, foi na semana passada promovido a chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, depois de Zelensky ter apelado para "mudanças", na sequência do fracasso da contraofensiva ucraniana do verão de 2023.




Na sua primeira visita à frente de batalha enquanto comandante-supremo, o general deslocou-se com o ministro da Defesa, Rustem Umerov, às zonas de Avdiivka e de Kupiansk, dois dos pontos mais críticos da frente oriental.



A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.



A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.



As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.




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Ucrânia proíbe ex-presidente de sair do país por "razões de segurança"




O ex-presidente da Ucrânia Petro Poroshenko revelou hoje que as autoridades o proibiram mais uma vez de viajar para o estrangeiro, desta vez alegando "razões de segurança", denunciando que a decisão tem motivações políticas.



Ucrânia proíbe ex-presidente de sair do país por razões de segurança






Poroshenko, deputado e líder do partido de centro-direita Solidariedade Europeia, explicou que a decisão lhe foi transmitida pelo presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, depois de as autoridades terem decidido não permitir a sua saída.



De acordo com a nova legislação ucraniana, que entrou em vigor em 01 de janeiro de 2024, os deputados devem possuir autorização do Ministério dos Negócios Estrangeiros para se deslocarem ao estrangeiro para participar em conferências e outros eventos de caráter político.



"O chefe dos serviços secretos, Kiril Budanov, por algum motivo informou ao presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, que imediatamente após cruzar a fronteira entre a Ucrânia e a Polónia, e especialmente em Munique, eu, como quinto presidente e líder do oposição, corria perigo de morte", frisou Poroshenko, num vídeo publicado nas suas redes sociais.




"Nem o Departamento de Segurança do Estado nem todo o sistema de segurança alemão são capazes de me proteger como pessoa", acrescentou, com ironia, o ex-presidente, apelando ainda às autoridades do seu país para não se exporem perante a comunidade internacional.



Em 01 de dezembro de 2023, Poroshenko foi detido na fronteira quando se preparava para atravessar para a Polónia, antes de viajar também para os Estados Unidos, após o cancelamento das suas autorizações para deixar o país.



Os Serviços de Segurança da Ucrânia (SBU) revelaram na altura que o antigo presidente foi impedido de viajar para o estrangeiro porque corria o risco de ser "instrumentalizado pelos russos".



Poroshenko tornou-se Presidente da Ucrânia em junho de 2014, após os protestos Euromaidan, que levaram à queda do então presidente Viktor Yanukovych, após rejeitar um acordo com a União Europeia (UE) em favor de outro com a Rússia.




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Rússia lança 26 mísseis em ataque que faz pelo menos um morto


A Rússia lançou durante a noite passada 26 mísseis contra cidades da Ucrânia e pelo menos uma mulher, de 66 anos, foi morta em Chugouiv, no nordeste do país, revelou a Força Aérea ucraniana.



Rússia lança 26 mísseis em ataque que faz pelo menos um morto




As autoridades ucranianas divulgaram, às primeiras horas da manhã, que 13 dos 26 mísseis foram abatidos.



Mas em Chugouïv "uma mulher de 66 anos foi morta", ressalvou o Ministério Público da Ucrânia.



A mesma fonte apontou que um edifício residencial foi completamente destruído neste ataque.



Um dos alvos dos mísseis foi a cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, onde um projétil atingiu uma subestação de eletricidade. Três pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades locais.



Outros mísseis tinham como alvo a capital ucraniana, Kiev, onde as defesas aéreas destruíram todos os projécteis que atingiram a região. Os fragmentos de alguns mísseis interceptados causaram danos materiais em zonas residenciais.



Os mísseis também caíram nas regiões de Poltava (centro), Ivano-Frankivsk (oeste) e Zaporijia (sudeste), onde uma infraestrutura da cidade foi atingida. Os meios de comunicação ucranianos noticiaram igualmente explosões na cidade de Dnipro (centro).



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Exército ucraniano envia reforços para a cidade de Avdiivka


Uma brigada do exército ucraniano anunciou hoje que foi deslocada para reforçar as tropas em Avdiivka, uma cidade no leste da Ucrânia e atual epicentro dos combates, onde a situação é considerada "extremamente crítica".



Exército ucraniano envia reforços para a cidade de Avdiivka





"A terceira brigada de assalto confirma ter sido deslocada com urgência para reforçar as tropas ucranianas no setor de Avdiïvka", afirmou esta unidade na rede social Telegram, numa mensagem intitulada "o inferno de Avdiivka".




Esta unidade do exército sublinhou que está a realizar contra-ataques em bairros conquistados pelos russos em Avdiivka, uma cidade industrial que enfrenta ataques russos muito intensos desde o outono.



"As forças inimigas na nossa área somam cerca de sete brigadas" e os reforços continuam a chegar, observou a unidade.



"Somos forçados a lutar em 360 graus contra as novas brigadas que o inimigo continua a enviar", disse o comandante da unidade, Andrii Biletsky.



Mais reservado, o Estado-Maior do exército ucraniano declarou que os russos continuavam as suas tentativas de "cercar Avdiivka".



"Os nossos soldados estão a manter firme a defesa, infligindo perdas significativas aos invasores" e "repeliram 34 ataques inimigos no setor de Avdiivka", assegurou hoje o Estado-Maior ucraniano no seu relatório matinal.



A Rússia também lançou um novo ataque com mísseis contra a Ucrânia durante a noite de quarta-feira para hoje, anunciaram as autoridades ucranianas.



No total, 26 mísseis -- incluindo 16 mísseis de cruzeiro -- foram disparados, segundo a força aérea ucraniana, que afirmou ter abatido 13 destes.



O ataque deixou pelo menos um morto -- uma mulher de 66 anos, que morreu em Chuhuiv, na região de Kharkiv (nordeste) --, bem como numerosos feridos em todo o país, segundo as autoridades.



A invasão russa na Ucrânia vai completar dois anos em 24 de fevereiro.



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Justiça russa confirma rejeição da candidatura presidencial de Nadezhdin


O Supremo Tribunal da Rússia rejeitou hoje o primeiro recurso apresentado pelo opositor Boris Nadezhdin contra normas da Comissão Eleitoral Central (CEC), que inviabilizou a sua candidatura às presidenciais de março, alegando milhares de assinaturas inválidas.



Justiça russa confirma rejeição da candidatura presidencial de Nadezhdin





Chamado como candidato da paz, por se opor à guerra na Ucrânia, Boris Nadezhdin apresentou 105.000 assinaturas à comissão eleitoral para se qualificar para a corrida, na qual o Presidente, Vladimir Putin, é o favorito.



No entanto, a CEC declarou que mais de 9.000 assinaturas apresentadas eram inválidas - o suficiente para o desqualificar. De acordo com as regras eleitorais russas, os potenciais candidatos não podem ter mais de 5% das suas assinaturas rejeitadas.




O candidato da Iniciativa Cívica, crítico do Kremlin (Presidência russa) e da invasão da Ucrânia, recorreu ao Supremo Tribunal, que confirmou agora a decisão da CEC, segundo as agências noticiosas oficiais russas e o próprio Nadezhdin, que confirmou na sua conta da plataforma Telegram que vai continuar a sua luta legal, agora para o Tribunal Constitucional.




Nadezhdin argumentou que tem um amplo apoio social, afirmando que havia filas nos locais onde a recolha de assinaturas foi organizada, uma manifestação de apoio invulgar no panorama político rigidamente controlado. Também publicou fotografias da sede do Supremo Tribunal, para onde se deslocaram apoiantes e um grande número de meios de comunicação social.




Depois de tomar conhecimento da decisão do Supremo Tribunal, o chamado candidato da paz, conhecido como o único que se opõe à campanha militar da Rússia na Ucrânia, disse que iria recorrer ao Tribunal Constitucional.




O Supremo Tribunal ainda não ouviu uma segunda queixa da campanha de Nadezhdin sobre a decisão da comissão eleitoral.



A campanha de assinaturas para apoiar a candidatura de Nadezhdin tornou-se a primeira manifestação legal e maciça de rejeição da guerra na Ucrânia, desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.




A oposição acusa o Presidente Putin de fazer tudo o que pode para impedir a participação de Nadezhdin, temendo que ele una todos os descontentes não só com a guerra, mas também com a deriva autoritária do Kremlin.



A CEC registou quatro candidatos: além de Putin; o comunista Nikolai Kharitonov; Leonid Slutsky (extrema-direita) e o representante do Novo Povo, Vladislav Davankov.



Embora tenha garantido publicamente que não o faria, Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin até 2036.



As eleições presidenciais russas decorrem entre 15 e 17 de março.



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Ucrânia quer poder recrutar para o Exército presos e pessoas com cadastro


As autoridades ucranianas defenderam hoje o poder de enviar presos e cidadãos com antecedentes criminais para o Exército, mesmo contra a sua vontade.



Ucrânia quer poder recrutar para o Exército presos e pessoas com cadastro






"Adecisão de mobilizar um cidadão não depende dele, mas sim das nossas agências", justificou o ministro da Justiça ucraniano, Denis Maliuska, referindo-se a uma proposta apresentada pelo seu Governo para autorizar o recrutamento de pessoas que estejam na cadeia ou tenham antecedentes criminais.


"Não se trata de permitir que sirvam no Exército, nem de quantos estão dispostos a isso. (...) É dever de cada cidadão proteger o Estado", explicou Maliuska durante uma entrevista televisiva.




"O facto de um cidadão ter cometido um crime e de ter recebido alguma punição - não necessariamente ter ficado preso - não é motivo para ele não defender o país (...) A decisão de mobilizar ou não este ou aquele cidadão com cadastro não deve competir a esse cidadão. Compete aos nossos organismos", disse o ministro.




Maliuska acrescentou que estas "medidas mais radicais" estão contempladas no novo projeto legislativo sobre mobilização e recrutamento que está atualmente em debate no Parlamento ucraniano.



"Estamos a falar de dezenas de milhares de pessoas", disse o ministro, para se referir à dimensão do impacto que esta decisão terá na capacidade de fornecer mais soldados para combater contra a invasão russa.



O ministro da Justiça tem vindo a defender a ideia de que proteger o Estado é "um dever honroso".



"Porque é que alguém que tenha cometido um crime menor não pode ser chamado a defender o país?", interrogou Maliuska, durante a entrevista televisiva.



Sobre a situação das pessoas que estão presas, Maliuska explicou que a abordagem será "um pouco diferente", mas que, mais uma vez, competirá às organizações que se dedicam ao recrutamento no Exército decidir de quem precisam para as suas fileiras.



Na passada semana, o Parlamento ucraniano aprovou em primeira leitura um polémico projeto de lei sobre a mobilização militar destinado a permitir ao Exército reabastecer as fileiras após dois anos de invasão russa.




Um total de 243 deputados votaram a favor deste documento, contra um mínimo exigido de 226, de acordo com relatos da sessão parlamentar de vários membros divulgados nas redes sociais.




Para ser adotado, no entanto, este projeto de lei ainda terá de ser objeto de debates parlamentares, propostas de alterações e votação numa segunda leitura, procedimento que pode decorrer ao longo de várias semanas.




A legislação que está a ser apreciada pretende simplificar os procedimentos de inscrição no Exército e introduzir sanções para quem resistir à mobilização.




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Três civis mortos em ataque aéreo russo na região de Kharkiv




As vítimas mortais são uma mulher de 58 anos, um homem, de 56, e uma jovem, de 17.



Três civis mortos em ataque aéreo russo na região de Kharkiv


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Um ataque aéreo russo matou pelo menos três pessoas e feriu outras duas esta quinta-feira na região de Kharkiv, na Ucrânia.



De acordo com o governador local, Oleh Sinehubov, duas bombas atingiram um carro que transportava civis e incendiaram um edifício residencial, reporta a agência Reuters.



Sinehubov avançou, numa publicação na rede social Telegram, que as vítimas mortais são uma mulher de 58 anos, um homem, de 56, e uma jovem, de 17.




De recordar que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.



A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.


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Forças ucranianas reforçam posições em Avdiivka no leste do país


O exército ucraniano anunciou hoje o reforço do contingente na cidade de Avdiivka, leste da Ucrânia, numa altura em que forças russas progridem no terreno.


Forças ucranianas reforçam posições em Avdiivka no leste do país





"O reforço programado das unidades está em curso e as tropas estão a manobrar nos eixos ameaçados", afirmou o Exército ucraniano através das redes sociais.




Hoje, o general ucraniano, Oleksandre Tarnavsky, referiu-se a "combates ferozes" em Avdiivka.



"As nossas tropas estão a utilizar todas as forças e recursos disponíveis para conter o inimigo", afirmou o general Tarnavky que comanda as forças ucranianas na região.



"Foram estabelecidas novas posições e continuam a ser instaladas fortificações, tendo em conta todos os cenários possíveis", acrescentou.




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Dois anos depois, Kharkiv sobrevive a russos e fantasmas


Os bombardeamentos abrem feridas em Kharhiv quase diariamente, acumulando cicatrizes na segunda maior cidade ucraniana, parcialmente ocupada nos alvores da invasão russa e onde a guerra cansa tanto como habitua e convoca fantasmas do passado.



Dois anos depois, Kharkiv sobrevive a russos e fantasmas






Antes de as tropas de Moscovo cruzarem, na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, a fronteira ucraniana, a apenas cerca de 30 quilómetros de Kharkiv, no nordeste do país, o bairro Saltivka era um pacífico dormitório de blocos de apartamentos monolíticos, concebidos no fim da era soviética para acolher acima de meio milhão de habitantes e enquadrados por amplas áreas verdes.



De um dia para o outro, o bairro residencial pleno de vida deu lugar ao que passou a ser chamado de "cidade fantasma", abandonada por uma grande parte da sua enorme população, que deixou para trás um cenário pós-apocalíptico de prédios esventrados, lojas fechadas e jardins infantis vazios.




Saltivka conheceu a guerra logo nos seus primeiros instantes, quando as tropas invasoras procuravam, através das suas artérias, atingir e ocupar o centro da cidade, mas foram travados pelas forças ucranianas, mantendo-se expostos em carne viva os vestígios da violência dos combates e dos bombardeamentos russos, que nunca cessaram até hoje e se tornaram na rotina de Anna e dos outros restantes moradores.




"Tento ser prática, viver o dia-a-dia e abstrair-me, mas o cansaço é muito grande", conta a funcionária de uma empresa de comércio internacional, que, aos 32 anos, experimenta um conflito armado pela segunda vez, após ter fugido para Kharkiv há uma década da sua terra natal em Lugansk, no seguimento da eclosão da crise no Donbass, onde permanece a sua mãe, sob ocupação russa: "A guerra persegue-me".




Quase dois anos após a invasão das forças de Moscovo, Kharkiv mantém-se inviolável, mas a grande cidade de 1,5 milhões de habitantes antes da guerra continua a ser castigada numa base quase diária pelos bombardeamentos russos, antecedidos pela gritaria dos alarmes.




Anna já pouco lhes liga: "Se estou em casa, fico em casa, se estou na rua, limito-me a seguir o meu caminho e a minha vida", descreve no café Tasty Moments, em Saltivka, escassos dias após um raide aéreo noturno contra uma estação de serviço em Kharkiv ter deixado sete mortos, entre os quais três crianças, segundo as autoridades locais.




Como todos ucranianos, Anna prevê "uma guerra longa", em que, apesar da luta pela preservação da sua integridade territorial, pressente "uma preparação emocional para a separação" das províncias de Donetsk e da sua Lugansk natal, como diz já ter acontecido em relação à Crimeia anexada em 2014.




Acha que "só o povo ucraniano pode salvar o país", porque tem má opinião das suas lideranças, sobre as quais prefere não se alongar: "É como quando morre alguém, ou se diz bem ou não se diz nada".




Lentamente, Saltivka tenta ressuscitar com a abertura de ruas e avenidas dantes vedadas e do comércio, como este café situado a escassos 700 metros do que já foi uma frente de combate de forças terrestres e também de zonas do bairro que chegaram a estar sob ocupação russa.


Veem-se poucos habitantes, na maioria idosos, desafiando o piso de gelo escorregadio, em ruas cobertas de neve e decoradas com as cores ucranianas, a par de murais com motivos patrióticos, pintados nos prédios que permanecem intactos.



Mesmo na guerra mais documentada de sempre, a fita do tempo de cada um de tantos edifícios bombardeados, esburacados a partir do telhado ou com fachadas arrancadas, parece uma tarefa interminável: quantos deles estiveram nas notícias e outros ausentes, quantas vidas foram acabadas no seu interior desde aquela madrugada.



Os russos nunca passaram Saltivka, mas o alcance da sua destruição sim. É visível até ao coração de Kharkiv, onde a sede da administração regional foi arrasada por um ataque aéreo logo nos primeiros dias de guerra, e onde hoje um enorme cartaz projeta nas chagas das suas ruínas um soldado e a frase "Acreditamos na luz da vitória".



Vários outros edifícios públicos e do município foram atingidos, outros são civis, em contraste com símbolos nacionais pujantes em toda a parte, de que se destaca uma bandeira ucraniana gigante a tremular, e outros entaipados ou protegidos com sacos de areia, como o grande monumento ao poeta e humanista Taras Shevchenko, tornado em homenagem ao povo da Ucrânia na preservação da sua cultura contra os bombardeamentos.



Daria, 23 anos, teve receio em voltar a Kharkiv, depois de ter fugido do bairro Saltivka, nos primeiros dias de março de 2022: "Não por causa dos bombardeamentos, mas porque regressar à cidade onde cresci, a cidade do meu coração, tem agora todos estes lugares destruídos, que se relacionam com a minha memória de alguma forma. Foi muito difícil".



Na madrugada da invasão, Daria dormia. Não esperava uma operação naquela escala e muito menos que chegasse a Kharkiv com tanta velocidade. Acordou sobressaltada com um estrondo que pensou ser de um trovão de uma tempestade fora de época. Os pais já estavam acordados a seguir as notícias e tinham acabado d observar, do apartamento situado num 5.º andar, um 'rocket' disparado na direção do centro da cidade.



Às primeiras horas do dia, as explosões começaram a aumentar de intensidade e Daria e a irmã vestiram roupas quentes e procuraram proteção numa estação de metro próxima. Mas não se demoraram por lá. À tarde, a família já tinha feito as malas e estava toda reunida num abrigo subterrâneo da escola onde a jovem tinha estudado, onde permaneceu pouco mais de uma semana com cerca de outras 150 pessoas.



"Tínhamos comida mas pouco ar fresco e as condições eram muito difíceis, sobretudo para as crianças e pessoas mais velhas. Ninguém queria sair, porque sempre que subíamos as escadas ouvíamos as explosões, umas mais longe, outras muito próximas", descreve, contando que, nessa altura, viu um vídeo captando um 'rocket' perigosamente perto do seu apartamento e foi então que chegou o dia de tentar alcançar a estação de comboio e abandonar Kharkiv.



A guerra empurrou Daria, a mãe e a irmã para as estatísticas de deslocados, em Lviv, na parte ocidental da Ucrânia e longe das frentes de combate, e depois de refugiados, na Polónia e a seguir na República Checa e, no seu caso, ainda Itália.



Atualmente, Daria, antiga bailarina e atual profissional de comunicação, reside em Kiev, por onde chegou a passar, num comboio a abarrotar, na sua fuga de Kharkiv, mas que não servia de proteção, uma vez que, em março de 2022, a capital do país encontrava-se igualmente acossada pelas tropas de Moscovo.



Os pais mantêm-se no seu apartamento em Saltivka, que ficou intacto, mas uma avó esteve sob ocupação russa numa aldeia próxima da fronteira até à região ser libertada pelas forças ucranianas nos meses que se seguiram à invasão.



"Em Kiev, tento estar a par de tudo o que se está a passar, até porque muitas pessoas pensam que tudo se está a passar nas regiões orientais e que está tudo bem. Que é longe. Mas não está tudo bem nem é longe", observa Daria, explicando que a capital é sacudida regularmente pelos bombardeamentos russos: "As pessoas não se cansam da guerra, habituam-se".



A experiência acumulada de guerra levou-a a procurar saber como reagir quando os alarmes soam na capital, consultando as aplicações no telemóvel para verificar se se trata de um ataque com 'drones' suicidas iranianos Shahed, mísseis balísticos ou de cruzeiro. Num dia, entusiasma-se com mais um navio russo metido no fundo do Mar Negro como um sinal de que a vitória é possível, mas noutro desalenta-se quando Avdiivka, na província de Donetsk, parece mais perto de cair e questiona-se até onde os russos poderão ir e quando.








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Dois anos depois, Kharkiv sobrevive a russos e fantasmas


continuação






Daria não se esquece das palavras de um professor no primeiro ano da universidade, que previa que, em cinco anos, caberia à sua geração começar a assumir os destinos do país, o que para ela agora faz agora todo o sentido neste contexto, mas sem saber como.



"Sinto-me uma pessoa adulta, mas ninguém me ensinou a ser adulta", desabafa a jovem, que votou pela primeira vez nas eleições de 2019 que deram a presidência a Volodymyr Zelensky e o seu discurso de rutura com os hábitos pós-soviéticos e luta contra a corrupção.



Na Ucrânia, tornaram-se frequentes palavras de confronto histórico com os seus pais sobre o rumo do país após a independência, em 1991, e dos protestos Euromaidan há dez anos, como momentos que deviam ter sido aproveitados para uma libertação final das amarras do passado e criar "ucranianos de pleno direito", ainda que os problemas pudessem não ser imediatamente percecionados e houvesse outras preocupações, como ter dinheiro no bolso.



"Acredito que a incerteza é o nosso principal fator agora e quero que a minha geração o assuma. Quero que esta guerra não seja algo mau, mas uma grande oportunidade neste período histórico para fazer muitas mudanças e rápidas", afirma invocando os fantasmas que perseguem um país, começando desde logo pelo combate à corrupção e contra quem age em favor da Rússia para seu próprio benefício: "O que é que nos impede de o fazer já? Nada que nos faça falta, mesmo que por vezes seja deprimente".



Para uma pessoa da sua geração, "é incompreensível haver ainda tantos símbolos soviéticos na Ucrânia", mesmo neste "processo de 'descomunização' em curso", tendo Daria tomado a decisão, quando regressou ao país, de que, após 22 anos de uso do russo como língua materna, passaria a falar apenas ucraniano.



Do mesmo modo, tomou ativamente a parte do país que não vê alternativa a lutar contra a invasão russa e se recusa a passar o testemunho para os seus filhos: Devemos ser a geração que terminou com isto completamente e de vez".


nm
 
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