Tudo Relacionado com "Justiça" Portuguesa

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Prisão preventiva volta a aumentar

A responsável pela avaliação no terreno da reforma penal, em vigor há um ano, admitiu que o próximo relatório sobre a aplicação do Código de Processo Penal e Penal terá outras conclusões sobre a prisão preventiva, após a primeira avaliação, de Maio de 2007, indicar uma redução significativa dos presos preventivos.

Conceição Gomes, coordenadora do estudo de monitorização da Reforma Penal, juntamente com Boaventura Sousa Santos, falava no Parlamento na sequência de um requerimento do PCP.

“No próximo relatório”, previsto para 30 de Novembro, “vamos ter outros dados sobre a prisão preventiva”, admitiu Conceição Gomes.

O primeiro relatório salientava que um dos principais impactos da Reforma Penal foi a redução drástica do número de prisões preventivas, mas Conceição Gomes admitiu que as conclusões desta segunda avaliação semestral poderá ser outra, observando ser “normal que, num primeiro momento, tivesse havido essa redução” de presos preventivos.

Durante a audição, o deputado Fernando Negrão (PSD) havia alertado para o facto de dados oficiais indicarem que entre 1 de Setembro e 1 de Outubro aumentou em 79 o número de presos preventivos, o que estava em nítida contradição com uma das conclusões do primeiro relatório semestral sobre a Reforma Penal.

Conceição Gomes explicou que num primeiro momento da reforma “houve uma redução” de presos preventivos, até porque havia muita gente que já estava no prazo máximo desta medida de coacção mais gravosa, mas que os dados se “reequilibraram” ao longo dos meses seguintes, pelo que os dados do relatório de 30 de Novembro podem ser “outros”.

A directora executiva do Observatório explicou que nesta reforma o legislador quis “claramente” dizer que a prisão preventiva é uma medida de “ultima ratio”, sendo que o carácter excepcional desta medida já está consagrado na Constituição.

@ DN
 

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Balcões de Informação nos novos Tribunais

Um balcão único à entrada vai funcionar em 19 tribunais que integram as três comarcas experimentais do novo mapa judiciário. Os utentes terão um ‘front-office’ para tirar dúvidas. O plano Tribunal XXI inclui também ‘campus’ de justiça em Valongo, Maia e Santa Maria da Feira. Cidadãos de Aveiro, Sines e Sintra vão ser os primeiros a beneficiar do novo serviço.


A partir do próximo ano são 19 os tribunais que vão passar a ter balcões de atendimento, logo à entrada, de forma a esclarecer aos cidadãos as dúvidas relativas a algum processo de que sejam parte ou a alguma diligência que esteja agendada.
Essa é, pelo menos, uma das metas impostas pelo Executivo incluídas no projecto que o ministro da Justiça, Alberto Costa, apelidou de “Tribunal XXI”, anunciado, literalmente, em formato de panfleto.
Um “volte-face” nas condições logísticas e físicas das salas de tribunal que inclui também a criação de novos campus de justiça - concentração de tribunais e serviços de justiça num só local - na Maia, Santa Maria da Feira e Valongo. A juntar aos já anunciados no Porto, Lisboa, Aveiro, Faro, Coimbra e Leiria.
Segundo o que o secretário de Estado Adjunto da Justiça, José Conde Rodrigues, avançou ao DN, só este ano, integrados no plano Tribunal XXI, são 730 as salas de tribunais que já dispõem de gravações digitais das audiências (o que engloba mais de 22 mil processos), 497 aparelhos de videoconferência e um parque informático “quase integralmente substituído”.
Segundo o que o braço-direito de Alberto Costa explicou, só 25% dos tribunais no Norte de Portugal é que ainda não receberam novos computadores e novas impressoras.
Feitas as contas, o Governo estima que foram, desde 2005, adquiridos 9484 computadores e 4350 impressoras, num investimento de quase nove milhões de euros.
Para este ano está previsto ainda na agenda do Governo a aquisição de novos 2200 computadores, 700 impressoras, num investimento que totaliza 1,35 milhões de euros.
Já nos balcões de atendimento, o Governo estima gastar até ao final do ano 200 mil euros. Este posto estará logo à entrada do tribunal - uma espécie de front office - e vai permitir aos utentes da justiça entregar documentos e peças processuais, bem como obter informações relativas aos seus processos.
A elaboração de uma carta de risco dos tribunais, a ligação directa destes a um sistema de controlo nacional e às polícias e a instalação de um botão de emergência em salas de audiência são também medidas que o Governo pretende aprovar, integradas no mesmo plano Tribunal XXI e que pretende, até ao final do ano, instalar 60 novos equipamentos nos tribunais.
Para o efeito, o Ministério da Justiça, em conjunto com o Ministério da Administração Interna, está a preparar “um conjunto de medidas que possam vir a reforçar a segurança dos tribunais”, a par de um reforço de verbas orçamentais em 2009.
Um dos objectivos será “ter os diferentes tribunais do País ligados entre si a um sistema de controlo de segurança, em que, por exemplo, as centrais de alarme estejam ligadas para fazer um contacto imediato com as forças policiais de cada zona”, segundo o que o secretário de Estado assumiu, há umas semanas, em entrevista ao DN.
Admitiu ainda que, actualmente, já existem tribunais com ligação às forças de segurança, mas que o objectivo é fazer “uma actualização de toda essa relação e garantir, em cada caso concreto, as melhores condições para salvaguardar a segurança, quer do funcionamento do tribunal quer também das pessoas que aí exerçam a sua actividade ou aí se dirijam”.
Um dos tribunais que passarão a ter um novo equipamento de videovigilância será o de Santa Maria da Feira, onde, em Junho, nas suas instalações provisórias, o País assistiu a agressões a dois magistrados judiciais desse tribunal, depois de terem condenado um arguido por tráfico de droga. A situação levou mesmo à suspensão de julgamentos nessas instalações.



Onde vão estar balcões de atendimento?
- Os novos balcões de atendimento vão ser criados para 2009 nos tribunais onde vai funcionar a fase experimental do mapa judiciário. Desde logo, na comarca do Baixo Vouga, que engloba os municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos;
- Na comarca da Grande Lisboa Noroeste - englobando os municípios de Amadora, Mafra e Sintra;
- E na comarca do Alentejo Litoral - englobando os municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines.

@ DN
 

aguda

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posso dizer que estive no tribunal de gaia aqui há dias e se tivesse levado uma bomba comigo tinha entrado sem o menor problema isto de ter policia á porta e as pessoas entrarem sem o minimo de revista deixa muito a desejar:shy_4_02:
 

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é como os estádios de futebol é na boa levar o que quisermos
 

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Novo tribunal com rol de queixas sobre insegurança

O novo tribunal de Santa Maria da Feira abre portas segunda-feira. Porém, a mudança, iniciada ontem, está marcada pela falta de segurança de magistrados e funcionários, que vai do acesso a salas de audiência ao parque de estacionamento.

" O edifício tem falhas graves de segurança" - quem o diz é Ana Maria Ferreira, juíza presidente do tribunal de Santa Maria da Feira. A magistrada apresenta uma série de lacunas que não deveriam existir neste edifício, adaptado e que destinaria a área de serviços."Um dos problemas são os carros celulares. Sempre nos foi dito que não conseguiam entrar até à porta que dá acesso directo às celas. Vamos ter um carro celular a parar em cima de uma rampa que dá acesso a uma garagem coberta - onde estarão carros a ser estacionados e onde podem estar crianças e idosos - polícias prisionais a tirar arguidos presos e algemados a passarem por um parque público até acederem à porta que lhes dá acesso às celas", disse a juíza, referindo ainda que a sala de detenções e a sala de testemunhas ficam na mesma sub-cave.

O parque de estacionamento é outro problema . Os juízes vão ter que se deslocar às antigas instalações, das quais, tiveram que sair devido ao perigo de derrocada, para deixarem o carro. Estes não têm direito ao parque de estacionamento existente no novo tribunal. " Nenhum de nós vai querer colocar o carro num edifício que pode ruír", afirma a juíza.

De acordo com uma fonte ligada ao tribunal, este é um problema grave , no que toca à segurança. " Os magistrados vão ter que andar com processos e computadores portáteis até ao estacionamento que fica a 300 metros do tribunal. Podem facilmente ser identificados e ocorrerem agressões", revela a fonte.

Outra das preocupações dos magistrados é a dificuldade de acederem às salas de audiência. Segundo a fonte "os juízes vão ter que sair do edifício e atravessar o espaço público para se deslocarem à sala de audiências que fica no exterior do edifício principal", constata a fonte. Também a zona de atendimento ao público e a sala de chamadas apresentam falhas. "Passavam pelo antigo tribunal mais de uma centena de pessoas.Se compararmos o número de pessoas sabemos que não cabem", salienta a juíza presidente. Já a fonte ligada ao tribunal revela que " não há um espaço para a chamada dos intervenientes num processo. Vão ter que esperar no exterior".

Além disto, advogados e jornalistas terão que dividir o mesmo espaço. " Este foi um dos pontos que comuniquei ao I .Gestão Financeira. Os advogados foram colocados nos sítios mais distantes. Mereciam outro tipo de tratamento", considera a magistrada.

Ana Maria Ferreira já deu a conhecer os problemas ao Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça e à Direcção-Geral da Administração da Justiça, com conhecimento do Conselho Superior da Magistratura.


@ JN
 

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Laborinho Lúcio rejeitado para Provedor de Justiça

A cúpula do PS terá rejeitado esta semana o nome do ex-ministro da Justiça Laborinho Lúcio, sugerido pelo PSD, para suceder a Nascimento Rodrigues no cargo de provedor de Justiça, apurou o jornal Público.

As negociações entre os dois maiores partidos, cujo entendimento é necessário para obter os dois terços de votos no Parlamento exigidos na Constituição, encontram-se neste momento entregues aos líderes socialista e social-democrata, mas continuam num impasse. E terá sido esta negociação que levou ontem ao adiamento da eleição para o Conselho de Fiscalização do Serviço de Informações da República Portuguesa (CFSIRP).

O presidente da Assembleia da República (AR) adiou ontem esta votação, inicialmente marcada para hoje, para a próxima sexta-feira, dia 17, por falta de indicação dos candidatos, que também devia ser feita pelos dois maiores partidos. Embora não seja claro qual dos dois partidos pediu o adiamento, tal aconteceu devido à tentativa de fazer coincidir os dois actos eleitorais no Parlamento. O que ainda não é certo que venha a ser possível, dado que as negociações terão voltado à estaca zero.

Ambas as eleições foram marcadas em Setembro em conferência de líderes, mas a do sucessor de Nascimento Rodrigues já tinha sido adiada sem data na semana passada, por falta de tempo para cumprir as formalidades legais.

De acordo com o Regimento da AR, a apresentação de candidaturas aos cargos exteriores à Assembleia devem ser apresentadas até 30 dias antes da data da eleição, de modo a que o indigitado possa ser ouvido no Parlamento antes da sua eleição.

A dificuldade de entendimento entre PS e PSD estará, antes de mais, na definição de qual o partido a quem cabe indicar um sucessor, já que o PS considera que, ao fim de oito anos, essa prerrogativa é sua. Enquanto o PSD entende que lhe cabe a si, uma vez que o presidente do Conselho Económico e Social, Bruto da Costa, foi indicado pelos socialistas.

No caso dos membros do CFSIRP, a tradição é que os dois maiores partidos alternem entre si a indicação de dois dos três nomes que o compõem, pelo que, desta vez, seria o PS a indicá-los, enquanto o PSD indicaria apenas um. Jorge Bacelar Gouveia e Teresa Morais (PSD) e António Marques Júnior (PS) são actualmente os três membros do Conselho de Fiscalização do SIRP, eleitos a 23 de Setembro de 2004 e tomado posse a 22 de Outubro do mesmo ano.

A escolha dos novos nomes não é considerada uma questão complexa. Do lado do PS, tudo indica que o capitão de Abril, o deputado Marques Júnior, continue em funções, ficando por escolher o segundo elemento. Do lado do PSD, é dado como certo que o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia venha a sair, até porque é actualmente consultor do Presidente da República.

O CFSIRP, órgão que fiscaliza a legalidade dos serviços de informações, tem que ser eleito por dois terços dos deputados presentes, não inferior à maioria dos deputados em efectividade de funções. O SIRP tem actualmente um secretário-geral do sistema de informações com poderes sobre o SIS e o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Nascimento à espera
O actual provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, está há quase quatro meses em funções para além dos quatro anos de mandato, que já cumpriu em Junho. E já fez saber que não gostaria de continuar nesta situação por muito tempo.
Nascimento Rodrigues já vai no seu segundo mandato. O seu nome foi indicado em 2000 pelo PSD, de que é antigo militante e pelo qual integrou o Governo do Bloco Central, como ministro do Trabalho.
Se fosse substituído por Laborinho Lúcio, o cargo continuaria a ser ocupado por um magistrado do Ministério Público.


@ Público
 

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Formação na área da Justiça não dá votos

António Pires de Lima, antigo bastonário da Ordem dos Advogados, criticou, esta sexta-feira, em declarações à TSF, as prioridades do Governo, nomeadamente por não apostar na formação na área da Justiça, afirmando que a «formação não dá votos».


«O que dá votos neste momento é o anúncio de 400 creches para crianças que não nascem», porque as famílias hoje em dia não querem correr «riscos, ao terem crianças e depois não saberem como lhes dar de comer», disse António Pires de Lima.

A poucos dias da apresentação do Orçamento de Estado para 2009, Pires de Lima alertou, em declarações à TSF, para a necessidade de investimentos na formação de quem trabalha na área da Justiça, nomeadamente nos tribunais.

O antigo bastonário sublinhou que são necessárias verbas para a «formação dos funcionários judiciais, dos elementos da Policia Judiciária e das polícias em geral, para que não se enganem e não atirem para outro lado», lembrando que no passado o Governo cortou nas verbas previstas para esse fim.

@ TSF
 

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Aumento de crimes com recurso à Internet

O negócio da venda de medicamentos preocupa o Infarmed, mas a PJ diz que os meios informáticos também servem para negociar carros, droga ou armas.

O tráfico de droga não se faz apenas através de desembarques em praias recônditas ou em ruelas mal iluminadas. Quem rouba dinheiro não tem, obrigatoriamente, de estar munido de um pé-de-cabra ou de uma pistola. Um comprimido pode, em lugar de curar, levar à morte. Há um espaço, na casa ou no emprego de cada um, que pode potenciar todo o tipo de crimes. Funciona como o maior hipermercado do mundo, onde o vendedor ou o comprador, caso o desejem, nunca se dão a conhecer. A Internet, diz a Polícia Judiciária (PJ), serve actualmente para traficar droga, praticar burlas, instigar ou difamar, e o aumento dos crimes praticados através dela está a merecer especial atenção por parte das autoridades. Os crimes com recurso à informática, além de multidisciplinares, são cada vez mais difíceis de combater."É um facto que a criminalidade cresce ao ritmo a que aumentam e melhoram os meios informáticos", sintetiza Carlos Cabreiro, subdirector nacional adjunto da Direcção Central de Investigação à Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira, o departamento da PJ que, operando muitas vezes com recurso à informática, investiga casos tão díspares como a pornografia infantil ou a venda de medicamentos adulterados.

"A compra de medicamentos através da Internet é cada vez mais perigosa. É uma actividade que sugere de imediato a possibilidade de adulteração [dos medicamentos]. E, quando há adulteração da substância activa, então está-se, quase sempre, na presença de um caso de droga", explica o responsável da Judiciária.

O Infarmed, que é quem fiscaliza o negócio da venda de medicamentos pela Internet, anunciou recentemente que estão a chegar ao país fármacos adulterados nas áreas da cardiologia e oncologia. Em apenas duas semanas de Junho, os peritos fizeram 85 análises de produtos medicamentosos chegados às alfândegas e comprados via Internet.

Concluiu-se que apenas seis dos produtos analisados não eram contrafeitos (a maior parte até possuía embalagens falsas). Dos 79 produtos contrafeitos, 34 tinham a substância activa adulterada, com impurezas, substituída por outra totalmente diferente ou com a dosagem modificada. Havia, assim, perigo real para quem os viesse a consumir.

O facto de estes medicamentos se destinarem a pessoas com cancro e com problemas cardíacos também constitui uma novidade a nível nacional. É que até há pouco tempo o que mais surgiam eram os sedativos, os medicamentos para infecções virais, as hormonas de crescimento (o mercado da musculação é dos mais profícuos) e, em primeiro lugar, os destinados a curar a disfunção eréctil.
Por outro lado, são raros os casos em que quem encomenda estes produtos possui prescrição médica legal para o fazer.

Segundo um levantamento feito em 2006 pela Junta Internacional de Controlo de Narcóticos das Nações Unidas, 90 por cento dos medicamentos vendidos mundialmente através da Internet não possuem qualquer receita médica.

Os dados do Infarmed referem ainda que a China e a Índia são os países de maior proveniência da medicamentação contrafeita. No primeiro destes países têm sido frequentes as acções policiais junto de sites que se dedicam à venda para todo o mundo. Em Maio, de uma só assentada, foram encerrados 23 sites que operavam a partir de Xangai.

Na China, apesar de existirem dezenas de vendedores de fármacos a utilizar a Internet, apenas cinco empresas (duas de Pequim, uma de Xangai, outra de Liaoning e outra da Shandong) estão autorizadas a fazer este tipo de comércio. Em Portugal não há conhecimento do encerramento de qualquer site que proceda à venda ilegal de qualquer produto. "O que podemos fazer é alertar toda a gente que utiliza a Internet para comprar ou vender seja o que for. É necessário que cada um saiba o que negoceia e com quem o faz. A Internet gerou um mercado paralelo, com falsas vendas e falsas vontades de comprar, que gera prejuízos muito elevados", avisa Carlos Cabreiro.

@ Público
 

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Procuradores ausentes por contenção orçamental

A existência de uma base de dados comum na qual os procuradores e juízes dos 27 Estados membros possam recorrer sempre que necessitem de um contacto imediato com outras jurisdições em casos de crime organizado e transnacional é o mote da Rede Judiciária Europeia que ontem comemorou, no Funchal, 10 anos de existência.

Uma estrutura composta por 400 procuradores e juízes da União Europeia que funciona através de 'pontos de contacto' que auxiliam em matéria de cooperação além-fronteiras.

Segundo o que o vice-procurador Geral da República, Mário Dias Gomes, explicou ao DN, em causa está a criminalidade organizada que ultrapasse fronteiras. Que pode ir desde o crime de branqueamento de capitais, terrorismo, desvio de dinheiro, ou ainda redes de pedofilia. Só a Procuradoria-geral da República (PGR) portuguesa recebe milhares de pedidos de ajuda de jurisdições europeias em questões como uma simples inquirição de testemunha de nacionalidade portuguesa para processos a decorrer noutra jurisdição.

Apesar de a Madeira ter sido a anfitriã da cerimónia, as ausências nacionais foram notadas. O Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, que se encontrava em visita oficial a Moçambique, fez-se representar pelo seu número dois. E os representantes dos 'pontos de contacto' portugueses - dos quatro Departamentos de Investigação e Acção Penal, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal e da PGR - não estiveram representados. Euclides Dâmaso, director do DIAP de Coimbra, tinha-se disponibilizado para comparecer mas, à última hora, foi informado que o Ministério da Justiça não iria ter a verba disponibilizada para a viagem até ao Funchal.

Contenções orçamentais à parte, a sessão contou com a presença de representantes de todos os tribunais penais internacionais, do Tribunal das Comunidades, das redes judiciárias, do presidente da Região Autónoma da Madeira, Alberto João Jardim, e do Ministro da Justiça, Alberto Costa. Alberto João Jardim, defendeu a separação dos poderes do Estado e a construção de um espaço europeu em que a Justiça "não esteja rigorosamente politizada ".

Consolidar a cooperação com as outras redes judiciárias internacionais foi um dos objectivos traçados pela secretária-geral, Fátima Martins. "Portugal e em especial a Madeira são periféricos relativamente à Europa, mas não o são relativamente ao mundo". O Ministro da Justiça e o vice- PGR revelaram um discurso semelhante, ao enaltecer a actividade desta rede mas advertindo que o "seu significado tem de ir na direcção dos cidadãos que devem ser os beneficiários últimos dos resultados", defendeu Alberto Costa que encerrou a sessão.

@ DN
 

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Custo de avaliação penal em segredo

O Ministério da Justiça mantém em segredo os custos com o contrato celebrado com o Observatório Permanente da Justiça Portuguesa (OPJ) para a monitorização das leis penais.


Apesar dos insistentes contactos junto do gabinete do ministro da Justiça, Alberto Costa – designadamente dois e-mails enviados nos dias 7 e 9 de Outubro –, o CM não obteve, até ao momento, qualquer resposta à pergunta: ‘Quanto custa ao Ministério da Justiça o processo de monitorização da reforma penal?’

Para hoje estava agendada a audição de Alberto Costa na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais sobre a monitorização da reforma penal, mas esta foi adiada, uma vez que o ministro se encontra doente.

Há uma semana, a coordenadora executiva do estudo, Conceição Gomes, disse também no Parlamento que não foram monitorizados "casos concretos" e que "há muitas questões que ainda não podem ser avaliadas" – referindo-se ao segundo dos três relatórios previstos.

Quanto ao primeiro, que foi apresentado em Julho e que concluiu que a reforma causou uma "redução drástica do número de presos preventivos" e que não contribuiu para a celeridade da Justiça, Conceição Gomes recusou falar em conclusões, mas apenas em "percepções". "Ainda não é possível apurar até que ponto a percepção é real", afirmou a coordenadora executiva do Observatório.

MINISTRO DEIXA PINTO MONTEIRO DOIS ANOS À ESPERA

O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, já exigiu e propôs alterações no regime do segredo de justiça, deixando desde logo o aviso de que "os crimes económicos correm todos risco".

No entanto, um dia depois de o ministro ter recebido as propostas de Pinto Monteiro, em Fevereiro, Alberto Costa recusou proceder a alterações na revisão penal de 2007 antes de terminar o processo de monitorização do Observatório da Justiça, ou seja, em Maio de 2009. Esta posição tem sido sistematicamente reiterada por Costa, mas o próprio PS recuou e propôs alterações aos dois artigos do Código de Processo Penal, no sentido de facilitar a detenção dos agressores fora de flagrante delito e, assim, assegurar a protecção das vítimas de violência doméstica. O ministro mantém-se irredutível e alega que "quem se arrepende depressa erra duas vezes".

MAGISTRATURAS FAZEM BALANÇO NEGATIVO

Mais crimes e menos presos. Foi este o balanço feito pelas magistraturas e investigadores após um ano de novas leis penais. Em Setembro de 2008, havia menos 2038 presos nas cadeias portuguesas, uma diminuição que coincidiu com uma onda de criminalidade violenta sem precedentes. Carlos Anjos, da Polícia Judiciária, classificou as mudanças como "terríveis", o desembargador António Martins fez um "balanço negativo" e o procurador António Cluny limitou-se a dizer que "as estatísticas falam por si".

O alvo das críticas são o regime da prisão preventiva – foi reduzido o número de crimes que permitem a preventiva e encurtados os prazos desta medida de coacção – e os obstáculos criados à detenção fora de flagrante delito. No primeiro dia da reforma 115 presos foram soltos.

APONTAMENTOS

OBSERVATÓRIO
O Observatório Permanente da Justiça Portuguesa foi criado no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, em 1996, através de um contrato celebrado com o Ministério da Justiça. É coordenado por Boaventura de Sousa Santos.

CONTRATO
O Ministério da Justiça assinou, a 29 de Outubro de 2007, um contrato com o Observatório Permanente da Justiça Portuguesa para a monitorização dos Códigos Penal e de Processo Penal, cujas alterações entraram em vigor a 15 de Setembro de 2007. O contrato prevê a realização de três relatórios semestrais.

EQUIPA
A equipa do Observatório da Justiça encarregue de fazer a avaliação das novas leis penais é coordenada por Boaventura de Sousa Santos e por Conceição Gomes e integrada por mais seis pessoas. O primeiro relatório foi apresentado em Julho, o próximo é a 30 de Novembro e o último está agendado para Maio de 2009.


@ CM
 

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Advogados em dificuldades financeiras

“Há advogados em grande dificuldade”. O alerta é lançado por Rui Silva, dirigente da Ordem, que deste modo chama a atenção para o problema recorrente dos atrasos no pagamento dos honorários aos juristas que asseguram defesas oficiosas. Apesar das garantias recentes dadas pelo Ministério da justiça, o problema persiste.

“Não quantificámos o montante, mas é um valor significativo, que pesa no orçamento dos escritórios e na vida dos colegas “, evidenciou ao Negócios Rui Silva, presidente do Instituto dos Advogados em Prática Individual (IAPI), tutelado pela Ordem.

O problema recorrente das dívidas do Estado no âmbito do acesso ao direito, a inclusão dos advogados na gestão participada dos tribunais e o novo sistema de apoio judiciário serão três das questões em debate, no próximo sábado, em Coimbra, no decorrer do V Encontro Nacional do IAPI.

“Mais do que discutir o futuro da advocacia em prática individual, que não está em causa, o encontro visa promover o debate em tomo dos problemas que actualmente concentram as nossas preocupações”, sublinhou Rui Silva.

Num encontro que responde ao mote “A advocacia em Prática Individual tem futuro”, uma das áreas que estará em debate será a referente às novas regras de organização e de funcionamento dos tribunais.

Para o presidente do IAPI, cabe ao advogado ter uma palavra sobre as mudanças que se avizinham, com a entrada em funcionamento das três comarcas piloto - Baixo Vouga, Grande Lisboa Noroeste e Alentejo Litoral - do novo mapa judiciário.

A este nível, o jurista sustenta que a voz dos advogados tem que ser escutada, porque são estes que estão no terreno. Para o presidente do IAPI, a solução ideal passaria por integrá-los na gestão participada dos tribunais.

O encontro de Coimbra será ainda aproveitado, segundo Rui Silva, para um primeiro balanço ao novo sistema de apoio judiciário e para enviar uma mensagem de sensibilização aos organismos públicos para a necessidade de dignificar a advocacia.


@ Jornal de Negócios
 

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Interessa ou não a melhoria da justiça ?

Entendem alguns que a intervenção da ASJP no que toca a reivindicações do estatuto socioprofissional ainda vá que não vá. Mas querer interferir na melhoria do sistema de justiça? Aqui D’El-Rei! Isso já é ir longe de mais. Dizem que assim se belisca a separação de poderes. Sendo os juízes a face visível da justiça, o que há de errado em que estes, munidos dos conhecimentos concretos do dia-a-dia, dêem o seu contributo para a melhoria do sistema (...) sem pedir ou obter nada em troca ?

Interessando-me por aquilo que se diz da Justiça, dos juízes e da associação que os representa, sinto-me muitas vezes tentada a repor a verdade dos factos. Nas últimas semanas ouviu-se criticar o facto de os juízes dar em o seu contributo em matéria legislativa.

Entendem alguns que a intervenção da ASJP no que toca a reivindicações do estatuto socioprofissional ainda vá que não vá. Mas querer interferir na melhoria do sistema de justiça? Aqui D’El-Rei! Isso já é ir longe de mais

Dizem que assim se belisca a separação de poderes. Sendo os juízes a face visível da justiça, o que há de errado em que estes, munidos dos conhecimentos concretos do dia-a-dia, dêem o seu contributo para a melhoria do sistema?

Aliás, reza o art.º 48.º da CRP que todos os cidadãos têm o direito a tomar parte na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país, directamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos.

A intervenção dos juízes, através da sua associação, ao proporem alterações a iniciativas legislativas, mais não é do que o exercício de um direito constitucional.

Não se confunda. Órgãos de soberania são os Tribunais. A ASJP representa os juízes, não os Tribunais. A ASJP ao propor medidas legislativas não está a representar os tribunais, não está a querer fazer leis. A legitimidade para tal é do Governo ou do Parlamento que só acolhem as alterações sugeridas se considerarem que estas merecem acolhimento.

Ao fazê-lo a ASJP está a exercer um dever de cidadania, a dar préstimos em áreas em que pode colaborar para a eficácia do sistema judicial.
Se o objectivo último é a melhoria da Justiça, porque serão tão inconvenientes os préstimos que os juízes se propõem dar, sem pedir ou obter nada em troca?


Teresa Freitas Vogal Da DN DA ASJP @ Meia Hora
 

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Homem senta-se na cadeira do Juiz e aponta arma

Um homem com cerca de 40 anos está desde as 09:55 desta sexta-feira, no interior do Tribunal da Covilhã, com uma arma apontada à própria cabeça, disse à Lusa fonte do Tribunal. Segundo a fonte, o homem entrou de manhã «sem mais nem menos no Tribunal, dirigiu-se à sala de audiências, sentou-se na cadeira do juiz e apontou uma pistola à própria cabeça».Adiantou que na ocasião a sala estava vazia e que, desde então, o homem tem permanecido «sozinho» no local. «Não fala com ninguém nem diz nada», referiu a fonte, admitindo que o indivíduo tenha sido interveniente num processo judicial julgado no Tribunal da Covilhã.

@ Portugal Diário
 

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Vão aumentar processos judiciais de despedimento

O professor de Direito Jorge Leite diz que o trabalhador vai ver reduzida a liberdade de programar a sua vida e não vislumbra redução da precariedade fraudulenta.

A proposta de lei de revisão da legislação laboral tem aspectos positivos e negativos, defende Jorge Leite, um dos mais ouvidos especialistas em direito de trabalho. Entre os positivos, encontra-se a nova forma de repartição da licença parental e a simplificação do modelo de reacção a um despedimento ilícito. Mas a proposta possui bastantes aspectos criticáveis e mesmo susceptíveis de ser inconstitucionais. Em entrevista escrita, em dois momentos, o jurista expõe as suas opiniões sobre esses pontos.

Comecemos pelos pontos positivos. Por que razão elogia o novo modelo de reacção contra um despedimento ilícito?
Não se trata, propriamente, de um elogio. O que tenho dito é que guardo uma expectativa positiva. À primeira vista, a simplificação do impulso inicial a cargo do trabalhador e a transferência para o empregador da obrigação de apresentar a petição inicial de justificação do despedimento e carrear os elementos probatórios dos fundamentos invocados facilitam a reacção contra os despedimentos.
A medida parece justa. Afinal, o empregador é, no processo disciplinar, um juiz em causa própria. Penso que o novo modelo tende também a compensar a simplificação do processo disciplinar e a redução, a meu ver excessiva, de 12 para dois meses, do tempo que o trabalhador dispõe para reagir contra o despedimento. Porém, só a prática mostrará se a expectativa se confirma.
Um efeito poderá antecipar-se: vai aumentar o número de processos judiciais.

Espera um aumento dos despedimentos?
Esta é uma via para tornar mais célere o despedimento. A mera simplificação do processo tenderá a estimular o seu uso e, portanto, o despedimento. Vai ter ainda um outro efeito: reduz a possibilidade de o empregador cometer erros processuais.
Corre a ideia de que as nossas leis dificultam excessivamente os despedimentos. Nas nossas sociedades, o trabalho é o único meio digno de vida da esmagadora maioria das pessoas, pelo que permitir que alguém possa, sem um motivo forte, privar outrem deste bem tão essencial seria permitir um verdadeiro atentado a um direito humano básico. Sinceramente ou não, as instâncias internacionais têm-se preocupado com este problema. Veja-se o que se passa com as chamadas "saídas negociadas", que encobrem verdadeiros despedimentos, muitas vezes sem motivo legítimo; com as comissões de serviço, com o período de experiência e com essa estranha figura da caducidade, da falsa caducidade, atrás da qual se escondem igualmente verdadeiros despedimentos.
Não foi por má vontade que o Tribunal de Justiça da Comunidade Europeia condenou Portugal por insuficiente transposição da directiva sobre despedimentos colectivos. Tudo continuou a passar-se como se nada tivesse acontecido...

Qual a sua opinião sobre o aumento do período experimental de três para seis meses?
Falar de período experimental é falar de um período de despedimento livre. Não se contesta o facto de a fase inicial do contrato servir para as partes avaliarem a relação. Contesta-se o alargamento brutal de um período de experiência que já não era curto. Com um período tão extenso de despedimento livre, para quê recorrer ao contrato a prazo?
Esta medida esbarra, porém, com um pequeno problema de índole jurídica: como compatibilizá-lo com o princípio da estabilidade e a regra da proibição de despedimento sem justa causa, ambos constitucionalmente consagrados?

Na sua opinião, é inconstitucional?
Se conjugarmos o princípio da proporcionalidade (art. 18.º) com o da estabilidade (art. 53.º), a resposta, a meu ver, só pode ser afirmativa.

O ministro do Trabalho alega que apenas se uniformizou os tempos de período experimental previstos na lei. O que acha?
Antes de mais, não uniformiza; o Código continua a prever períodos superiores para certos casos. Depois, a uniformização tanto poderia ser feita por cima como por baixo ou por um outro período situado ou não entre ambos. Por fim, a uniformização de tratamento de situações diferentes é uma forma de violação do princípio da igualdade.

É constitucional o regime de trabalho em comissão de serviço?
A figura da comissão de serviço é, talvez, um dos mais eloquentes exemplos de revisão constitucional por via de lei ordinária. A figura foi introduzida com um perfil jurídico, já então de constitucionalidade duvidosa, perfil que leis posteriores vão quase silenciosamente modificando até a transfigurar totalmente. Aquilo que é designado por "comissão de serviço de trabalhadores externos" é um contrato de trabalho mal disfarçado de comissão de serviço cujo regime se traduz na faculdade de cada uma das partes lhe pôr termo a todo o momento, sem invocar qualquer motivo. O despedimento passa a ser livre, ou seja, é um contrato que a lei subtrai à regra constitucional da proibição de despedimento sem justa causa. Será compatível com o art. 53.º da Constituição?

O objectivo de conciliar o trabalho e a família é prejudicado pelos horários de trabalho mais flexíveis?
O Código reforça os poderes do empregador para alterar tempos e horários de trabalho, agrava a sujeição do trabalhador às decisões do empregador relativas ao número de horas de trabalho diário e semanal.
O trabalhador vai ver reduzida a liberdade de programar a sua vida, fica mais condicionado na conciliação do tempo de trabalho com o tempo familiar, cultural, recreativo, etc. As regras implicam uma maior intensidade de trabalho e até uma provável redução dos rendimentos do trabalhador. Trabalhar mais por menos parece ser, aliás, uma das marcas deste grupo de normas.
As medidas de conciliação da vida profissional com a vida familiar tendem a compensar as medidas que a dificultam, mas o saldo é francamente desfavorável aos trabalhadores.

O Governo alega que "a forma mais dura de conciliar a vida familiar e profissional é a impossibilidade de existir vida profissional"...
Alega? Seria um argumento tão absurdo como o daqueles que alegam que ter um emprego, sobretudo um emprego digno, é um privilégio. É uma subversão total de valores. O emprego deveria ser o status normal de quem o procura e a falta dele um drama humano e social.

Parecem-lhe eficazes as propostas de combate à precariedade?
Tenho muitas dúvidas. Não serão totalmente irrelevantes, mas não creio que reduzam significativamente a precariedade fraudulenta.
Aliás, a medida invocada como bandeira do combate é ambígua e é insuficiente. É, antes de mais, ambígua.

Será que considerar os falsos "recibos verdes" uma contra-ordenação muito grave vai significar que nenhuma outra sanção será aplicável ao infractor? Escondendo os falsos "recibos verdes" verdadeiros contratos de trabalho, não deverá a fraude ser também sancionada com a conversão do vínculo naquilo que é de facto e de direito?
É insuficiente não apenas porque, estranhamente, deixa de fora outras formas de precariedade fraudulenta a que recorrem com frequência entidades privadas e públicas - como é o caso das falsas externalizações (outsourcing) -, mas também porque é uma medida branda. Confronte-se com o Código Penal espanhol, que manda castigar com penas de prisão de seis meses a três anos e multa de seis a 12 meses os que, mediante engano ou abuso de situação de necessidade, imponham aos trabalhadores condições laborais ou de segurança social que prejudiquem, suprimam ou restrinjam os direitos reconhecidos por disposições legais, convenções colectivas ou contrato individual.

Finalmente, as omissões. Havia assuntos importantes que ficariam por tratar?
Creio que o Código continua prisioneiro de concepções antigas, não enfrenta alguns dos mais significativos fenómenos da actualidade, como é o caso das empresas em rede, e insiste na tendência para a empresarialização do direito do trabalho, dele fazendo um instrumento de gestão, assim reduzindo, consequentemente, a dimensão humana do mundo do trabalho e sujeitando os direitos do ser humano no trabalho aos imperativos da economia de mercado. Os direitos são também modos de regulação das relações sociais, mas modos orientados por imperativos éticos, de justiça, de dignidade, de igualdade, como insistentemente salientam - a meu ver bem - muitos autores.

HÁ RISCO DE PERDA DE DIREITOS DO TRABALHADOR

A caducidade das convenções colectivas pode levar o trabalhador a "perder, de um momento para o outro, o estatuto colectivo que o abrangia, perdendo as regalias nelas consagradas", sustenta o jurista Jorge Leite. A caducidade vigora desde o Código do Trabalho em 2003. Mas o Governo alega que a sua revisão, sem a pôr em causa, evita o vazio contratual ao criar uma nova fase de arbitragem - "arbitragem necessária".
Mas, para Jorge Leite, o risco subsiste. "Se o Governo quisesse que a arbitragem funcionasse como tal, haveria de prever o seu desencadeamento para o período que precede a caducidade e não para o período que se lhe sucede." O resultado será, "se é que não tem como objectivo, aprisionar os sindicatos às propostas dos empregadores. A pressão para concluir acordos passa, praticamente toda, para o seu lado". Os empregadores não correm riscos, se não negociarem.
"O sistema está arquitectado de modo a aparecer sempre um sindicato disponível para assinar acordos", continua o jurista. "O anunciado mecanismo da representatividade das organizações de trabalhadores e de empregadores poderá vir a resolver alguns problemas, mas, para já, o Código não faz mais do que adiar a sua aplicação". O novo Código "promove a pulverização sindical, envia aos trabalhadores sinais de desnecessidade de sindicalização, abrindo as portas à adesão individual às convenções colectivas". Ao permitir "a fixação, por convenção colectiva, de piores condições do que as previstas na lei, dificilmente se poderá dizer que não promove o enfraquecimento sindical.
Em que aspectos? É o caso do "papel reservado à administração, quer no que respeita ao poder de estender as convenções a não sindicalizados, quer no que respeita aos seus poderes para as declarar caducadas, quer ainda no campo da arbitragem obrigatória e necessária. É, no mínimo, estranho ser um ministro a fazer o papel de estrela no firmamento dito da autonomia colectiva".

Jorge Leite, 69 anos, natural de Marialva, concelho de Meda (Guarda). é um dos juristas de direito laboral mais conceituados. Antifascista, foi suspenso em 1973 pela PIDE/DGS das funções de professor da Faculdade de Direito em Coimbra, em consequência das suas opiniões. Militante comunista, foi deputado, tendo saído do PCP em 1989. É autor de diversas publicações de direito e de conhecidas colectâneas de legislação laboral anotadas, É árbitro para a definição dos serviços mínimos. Foi professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito de Coimbra até Março de 2008 e é, desde Maio passado, director e professor do Departamento de Direito da Universidade Lusófona do Porto.


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Juízes mais atentos contra mães manipuladoras

Poder paternal. Os juízes começam a estar mais sensibilizados para os casos de manipulação dos filhos contra os pais, maioritariamente protagonizados pelas mães, e atribuem, cada vez mais, a tutela das crianças aos pais. "O paradigma está mudar", garante a presidente do Instituto Português de Mediação Familiar, Maria Saldanha Pinto Ribeiro, que se tem esforçado por sensibilizar os juízes para os "inúmeros casos" de alienação parental, em processos de regulação do poder paternal, com o propósito de os afastar das suas vidas.

Em declarações ao DN, aquela jurista considerou a chamada síndrome da alienação parental um problema grave, para o qual os tribunais estão finalmente a acordar, mas lembrou que "ainda há um longo caminho a percorrer". Para esse flagelo têm também chamado a atenção, o psiquiatra Joaquim dos Vultos, que alerta para os graves danos causados nas crianças, e o juiz do Tribunal de Menores do Funchal, Mário Rodrigues da Silva. Aquele magistrado observa que os casos de falsas acusações de abuso são "mais frequentes do que se possa imaginar".

Justamente para impedir que nos processos litigiosos de divórcio ou regulação do poder paternal, os juízes decidam influenciados por essa manipulação perversa - que chega a atingir o extremo de falsas acusações de abuso sexual -, Maria Saldanha defende uma mudança de fundo na orientação dos tribunais.

"É necessário que nestes casos litigiosos os tribunais não atribuam logo a tutela às mães - como acontece - nem sequer provisoriamente. Porque já sabemos que o provisório se eterniza, acaba por tornar-se definitivo, pois é muito difícil voltar para trás", disse a autora de um livro sobre a síndrome da alienação parental.

Em contrapartida à atribuição provisória da tutela, a jurista vai bater-se para que seja consagrada a figura das "casas de fim-de-semana". Estas casas, explica, funcionariam fora do tribunal, mas reportando a ele como um espaço de intermediação, em que nas "trocas" de fim-de-semana, as crianças são ali levadas às sextas-feiras e ao domingo para serem recolhidas pelos pais ou mães. "Nesse processo de transferência entre um e outro progenitor actuariam media- dores familiares, que teriam a oportunidade de estudar os casos, avaliar a existência de sinais perturbadores e elaborar pareceres que possam ajudar os juízes a produzir uma sentença bem fundamentada", advoga Maria Saldanha Pinto Ribeiro.

Também o procurador Rui do Carmo concede que "está a crescer o número de casos em que a tutela das crianças é confiada aos pais". Nestas situações, os juízes consideram que as crianças estão melhor com os pais ou trata-se de casos em que as mães não manifestam interesse em ficar com a tutela dos filhos", diz.
Em todo o caso, e apesar de serem agora mais os pais com a tutela dos filhos, Rui do Carmo é peremptório: " na esmagadora maioria dos casos, as crianças ainda são confiadas às mães".

Com a entrada em vigor da nova lei do divórcio - que ainda está à espera de promulgação - dá-se um forte incentivo ao exercício conjunto do poder paternal. Essa passa a ser a norma das situações de regulação, que altera o próprio conceito ao substituir o termo poder paternal por responsabilidade parental, que remete para um quadro de direitos e deveres.


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Nova lei do divórcio aumentará recurso aos Tribunais

As alterações introduzidas na legislação do divórcio vão aumentar a conflitualidade e o recurso aos tribunais de família e civis, afirmou na noite desta sexta-feira, no Porto, a especialista em Direito da Família Rita Lobo Xavier, noticia a Lusa.


A professora universitária, que falava à margem de um debate promovido pela Associação de Médicos Católicos, recordou que com a lei anterior um divórcio por mútuo acordo exigia que o casal apresentasse na conservatória um conjunto de acordos complementares, como a tutela dos filhos e a morada da família.

«Agora o divórcio pode ocorrer sem que esses acordos complementares tenham de ser previamente apresentados. Espero não ter razão na minha profecia, mas isso vai levar a uma diminuição dos divórcios por mútuo acordo e aumentar o recurso aos tribunais», considerou.

Por outro lado, alertou Rita Lobo Xavier, «com a nova lei deixa de ter relevância a violação dos deveres conjugais, nomeadamente em casos como violência doméstica e adultério».

«Antevejo também aqui um aumento da conflitualidade no divórcio, nomeadamente com recurso aos tribunais. Não é por uma lei dizer que não há ajustes de contas num divórcio que eles desaparecem. Isso é uma ilusão», disse.

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Recusa de julgamentos sumários

O Ministério Público (MP) que funciona junto do Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa fez várias acusações sem ter o resultado final dos exames periciais para confirmar, por exemplo, que a apreensão feita a um indivíduo era efectivamente droga ou que tipo de arma este tinha utilizado num crime. Vários juízes entenderam que não estavam garantidos os direitos dos arguidos, uma vez que a prova não estava consolidada, tendo recusado o processo sumário e remetendo o caso para inquérito.

O Ministério Público (MP) que funciona junto do Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa fez várias acusações sem ter o resultado final dos exames periciais para confirmar, por exemplo, que a apreensão feita a um indivíduo era efectivamente droga ou que tipo de arma este tinha utilizado num crime. As situações aconteceram em casos em que o MP requereu o processo sumário, o que obriga a que a acusação seja feita em apenas 48 horas.

Vários juízes entenderam que não estavam garantidos os direitos dos arguidos, uma vez que a prova não estava consolidada, tendo recusado o processo sumário e remetendo o caso para inquérito. Este tipo de forma processual tem a vantagem de ser muito mais rápido e simplificado do que os outros, mas determina prazos muito curtos.

Em Março, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa assinou três protocolos para tentar acelerar a realização de perícias no Laboratório de Polícia Científica (LPC) e no Instituto Nacional de Medicina Legal, e a recepção do certificado de registo criminal dos arguidos. No entanto, os termos acordados nem sempre são suficientes. É o caso dos exames periciais de produtos estupefacientes que o LPC terá de fazer no prazo de oito dias seguidos, mais tempo do que o MP tem para produzir, normalmente, a acusação. O problema persiste em muitas outras situações em que são necessárias perícias, como de armas, em que não existem protocolos. Ou em casos que, por qualquer razão, não é possível cumprir o tempo estipulado.

Isso devia inviabilizar o recurso ao processo sumário, alargado em Setembro do ano passado aos detidos em flagrante delito, suspeitos de crimes puníveis com penas de prisão inferior a cinco anos (antes era três). Mas o Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República tem insistido na utilização do processo sumário. E alguns procuradores usaram-no quando a prova ainda não estava consolidada. Esta questão é ignorada pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), que parece mais preocupado com a maioria que resiste a cumprir a lei e os direitos dos arguidos.

Por isso, a semana passada o CSMP ordenou a realização de uma inspecção extraordinária aos serviços do MP junto dos Juízos da Pequena Instância Criminal de Lisboa. Trata-se de apurar se têm, ou não, sido seguidas as orientações superiores, designadamente no que respeita à realização de julgamentos em processo sumário, que o Ministério Público deve requerer sempre que se verifiquem os respectivos pressupostos", esclarece a procuradoria numa nota enviada ao PÚBLICO. "Está em causa uma justiça mais célere e mais convincente para o cidadão", acrescenta-se na mesma nota.

O secretário-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, acredita nos benefícios do processo sumário, mas salienta que os requisitos têm que estar cumpridos. O Ministério Público só pode remeter para julgamento processos relativamente aos quais seja previsível a condenação do arguido face aos elementos de prova existentes", salienta. E completa: "O que se verifica, muitas vezes, é que os indícios não estão suficientemente consolidados para que se possa requerer o julgamento nesta forma processual".


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Crimes contra mulheres são cada vez mais violentos

As associações de defesa dos direitos das mulheres alertam para a crescente brutalidade dos crimes cometidos. A UMAR aponta ainda 32 homicídios registados este ano, até ao presente mês, e a existência de 35 tentativas falhadas.

Os crimes contra as mulheres não só aumentaram este ano como estão mais violentos. "As agressões são sempre preocupantes, mas notamos nos últimos tempos uma mudança na forma dos crimes: são mais violentos, mais brutais", disse a presidente da União da Mulher -Alternativa e Resposta (UMAR) ao DN, no dia em que milhares de mulheres de todo o mundo marcharam em Vigo, Espanha, contra a violência de género.

Elizabete Brasil refere-se, por exemplo, ao crescente número de mulheres que são mortas à machadada pelos seus maridos ou ex-companheiros. "Isto é assustador", observa aquela dirigente, lembrando que este ano, até ao presente mês, foram registadas 32 mulheres vítimas mortais de crimes cometidos no âmbito da violência doméstica, de acordo com os dados apurados pela organização. O marido ou companheiro é o principal agressor. Aqueles crimes representam mais onze casos do que os verificados ao longo de todo o ano de 2007.

Igualmente preocupante é a expressão das tentativas falhadas de homicídio, que no ano passado aumentaram face a 2006, totalizando 57 casos. E este ano, até Agosto, foram 35 as tentativas de homicídio perpetradas contra mulheres, segundo dados avançados pela UMAR. Aqueles números levam Elizabete Brasil a observar que "se essas mulheres não chegaram a morrer foi porque tiveram sorte, mas nada garante que a próxima vez não seja fatal". É um facto bem conhecido de quem acompanha estes casos que muitos dos casos de homicídio eles são o culminar de anos de maus tratos físicos e psicológicos. Por isso mesmo, a dirigente da UMAR manifesta-se desapontada com a prática do sistema judicial português, que, acusa, "continua a ser cúmplice" destes crimes.

Apesar da violência doméstica ter passado a ser tipificada como um crime público desde 2000, não carecendo de apresentação de queixa para que seja desencadeado o processo crime, "são as mulheres que têm de se pôr em fuga, são elas que têm de ir para as casa de abrigo, deixar a sua casa, a sua rede familiar e social", lembra aquela defensora dos direitos das mulheres.

"O sistema continua a ter dificuldades em deter estes indivíduos, os vizinhos continuam a não chamar a polícia quando assistam a maus tratos, porque ainda há quem pense que entre marido e mulher não se mete a colher, é toda a sociedade que tem de perceber que a agressão é uma violação dos direitos humanos e não se pode ser complacente com essa realidade", sublinha. Para aquela activista "já não se pode falar em Portugal de um problema de falta de legislação adequada, ela existe, mas infelizmente a prática das instituições nem sempre é a mais adequada".

A UMAR tem duas casas-abrigo para mulheres vítimas de maus tratos, com capacidade para 60 utentes e, como lembra, Almerinda Brito, outra dirigente da associação, "a verdade é que estão sempre lotadas: quando uma mulher sai, entra logo outra, um sinal de que o fenómeno não pára", disse, a partir de Vigo, onde decorreu uma marcha de dez mil mulheres, organizada por associações de mulheres de todo o mundo.

O baixo nível de escolaridade e o consequente mau rendimento salarial das mulheres acompanham frequentemente estes casos.


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O ministro da Justiça não existe

António Pires de Lima, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, a «O Diabo», afirma, designadamente, que:
- O Governo tem feito um processo desaustinado de criar maiores problemas na realização na Justiça, designadamente, não reconhecendo o mérito de quem trabalha na Justiça afincadamente, como é o caso dos magistrados e funcionários;
- O Ministério Público só não estará instrumentalizado e ao serviço do Parlamento se tiver a coragem de impor o critério de igualdade no tratamento dos crimes;
- A Ordem dos Advogados é populista, apagou-se e as afirmações são produzidas com um sensacionalismo tremendo, não se fazendo nada pela advocacia;
- O ministro da Justiça não existe. Existe uma cadeira que está ocupada por um senhor que diz que é ministro da Justiça.


DIABO - Como avalia esta crise financeira mundial?
ANTÓNIO PIRES DE LIMA - Não sou economista. Mas felizmente também não faço as previsões que os inúmeros economistas têm feito e que indiciam estar fora da realidade. Para mim, o economista e jurista que tem falado com maior convicção sobre a realidade péssima que temos é o Dr. Medina Carreira.

O professor Medina Carreira faz um retrato real da situação do País?
Acho que sim. Pelo menos fá-lo de uma forma convincente e a verdade é que os factos têm vindo a demonstrar que as previsões do Dr. Medina Carreira continuam a ser as que parecem estar certas. Não posso criticar ninguém mas posso avaliar os resultados.

E os resultados não são muito animadores.
Não. Há um ditado que diz que «a vida dos pobres é um mistério». Mas, efectivamente, não sabemos como é que um pobre consegue sobreviver. Acho que este País é pobre e tem feito o possível por ser ainda mais pobre. E foi pobre toda a vida, não propriamente no seu aventureirismo ao estender-se por todas as partes do Mundo, mas foi pobre até na forma como aproveitou esse facto. Quando verificamos que o Brasil é uma grande potência, quando Angola é o que é, nós aqui o que aproveitamos? Nada.

Desde 2005 - ano em que o Governo de José Sócrates tomou posse - e olhando para o País e para aquilo que foi feito, hoje estamos melhor ou pior?
Temos vindo a piorar constantemente mas não é por este Governo. Este Governo talvez tenha tido a coragem de nos espoliar em várias coisas, como por exemplo na carga fiscal injusta que recai sobre as pessoas. Pelos vistos talvez não valha a pena trabalhar.

«Má consideração pelos magistrados»

Estamos no último ano da legislatura. Como vai o estado da Justiça em Portugal? Ao fim de três anos houve ou não uma verdadeira reforma?
Sou um critico do que se tem feito. E o que se tem feito é um processo desaustinado de criar maiores problemas na realização na Justiça, designadamente, não reconhecendo o mérito de quem trabalha na Justiça afincadamente, como é o caso dos magistrados e funcionários - os advogados trabalham por conta própria, por isso não me posso referir a eles neste momento. Tem sido má a consideração pelos magistrados. São referidas permanentemente situações de desconsideração para com os magistrados e os funcionários que estão nos tribunais e, obviamente, que o público não pode deixar de acompanhar essa situação. As reformas que se têm feito têm sido sobretudo de ordem técnica. Para além de umas bandeiras, uns fornecimentos de computadores e meios de gravação, pouco mais temos. E nada disto chega para prestigiar a Justiça.

Disse há uns tempos que o Governo utilizou «mentiras» para fundamentar a reforma na Justiça. Que mentiras são essas?
As mentiras são muitas. Por exemplo, há falsas experiências constantes. Há fórmulas de processo que estão a ser experimentadas há meses em tribunais, não sabemos qual é o resultado. Não vejo sequer que essas fórmulas tenham melhorado o funcionamento do Justiça.

E que outros aspectos o preocupam?
A mudança das técnicas de funcionamento dos tribunais. Tenho o pecado de não saber mexer num computador. Mas os funcionários dos tribunais -com 55 anos, por exemplo - têm capacidade para entrar neste novo sistema? E não tendo o que é que se lhe faz? Reformam-se, que é o que temos visto. Dos que ingressaram no tempo do Dr. António Costa - em 2000/2001 - como oficiais de Justiça, quantos é que estão ainda nos tribunais ou quantos estiveram de passagem? Ninguém sabe, ninguém diz, ninguém fala. Como é possível que os Códigos sejam alterados com esta frequência?

O problema é a falta de preparação das pessoas ou falta a tal grande reforma estrutural?
Não sei qual é a reforma. A reforma que falta, para mim, é na mentalidade e na preparação das pessoas. Quando eu sou confrontado todos os dias com mais regulamentos e pormenores, necessariamente que tenho de demorar mais tempo se quero ser cauteloso e se não quero errar. Mas aquilo que se está a passar é que realmente o magistrado - que não pode arriscar tanto como um advogado ou como o Ministério Público porque a sua responsabilidade é diferente - não pode deixar de estar preocupado com todo um conjunto de legislação que só complica. E se ela muda constantemente, ele não pode entrar num processo de rotina nem mesmo para as coisas mais fáceis. Se não entra num processo de rotina entra num processo de demora na resolução do problema. Se as pessoas não estiverem motivadas, obviamente que a Justiça não funciona.

Qual o balanço que já pode ser feito das alterações às leis penais?
Não sou penalista. Os sinais que me chegam é que, afinal de contas, o que se fez foram reformas impensadas, como em quase toda a matéria legislativa. O Governo alterou o Código de Processo Penal e a Lei das Armas. Uns tempos depois já está a alterar a Lei das Armas designadamente para criar uma obrigação de prisão preventiva para todos quantos praticarem um crime com armas e não faz alteração no Código de Processo Penal. Porquê? Porque o Governo tem vergonha de assumir que fez mal o CPP, até porque essa alteração foi feita por esse senhor que aparece como um Deus a anunciar a segurança de todo o povo português - o ministro da Administração Interna (Rui Pereira) - e vai alterar a Lei das Armas. Isto só revela que em muitas matérias, e na matéria penal também há situações caricatas, que as coisas são feitas sem pensar e por pessoas que não têm categoria para legislar.

Porquê?
Porque uma coisa é cair em contradição ao legislar, o que aconteceu toda a vida e se resolveu com a interpretação, outra coisa é não saber o português suficiente para ser claro, é fazer as coisas sobre o joelho, é não ter consideração pelas consequências gravosas que podem resultar.

E que tipo de consequências são essas?
Por exemplo, a Lei Penal prevê consequências diferentes para um mesmo crime quando o mesmo é praticado por uma pessoa colectiva privada ou pública. É o caso da violação das regras de segurança (152 B) do Código Penal) que pelo mesmo facto tem duas medidas.

«Estão a jogar ao tiro ao alvo»

É muita alteração?
A ideia que me dá é que estão a jogar ao tiro ao alvo.

Estas alterações têm sido apontadas como responsáveis pela ondade criminalidade que tem assolado o País. Concorda?
Estou convencido que não há uma relação causa/efeito nestas situações. Haverá muito mais no Acordo de Schengen que permite fazer passagens para aqui e para acolá e tanto se pratica o crime aqui ou acolá. Isso é muito mais a consequência desta possibilidade e mobilidade das pessoas como também a circunstância de quem tem que investigar ter visto diminuir os seus direitos. Designadamente não foi suficientemente preparado para actuar em função do bom senso. Se me disserem que me dão uma arma mas que eu não posso disparar para fazer parar alguém que matou outro, e que não me obedece, evidentemente que me estão a impor que me deixe desautorizar pela ineficácia da minha intervenção.

O que está a dizer é que as polícias estão limitadas na sua actuação?
Não só estão limitadas como não estão preparadas. A PJ, que conheci há 50 anos, era um corpo preparado, organizado e normalmente quem lá estava eram indivíduos de uma grande capacidade e dedicação. Não digo que os que lá estão agora não tenham essa capacidade e dedicação. Mas não têm a preparação necessária. Quando fui bastonário havia falta de inspectores na Judiciária porque aquilo que se poupava no funcionamento do Ministério da Justiça, uma das fontes de poupança era não haver pessoal na PJ suficiente. Um polícia não se faz nem em dois nem em três anos. Um polícia para se aperfeiçoar tem que ter uma preparação de anos.

Nessa medida, e já que fala de Segurança, já temos SecretárioGeral de Segurança Interna. Como avalia a criação desta figura, uma «espécie de super-polícia» e com amplos poderes?
No caso concreto a grande esperança que eu tenho não é na Lei mas na pessoa que foi nomeada: que tenha o bom senso porque sempre o teve toda a vida de saber exercer as funções para além daquilo que qualquer outra pessoa que fosse capaz de o fazer. É uma pessoa sensata, com nome prestigiado. Essa é uma garantia, mas é mais um cargo é mais uma fiscalização, mais um polícia de polícia.

Marques Vidal, ex-director nacional da PJ, disse há uns meses ao nosso jornal que o Secretário-Geral podia vir a ser um «superpide» e um «super-controleiro». Concorda?
A pessoa que está no cargo não deve poder vira ser isso. Não é da sua maneira de ser transformar-se nisso. Mas o cargo permite que amanhã se tenha aí um «super-polícia» e um «super-pide» ao serviço de um senhor «super-Primeiro Ministro».

Fala-se muito na junção das policias de forma a melhorar a coordenação entre elas, tal como existe em Espanha. Esta ideia faz algum sentido, tendo em conta as naturezas de cada uma delas?
Isso foi tentado logo a seguir ao 25 de Abril. Foi criada uma Comissão, de que eu aliás fiz parte, como um dos representantes da PSP, que tentava a fusão entre a GNR e a PSP. Não digo que neste momento não haja uma certa diferença entre determinadas funções. Mas dizer que este País ainda é rural? Não me façam rir. Não me digam que há uma técnica de defesa contra o tráfico de droga ou armas em Freixo de Espada à Cinta e outra em Lisboa porque os criminosos são os mesmos. O que eu gostaria é que cada qual nas suas missões seja competente.

Voltando às leis penais. A redução dos prazos da prisão preventiva tem-se mostrado negativa?
Veio mostrar que mais uma vez o legislador fez uma máquina para uma coisa que não pode ser resolvida por uma máquina. Se há casos em que a prisão preventiva deve ser resolvida com celeridade, há outros casos em que não se pode de maneira nenhuma fazer-se uma investigação a sério sem que a prisão preventiva seja prolongada. A prisão preventiva - à parte do flagrante delito verifica-se numa investigação quando já há uma grande probabilidade de que a pessoa venha a ser responsabilidade. Essa grande probabilidade deve ser avaliada por uma pessoa com grande capacidade de justiça e de bom senso. Se se deixar isso ao critério de uma disposição legal qualquer, ela é fria. Ela não conhece a pessoa e não avalia as circunstâncias.

Como avalia a nova Lei de Política Criminal? O Ministério Público continua instrumentalizado e ao serviço do Parlamento?
Absolutamente. Só não estará instrumentalizado se o MP tiver a coragem de impor o critério de igualdade no tratamento dos crimes. Um crime de ofensas corporais praticado em Lisboa pode ser menos grave do que praticado numa terra do Interior. Nem um nem outro podem ser esquecidos.

Esta Lei pode levar à violação do princípio da separação de poderes e permitir restrições nas investigações?
Está em causa sempre que a Assembleia da República continuar a fazer aqueles inquéritos que são umas autênticas palhaçadas para procurar e antecipar-se com soluções políticas àquilo que só deve ser solucionado judicialmente.

De que forma se pode ter uma alteração do MP: mais eficaz e sem ser instrumentalizado e politizado?
O facto de o MP ter estado coordenado por um senhor procurador Cunha Rodrigues que se julgou ele próprio o Deus máximo da Terra prejudicou muito o MP. O MP foi sendo minado por baixo.

Como avalia o novo mapa judiciário? Há ou não nesta reforma um entrave no acesso dos cidadãos à Justiça?
Sim. Há uma concentração de determinadas comarcas de uma actividade que podia estar mais distribuída. Mas há uma tendência para considerar em Portugal que Faro, Portimão, Setúbal, Santarém, Viseu, Covilhã, Castelo Branco, Vila Real, Porto, Viana do Castelo, Braga, Guimarães e pouco mais são as terras para que se deve olhar. As restantes são esquecidas.

Mas estamos aqui perante uma visão meramente economicista?
Penso que sim porque a ideia de ter um juiz próximo dava uma garantia de aproximação da Justiça às pessoas, princípio que tem séculos.


«Conselho de Prevenção da Corrupção é apenas mais um diploma legal»

Muito se tem falado de corrupção. Temos um novo Conselho de Prevenção da Corrupção, que irá apresentar um relatório anual sobre as áreas de maior risco na administração do Estado e empresas públicas. O que espera deste órgão?
Isto é apenas mais um diploma legal. Mais nada. Não vai adiantar nada. Dou-lhe um exemplo. Uma das coisas que poderia funcionar era a execução. O ministro das Finanças recebe dinheiro com a ameaça das penhoras, com a intimidação, com o autoritarismo e uma mudança de leis a favor do Fisco que não revela qualquer tolerância com os contribuintes. Não tem vergonha de se arriscarem a atitudes que decorrem de uma ditadura. Basta ler os volumes publicados pelas intervenções do senhor provedor de Justiça nestes últimos anos para verificar que o provedor de Justiça gasta mais tempo da vida dele e da sua organização para pôr o ministério das Finanças e das repartições respectivas na ordem do que para qualquer outra coisa. É uma vergonha.

Se nada muda, qual é o grande problema no combate contra a corrupção?
Quem se deixa corromper não tem interesse que o sistema funcione.

Mas a corrupção começa ou não na classe que tem nas mãos o poder de mudar este panorama?
Não posso dizer isso porque não tenho prova nenhuma.

As áreas de risco em matéria de corrupção são as obras públicas?
Estou convencido que os grandes negócios e grandes concursos estão efectivamente nas grandes licenças que possam ser dadas. Há pessoas que vivem melhor que as outras. Há tanto BMW na rua… Eles estão aí à vista de toda a gente.

Falando dos advogados. Como olha para a classe?
Eu prometi que não intervinha. E é o que faço. Na véspera das eleições disse que se fosse eleita esta lista eu não entraria na Ordem dos Advogados. Tenho muita pena do que se está a passar e que haja afirmações produzidas com um sensacionalismo tremendo e que não se faça nada pela advocacia.

A Ordem hoje é mais populista?
Populista e apagou-se. A sensação que havia era de ver as pessoas a correr à Ordem considerando positiva a sua intervenção, respeitando-a e confiando nela.

Não há hoje por parte da OA esse reconhecimento de contributos e opiniões?
Acho que não. E não há mesmo entre os advogados.

Quais são actualmente os grandes problemas por que passam os advogados?
Um dos grandes problemas que afecta a advocacia é a falta de formação ética. Por outro lado a advocacia também está mais centralizada. Além disso há menos clientes. Há quem não tenha trabalho: é o desemprego oculto.

Que balanço faz do trabalho do ministro da Justiça, Alberto Costa, e que nota lhe dá?
Dou-lhe zero. Dava-lhe até uma nota negativa, se pudesse. Dizem-me que é uma, pessoa muito inteligente -nunca vi isso - e devia aproveitar as pessoas válidas à sua volta para o aconselhar e até isso acabou. O ministro da Justiça não existe. Existe uma cadeira que está ocupada por um senhor que diz que é ministro da Justiça.


@ O Diabo
 
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