Tudo Relacionado com "Justiça" Portuguesa

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MJ aberto a aperfeiçoamentos à reforma penal

O ministro da Justiça, Alberto Costa, mostrou-se disponível para aperfeiçoar a reforma penal em vigor há um ano, mas só depois de analisar três relatórios do Observatório Permanente da Justiça, o último dos quais deverá ser apresentado em Maio.

"No próximo ano será finalizado o acompanhamento da reforma penal e depois serão extraídos os aperfeiçoamentos sugeridos", afirmou Alberto Costa perante os deputados da primeira comissão parlamentar. Em resposta às críticas dos grupos parlamentares à reforma penal, em vigor desde Setembro de 2007, o ministro lembrou que "a monitorização foi uma iniciativa do Governo, sendo necessário que decorra tempo suficiente para fazer uma avaliação e introduzir melhoramentos". "Os códigos são organismos vivos", reforçou.

Mostrando-se aberto a alterações aos Códigos Penal e Processo Penal, o ministro pediu tempo aos deputados: "Na vida e nas reformas o habitual é haver uma 'decalage' entre a realidade e a percepção da mesma". As alterações à prisão preventiva, os prazos do segredo de justiça durante o inquérito, a constituição de arguido e as alterações à lei das armas foram alguns dos aspectos críticos enunciados pelos deputados.

A isto, Alberto Costa contrapôs números estatísticos. Entre 15 de Setembro de 2007 e 15 de Setembro desde ano entraram nas prisões 2023 presos preventivos, num total de 4793 pessoas detidas a aguardar julgamento. Estes mais de dois mil presos preventivos resultaram de decisões tomadas em aplicação do Código Processo Penal revisto, no seu primeiro ano de vigência, salientou ainda o governante.

Mais prisões preventivas

Segundo o documento apresentado pelo Ministério da Justiça, desde Setembro inverteu-se a tendência de descida dos presos preventivos. Até ao dia 15 deste mês registaram-se 2119 preventivos no sistema prisional, dos quais 1469 ainda a aguardar julgamento e 650 já condenados, mas cuja sentença ainda não transitou em julgado.

Em termos comparativos, entre 15 de Setembro de 2006 e a mesma data de 2007 havia 2124 presos preventivos, contra os 2155 (mais 31) no mesmo período de 2007 a 2008. Numa análise aos números apresentados, o ministro concluiu que existe "uma relação salutar entre a realidade e as normas legais em vigor".

Questionado pelo deputado do PCP João Oliveira e por Nuno Melo do CDS/PP sobre as alterações à lei das armas, nomeadamente nos pressupostos da prisão preventiva, o ministro refutou as críticas afirmando que "os parâmetros fundamentais estão no Código do Processo Penal e aí se mantêm".

Nuno Melo questionou também o ministro sobre a flexibilização das penas, uma proposta que ainda não deu entrada na Assembleia da República, falando em "aplicação da prisão preventiva em part-time". Alberto Costa respondeu que as alterações anunciadas vêm no seguimento de uma recomendação do provedor de Justiça.

@ Público
 

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300 processos contra falsos "advogados" em Lisboa

Indivíduos que se dedicam à cobrança de créditos sem que tenham autorização legal, serviços jurídicos em condomínios assegurados por empresas não autorizadas, ou prática da advocacia por falsos juristas. O leque de situações irregulares é múltiplo e traduz-se em cerca de três centenas de processos pendentes relativos a casos de procuradoria ilícita, só no Conselho Distrital de Lisboa (CDL) da Ordem dos Advogados.

Embora não existam indícios de que este tipo de prática esteja a ganhar terreno, Carlos Pinto de Abreu, presidente do CDL, diz que é necessário as pessoas terem conhecimento do logro a que se sujeitam. Por isso, uma campanha pública vai lançar o alerta.
“A procuradoria ilícita existe desde sempre, pelo que a opção de lançar uma grande campanha de sensibilização contra este tipo de prática não resulta necessariamente do crescimento do problema. Considerámos, contudo, que este era o momento adequado para avançar com esta campanha, uma vez que será lançada no âmbito da iniciativa ‘Advogar pela Cidadania’, disse ao Negócios, Carlos Pinto de Abreu.
De acordo com o presidente do CDL, o número de processos pendentes na secção de Lisboa que se responsabiliza pelo combate à procuradoria ilícita ascende, em média, às três centenas. A actividade de advogados e solicitadores está definida por lei e pelos estatutos específicos destes profissionais. Contudo, muitas vezes, há pessoas sem qualificação que se oferecem para prestar serviços jurídicos, o que constitui crime.

Consultas jurídicas gratuitas
A já referida campanha será lançada pelo Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, no âmbito da II Semana Advogar pela Cidadania, que decorrerá entre 3 e 7 de Novembro. Esta iniciativa inclui a 3.’Edição do Dia da Consulta Jurídica Gratuita, que visa proporcionar o acesso ao direito através da informação e da consulta jurídicas.
Para tanto, a 6 de Novembro serão criados gabinetes de consulta jurídica em vários locais do Distrito judicial de Lisboa, nomeadamente na sede da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, em autarquias, em Instituições Particulares de Solidariedade Social e nas próprias instalações do CLD. Nos referidos gabinetes, advogados e advogados estagiários irão assegurar, gratuitamente, consultas jurídicas aos cidadãos interessados. Esta iniciativa conta, tal como nas anteriores edições, com o patrocínio do Presidente da República.

Crime punido com um ano de prisão
Criminalizado pela Lei n.º 49/2004 de 24 de Agosto, o exercício da procuradoria ilícita é punível com pena de prisão até um ano ou com multa até 120 dias. Para que exista procedimento criminal, é necessário que seja feita uma queixa, podendo esta ser concretizada por quem for lesado, mas também pela Ordem dos Advogados ou pela Câmara dos Solicitadores. Para além da criminalização, a lei prevê ainda a aplicação de multas para as situações de promoção, divulgação ou publicidade de actos próprios dos advogados ou dos solicitadores, quando efectuada por pessoas singulares ou colectivas não autorizadas para este tipo de prática. As entidades prevaricadoras incorrem numa coima de 500 a 2500 euros, singulares, e de 1.250 a 5.000, pessoas colectivas.

Quem pode praticar actos jurídicos
Apenas os licenciados em Direito com inscrição na Ordem dos Advogados e os solicitadores inscritos na respectiva Câmara podem praticar os actos próprios da advocacia e da solicitadoria Podem, ainda, exercer consulta jurídica mestres e doutores em Direito cujo grau seja reconhecido em Portugal. Para tanto, têm que estar inscritos na Ordem dos Advogados. O exercício da advocacia e da solicitadoria envolve a realização de consultas jurídicas, a elaboração de contratos e o apoio à constituição, alteração ou extinção de negócios jurídicos em conservatórias e cartórios notariais. Podem ainda responsabilizar-se pela negociação da cobrança de créditos e ser mandatados para reclamar ou impugnar actos administrativos ou tributários.


@ Jornal de negócios
 

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Divórcio - Associação Sindical dos Juízes Portuguese considera legislação irrealista

Para António Martins esta lei "é fruto de outro divórcio", entre quem faz as leis e a sociedade.

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) reiterou que a lei do divórcio, ontem promulgada pelo Presidente da República, está desfasada da realidade social, salientando que vai criar mais problemas do que soluções para os conflitos matrimoniais. ´

O presidente desta associação sindical tem por diversas vezes criticado esta nova lei porque na sua perspectiva vai fazer aumentar os processos nos tribunais e fazer crescer os casos de litígio, além de não prestar uma efectiva protecção à parte mais vulnerável, podendo originar casos de injustiça.

"É lamentável que se façam leis que não têm em conta a realidade social, económica e cultural das pessoas e dos cidadãos a quem elas são dirigidas", disse, acrescentando que "uma lei destina-se a resolver conflitos sociais, não serve para criar um homem novo".

O dirigente garante ainda que quando a lei entrar em vigor "os juízes, de modo responsável nos tribunais, procurarão aplicá-la o melhor que souberem e puderem, sendo certo que uma má lei dificilmente dá boas soluções".

"A mensagem do Presidente da República é muito importante para que os cidadãos tenham consciência de que esta legislação agora aprovada e que foi promulgada pode trazer greves problemas à sociedade portuguesa", reagiu, considerando que os aspectos referidos por Cavaco Silva "estão muito bem analisados".

"O que é importante é que o legislador esteja atento, como diz o senhor Presidente da República, à sua aplicação prática na sociedade", concluiu.


JURISTAS ALERTAM QUE MULHERES VÃO SER PREJUDICADAS

A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ) alerta que a lei do divórcio, romulgada pelo Presidente da República, vem prejudicar as mulheres e crianças mais desprotegidas socialmente.

"A aplicação do novo regime vai ter custos sociais elevados sobretudo para mulheres e crianças e, dentro das mulheres, para aquelas que têm mais fracos recursos económicos e aquelas que são ou foram vítimas de violência doméstica", disse Teresa Féria, presidente da APMJ, salientando concordar com as reservas que o Presidente Cavaco Silva manifestou neste sentido.

A responsável destacou ainda que os tribunais "vão ter de tomar em consideração as condições em que as pessoas vivem", quando aplicarem, na prática, a nova lei.

"Ainda que não valorando sobre o aspecto da culpa, [os tribunais] não podem deixar de ter em conta os factos concretos em que se materializa a situação de ruptura, nomeadamente os factos em que se materializa a violência doméstica, que é uma ofensa ao direito ao respeito", salientou.

"Estas duas legislações também aboliram a culpa na lei do divórcio, mas incluíram uma cláusula de salvaguarda para os casos de violência doméstica, que foi uma das nossas propostas para a lei portuguesa", disse a jurista.


@ Expresso
 

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Juízes da Covilhã querem polícias a vigiar instalações

Os juízes do Tribunal da Covilhã pretendem ao Conselho Superior de Magistratura que sejam destacados polícias para vigiar as instalações, depois de um homem armado ter-se barricado na última sexta-feira numa sala de audiências.

Reunidos esta tarde, os juízes decidiram pedir ao Conselho Superior de Magistratura que diligencie "para que seja destacada vigilância policial para o tribunal durante o horário de expediente", pelo menos até que "entrem em vigor as medidas anunciadas de melhoria de segurança dos tribunais".

Num comunicado divulgado no final do encontro, os cinco juízes e um outro destacado naquela cidade consideram que "os factos ocorridos são consequência da falta de segurança de que sofre o Tribunal da Covilhã". "A gravidade dos mesmos apenas vem reforçar a necessidade de serem tomadas medidas urgentes para colmatar a falta de segurança", realçam.

Segundo os juízes, "o clima de insegurança continua a afectar o normal funcionamento deste tribunal", bem como a tranquilidade de funcionários e utentes.

A acção foi decidida depois de na última sexta-feira um homem se ter barricado numa das salas do Tribunal da Covilhã com uma pistola apontada à cabeça. O indivíduo entrou no tribunal com uma arma ilegal modificada de 6.35 milímetros carregada, tendo agido por descontentamento quando a um processo de regulação de poder paternal.

O Ministério da Justiça já fez saber que "em breve" será aprovado um pacote de reforço de investimento na segurança dos tribunais. A tutela já tem a decorrer os procedimentos necessários para abrir um concurso público internacional, no valor de seis milhões de euros, que pretende equipar 160 tribunais com sistemas de videovigilância.

Prevê-se ainda o reforço de vigilância 24 horas por dia nos principais tribunais, introdução de mais pórticos detectores de metais e ligação directa dos tribunais à central de segurança já existente ou às forças policiais.

Está ainda prevista a elaboração de uma carta de risco dos tribunais e a instalação de um botão de emergência em salas de audiências.


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OA quis constituir-se assistente e não pagou taxa de justiça

No processo que corre termos no Tribunal Judicial de Faro (em que são arguidos inspectores da PJ), a Ordem dos Advogados pretendeu constituir-se como assistente, porém «foi multada em cerca de 200 euros por não ter saldado a tempo o valor das custas judiciais para se constituir assistente no processo.
Ao que o CM apurou, junto de fonte judicial, só ontem de manhã, altura em estava previsto começar o julgamento, é que o pagamento foi efectuado. Assim, a constituição como assistente custou o dobro: com multa, quase 500 euros. A Ordem terá interpretado que não teria de pagar custas judiciais. "Não fomos notificados. Isto é o que se chama veto de gaveta ou de bolso", comentou ontem o bastonário António Marinho Pinto.
"É inadmissível que a Ordem pague multas como esta porque não consegue perceber e ler o Código das Custas Judiciais. Não faz qualquer sentido", lamentou ontem à saída do Tribunal de Faro Pragal Colaço, advogado de quatro inspectores em julgamento».


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Tribunal de Elvas assaltado

O Tribunal de Elvas foi assaltado no passado dia 22 de Outubro, durante o horário normal de funcionamento, tendo sido furtado um computador portátil do interior de um gabinete de um magistrado. O computador tinha informações ligadas a processos. Uma viatura estacionada no parque do Tribunal foi alvo de vandalismo.

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Governo paga milhões de euros de apoio judiciário

O Ministério da Justiça pagou na semana passada um milhão de euros aos advogados por defesas oficiosas em atraso.Este pagamento surge no mesmo dia - 22 de Outubro - em que o titular da pasta, Alberto Costa, foi confrontado pelos deputados, em plena Assembleia da República, com o valor em atraso e questionado quando pagaria aos advogados que, em muitos casos, já esperam há dois anos por essa remuneração.No entanto, ao que o DN apurou, esse valor ultrapassa os dez milhões de euros, sendo que o último pagamento - de 13 milhões - feito pelo Governo foi em Maio deste ano, há quase seis meses. Questionado pelo DN, o Ministério da Justiça escusou-se, contudo, a revelar o montante total. No Parlamento, o secretário de Estado adjunto da Justiça, José Conde Rodrigues, assumiu que o valor em dívida vai ser pago em Novembro.

@ DN
 

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Excesso de garantias dos arguidos

O PGR considera que a subida da criminalidade violenta em Portugal está associada a uma “mistura perigosa” de factores, como a pobreza e o desemprego. Em declarações ao Diário Económico, Pinto Monteiro sublinha que “o excesso de garantismos dos arguidos consagrado nas leis penais” também não ajuda no combate ao crime.


O Procurador-Geral da República considera que o aumento da criminalidade violenta registado nos últimos meses em Portugal se deve a uma “mistura perigosa” de várias factores. Pobreza e desemprego, a livre circulação de pessoas e capitais, a sofisticação de meios técnicos ao serviço do crime e o “excesso de garantismo dos arguidos consagrado nas leis penais” são algumas das causas apontadas. Pinto Monteiro não esconde que existe falta de eficácia na luta contra o crime mais complexo e chama a atenção para a necessidade de intensificar o combate à criminalidade violenta. São as respostas do Procurador-Geral da República ao Diário Económico sobre um tema que esta semana volta a estar na ordem do dia com o alerta do Observatório de Segurança,
Criminalidade Organizada e Terrorismo para o efeito potenciador que situações de “recessão económica” têm na criminalidade, incluindo a criminalidade violenta.
“Há que intensificar o combate à criminalidade violenta, especializando pessoas, modernizando os meios e melhorando as leis onde se mostrar necessário. Fundamentalmente precisa-se de maior eficácia”, explicou ao Diário Económico Pinto Monteiro, numa clara alusão às alterações dos novos códigos penais que tem vindo a reclamar junto do poder político. O PGR manifesta um olhar preocupado sobre o aumento da criminalidade violenta, o que, diz, “só por si gera um sentimento de insegurança no cidadão”. Defende, por isso, que podem ser apontadas várias razões para esse crescendo que, “somadas, formam uma mistura perigosa”. Pinto Monteiro aponta mesmo alguns exemplos: “a violência da sociedade contemporânea; os maus resultados obtidos no combate a certo tipo de crime e a quebra de valores morais e de estruturas sociais”. Por último, Pinto Monteiro, aponta “a ausência de objectivos por parte de alguma juventude, a quem também não são dados incentivos”. Sobre as medidas para contrariar a criminalidade violenta, o PGR lembra que foram criadas as unidades especiais de crime violento (que integram o Ministério Público, PJ, PSP e GNR) e, das quais, já “surgiram alguns resultados positivos”. Quanto à eventual ligação causa-efeito entre as reformas penais de 2007, a redução do número de presos e o aumento da criminalidade violenta, Pinto Monteiro afirma que “não é possível estabelecer com segurança e rigor” essa relação.

Medidas da PGR

- Em Agosto, quando se assistiu à onda de crimes violentos, Pinto Monteiro ordenou aos magistrados que, nos casos de criminalidade violenta, deve ser proposta a prisão preventiva sempre que se mostrem verificados os pressupostos.

- Foram criadas as unidades especiais de crime especialmente violento (UECEV), a funcionar e da colaboração e da troca atempada de informações entre o Ministério Público e os órgãos de Polícia Criminal.

Recessão económica aumenta criminalidade
O Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) estabelece uma relação entre o crime e a conjuntura económica mundial. No seu relatório anual de segurança, ontem divulgado, salienta que “situações graves de recessão económica potenciam o aumento da criminalidade, incluindo a criminalidade violenta”. A organização presidida pelo general Garcia Leandro defende que as leis sejam “adequadas à realidade” para que se ultrapasse “sinais mais graves de criminalidade e de violência”. E reforça que têm de ser “pensadas como um todo, com uma coordenação eficaz”.
A OSCOT defende que as informações “fluam naturalmente entre aqueles que delas precisam”, apontando aqui a necessidade de ultrapassar bloqueios institucionais. O documento realça que o mesmo se aplica no respeitante a bases de dados integradas, de modo a poderem ser utilizadas por qualquer das entidades com responsabilidade nos diferentes processos. Para que “as forças de segurança possam actuar também por antecipação” face ao crime, o OSCOT considera que tal “exige a responsabilização do poder político e dos seus comandos e direcções”. O relatório diz ainda que a investigação criminal, o Ministério Público e os tribunais sejam dotados “dos meios materiais, humanos e processuais necessários para actuar com eficácia e tempo útil”. Sendo que os tribunais devem ter “uma acção mais eficaz, tomando decisões que punam os culpados, ajudando à dissuasão”.

O que faz aumentar a criminalidade

1 - Livre circulação de pessoas e bens
A livre circulação de capitais e pessoas é uma das causas que o PGR identifica como estando na base do aumento da criminalidade violenta. Portugal está na fronteira da União Europeia com África e com a América do Sul, de onde provêm muitas actividades de crime organizado - tráfico de drogas, de armas, de pessoas (imigração e prostituição) - e de lavagem de dinheiro.

2 - Sofisticação de meios
Sofisticação de meios técnicos ao serviço do crime é outra das razões apontadas pelo PGR. Na diversificação do crime incluem-se o cibercrime, os crimes ambientais, o crime internacional, o branqueamento de capitais, novas questões relacionadas com o urbanismo e a saúde pública e uma gama variada de criminalidade ligada às novas tecnologias.

3 - Desemprego e pobreza
O agravamento da situação social, do desemprego e da pobreza pode ter consequências quanto à segurança das pessoas e ao nível da criminalidade. Diz o PGR que são factores que “tornam mais fácil o recrutamento”. Portugal atingiu já a fasquia de meio milhão de desempregados, dois milhões de pobres, um milhão e meio de trabalhadores precários.

ANÁLISE / POUCO OU NADA SE SABE SOBRE AUTORES DE CRIMES

Criminalidade está a mudar?

Carlos Alberto Parares - Director da Faculdade de Psicologia da Lusófona
“A criminalidade poderá estar em estação de mudança”.
A criminalidade está a aumentar, nas suas versões mais violentas - diz-se, ainda que os dados disponíveis não sejam suficientemente elucidativos. A realidade revela que, com efeito, se assiste, porventura, a um agravamento da frequência, mas também - e principalmente - à maior severidade dos actos delinquenciais. A criminalidade poderá estar em estação de mudança, ou seja, poderá denunciar natureza mais agressiva e violentadora ao nível da esfera pessoal dos cidadãos, restando indagar se e quando este incremento de actos violentos é meramente instrumental de actos predatórios e contra o património. Todavia, é imprescindível que seja realizada, com urgência, a diagnose da situação, já que, frequentemente, se vem dissertando sobre o aumento dos crimes violentos mas nada ou quase nada se sabe sobre os seus actores e realidades. Importa que os especialistas - psicólogos forenses, criminólogos - e os dispositivos de controlo social se organizem para a definição de rotas de investigação científica sobre os fenómenos criminais e suas mais recentes metamorfoses: para que, estabelecido o diagnóstico, se possa avançar para a implementação de medidas sérias e suportadas pelo Saber, em detrimento de estratégias recicladas e sem contribuição do conhecimento. Dever-se-á procurar conhecer a pluridimensionalidade deste objecto (o crime, actos, cenários e actores), no seu caleidoscópio psico-afectivo e social, para se rumar para a intervenção.

@ Diário Económico
 

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IGAI tem à frente um novo magistrado

O juiz-desembargador Mário Manuel Varges Gomes foi escolhido pelo Ministério da Administração Interna para ser o novo inspector-geral da Administração Interna, disse fonte oficial ligada ao processo. A mesma fonte indicou que já foi pedida autorização ao Conselho Superior da Magistratura para a nomeação do juiz-desembargador Mário Manuel Varges Gomes, actualmente a exercer funções no Tribunal da Relação de Lisboa.

A nomeação de Mário Varges Gomes deverá efectivar-se no dia 12 de Dezembro, altura em que substituirá no cargo o também juiz-desembargador Clemente Lima, que já manifestou intenção de cessar funções no termo do seu mandato.

Mário Varges Gomes começou a sua carreira no Ministério Público, passando para a magistratura judicial em 1980, estando na 3á secção criminal do Tribunal da Relação de Lisboa desde 1996. O juiz-desembargador representou Portugal como membro da Instância Comum de Controlo - entidade independente de controlo em matéria protecção de dados policiais no âmbito da Europol -, de 1998 a Setembro de 2003.

Fez também parte do Grupo de Trabalho de Polícia com competência em matérias de protecção de dados no tratamento da informação policial, em especial no domínio de “Schenghen” e “Europol”

@ JN
 

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Autoridade dos Tribunais deve ser restaurada

O antigo Procurador-Geral da República (PGR) Cunha Rodrigues defendeu hoje, em Coimbra, que deve ser "restaurada a autoridade dos tribunais", contrariando uma alegada "erosão" mediática do seu papel na sociedade. "Os media encarregam-se de fazer manchetes que atestam que a situação da Justiça vai de mal a pior", afirmou Cunha Rodrigues. Na sua opinião, por exemplo, as agressões a magistrados em Portugal durante julgamentos demonstram, como "primeira prioridade", que importa "restaurar a autoridade dos tribunais".

"É urgente um programa nacional de educação para o direito, que já não pode limitar-se às escolas", sendo necessário que comece logo na infância, "no leite materno", como afirmou o conselheiro Cunha Rodrigues.

Neste domínio, acrescentou, caberá à Assembleia da República um papel determinante para fazer avançar essa iniciativa.

O juiz do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias (TJCE) proferia uma conferência, subordinada ao tema "Justiça: atitude e método. O papel do Ministério Público", no salão nobre do Tribunal da Relação de Coimbra, integrada nas comemorações do 90º aniversário desta instituição judicial.

"A educação para o direito é um desígnio nacional que compete ao Estado no seu conjunto", disse.

Cunha Rodrigues preconizou, por outro lado, que "se impõe revisitar a Justiça como fim" e que "a formação permanente dos magistrados é geradora de mudança" no sector.

"A preparação dos magistrados portugueses é excelente, quando comparada com outros países", referiu, para defender que "é importante, então, a atitude".

O julgador deve possuir, em seu entender, "uma compreensão forte do mundo".

Cunha Rodrigues admitiu que a especialização na área da Justiça, "hoje incontornável", acaba por "desintegrar a capacidade intelectual" dos seus agentes.

"O especialista tem que continuar ligado à vida real, particularmente o magistrado", sublinhou o juiz do TJCE.

@ Visão
 

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Judiciária terá de se explicar

Acções encobertas da PJ estão a ser investigadas pelo Ministério Público. Em causa estão alegados crimes de corrupção e tráfico de droga por agentes disfarçados. Tudo começou com uma denúncia anónima chegada à Procuradoria-Geral da República.


São 26 os inspectores e coordenadores da Polícia judiciária (PI) denunciados por alegados actos de corrupção e tráfico de droga em acções encobertas realizadas entre 2002 e 2006. A morte da magistrada Manuela Rego - titular do inquérito-crime que decorre no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) -, em Março deste ano, atrasou a investigação de um processo que nos bastidores tem colocado o Ministério Público (MP) em rota de colisão com a judiciária.
A origem de tudo foi uma denúncia anónima que em Novembro de 2006 terá chegado por correio à sede da Procuradoria-Geral da República, em Lisboa. Remetida posteriormente ao DCIAP, com ordem para ser investigada, a denúncia transformou-se primeiro, em averiguação preventiva e, finalmente, em processo-crime. Nas suas 80 páginas surgem descritas ao pormenor alegadas acções encobertas - operações de combate ao tráfico de droga com agentes infiltrados - misturadas com dezenas de nomes de investigadores e agentes infiltrados denunciados por crimes de corrupção e tráfico.

AGORA, O PROCESSO passou para o procurador João de Melo, que até há bem pouco tempo pertenceu à equipa do DCIAP que esteve envolvida no caso Furacão. O magistrado já terá contactado formalmente o director nacional da PI, Almeida Rodrigues, solicitando uma equipa de inspectores para um inquérito que visa sobretudo operações da Direcção-Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes (DCITE). Fontes judiciais garantem à SÁBADO que a troca de correspondência entre o DCIAP e a Direcção Nacional da PJ já decorre pelo menos desde Junho de 2007. “Nunca houve muita vontade da PJ em fornecer uma equipa para a investigação”, desabafam fontes judiciais. Antes destes contactos, a procuradora Manuela Rego terá chegado a ouvir várias pessoas citadas na denúncia, como a dona de uma loja de roupa, em Lisboa frequentada por traficantes e inspectores da PJ.
“Só podemos dizer que foram atendidos todos os pedidos de colaboração dirigidos a esta direcção nacional.
Desconhecemos que outros possam ter sido feitos e que não tenham tido resposta por parte de direcções anteriores”, diz à SÁBADO Pedro do Carmo, director nacional adjunto da PJ. A SÁBADO tentou contactar o anterior director nacional da PI, Alípio Ribeiro, mas não o conseguiu até ao fecho desta edição.
No entanto, segundo uma fonte da ex-direcção da PJ, Alípio Ribeiro terá chegado a solicitar um parecer interno sobre os ofícios do MP. E o relatório da PJ teria sugerido o nome de um inspector-chefe para ser o elo com o DCIAP, além de estabelecer uma estratégia clara para a investigação - analisar à lupa todas as operações encobertas suspeitas da DCITE.

A denuncia polémica.
O documento de 80 páginas deixa os agentes da PJ sob muitas suspeitas

AS OPERAÇÕES
Carregamentos de droga de e para Espanha, Holanda, Suriname e Portugal.

A DROGA
Várias toneladas terão sido compradas e vendidas por inspectores e agentes encobertos.

AS SUSPEITAS
Informadores pagos com droga e dinheiro das apreensões.

Almeida Rodrigues reconhece problemas na análise de locais de crimes
Almeida Rodrigues, o director nacional da Polícia judiciária, reconhece que há deficiências nas inspecções judiciárias realizadas pelos investigadores aos locais dos crimes. Por isso, designou o ex-director do combate ao Tráfico de Estupefacientes, José Brás, como responsável pela elaboração de um manual de boas práticas nas inspecções em cenários de crimes de homicídio, assalto à mão armada, raptos e sequestros. A ideia é uniformizar procedimentos de investigação, à semelhança do que acontece com as check lists - lista de pontos-chave que uma investigação deve abordar - do FBI, para assim evitar que equipas de investigação tenham de repetir procedimentos, como aconteceu no caso Maddie. Ou em outros, menos mediáticos, onde inspectores fumaram cigarros de vítimas de homicídio deixando as beatas no local do crime…


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Construção de Tribunais em parceria com privados

O Ministério da Justiça está a preparar o lançamento, nos próximos meses, de concursos para parcerias com empresas privadas interessadas em construir novos tribunais nas cidades do Porto, Valongo, Aveiro e Vila Franca de Xira.

Segundo José Conde Rodrigues, secretário de Estado adjunto e da Justiça, o ministério continuará a desenvolver directamente diversos projectos de requalificação e reparação de edifícios judiciais, mas, no que diz respeito a novas construções, para além das obras em curso, o Governo pretende lançar apenas mais um empreendimento com dinheiros públicos, edificando o novo tribunal de Oliveira do Bairro.

Esta política do Ministério da Justiça é justificada com as necessidades de contenção orçamental e com a constatação de que o Estado não poderia realizar directamente estas obras nos próximos anos, optando assim por uma solução mais célere em que privados executam as instalações de acordo com um programa predefinido pela tutela e recebem, depois, uma renda mensal do Ministério da Justiça.

"São soluções de arrendamento de longa duração, sem que resulte daí um investimento diferido", explicou Conde Rodrigues, frisando que o modelo definido não pode contemplar a aquisição final dos edifícios porque isso poderia ser visto pela União Europeia como "um investimento encapotado", com "consequências do ponto de vista do próprio défice".

O secretário de Estado adjunto do ministro Alberto Costa adiantou, em declarações ao PÚBLICO, que o caso das novas instalações judiciais do Porto já está em concurso, seguindo-se, por esta ordem, Valongo, Aveiro e Vila Franca de Xira. "Avançará tudo nos próximos meses", garantiu.

De acordo com o governante, decorrem, ainda, as obras de construção dos novos tribunais de Gouveia e de Cabeceiras de Basto e vai ser lançada a obra de Oliveira do Bairro, que será a "última" neste modelo. "Paralelamente, estamos a investir, em vários pontos do país, na modernização de tribunais que já existiam e que têm obras de requalificação", prosseguiu, citando exemplos como os tribunais de Benavente, Alcanena, Ourém, Tomar e Rio Maior.

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Os advogados do Diabo

Defendem os piores homicidas, violadores e pedófilos. Dizem estar apenas a servir a justiça, mas por vezes têm rebates de consciência.


Quando defendia Marcus Fernandes, o luso-brasileiro que matou dois agentes da PSP a tiro na Amadora, em 2005, o advogado Reis Nogueira não era apenas apontado a dedo pelos populares. À porta do tribunal da Boa Hora, em Lisboa, também os polícias o olhavam com desdém. “Não estava à espera que defendesse esse assassino”, disparou um dos homens fardados, com quem tinha uma relação de confiança. O advogado sorriu e respondeu: “Para a semana, vou defender um colega seu que atropelou um jovem que morreu após o acidente”. O agente da PSP emudeceu. Ironia do destino: Reis Nogueira era simultaneamente advogado do ‘mata-polícias’ e do polícia que matou um civil. “É mais cómodo defender a vítima. Podemos sempre fazer o truque do `choradinho”‘, ironiza.

Foi o caso de Marcus Fernandes que o trouxe para a ribalta. Cobrou cerca de €7 mil ao homem que cumpre 25 anos de prisão em Monsanto. Mas o seu «core business» são os traficantes de droga. “Já consegui a absolvição de clientes apanhados com muitos quilos de droga e já tive clientes condenados por escassas gramas”, diz. A especialização traz-lhe ao escritório grandes e pequenos «dealers», que vão passando a palavra. O advogado admite mesmo ter “uma certa fama” no submundo. “Sei que faço parte da galeria dos advogados do diabo mas todos têm direito a uma defesa digna”, resume.

João Nabais não se importa de ter colado o rótulo de `advogado dos traficantes’. “É um risco assumido”, enfatiza. Mas nem sempre o fardo é fácil de transportar. “Já fui enganado”, revela. A mentira mais marcante tem quinze anos. Nabais acreditou na palavra de um cliente que jurava inocência num caso de tráfico de droga. De início teve as dúvidas habituais mas os depoimentos pouco credíveis dos polícias que o prenderam (”queriam culpá-lo à força”) e a absolvição ditada pelo juiz, convenceram-no de que o «dealer» não era de facto culpado. A saída do tribunal o traficante estava radiante. “Disse-me: ‘O doutor até os conseguiu convencer de que eu era inocente’. E não era? perguntei-lhe. ‘Não’, respondeu-me com ar vitorioso”. Nabais não se esquece do sentimento de traição. “Os clientes não percebem que me é indiferente se são, ou não, culpados.”

O colega João Grade dos Santos, que defendeu Leonor Cipriano e o gangue que matou o chefe da PSP de Lagos, em 2007, vai mais longe: “Mentem-nos quase a cem por cento. Pensam que nos dedicamos mais se pensarmos que estão inocentes. Mesmo se as provas são esmagadoras”. os casos em que a culpa do seu cliente é mais do que evidente, Grade dos Santos não luta pela absolvição mas “pela decisão correcta”. Ele tem uma teoria: “O advogado não vai ocultar o crime; o advogado não é parceiro do criminoso; o advogado é um técnico que não se envolve pessoalmente”. Mas quando pede a liberdade da mãe de origem francesa, de 26 anos, que atirou a filha recém-nascida ao mar, em Albufeira, no ano passado, sabe que se arrisca a chocar a opinião pública. “A primeira pena dela foi de 20 anos. Com o meu recurso passou para quatro. Ainda é demais, porque não é homicídio qualificado mas infanticídio, crime com pena até 5 anos de prisão. Ela é uma jovem sem antecedentes criminais. Já devia estar cá fora”.

José António Barreiros já defendeu alguns mais polémicos arguidos: Vale e Azevedo, Pimenta Machado ou José Manuel Beleza são só três dos exemplos mais mediáticos. O advogado prefere no entanto, “não falar” sobre a sua carteira de clientes.

O seu colega Carlos Melo Alves é bem conhecido no meio prisional. Ele é advogado de Alfredo Morais, ex-PSP e dono do clube nocturno Passerelle que está a ser julgado pelos crimes de lenocínio e tráfico de mulheres. Este tipo de `companhias’ não lhe tira o sono mas já foi alvo de ameaças. “Nunca as levei a sério”. Em Chaves, sua terra-natal, foi obrigado a sair do tribunal sob escolta policial. “Queriam linchar-me por defender um homicida que julgavam que ia ser absolvido”, lembra. Enganaram-se. O criminoso foi preso. “Hoje, cumprimento as mesmas pessoas que me pediam a cabeça na altura.”
Os processos mediáticos dão-lhe mais dores de cabeça. “Quando a sociedade, o Ministério Público, a polícia e os tribunais pedem a cabeça dos meus clientes sei que sou o único escape para que eles possam ver a luz ao fundo do túnel”. Melo Alves admite `embarcar’ muitas vezes com o cliente: “Somos os únicos a conhecer a sua faceta boa.”

João Nabais assina por baixo. E confessa mesmo ter ficado amigo de alguns dos chamados `monstros’ da sociedade. “Descobri gente cativante e com quem aprendi muito”, explica o ex-advogado de Hugo Marçal e Ferreira Diniz, no caso Casa Pia. Até Carlos Silvino, o ex-motorista acusado de 639 crimes de abuso sexual de menores, tem a compaixão do seu advogado, José Maria Martins: “Não é um demónio como dizem mas um pobre desgraçado. Gostava que um dia arranjasse um trabalho mas é difícil que alguém o empregue.” Está marcado.

João Nabais tem 54 anos e 30 anos de advocacia
Tem há sete anos o escritório na zona oriental de Lisboa. Entre os clientes mais famosos estão Artur Albarran, Armando Vara, Pimenta Machado, António Saleiro, Hugo Marçal ou José Castelo Branco
O fato, os sapatos italianos e o cabelo impecavelmente penteado com gel são a imagem de marca de João Nabais. No gabinete espaçoso com vista para o Tejo tem a janela aberta, de onde sai o fumo dos seus cigarros Marlboro. “São dois maços por dia”, confessa o mediático advogado da área criminal. Ele garante não preferir os julgamentos com mais câmaras de televisão por metro quadrado à porta do tribunal. “Não me dão especial adrenalina”. Confessa, no entanto, que os casos mais mediatizados trazem um “acréscimo de responsabilidade”, acabando por fazer mais diligências. Na novela Casa Pia foi advogado de Hugo Marçal e de João Ferreira Diniz, acusados de vários crimes de abuso sexual. “Ao advogado de Elvas não lhe levei muito dinheiro, porque ele não tinha capacidade económica para mais. Pelo contrário, os honorários do médico foram bastante elevados”, confessa o advogado. “Os dois clientes deram-me, no entanto, a mesma carga de trabalho”, acrescenta. Recusa, porém, falar em valores. O advogado admite que este tipo de casos lhe dá visibilidade, trazendo por arrasto mais clientes. “Mas o sucesso tem o lado negativo, muitas vezes atraio pessoas com casos irresolúveis. Julgam que tenho uma solução mágica para os seus problemas”.
Nos julgamentos já foi por vezes surpreendido, pela negativa, pelos próprios clientes. “Sinto-me descalço quando só descubro a verdade em pleno tribunal”.

A queda de Romeu Francês
O advogado de Otelo, do padre Frederico e de um segurança de Jorge Sampaio (preso por tráfico de droga) pedia honorários demasiado elevados aos clientes.
Em Abril, o advogado Romeu Francês foi suspenso por sete anos da Ordem dos Advogados. A suspensão deveu-se a duas condenações distintas: uma por cinco anos e outra por dois. Ambas transitaram em julgado, isto é, o mediático advogado esgotou as possibilidades de recurso e terá mesmo de cumprir a pena. Refira-se que Romeu Francês já se encontrava a cumprir uma decisão anterior que o suspendeu da actividade. Em Maio do ano passado, foi detido no hotel do Marquês de Pombal onde ele e a família (sogra, mulher e filho) moravam há alguns meses sem pagar. Foi constituído arguido, por suspeitas de crimes de burla simples e qualificada, tendo ficado sujeito a apresentações periódicas na esquadra da residência. O seu amigo Arrobas da Silva defendeu-o no processo. Sem sucesso. Depois de várias queixas, ficou provado que o advogado recebia dinheiro de clientes para diligências que depois não cumpria. Chegou até a exigir dinheiro com a promessa de que ia tirar os clientes da prisão. Romeu Francês ficou conhecido da opinião pública quando defendeu Otelo Saraiva de Carvalho, nos anos 80. Foi mais tarde advogado do vice-reitor Esmeraldo de Azevedo, da Universidade Moderna, do padre Frederico e do antigo subchefe da PSP que fazia segurança pessoal ao ex-Presidente da República Jorge Sampaio e que foi condenado em primeira instância por tráfico de heroína.

O defensor dos terroristas
Polémico, frontal, politicamente incorrecto. A vida do homem que defendeu Carlos, ‘o Chacal’, Milosevic e Saddam Hussein deu origem a um documentário.
O francês Jacques Vergès, 83 anos, defendeu terroristas palestinianos, ditadores africanos e assassinos nazis. A sua vida deu origem a um documentário realizado por Barbet Schroeder que tem o título de ‘O Advogado do Terror’ (e ainda não estreou em Portugal). Nasceu em 5 de Março de 1925, na Tailândia, filho de uma professora vietnamita e do cônsul de França em Ubon Ratchatani. Aos 17 anos, já a viver em França, participou na resistência aos nazis e aderiu ao Partido Comunista. Abre escritório em Argel e defende argelinos da FLN torturados pelo exército francês. Casa-se com uma das mais famosas pró-argelinas, acusada e presa por terrorismo, Djamila Bouhired, de quem tem dois filhos. Viaja para a China, tornando-se amigo de Mao Tsé-tung e também de Agostinho Neto, líder do MPLA e futuro primeiro Presidente de Angola. Nos anos 70, desaparece durante oito anos e viaja para o Camboja dominado pelos khmeres vermelhos. Mais tarde, é advogado do terrorista Carlos, ‘o Chacal’ e de Maus Barbie, o denominado ‘carniceiro de Lyon’. Durante o julgamento em que o dirigente nazi foi condenado a prisão perpétua, Jacques Vergès aproveita para fazer acusações à França pelas torturas praticadas na Argélia. Nos anos seguintes foi semeando polémica e defendendo personalidades tão diversas como o filósofo Roger Garaudy (acusado de negar o Holocausto), Slobodan Milosevic, Tarek Aziz e Sadam Hussein.

@ Expresso
 

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Advogado julgado por burla

Um advogado de Leiria, ex-dirigente político e desportivo, tentou livrar-se de um julgamento por burla qualificada e falsificação de documento, mas os argumentos usados na fase de Instrução não convenceram o juiz titular do processo.


F...... é acusado de falsificar uma procuração para negociar três imóveis em nome dos proprietários – seus clientes – e ganhar cem mil euros com a transacção. O advogado foi contratado pelos queixosos para os ajudar numa expropriação, em 1996, por causa da construção de um acesso à A1.

Como o projecto da estrada foi alterado, os imóveis voltaram à posse de Maria Idalina e Amândio Borges. E o casal precisou de os vender para devolver o dinheiro recebido na expropriação. F..... terá sugerido, então, a venda a uma empresa na qual tinha sociedade, por 250 mil euros, o que os proprietários aceitaram.

Mas quando assinaram o contrato de venda estavam longe de imaginar que os imóveis já teriam sido vendidos pelo advogado por 350 mil euros, segundo o Ministério Público. Para formalizar a venda havia sido forjada uma procuração, reconhecida no Cartório.

Na contestação ao despacho do Ministério Público, F.... alega que o facto de existir um contrato de venda com data anterior ao documento assinado pelo casal se deve a um lapso informático. O tribunal não colheu esta tese e marcou julgamento para Junho de 2009.

DETALHES

PUNIÇÃO
O advogado já foi punido pela Ordem dos Advogados com uma pena de multa de 1750 euros, no âmbito deste processo.

ARGUIDAS
As duas funcionárias do Cartório Notarial que reconheceram a procuração considerada falsa também foram constituídas arguidas.

VENDA
A empresa que queria comprar os imóveis por 350 mil euros adquiriu a firma onde F.... era sócio e fechou negócio com o casal por 399 mil euros.

CRIMES
O advogado vai responder por dois crimes de burla qualificada e dois de falsificação de documento. Um terceiro crime de falsificação caiu na fase de Instrução.


@ CM
 

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Chamadas à porta do Tribunal

Cerca de um mes após a inauguração, o novo Tribunal da Feira ainda não tem espaço para a chamada de testemunhas, que continua a ser feita na rua.

Dentro do edifício, o ar condicionado aquece até à exaustão alguns compartimentos do novo Tribunal da Feira. No exterior, os cidadãos passam horas de pé, regelados pelo frio, enquanto aguardam pela chamada. Uma pequena sala está a ser preparada para o efeito, mas os responsáveis pelo tribunal reconhecem que o espaço é exíguo.

Esta é a principal lacuna referida por advogados. utentes, funcionários e até alguns magistrados. Mas o problema continua sem resolução à vista. "Estou chocada com a falta de condições que isto tem afirmou, ao JN, Catarina Godinho, de Vila Maior. "Estava a contar com uma sala onde pudesse esperar pela chamada sentada e sem ter que apanhar este frio todo", lamentou.Também o advogado Rui Abrantes considera as instalações "modernas", mas "pouco funcionais", e lamenta a falta de uma sala de espera.

A localização dos gabinetes dos magistrados e das salas de audiência, em locais distintos, e a inexistência de qualquer luz natural nas salas de testemunhas são outros exemplos que, na sua opinião, contribuem para a perda de eficácia dos serviços. Rui Abrantes lamenta, ainda, que seja necessário "perder tempo" com o registo sistemático do cartão profissional sempre que um advogado entra nas instalações.

Lacunas que são minimizadas pelo deputado do PS e advogado Costa Amorim, para quem o actual espaço foi "a solução possível que o Governo encontrou para fazer face a uma situação única". Costa Amorim diz acreditar que, face à possibilidade de a Feira se tomar sede da comarca, o futuro passará pela construção de um novo Palácio da Justiça.

Mas após meses de diligências em atraso, o Tribunal enfrenta mais problemas.Todas as semanas cerca de uma dezena de julgamentos são adiados por falta de salas de audiências. O excesso de diligências está, ainda, a obrigar alguns juízes a agendarem julgamentos para 2010. Mas muitos poderão ser adiados, porque os funcionários não têm capacidade para notificar todas as pessoas em tempo útil. Alguns julgamentos previstos para 2009, por exemplo, poderão realizar-se somente em 2012. Para fazer frente ao volume de serviço, seriam necessários mais 28 funcionários, a somar aos actuais 42..


@ JN
 

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Justiça desprestigiada

António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do MP, lamenta:Os portugueses têm hoje menos qualidade de vida e menos efectividade nos serviços públicos ao seu dispor»; «As reformas penais contribuíram, significativamente, para o sentimento de insegurança colectiva»; «Há um bloco de interesses políticos e económico-corporativos que se assume como legítimo e exclusivo detentor e usufrutuário do regime e se julga acima da moral e das leis que governam o comum dos cidadãos»; «A Justiça está hoje mais desprestigiada, por isso menos capaz de desempenhar a sua função».


DIABO - A um ano do final desta legislatura que balanço faz do estado do País?
ANTÓNIO CLUNY - São tempos difíceis para o País e para a área da Justiça, a que conheço melhor. Não pondo em causa a necessidade de reformas, que todos, a começar pelos magistrados, reconhecem, a Justiça, como em geral todo o serviço público, está hoje mais desprestigiada e por isso menos capaz de desempenhar a sua função. Para além do endémico e nas circunstâncias actuais um pouco irritante optimismo oficial, a verdade é que, sem esquecer que as coisas já antes não andavam boas, os portugueses têm hoje menos qualidade de vida e menos efectividade nos serviços públicos ao seu dispor.

Olhando para o País e tendo em conta a crise económica acha que os portugueses estão melhor hoje que em 2005?
Tudo depende dos portugueses a que nos queiramos referir. Alguns, como os estudos internacionais referem, estão cada vez melhor, apesar da crise. Os outros, talvez a maioria, com ou sem crise, estão pior. A crise, como todos sabemos, tem costas largas.

Falando de Justiça. Que avaliação global faz da reforma da Justiça implementada pelo Governo PS?
Avançaram-se leis cujos efeitos, de facto, não provaram. Umas porque não foram suficientemente estudadas, outras porque, paradoxalmente ou talvez não, se quis mesmo que produzissem os resultados obtidos. Mas isso são opções políticas. Por outro lado, porque não foi possível estabelecer as pontes necessárias entre o legislador, a academia e os aplicadores, há hoje menos fluidez nos procedimentos, menos segurança na doutrina e na jurisprudência, menos ânimo nos magistrados e funcionários, piores e, nalguns casos, mais confusos meios processuais, mais desordem nas estruturas e menos rumo nas atribuições das instituições judiciárias.

Aquele velho chavão de que os cidadãos e a Justiça continuam de costas voltadas porque a segunda não dá resposta aos primeiros em tempo útil é verdadeiro?
Por muito que nos custe, é verdadeira. Mas também parece que tudo se fez e faz para que assim aconteça. Tenho pena que não se realizem estudos sobre o conjunto de atribuições e o volume de trabalho processual e horas em julgamento dos magistrados e funcionários de Justiça portugueses, comparando-os com os de outros serviços e com os de outros países. Talvez assim se percebesse onde se situam as causas de a Justiça não responder como devia aos problemas que lhe endossam. Saber-se-ia, de facto, onde estão as causas e os responsáveis. Muitos ignoram e outros esforçam-se por esquecer as particularidades do nosso sistema de Justiça, a complexidade das nossas leis, o número de recursos que elas permitem, a falta de meios de apoio que realmente existe. Em todo o caso, apesar dos vícios reais, as estatísticas internacionais colocam, comparativamente, a Justiça portuguesa num lugar honroso, mas isso nunca é referido nem pelos detentores do poder político nem pelos média que aqueles influenciam, pois parece não interessar a ninguém ter uma Justiça prestigiada aos olhos dos cidadãos.

O Ministro da Justiça diz que houve mais desburocratização. Concorda? Ou ainda há muita burocracia nos tribunais portugueses?
Alguma houve. Contudo, a que resta e a que entretanto foi inventada - veja-se a Lei da Política Criminal - ainda é tanta que chega para que o que mudou não se note.

«Não sou perito em propaganda»

Uma das primeiras medidas do Governo foi mexer nas férias judiciais. Hoje está provado que a produtividade dos tribunais aumentou depois da alteração das férias judiciais?
Não sou perito em propaganda.

Como olha para a reforma penal?
Com pena e algum desespero. Podíamos, se realmente quiséssemos, ter um dos melhores sistemas penais do mundo.

Quais as consequências das alterações às leis penais?
Mais dificuldade no desenvolvimento das investigações, mais complexas e ligadas à criminalidade económica, financeira e do Estado. As mesmas dificuldades de sempre na decisão rápida e justa dos grandes processos e nos julgamentos tempestivos da pequena criminalidade.

Há quem considere que as alterações penais estão directamente relacionadas com o aumento da grande criminalidade que se tem registado no País nos últimos meses. Podemos fazer este juízo?
O único juízo que, com honestidade, até agora, podemos fazer é o de que o sistema e as reformas actuais contribuíram, significativamente, para o sentimento de insegurança colectiva, o que é diferente.

Quais são as causas, na sua opinião, desta onda de violência que se tem registado?
As causas principais são, necessariamente, sociais e económicas.
Mas existem causas políticas, culturais e morais ligadas à degenerescência da democracia, das instituições da República e à diminuição da legitimidade e autoridade dos seus servidores. Essa é uma perda que foi politicamente querida e construída por uma aliança de interesses de diversa índole e que beneficiou de uma expressão mediática acrítica.

Refere-se a quê?
Refiro-me a um bloco de interesses políticos, económicos e económico corporativos que se assumem como legítimos e exclusivos detentores e usufrutuários do regime e se julgam acima da moral e das leis que governam o comum dos cidadãos.

Falando da magistratura do Ministério Público. Como caracteriza actualmente o MP?
Os magistrados do Ministério Público não são diferentes dos outros cidadãos e dos outros servidores da causa pública. Debatem-se, por isso, hoje, com as mesmas dificuldades e as mesmas dúvidas sobre o sentido do seu destino e a utilidade actual da sua função. Isto é, perguntam-se, afinal, o que se pretende deles. Alguém quer realmente, para além das tiradas propagandísticas, que o Ministério Público funcione como um órgão de justiça com autonomia verdadeira e servido por autênticos magistrados obrigados a actuar nos processos com objectividade e de acordo unicamente com a lei? É portanto um corpo em crise de identidade e que se julga mal amado, mesmo ou sobretudo, quando age, em geral, na convicção de defender o bem comum.

Quais os problemas que o afectam e, aos quais, o poder político não tem sido capaz de dar resposta?
Os problemas que afectam o Ministério Público são de duas naturezas. De um lado, funcional: quer dizer, problemas relacionados com os meios de exercício das suas atribuições. Isto tem a ver com competências processuais, com a formação permanente, a especialização - e a sua falta - com meios informáticos, com meios auxiliares de investigação, com a organização do trabalho etc. De outro, político e estatutário; o que significa a dificuldade actual de assegurar com efectividade das garantias constitucionais para o exercício objectivo e responsável da sua função. Ou seja, condições de igualdade e estabilidade nas colocações, promoções e escolha das chefias, acesso e progressão numa carreira gerida por estritos critérios republicanos de mérito, na base de informações transparentes e acessíveis a todos. Tudo, enfim, o que garante o respeito pela sua condição de profissionais e magistrados e assegura aos cidadãos a imparcialidade na atribuição e abordagem dos processos a cargo do MP. Ora, em ambos os campos as condições pouco melhoraram e no plano estritamente estatutário pioraram significativamente.

Há uns meses disse a «O DIABO» que «a crise do Ministério Público é o espelho da crise da Justiça». Continua a achar o mesmo?
Objectivamente é. Pública e mediaticamente, porém, a imagem da Justiça é pior. Os jornais e os diversos estudos o dizem e alguns se têm encarregado de a espelhar assim.

É preciso uma revolução dentro do MP?
É apenas preciso o respeito pelas normas e garantias constitucionais e o respeito que em todas as circunstâncias é devido a todos os profissionais e servidores da causa pública. Só assim pode existir um empenhamento real e não apenas propagandístico na organização dos meios existentes, na gestão das expectativas possíveis e na reforma dos métodos de trabalho, que é obviamente necessárias. Em geral, vontade de trabalhar, seriedade e coragem não faltam no Ministério Público e essas são sempre as armas do êxito para qualquer mudança.

«O Ministério Público é mal amado em Portugal»

O modelo de MP que temos em Portugal está esgotado?
O modelo do Ministério Público português tem inspirado muitos modelos europeus e até o do Ministério Público do Tribunal Criminal Internacional. Em Portugal, porém, é mal amado, mas não pelas más razões. E estas também existem: são as que têm a ver com as práticas e os compromissos com um passado de autoritarismo e subserviência perante os poderes. Infelizmente, o Ministério Público é mal amado pelas boas razões, que são as que, apesar de tudo, se manifestam na conquistada independência do seu Estatuto e na genuína tenacidade e objectividade da maioria dos seus magistrados. Mas, como na sociedade actual o que conta é a imagem e esta, malgrado o esforço dos seus responsáveis, não é realmente a melhor, se calhar o modelo está, de facto, esgotado. Mas quem não quiser este modelo, em vez de tentar desvirtuá-lo na sua substância, deve assumir frontalmente essa opção e apresentar soluções alternativas claras. Nós acreditamos que o modelo tem virtualidades se for levado a sério.

Como avalia as lutas - muitas delas inglórias - do Procurador-Geral da República, nomeadamente em relação ao MP?
Sem unidade do Ministério Público nenhuma luta - como lhe chama - pode alcançar verdadeiro êxito e atingir os objectivos que se proclamam. Isso sempre foi assim no Ministério Público e hoje parece ainda mais evidente. Pela nossa parte, diga-se o que se disser, tudo temos feito e faremos para unir o Ministério Público em torno dos princípios constitucionais que o enformam e que se destinam a assegurar uma Justiça imparcial e independente para os portugueses.

Temos um Conselho de Prevenção para a Corrupção. O que espera deste órgão?
Um trabalho de análise e estudo no terreno das causas e condições institucionais, legais e materiais que podem dar origem aos fenómenos de corrupção. Uma atitude didáctica e de público alerta. Sempre entendi que a corrupção se combate essencialmente com meios preventivos. A repressão e punição, que devem ser exemplares, serão sempre, como em todos os países, casos paradigmáticos, mas singulares.

Há quem diga que este organismo está muito politizado. Isso pode prejudicar a sua actuação?
O tempo e a prática é que irão demonstraras virtualidades ou defeitos do modelo.

Fala-se muito na especialização das magistraturas em determinados tipos de crime. A corrupção, difícil de provar, é uma delas. O combate à corrupção também passa pela formação dos magistrados?
Passa essencialmente por isso, por uma formação e actualização permanente e programada dos magistrados e também dos investigadores policiais e peritos. Além disso, passa pela criação de condições organizativas estáveis no seio do Ministério Público e das equipas de investigadores que com ele colaboram. Isto, de modo a que se permita sedimentar experiências adquiridas, transmiti-las aos outros magistrados mais novos e ensaiar, em bases sólidas, novos caminhos e estratégias.

Qual tem sido o grande problema do combate à corrupção em Portugal: o poder político ou a ineficácia da Justiça?
A ineficácia da Justiça nesta área é também - se não o for no essencial - o resultado das políticas seguidas nos últimos anos. Sem enjeitar as responsabilidades da Justiça, que as há - lembremos, por exemplo, os efeitos organizativos da ideia, dominante desde há vários anos, da prevalência da investigação sobre o julgamento e as condenações - é, todavia, no plano legislativo e processual e na ostensiva limitação de meios periciais que se encontram as causas de muitos insucessos.

As magistraturas têm falado em risco de politização da Justiça perante propostas como a Lei de Política Criminal. Como avalia esta Lei?
Esta lei, mais do que condicionar a acção da Justiça, o que declaradamente também tenta, é responsável, no essencial, por uma excessiva burocratização e pela dificuldade recente de encontrar respostas tempestivas e flexíveis para os fenómenos mais actuais da criminalidade. A ela, tanto ou mais do que ao Código de Processo Penal, se deveu a impossibilidade de o Ministério Público responder com acuidade aos fenómenos deste Verão. E, no entanto, a ideia que lhe estava na génese até podia ser frutuosa.

Com este ministro e com as reformas em curso, há riscos de politização e partidarização da Justiça?
O problema não é de pessoas, é de políticas. As actuais, infelizmente, resultaram de um acordo em que intervieram muitos actores e interesses com diversas cores não só políticas, como corporativas, económicas e até societais. Os riscos de instrumentalização da Justiça existem de facto - sempre existiram - mas está ainda nas mãos dos órgãos superiores das magistraturas limitá-los ou até afastá-los definitivamente. A actuação e a doutrina desses órgãos, se corajosas, responsáveis e condicentes com os princípios constitucionais, podem evitar muitos dos buracos ou malefícios das leis. Tem sido assim em muitos países da Europa. Era bom que em Portugal os seus membros tomassem em mãos a defesa efectiva de uma Justiça eficaz, mas nem por isso menos independente.

Como avalia a reforma do Mapa Judiciário?
Trata-se de uma reforma que podia ter sido importante se tivesse sido mais bem gerida, discutida e participada. Pela nossa parte contribuímos com muitas sugestões para a melhorar. Algumas foram aceites, outras, porventura as mais interessantes para a reforma do sistema e do Ministério Público, goraram-se no final por causas a que fomos alheios. Receio, por isso, que o efeito final tenha ficado embrulhado por considerações estranhas aos seus objectivos, o que condicionará necessariamente os resultados futuros.

A ideia que temos é que esta reforma vai afastar os cidadãos da Justiça. Concorda?
Corre-se esse risco. Veremos.

«A partir de agora será bem mais difícil recuperar o que de bom o sistema tinha»

Como interpreta todos os sinais de preocupação manifestados pelo Presidente da República em relação à Justiça?
Com total concordância. Em todo o caso considero que num ou noutro caso uma intervenção mais atenta e decidida do Sr. Presidente da República poderia, porventura, ter obstado a alguns dos vícios que referi. Mas não estou obviamente por dentro das iniciativas que o Sr. Presidente tomou e posso por isso, estar a ser injusto.

Acha que deram frutos e que o Ministro da Justiça ouviu esses recados?
Nalguns casos creio, sinceramente, que sim.

Que balanço faz da actuação do Ministro da Justiça?
Dada a capacidade intelectual e cultural e a experiência política que o Dr. Alberto Costa sempre teve, as expectativas eram as maiores. Mas, infelizmente a política de um Ministro não depende apenas dele próprio. Muitas das pontes que podiam e deviam ter sido construídas, foram, à partida, sabotadas. É assim ao Governo - no seu todo - que se devem pedir contas e responsabilidades. É ao Governo no seu todo que se deve imputara visível quebra de solidariedade institucional com a Justiça e, em consequência, também, a sua grave crise de legitimidade actual.

Estamos no final de mais um ciclo político. Corremos o risco, na sua opinião, de se ter perdido mais uma oportunidade política para mudar a Justiça?
Sem dúvida. Só que a partir d agora será bem mais difícil recupera o que de bom o sistema tinha e se perdeu e infelizmente o que estava mal pouco melhorou.

@ O Diabo
 

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Mais 14 milhões para a investigação criminal

As despesas de funcionamento relacionadas com a investigação criminal vão aumentar 14 milhões de euros em 2009 e incluem o reforço de pessoal para a PJ, segundo a proposta de Orçamento de Estado que começa hoje a ser discutida no Parlamento.
Está prevista a admissão de mais 150 inspectores estagiários para a PJ, que desde Maio se encontram em formação, e de 50 funcionários de apoio à investigação criminal. Haverá ainda um reforço tecnológico das actividades científicas e periciais da PJ, nomeadamente para o Laboratório de Polícia Científica, com a atribuição de 728 mil euros.

@ 24H
 

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Campus da Justiça de Vila Franca de Xira em 2009

O Ministério da Justiça deverá lançar, no início do próximo ano, o concurso para a selecção do parceiro privado que vai construir o futuro Campus de Justiça de Vila Franca de Xira, segundo disse ao PÚBLICO o secretário de Estado adjunto e da Justiça.

José Conde Rodrigues explicou que este vai ser um dos primeiros quatro complexos desenvolvidos no país no âmbito de um novo modelo de parcerias com privados, que financiam e constroem os edifícios de acordo com orientações do Ministério da Justiça, a quem alugam posteriormente as instalações. O empreendimento de Vila Franca de Xira deverá envolver um investimento situado entre os dez e os 15 milhões de euros, e segundo Conde Rodrigues, as obras poderão arrancar no final de 2009 ou no início de 2010.

Já amanhã, o Ministério da Justiça celebra um protocolo com a Câmara de Vila Franca de Xira, no âmbito do qual a autarquia cederá o terreno necessário, com cerca de 7300 metros quadrados, situado no loteamento da Lezíria do Chinelo, Lezíria das Cortes e Cascata (também conhecido por Nova Vila Franca), a norte da ponte vila-franquense.

O secretário de Estado disse ainda que este Campus de Justiça terá instalações para todos os serviços de justiça, incluindo tribunais e serviços de registos, que funcionam na cidade de Vila Franca de Xira. "Teremos uma obra que dará melhor capacidade, aumentará a celeridade dos processos e melhorará o serviço aos cidadãos. A câmara disponibiliza o terreno e teremos ainda que proceder à definição do programa de construção", explicou, prevendo que o concurso para a selecção do parceiro privado seja lançado no primeiro trimestre de 2009.

A empresa que ganhar o concurso fará a concepção e a construção, de acordo com o programa definido pela tutela, e estabelecerá, depois, um contrato de arrendamento de "longa duração" com o Ministério da Justiça. "Esta parceria público-privada permitirá dotar Vila Franca de melhores soluções", acrescentou o governante, realçando também as vantagens da concentração de todos estes serviços no mesmo complexo. "Vai-nos permitir lançar o procedimento em 2009 e ter mais cedo o equipamento", prosseguiu, frisando que, nos anteriores modelos, eram inscritas pequenas verbas no PIDDAC (Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento das Administração Central) e os processos de execução de projectos e de construção avançavam de forma muito lenta.

Segundo o que está previsto, estas novas instalações poderão estar em condições de entrar ao serviço no arranque do ano judicial de 2011 (Setembro). Até lá, o Ministério da Justiça promete tomar mais algumas medidas para tentar melhorar as condições de funcionamento do actual Palácio da Justiça de Vila Franca.

"Reforçámos o Tribunal de Trabalho com uma nova secção, um juiz e uma equipa de secção. No que diz respeito aos juízos cíveis e criminais, o que fizemos foi pedir ao Conselho Superior de Magistratura que colocasse em serviço mais dois juízes auxiliares, o que foi atendido. E também nas secções estamos a contar com um reforço a partir de Janeiro do próximo ano, com a integração de 300 novos funcionários de justiça em todo o país. Alguns poderão ir para Vila Franca", sustentou Conde Rodrigues.

@ Público
 

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GF Ouro
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40 advogados com actos jurídicos ilegais

Pelo menos 40 advogados que deixaram de estar inscritos na Ordem - e que, por isso, não podem exercer a profissão - foram alvo de processos, na sequência de queixas apresentadas junto do Conselho Distrital de Lisboa. Os indivíduos em causa são acusados de representação e aconselhamento jurídico ilegal e integram um grupo de 339 pessoas ou entidades que naquele organismo regional têm processos pendentes pela prática de procuradoria ilícita.

“Talvez devido à crise económica e da própria advocacia, começámos a detectar inúmeros casos de pessoas que praticam actos jurídicos só autorizados a advogados, mesmo depois de terem suspenso a sua actividade. Obviamente estas pessoas têm que ser tratadas como um qualquer cidadão que está a praticar actos ilegais”, afirma Ascensão Rocha, responsável na equipa do Conselho Distrital de Lisboa (CDL) pelo combate à procuradoria ilícita.
Ascensão Rocha alerta, por outro lado, para o facto de as pessoas irem “atrás da facilidade e do barato quando procuram aconselhamento jurídico”, mas lembra que quando este é feito por indivíduos que não estão autorizados nem preparados para o dar, “criam-se problemas complexos”. Resultado: quando os casos chegam aos escritórios dos advogados com situações ainda mais difíceis de solucionar.
Conceição Botas, igualmente dirigente distrital da Ordem dos Advogados refere, a título de exemplo, a forma ilegal como são feitos os contratos-promessa de compra e venda por parte das agências imobiliárias. Recorrendo a uma recente experiência profissional, lembra que um seu cliente já por três vezes viu adiada a escritura da casa, porque na imobiliária não houve o cuidado da verificação sucessiva da documentação necessária.
São problemas como este que justificam, segundo a advogada Susana Rebelo, a aposta do CDL numa campanha de combate à procuradoria ilícita.
A iniciativa, que arranca oficialmente amanhã, pretende desmistificar a ideia dos custos elevados associados à consulta de um advogado e, sobretudo, dar a conhecer ao público em geral e a quem pratica procuradoria ilícita, que esta actividade é punível por lei.
“Quando combatemos a procuradoria ilícita, estamos zelar pelos direitos dos cidadãos”, clarifica, em conclusão, Ascensão Rocha.

Actos são punidos desde a multa à pena de prisão
Apenas os licenciados em Direito com inscrição na Ordem dos Advogados e os solicitadores inscritos na respectiva Câmara podem praticar os actos próprios da advocacia e da solicitadoria. Por isso, o acto ilegal e abusivo de representação e aconselhamento jurídico é considerado procuradoria ilícita. Criminalizado pela Lei n.º 49/2004 de 24 de Agosto, o exercício da procuradoria ilícita é punível com pena de prisão até um ano ou com multa até 120 dias. Mais: quem publicite esta prática ilegal sujeita-se a coimas entre 500 e cinco mil euros.

@ Jornal de Negócios
 

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A segurança dos juízes e a garantia de justiça

A PSP considera que não há razões para manter a segurança pessoal ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal Carlos Alexandre, titular de processos tão delicados como o da "Operação Furacão" e dos "casos" Portucale, Submarinos e Freeport. Nenhum outro magistrado em Portugal tem em mãos tantos processos envolvendo personalidades tão destacadas da sociedade portuguesa, como ministros, ex-ministros, banqueiros, etc. Só a gravidade das suspeitas inerentes aos processos e a importância de esclarecer a fundo a culpa ou, principalmente, a inocência de alguns dos envolvidos justifica que o Estado proporcione as melhores condições de segurança ao juiz em causa. Se, além disso, a casa do juiz Carlos Alexandre já foi inclusive alvo de um assalto, então qualquer reavaliação do nível de risco que não seja pela manutenção da segurança pessoal carece de explicações claras e concretas.
Porque, se um juiz com os processos de Carlos Alexandre não justifica segurança pessoal, quem o justifica?
A situação já abriu uma frente de polémica entre a intenção da PSP de retirar a segurança a Carlos Alexandre e o Conselho Superior de Magistratura, que discorda dessa posição. Mas alguém tem de garantir que a protecção de um juiz a quem o País tanto pede não fica dependente de um braço-de-ferro entre duas instituições. E se a intervenção se tornar mesmo inevitável, a solução do problema compete aos ministros da Administração Interna, Rui Pereira - cujo nome consta por coincidência do caso Portucale, por via de escutas telefónicas feitas antes da sua entrada no Governo -, e da Justiça.

@ DN
 
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