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Discurso Ministro Justiça
DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, O MINISTRO DA JUSTIÇA
DR. ALBERTO COSTA
«A integridade e a qualidade das decisões da justiça portuguesa adquiriram, de há muito, uma sólida reputação. O respeito e a confiança dos portugueses são justificados.
Essa reputação não tem abrangido, porém, a celeridade da resposta da justiça. De há décadas, e mesmo de há séculos, firmou-se uma representação negativa, marcada por cepticismo e desconfiança.
O maior contributo que se pode hoje dar para a credibilização da justiça e para o reforço da confiança dos cidadãos é o que incide sobre a capacidade da resposta. É assim entre nós e é assim em muitos Estados membros da União Europeia. Daí a importância crucial que atribuímos a este desafio.
Podemos agora dizer que foi posto termo a um processo ininterrupto de deterioração da capacidade de resposta dos tribunais que durou mais de uma década - uma década durante a qual as pendências aumentavam, por ano, em mais cem mil processos por resolver, e que conduziu a um máximo histórico de processos pendentes.
Esse processo foi enfrentado com recurso a planos de acção contra o congestionamento e o seu rumo foi invertido.
2006, 2007 e - podemos agora dizê-lo -, 2008 constituem, numa sequência inédita, três anos sucessivos de redução das pendências. São também anos em que a taxa de resolução processual tem uma expressão positiva, sempre em crescimento.
A evolução da capacidade de resposta é reconhecida pela Comissão Europeia para a Eficiência da Justiça do Conselho da Europa, no seu último relatório sobre os sistemas de justiças europeus. E é contrastante com os resultados negativos de políticas anti-congestionamento judicial em países europeus, alguns dos quais registam hoje os números mais altos de sempre em matéria de pendências.
Objecto de medidas específicas, as comarcas com mais processos deram um contributo decisivo para esta evolução. Lisboa, por cada 100 processos entrados resolve agora mais de 150, e o Porto, por cada 100 processos entrados, resolve mais de 130.
À sua escala, muitas outras comarcas do litoral, do interior, das ilhas deram também o seu contributo, resolvendo processos em número claramente superior aos que receberam.
É meu dever exprimir aqui apreço e felicitar todos os que tornaram possíveis estes resultados.
Se é facto que, pela primeira vez em mais de 15 anos os tribunais resolveram mais processos que os que entraram durante 3 anos seguidos, e há que reconhecer que as políticas de descongestionamento dos tribunais deram frutos, agora é tempo de potenciar e incrementar a capacidade de resposta recuperada nos últimos anos.
Refiro-me a algo muito preciso: aproveitar os novos instrumentos de trabalho baseados nas novas tecnologias e no processo electrónico e ter a coragem de mudar os nossos procedimentos e adaptar a Justiça ao ritmo deste novo século. Só assim será possível continuar a melhorar a resposta dos tribunais e, sobretudo, torná-la sentida pelos cidadãos e pelas empresas que depositam nos tribunais a esperança de uma decisão atempada.
Por isso foi tão importante mudar, lançar o processo electrónico e executar o projecto CITIUS.
Antes, o potencial das novas tecnologias ficava à porta dos tribunais. Hoje, em cerca de 2/3 dos processos nos nossos tribunais de primeira instância, todo o fluxo processual, todos os actos do tribunal e todas as suas decisões são realizadas por meios electrónicos. Estamos entre os poucos países do mundo onde existe um verdadeiro processo electrónico.
Hoje, os advogados relacionam-se com os tribunais através da Internet. Enviam peças, documentos, requerimentos e consultam os processos por meios electrónicos. Tudo sem deslocações e sem envio de papel.
Não é pouco. É muito.
Já mais de 1 milhão de peças, documentos e requerimentos foram enviados por meios electrónicos pelos advogados e solicitadores. Por 1 milhão de vezes as pessoas e empresas representadas por estes advogados e solicitadores saíram beneficiadas, houve poupança de tempo, houve redução de custos e houve menos tempo perdido em procedimentos internos.
Hoje, os juízes e os magistrados do Ministério Público praticam actos em suporte electrónico, com a segurança acrescida das assinaturas digitais.
Mais de 1 milhão e meio de actos de magistrados foram até agora praticados através destes meios electrónicos.
Por 1 milhão e meios de vezes criaram-se condições para reduzir o tempo dos processos, porque estes podem circular electronicamente entre a secretaria e os magistrados. E criaram-se condições para não ser necessário praticar actos em papel e para poder consultar através da Internet os actos que os magistrados praticaram.
Tudo isto porque os actos dos magistrados passaram a ser praticados em formato electrónico.
Os juízes, os magistrados do Ministério Público, os advogados, os solicitadores e os oficiais de justiça têm os instrumentos para que o sistema judicial possa manter e incrementar a sua capacidade de resposta. E já deram a sua resposta positiva. Todos os dias se observa uma utilização cada vez mais intensa do processo electrónico, como os números comprovam.
É a prova de que, com a participação dos diferentes sectores da comunidade jurídica, podemos mudar para melhor, alterando as condições estruturais do nosso sistema de Justiça.
Em 2008, o Conselho da Europa reconheceu Portugal como um dos países com "muito elevado nível de informatização" nos tribunais. Estou certo que os futuros relatórios do Conselho da Europa confirmarão a liderança de Portugal neste domínio. É um resultado de todos e todos estamos de parabéns. Para que os tempos sejam mais curtos, para que se perca menos tempo com os circuitos do papel e para que o processo e as decisões sejam mais fáceis e rapidamente acessíveis aos cidadãos e às empresas.
Para lá da capacidade de resposta e das ferramentas hoje indispensáveis para uma justiça em tempo útil, num Estado de Direito Democrático é indispensável assegurar que aqueles que não tenham meios suficientes possam aceder à justiça.
Com a nova legislação sobre o acesso ao direito e aos tribunais, introduziram-se soluções mais justas. No primeiro ano de vigência, verificou-se um aumento de 19% nos pedidos aceites, que ultrapassaram os 80.000. E o Estado honrou também os seus deveres, em nível significativo, através do pagamento de serviços de advocacia para este efeito, em valor que ultrapassou já os 128 milhões de euros desde o início da legislatura. Eis o que não pode deixar de ser dito num Estado Democrático.
Um significativo lote de reformas legislativas na área da justiça encontra-se agora já aprovado e, na sua maior parte, em pleno vigor.
Grande número dessas reformas recebeu a aprovação parlamentar e contou com o apoio de mais de três quartos da representação democrática, exprimindo uma perspectiva alargada e convergente do Estado de Direito, das reformas necessárias e dos seus objectivos.
O trabalho que a elas conduziu gerou em muitos domínios um consenso reformista alargado e uma garantia de estabilidade que é particularmente valiosa para as reformas no mundo de direito.
Quero aqui realçar a forma como os tribunais têm lidado com o vasto conjunto de inovações introduzidas e que é particularmente expressivo no próprio domínio da reforma penal.
Com o novo regime legal da prisão preventiva, foram decretadas, em pouco mais de um ano, 2742 prisões preventivas - das quais 18 por violência doméstica, uma incriminação inovadora, criada com a revisão do Código Penal. Também o novo quadro legal do trabalho a favor da comunidade permitiu um aumento de 70% nas decisões de aplicação dessa pena, para lá das mais de mil decisões, também nesse curto período, impondo a sujeição a vigilância electrónica, incluindo mais de trezentas decisões de aplicação da pena recém-criada. Ao mesmo tempo, regista-se, no país, uma subida do número de processos sumários.
Se, para além disso, tomarmos em consideração os acórdãos proferidos em matéria de segredo de justiça, deveremos por em destaque, não o apego à inércia, mas a abertura à inovação a capacidade para lidar com as novas soluções.
Esta é uma área em que fica patente a opção construída através de diversas soluções legislativas.
Ao juiz, quis-se ampliar a sua esfera de intervenção e o seu papel de controle, levando mais longe as suas responsabilidades na defesa de direitos fundamentais.
Ao Ministério Público, pelo seu lado, reforçou-se a sua esfera de intervenção em relação à dos órgãos de polícia criminal, não só em termos de prática de actos como de fiscalização processual; e são acentuadas as suas dimensões específicas de hierarquia e de responsabilidade, por via quer de novas soluções do Código de Processo Penal, quer das orientações e prioridades decorrentes das leis da política criminal.
Novos factores vão agora potenciar a evolução positiva da capacidade de resposta no domínio cível.
Quando já chegam também ao Supremo Tribunal de Justiça recursos a que é aplicada a recente reforma dos recursos cíveis, vai entrar em vigor, no fim de Março o novo regime da acção executiva.
Operar-se-á uma racionalização profunda do papel do juiz e do tribunal. Tomando em conta a presença dominante dos exequentes frequentes nesta esfera, a lei passa a prever a arbitragem institucionalizada, permitindo que o tribunal não tenha que intervir numa parte desta actividade.
No quadro anómalo gerado na última década, a acção executiva corresponde à fatia maior das nossas pendências. O novo regime, cuja entrada em vigor está a ser preparada por forma a evitar a frustração de há cinco anos, tem condições para produzir um efeito muito sensível na capacidade de resposta dos nosso tribunais e uma melhoria acentuada no nosso panorama de cobrança de dívidas.
Em Abril entrará em vigor a primeira fase da reforma do mapa judiciário. Acaba de ser publicado o diploma que procede à reorganização judiciária das comarcas piloto.
Há muitas décadas esperada, a reforma vem significar melhor acesso, mais equidade territorial no acesso a justiça especializada, circunscrições de escala mais racional e mais adaptadas às actuais realidades. Significa, liderança, melhor organização, melhor gestão, mais participação, mais apoios ao trabalho de juízes e magistrados do Ministério Público, digitalização de processos, melhores instrumentos e melhores condições para os que trabalham nos tribunais e para o público.
Com as primeiras três circunscrições piloto entram em campo todas essas dimensões, chegando as jurisdições especializadas de família e menores, de trabalho e de comércio a áreas do país onde não existiam.
Ao mesmo tempo que estas soluções chegam ao Alentejo litoral, ao Baixo Vouga e a Lisboa Noroeste, acompanhadas de um vasto conjunto de obras nos tribunais respectivos, ainda antes da generalização da reforma a todo o território nacional, Lisboa passa a dispor duma nova solução - campus de justiça - para instalação de muitos dos seus tribunais e serviços da justiça. É uma solução que vem resolver insuficiências, inadequações e desperdícios acumulados ao longo do tempo. O campus de Lisboa é o primeiro de uma série que representará funcionalidade, qualidade e modernidade ao serviço da justiça.
O sistema judicial vive um momento de viragem e de mudança: de recuperação da capacidade de resposta; de actualização tecnológica e adopção do processo electrónico; de reforma legislativa, organizativa, territorial.
Aspectos marcantes da sua evolução recente são agora avaliados positivamente por organizações internacionais com estruturas especializadas na avaliação da eficiência do sistema da justiça, no que só pode constituir um estímulo para todos os que integram a comunidade judiciária.
No início deste ano judicial, quero exprimir a convicção do que este será mais um ano em que a taxa de resolução dos tribunais continuará a subir e a resposta aos cidadãos e às empresas continuará a melhorar.
O futuro da confiança nos tribunais é feito de mais razões para mais confiança nos tribunais».
DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, O MINISTRO DA JUSTIÇA
DR. ALBERTO COSTA
«A integridade e a qualidade das decisões da justiça portuguesa adquiriram, de há muito, uma sólida reputação. O respeito e a confiança dos portugueses são justificados.
Essa reputação não tem abrangido, porém, a celeridade da resposta da justiça. De há décadas, e mesmo de há séculos, firmou-se uma representação negativa, marcada por cepticismo e desconfiança.
O maior contributo que se pode hoje dar para a credibilização da justiça e para o reforço da confiança dos cidadãos é o que incide sobre a capacidade da resposta. É assim entre nós e é assim em muitos Estados membros da União Europeia. Daí a importância crucial que atribuímos a este desafio.
Podemos agora dizer que foi posto termo a um processo ininterrupto de deterioração da capacidade de resposta dos tribunais que durou mais de uma década - uma década durante a qual as pendências aumentavam, por ano, em mais cem mil processos por resolver, e que conduziu a um máximo histórico de processos pendentes.
Esse processo foi enfrentado com recurso a planos de acção contra o congestionamento e o seu rumo foi invertido.
2006, 2007 e - podemos agora dizê-lo -, 2008 constituem, numa sequência inédita, três anos sucessivos de redução das pendências. São também anos em que a taxa de resolução processual tem uma expressão positiva, sempre em crescimento.
A evolução da capacidade de resposta é reconhecida pela Comissão Europeia para a Eficiência da Justiça do Conselho da Europa, no seu último relatório sobre os sistemas de justiças europeus. E é contrastante com os resultados negativos de políticas anti-congestionamento judicial em países europeus, alguns dos quais registam hoje os números mais altos de sempre em matéria de pendências.
Objecto de medidas específicas, as comarcas com mais processos deram um contributo decisivo para esta evolução. Lisboa, por cada 100 processos entrados resolve agora mais de 150, e o Porto, por cada 100 processos entrados, resolve mais de 130.
À sua escala, muitas outras comarcas do litoral, do interior, das ilhas deram também o seu contributo, resolvendo processos em número claramente superior aos que receberam.
É meu dever exprimir aqui apreço e felicitar todos os que tornaram possíveis estes resultados.
Se é facto que, pela primeira vez em mais de 15 anos os tribunais resolveram mais processos que os que entraram durante 3 anos seguidos, e há que reconhecer que as políticas de descongestionamento dos tribunais deram frutos, agora é tempo de potenciar e incrementar a capacidade de resposta recuperada nos últimos anos.
Refiro-me a algo muito preciso: aproveitar os novos instrumentos de trabalho baseados nas novas tecnologias e no processo electrónico e ter a coragem de mudar os nossos procedimentos e adaptar a Justiça ao ritmo deste novo século. Só assim será possível continuar a melhorar a resposta dos tribunais e, sobretudo, torná-la sentida pelos cidadãos e pelas empresas que depositam nos tribunais a esperança de uma decisão atempada.
Por isso foi tão importante mudar, lançar o processo electrónico e executar o projecto CITIUS.
Antes, o potencial das novas tecnologias ficava à porta dos tribunais. Hoje, em cerca de 2/3 dos processos nos nossos tribunais de primeira instância, todo o fluxo processual, todos os actos do tribunal e todas as suas decisões são realizadas por meios electrónicos. Estamos entre os poucos países do mundo onde existe um verdadeiro processo electrónico.
Hoje, os advogados relacionam-se com os tribunais através da Internet. Enviam peças, documentos, requerimentos e consultam os processos por meios electrónicos. Tudo sem deslocações e sem envio de papel.
Não é pouco. É muito.
Já mais de 1 milhão de peças, documentos e requerimentos foram enviados por meios electrónicos pelos advogados e solicitadores. Por 1 milhão de vezes as pessoas e empresas representadas por estes advogados e solicitadores saíram beneficiadas, houve poupança de tempo, houve redução de custos e houve menos tempo perdido em procedimentos internos.
Hoje, os juízes e os magistrados do Ministério Público praticam actos em suporte electrónico, com a segurança acrescida das assinaturas digitais.
Mais de 1 milhão e meio de actos de magistrados foram até agora praticados através destes meios electrónicos.
Por 1 milhão e meios de vezes criaram-se condições para reduzir o tempo dos processos, porque estes podem circular electronicamente entre a secretaria e os magistrados. E criaram-se condições para não ser necessário praticar actos em papel e para poder consultar através da Internet os actos que os magistrados praticaram.
Tudo isto porque os actos dos magistrados passaram a ser praticados em formato electrónico.
Os juízes, os magistrados do Ministério Público, os advogados, os solicitadores e os oficiais de justiça têm os instrumentos para que o sistema judicial possa manter e incrementar a sua capacidade de resposta. E já deram a sua resposta positiva. Todos os dias se observa uma utilização cada vez mais intensa do processo electrónico, como os números comprovam.
É a prova de que, com a participação dos diferentes sectores da comunidade jurídica, podemos mudar para melhor, alterando as condições estruturais do nosso sistema de Justiça.
Em 2008, o Conselho da Europa reconheceu Portugal como um dos países com "muito elevado nível de informatização" nos tribunais. Estou certo que os futuros relatórios do Conselho da Europa confirmarão a liderança de Portugal neste domínio. É um resultado de todos e todos estamos de parabéns. Para que os tempos sejam mais curtos, para que se perca menos tempo com os circuitos do papel e para que o processo e as decisões sejam mais fáceis e rapidamente acessíveis aos cidadãos e às empresas.
Para lá da capacidade de resposta e das ferramentas hoje indispensáveis para uma justiça em tempo útil, num Estado de Direito Democrático é indispensável assegurar que aqueles que não tenham meios suficientes possam aceder à justiça.
Com a nova legislação sobre o acesso ao direito e aos tribunais, introduziram-se soluções mais justas. No primeiro ano de vigência, verificou-se um aumento de 19% nos pedidos aceites, que ultrapassaram os 80.000. E o Estado honrou também os seus deveres, em nível significativo, através do pagamento de serviços de advocacia para este efeito, em valor que ultrapassou já os 128 milhões de euros desde o início da legislatura. Eis o que não pode deixar de ser dito num Estado Democrático.
Um significativo lote de reformas legislativas na área da justiça encontra-se agora já aprovado e, na sua maior parte, em pleno vigor.
Grande número dessas reformas recebeu a aprovação parlamentar e contou com o apoio de mais de três quartos da representação democrática, exprimindo uma perspectiva alargada e convergente do Estado de Direito, das reformas necessárias e dos seus objectivos.
O trabalho que a elas conduziu gerou em muitos domínios um consenso reformista alargado e uma garantia de estabilidade que é particularmente valiosa para as reformas no mundo de direito.
Quero aqui realçar a forma como os tribunais têm lidado com o vasto conjunto de inovações introduzidas e que é particularmente expressivo no próprio domínio da reforma penal.
Com o novo regime legal da prisão preventiva, foram decretadas, em pouco mais de um ano, 2742 prisões preventivas - das quais 18 por violência doméstica, uma incriminação inovadora, criada com a revisão do Código Penal. Também o novo quadro legal do trabalho a favor da comunidade permitiu um aumento de 70% nas decisões de aplicação dessa pena, para lá das mais de mil decisões, também nesse curto período, impondo a sujeição a vigilância electrónica, incluindo mais de trezentas decisões de aplicação da pena recém-criada. Ao mesmo tempo, regista-se, no país, uma subida do número de processos sumários.
Se, para além disso, tomarmos em consideração os acórdãos proferidos em matéria de segredo de justiça, deveremos por em destaque, não o apego à inércia, mas a abertura à inovação a capacidade para lidar com as novas soluções.
Esta é uma área em que fica patente a opção construída através de diversas soluções legislativas.
Ao juiz, quis-se ampliar a sua esfera de intervenção e o seu papel de controle, levando mais longe as suas responsabilidades na defesa de direitos fundamentais.
Ao Ministério Público, pelo seu lado, reforçou-se a sua esfera de intervenção em relação à dos órgãos de polícia criminal, não só em termos de prática de actos como de fiscalização processual; e são acentuadas as suas dimensões específicas de hierarquia e de responsabilidade, por via quer de novas soluções do Código de Processo Penal, quer das orientações e prioridades decorrentes das leis da política criminal.
Novos factores vão agora potenciar a evolução positiva da capacidade de resposta no domínio cível.
Quando já chegam também ao Supremo Tribunal de Justiça recursos a que é aplicada a recente reforma dos recursos cíveis, vai entrar em vigor, no fim de Março o novo regime da acção executiva.
Operar-se-á uma racionalização profunda do papel do juiz e do tribunal. Tomando em conta a presença dominante dos exequentes frequentes nesta esfera, a lei passa a prever a arbitragem institucionalizada, permitindo que o tribunal não tenha que intervir numa parte desta actividade.
No quadro anómalo gerado na última década, a acção executiva corresponde à fatia maior das nossas pendências. O novo regime, cuja entrada em vigor está a ser preparada por forma a evitar a frustração de há cinco anos, tem condições para produzir um efeito muito sensível na capacidade de resposta dos nosso tribunais e uma melhoria acentuada no nosso panorama de cobrança de dívidas.
Em Abril entrará em vigor a primeira fase da reforma do mapa judiciário. Acaba de ser publicado o diploma que procede à reorganização judiciária das comarcas piloto.
Há muitas décadas esperada, a reforma vem significar melhor acesso, mais equidade territorial no acesso a justiça especializada, circunscrições de escala mais racional e mais adaptadas às actuais realidades. Significa, liderança, melhor organização, melhor gestão, mais participação, mais apoios ao trabalho de juízes e magistrados do Ministério Público, digitalização de processos, melhores instrumentos e melhores condições para os que trabalham nos tribunais e para o público.
Com as primeiras três circunscrições piloto entram em campo todas essas dimensões, chegando as jurisdições especializadas de família e menores, de trabalho e de comércio a áreas do país onde não existiam.
Ao mesmo tempo que estas soluções chegam ao Alentejo litoral, ao Baixo Vouga e a Lisboa Noroeste, acompanhadas de um vasto conjunto de obras nos tribunais respectivos, ainda antes da generalização da reforma a todo o território nacional, Lisboa passa a dispor duma nova solução - campus de justiça - para instalação de muitos dos seus tribunais e serviços da justiça. É uma solução que vem resolver insuficiências, inadequações e desperdícios acumulados ao longo do tempo. O campus de Lisboa é o primeiro de uma série que representará funcionalidade, qualidade e modernidade ao serviço da justiça.
O sistema judicial vive um momento de viragem e de mudança: de recuperação da capacidade de resposta; de actualização tecnológica e adopção do processo electrónico; de reforma legislativa, organizativa, territorial.
Aspectos marcantes da sua evolução recente são agora avaliados positivamente por organizações internacionais com estruturas especializadas na avaliação da eficiência do sistema da justiça, no que só pode constituir um estímulo para todos os que integram a comunidade judiciária.
No início deste ano judicial, quero exprimir a convicção do que este será mais um ano em que a taxa de resolução dos tribunais continuará a subir e a resposta aos cidadãos e às empresas continuará a melhorar.
O futuro da confiança nos tribunais é feito de mais razões para mais confiança nos tribunais».