Procuradores atacam crime económico
A investigação de crimes ocorridos no sector financeiro e mercado de valores mobiliários está classificada como “prioridade principal” na secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que investiga os crimes de colarinho branco.
Isso mesmo consta do relatório anual do departamento dirigido por Maria José Morgado, referente a 2008, documento em que é destacado “o esforço persistente” da 9ª secção, dirigida por Teresa Almeida, “na condução de investigações muito complexas”; como os inquéritos ao BCP e BPP.
Segundo explicou uma fonte do Ministério Público ao CM, esta referência aos crimes na Banca privada é explicada com a Lei de Política Criminal, que define prioridades de investigação. No entanto, a mesma fonte fez questão de sublinhar que a 9ª secção é especializa da na investigação de crimes económicos e financeiros, como a corrupção, que também são prioritários.
De acordo com outra fonte, os magistrados estão actualmente a trabalhar em “estreitíssima colaboração” com a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), colaboração esta que foi aprofundada desde a abertura do inquérito ao BCP, em finais de 2007. Por outro lado, a 9ª secção, integrada por sete elementos coordenados por Teresa Almeida, conta provisoriamente, desde Novembro, com mais um procurador.
O relatório do DIAP, ao qual o CM teve acesso, revela que nas secções especializadas os magistrados recebem, em média, 22 novos inquéritos por mês, sendo que na q á secção os processos são na sua maioria complexos, muito dependentes de perícias demoradas, e têm como principal obstáculo a “opacidade” da criminalidade económico-financeira. Em 2008, os sete magistrados formalizaram 29 acusações e arquivaram 254 processos, o que corresponde a um número de processos superior a 2007 - aliás, a tendência de aumento de novos inquéritos é referida no relatório. Sobre a criminalidade económica, é ainda sugerida a organização de pontos de contacto em rede no distrito, medida considerada “crucial para a partilha de informação.
Queixas contra intermediários financeiros triplicam em 2008
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) registou, em 20o8, um aumento histórico no número de reclamações contra os intermediários financeiros dos negócios de compra e venda de acções na Bolsa: com a forte instabilidade dos mercados bolsistas, os investidores apresentaram 615 queixas, um aumento de 223 por cento face a 2007. Por isso, no ano passado, foram levantados trinta processos de contra-ordenação, 12 dos quais relativos a intermediação financeira.
O aumento das reclamações dos investidores, contra os intermediários financeiros, acaba por ser uma consequência inevitável da crise histórica dos mercados bolsistas, considerada a pior dos últimos cem anos. E tudo porque os intermediários financeiros (corretores), muitas vezes, não deram cumprimento às suas ordens para a venda de acções.
Ao todo, o organismo presidido por Carlos Tavares contabilizou, em 2008,umtotalde 803 queixas e reclamações em várias áreas, contra 190 do ano anterior. A par disto, foram registados 1058 pedidos de informação, dos quais 342 sobre intermediação financeira.
No essencial, os investidores pretendem conhecer melhor as regras dos mercados financeiros, para igualmente melhor defenderem os seus interesses.
@ CM